THE WEST SIDE WOLVES | HYUNLIX

By __Lanna_

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Hyunjin tinha muito com o que se preocupar. Sua vida inteira foi um borrão de sofrimento e dor, pois quando s... More

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By __Lanna_

Quando abriu os olhos de novo, ele se perguntou o porquê de ter sonhado com uma memória. Era como se estivesse lá de novo, como se uma oportunidade tivesse passado e ele não pôde fazer nada. Se perguntava se, caso Chan tivesse morrido naquele dia, teria uma vida diferente. Uma vida melhor numa casa com pessoas gentis. Se perguntou se a família de Felix estaria viva e Lee mentalmente estável...

— Bom dia, Bela adormecida. — Aquela voz que não lhe era estranha soou. Hyunjin focou os olhos na figura e revirou os olhos ao ver de quem se tratava.

— Me deixa em paz, Gregory. — Virou o rosto e olhou para a janela, mas ela estava fechada e com uma cortina grande.

— Eu trouxe comida e é assim que você me agradece? — Hyunjin ouviu o barulho de metal contra a cômoda ao lado, supôs que era a tal comida.

— Desceu do cargo e virou empregada agora? — Debochou sem se dar ao trabalho de virar.

— Para alguém que está prestes a partir dessa pra melhor, você está bem ousado. Não acha?

— É, mas se não há mais o que possa ser feito. Por que não dizer o que sempre tive vontade, não acha? — Ele sentou devagar e ainda assim o mundo parecia girar. Ele se perguntou quanto tempo estava ali. — Que dia é hoje? — Encarou o homem.

— Domingo. — Ele tinha os braços cruzados. Hyunjin sentiu uma pontada no peito. Era o dia da festa e amanhã o primeiro jogo das finais. Ele engoliu em seco e fitou a comida sobre a bandeja, ainda que estivesse morrendo de fome, não queria comer aquilo nem um pouco. Talvez morrer de fome até seu pai decidir o que queria fazer não fosse uma péssima ideia. — Coma antes que ele volte. Sabe o que faria caso você desobedecesse até nisso.

Hyunjin riu. — Você agora se importa comigo? Que fofinho.

— Eu não me importo. Só não quero o seu pai bravo com todo mundo, inclusive comigo, por causa de sua birra.

— Birra? — Arqueou as sobrancelhas. — Acha que estou fazendo birra? — Ele soltou outra risada, tão amarga que não estava se reconhecendo. — Você viu melhor do que ninguém o que ele fez comigo durante a minha vida inteira. O que você — Se esforçou para conseguir apontar em sua direção. — fez comigo.

— Eu? — Gregory tocou o peito como se estivesse ofendido e puxou uma cadeira para sentar. — Eu só segui ordens.

— Ordens? Ah! Que mentira. Você é nojento, você fazia e dizia coisas nojentas enquanto eu era só uma criança. Você me machucava, você puxava meu cabelo com tanta força que eu chegava a apagar. — Ele puxou os próprios fios como se estivesse demonstrando. Sua voz saía devagar e pausadamente, como se estivesse bêbado. Mas aquilo era consequência de dias sem comer e beber nada.

— E você acha que eu me importo?

— Eu sei que não. — Respirou fundo. — E quer saber? Chan é a pior das pessoas e você já teve tantas oportunidades de acabar com ele, mas você é tão medroso.

— Eu não quero matar o patrão. Por que eu o teria matado? — A confusão em seu rosto era clara.

— Porque você poderia estar no lugar dele se não fosse tão fraco. Se você o matasse, então poderia tomar os negócios e fazer as coisas do seu jeito... Eu sei que você já pensou sobre isso, não faça essa cara.

— Ah, não, não. Eu sei o que você está fazendo. E pode ter certeza que não vai funcionar. — Ele se colocou de pé. — Coma e beba a água. Morrer de fome é mais doloroso do que você pensa.

Ele saiu do quarto rapidamente, como se estivesse tentando lutar contra os pensamentos que Hyunjin colocou em sua cabeça. Hwang soltou um riso fraco, pois percebeu o quão burro aquele cara era apenas por cogitar uma coisa daquelas. Ele se esticou com dificuldade e tomou o copo de água de uma vez e quando encarou teto por um longo tempo, ele voltou a fechar os olhos e se imaginou na festa de hoje com os outros.

🐺

Acordar com alguém cortando um pedaço da sua pele não é a melhor das sensações. Hyunjin arregalou os olhos com a dor e se afastou assustado até cair da cama. Ele levou a única mão livre até o ombro e lá estava um grande corte juntamente de sua camisa, o sangue escorria e mesmo que ele tentasse estancar, não fazia diferença alguma.

— Você acha que isso é colônia de férias? — Seu pai perguntou com um canivete em mãos agora sujo de sangue. — Você tá fedendo e dormindo há dois dias, o que pensa que está fazendo?

— Me mate logo, por favor. — Deitou a cabeça na beirada da cama. — Só acabe com isso de uma vez por todas.

— Olhe só pra você, que estado deplorável. Até mesmo eu estou com pena.

— Me mate... — Implorou num sussurro.

— Gregory, joga ele debaixo do chuveiro. Se ele desmaiar mais uma vez, acorde-o como preferir. — Disse fazendo pouco caso enquanto gesticulava.

— Sim, senhor. — O homem tirou sua algema e Hyunjin pensou na possibilidade de conseguir lutar e fugir, mas estava tão impossibilitado que sequer conseguiu ficar de pé. Gregory passou um de seus braços sobre os ombros e o arrastou, mas então seu pai parou em sua frente.

— Você realmente dá um trabalho fodido na minha vida. Não sei o que se passou na minha cabeça quando achei que matar sua mãe seria o suficiente.

— O que... — Hyunjin tentou ficar sobre o próprio corpo, porém assim que tentou, foi em vão. Ele foi de encontro ao chão e nem mesmo Gregory fora capaz de segurá-lo a tempo. — Eu te odeio. — Murmurou com a respiração pesada.

— E você acha que eu não sinto o mesmo por você? — Ele se agachou em sua frente e desferiu um soco em seu estômago. Hyunjin tossiu e se curvou enquanto tentava não desmaiar de novo. — Quando eu morrer, desejo te ver no inferno para que possamos viver por toda a eternidade juntos. Eu, você e sua mãe. O que acha? — Ele gargalhou alto.

— Nem o diabo iria te querer por perto. — Conseguiu dizer e ao erguer o olhar com um sorriso ladino, recebeu outro tapa no rosto. Mas seu sorriso permaneceu, ainda que sentisse tanta dor que não fosse capaz de descrever onde exatamente doía mais.

— Saiba que só estou te mantendo vivo para que você sofra até não aguentar mais. — Ele passou o canivete no outro ombro do menino e Hyunjin gritou alto. — Pode levá-lo.

Até mesmo Gregory parecia sentir pena, pois o levantou com cuidado para não acabar tocando em um dos cortes. Ele o arrastou até o banheiro e fez menção de tirar sua camisa, mas Hyunjin se esquivou de si e cambaleou até o outro lado do box. Ele ligou o chuveiro com muita dificuldade e sentou no chão enquanto a água tocava o topo de sua cabeça e descia por seu corpo. O chão se transformou numa mistura de sangue e sujeira e ainda que seus cortes doessem como o inferno, ele aguentou calado.

Hyunjin abriu a palma da mão enquanto a água ali caía e as marcas de meia lua por causa de suas unhas há alguns dias atrás ainda estavam lá. Ele não podia evitar lembrar de Lee sempre que as via, então consequentemente lembrava que aquela havia sido a última vez que o veria para sempre e ele não poderia segurar o choro. As lágrimas transbordavam, mas se dissiparam na água, se misturando com o sangue na cerâmica. Ele se segurou no pensamento de que assim todos ficariam bem.

— Garoto, você vai morrer assim! — Gregory esbravejou. — Me deixe cuidar...

— Eu quero que você me deixe em paz! Se eu for morrer agora então não quero que sua cara seja a última coisa que irei ver. — Ele fungou sentindo-se tonto.

— Você não come há uma semana e está sangrando muito, pare de ser imbecil. — Ele tentou tocar seu ombro, mas Hyunjin se arrastou para longe e ficou no canto. — Olha...

— O patrão tá te chamando, rápido! — Um homem apareceu na porta do banheiro.

— Por quê? O que aconteceu? — Ele colocou a mão na cintura e segurou uma pistola.

— Parece que os caras nos encontraram. Tem uma caralhada de polícia chegando. Estão há alguns quilômetros, mas logo vão chegar. — Falava apressado.

— E o garoto?

— Deixe-o aí, ele não vai viver pra contar história. — Disse e saiu antes de Gregory lhe acompanhar.

— Ei... — Ele se agachou na frente do menino que revirava os olhos tentando se manter desperto. — Acho que não te odeio totalmente, me desculpe.

Hyunjin o fitou e ergueu o indicador, ele levou o dedo até a testa do homem e sorriu. — Você é um filho da puta escroto. — Disse e viu Gregory suspirar, então quando ele estava se pondo de pé, pronto para partir, Hyunjin desceu a mão e pegou a arma que ele havia segurado antes. Hwang a agarrou com as duas mãos com tanta força que seu ombro expeliu mais sangue. Mas estava tremendo tanto que certamente erraria qualquer alvo.

— Você não tem força nem para manusear uma pena agora. — Negou com a cabeça e encarou o menino que derramava lágrimas como se aquele pudesse ser seu último ato enquanto estava vivo. Hyunjin sabia que se o homem quisesse, ele já teria o desarmado e atirado em sua cabeça. Mas ele simplesmente bateu continência com dois dedos e saiu. — Adeus, Hyunjin. — Gritou do quarto.

Hyunjin olhou para a arma em mãos e pensou se caso a usasse contra si, seria menos doloroso. Mesmo com o chuveiro ligado e seus sentidos fracos, ele era capaz de ouvir o barulho de passos apressados e coisas sendo arrastadas pelo chão de madeira. Ele fechou os olhos lentamente... Ele viu Felix, o treinador e os amigos no campo. Eles sorriam enquanto Felix ergueu um troféu grande e todos estavam felizes, mas Hyunjin era apenas um telespectador que ninguém podia ver.

Hwang sorriu antes de tudo não ser mais nada e então havia fumaça por toda parte.

🐺

Felix estacionou o carro num cavalo de pau na frente da mansão. Os policiais que estavam posicionados atrás dos carros, com armas grandes e devidamente fardados se viraram no mesmo instante enquanto ele descia e corria como se sua vida dependesse daquilo. Ele viu a fumaça e sentiu náuseas, mas nada poderia pará-lo enquanto corria.

Exceto um cara treinado e forte.

— Felix, o que você tá fazendo aqui? — Alguém gritou e antes que ele pudesse reagir, estava sendo jogado no chão.

— Ele tá lá dentro, porra! Mande alguém buscá-lo rápido. — Se debatia no concreto. — Façam alguma coisa.

— Ficou louco?! Não dá pra saber se ele está, não podemos arriscar sem ter certeza. Volte logo, isso aqui é mais perigoso do que você imagina.

— Eu não vou deixá-lo. — Disse com os dentes cerrados.

— Eles estão saindo por trás. — Um dos homens berrou e só precisou fechar a boca para o barulho de disparos soar. Derek se abaixou o agarrando contra o chão para os proteger das balas.

— Avancem! — Deu a ordem e se colocou de pé. — Vá pra casa. Você não pode fazer nada além de atrapalhar agora. — Ordenou e deu uma última olhada nele antes de correr com os outros homens.

No entanto, era óbvio que ele não iria recuar. Felix correu meio agachado e os tiros iam e vinham enquanto ele ouvia os gritos por seu nome. Ele estava indo rápido, mas suas pernas o obrigaram a parar assim que chegou a porta e a abriu, as chamas o fizeram recuar. Lee prendeu a respiração porque era como se tudo estivesse acontecendo de novo, seus pais estavam ali dentro e sua irmã também. As chamas refletiam em seus olhos e a pele derretendo em suas costas não era nada. Seu coração estava acelerado e sua boca seca, por outro lado, ele disse a si mesmo que era Hyunjin ali e nada nesse mundo poderia o impedir agora.

Felix tirou a jaqueta que usava e a segurou em frente ao rosto antes de entrar e ouvir seu nome soar estridente uma última vez.

O garoto olhou em volta, mas a fumaça dificultou sua visão. Ele não pensou muito, assim que viu a escadaria, simplesmente correu até ela driblando os móveis que pegavam fogo. Felix encarou o corredor e tudo havia sido tomado, ele tossia e sua mente girava. Talvez essa tenha sido a razão de ouvir um grito. Ele se virou e olhou em volta, mas não havia ninguém, foi então quando ouviu um "por favor" que se deu conta de que estava ouvindo sua irmã. Felix fechou os olhos com força e tapou os ouvidos enquanto sacudia a cabeça. O calor era insuportável e suas costas queimavam. Ele estava de volta naquele dia, ele tinha doze anos e estava sem sentido de direção. O estado de choque em que se encontrava o fez caminhar entre o fogo porque tudo o que ouvia era a voz dolorosa de sua mãe repetindo "fuja e se salve, não se arrependa de nada." Quando Felix saiu da casa, suas roupas pegavam fogo e sua feição era impassível.

— Eu sinto muito. — Murmurou enquanto as lágrimas caíam. — Eu sinto muito por vocês... — Fungou abrindo os olhos. — Mas eu tenho uma segunda chance e posso salvar alguém que amo, me perdoem por não ter feito nada... — As vozes pareciam se dissipar lentamente com a fumaça. — Logo isso vai acabar, prometo. — Disse enxugando as lágrimas e mais uma vez ele estava correndo.

Felix abriu a primeira porta com um chute, mas não havia nem sinal de outra pessoa. Ele abriu quartos, banheiros, salas e nada da pessoa que ele procurava, foi no final do corredor quando encontrou o único quarto aberto que percebeu que alguém esteve ali. Ele viu a algema sobre a cama e se desesperou totalmente, Felix cogitou correr dali e ir atrás de Chan porque ele ainda podia estar com Hyunjin, mas seus olhos arregalados encontraram o banheiro.

Felix não sentia alívio desde que sua família morreu, nada no mundo poderia ser capaz de lhe arrancar algum sentimento extremamente forte além de raiva. Ele sequer imaginou que poderia invadir uma casa em chamas, pois não sabia se iria suportar a dor. Felix nunca achou que alguém um dia seria capaz de arrancar seu coração daquela forma, porém ao ver Hyunjin apagado, sangrando naquele chão ensanguentado e com uma arma ao seu lado, seu coração afundou em seu peito.

Aquela dor fora a coisa mais real que sentiu nos últimos tempos, o primeiro sentimento que o fez se sentir realmente vivo.

— Hyunjin. — Ele gritou e correu até ele. Felix verificou cada ferimento para ter certeza de que não tinha nada a ver com um disparo e respirou aliviado quando teve a certeza. Ele checou o pulso do garoto e mais uma vez respirou devidamente. — Hyunjin, ei. — Segurou seu rosto, mas Hwang não parecia que iria acordar tão facilmente. — Droga, inferno. — Bateu na cabeça tentando pensar em algo.

Ele olhou para o chuveiro que ainda derramava água e foi até o quarto apressadamente. Felix foi rápido ao pegar um lençol e voltou para Hyunjin, ele encharcou o edredom e com muita dificuldade e cuidado enrolou o menino por completo como um casulo. Lee era forte, disso ele não tinha dúvidas. Entretanto, carregar um adulto desacordado enquanto está rodeado por um edredom molhado, era quase impossível. Porém ele se viu ultrapassando os próprios limites quando ergueu Hyunjin em seu colo e deixou o lugar.

Passar pelos mesmos obstáculos que enfrentou sozinho estava num nível elevado de dificuldade agora. Ele simplesmente fechava os olhos e ultrapassava as chamas, estava pouco se fodendo caso chegasse do outro lado sem pele, pois sabia que daquela forma Hyunjin não iria se queimar se fosse rápido. O único correndo perigo era ele e ele não dava a mínima.

Felix chegou no fim da escada e se apressou até a porta, ele só precisou pisar no calçadão para cair de joelhos com o garoto ainda em seus braços. Sua visão estava embaçada à medida que tossia e seu peito doía. Ele não conseguiu ver quem estava correndo em sua direção enquanto gritava algo, mas ao pender o olhar ele estudou a face de Hyunjin com cuidado e beijou sua testa suada.

— Não morra, seu infeliz. — Sussurrou e só então quando alguém tirou Hwang de seus braços que ele viu o mundo girar enquanto perdia todos os sentidos.

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