INTERE$$EIRA โ” palmeiras

By ellimaac

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โPuta, vagabunda, interesseira, sem talento, sem graรงa, forรงada.โž ๐ˆ๐’๐€๐๐„๐‹๐‹๐€ ๐Œ๐€๐‚๐‡๐€๐ƒ๐Ž รฉ uma das m... More

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By ellimaac

10 de maio de 2023 - SP
jogo contra o Grêmio
ISABELLA

ME AJOELHO DE frente para o menino de um metro de altura a minha frente e ajeito a camisa do Palmeiras em seu corpinho.

Hoje é um daqueles dias de jogo que Tom entra com o pai, no caso de hoje será um jogo do Brasileirão e o Palmeiras enfrentará o Grêmio.

Por ser uma quarta-feira tranquila, pude vir sem problemas para o Allianz, o que não costuma ser normal pois sempre fico no estúdio até mais tarde. Principalmente com essas semanas puxadas de gravação graças a um acontecimento específico na série que estou atuando. Contudo, minha personagem finalmente teve um descanso.

— Ô, mãe — o menino atrai minha atenção, me despertando de meus pensamentos.

Ergo a cabeça e olho para ele, vendo que seu cabelo está meio bagunçado. Aproveito a oportunidade para ajeitar os cachinhos loiros.

— Eu — esse cabelo rebelde que vai ficar um caos em poucos minutos. Nem adianta finalizar. Os cachinhos vão armar e desaparecer. — Eu sou a mãe.

— Você vai deixar eu entrar com o tio Luan?

— O Luan? — Franzo o cenho sem entender porque meu filho quer entrar com o zagueiro do nosso time sendo que tem a oportunidade de entrar com o próprio pai. — E seu pai?

— Não quero entrar com o papai hoje — ele desvia o olhar meio sem graça e começa a encarar o chão.

— Por que? — Dou um sorrisinho e toco em seus ombros para que ele se sinta mais à vontade para me contar o que está escondendo. — Se você quiser entrar com o tio Luan, tudo bem pra mim. Eu só preciso saber o motivo pra poder explicar pro seu pai.

— Você não pode contar pro papai! — Ele eleva o tom de voz, me deixando em alerta. Cruzo os braços e fico em pé para parecer mais séria.

Aprendi com a maternidade que só se pode conversar com uma criança com a postura ereta e autoritária, isso é claro em momentos confusos nos quais você está tentando decifrar a criança. Caso contrário seu filho não te levará a sério.

— Ok — desconfio, mas mantenho minha voz amigável. — Agora você tem duas coisas pra me explicar.

— Ah mãe! — Ele bufa, fazendo manha de criança e olha pra cima, dando uma meia volta. — O papai não gosta que eu entre com o tio Luan. Ele gosta que eu entre só com ele.

— É porque ele é seu pai.

— Mas eu quero entrar com o tio Luan. Só hoje. — Ele fica indignado. — Poxa.

É a vez de Tom de cruzar os braços em completa indignação. Faz uma careta idêntica à de seu pai, mas aquela pose apoiando o corpo em uma das pernas, é toda minha.

— Você entrou com o tio Piquerez no jogo passado, se lembra?

— E hoje eu quero entrar com o tio Luan!

— Tudo bem, só me fala por quê? E me fala também por que seu pai não pode saber.

— É que... — ele respira fundo, soltando os braços e se aproximando de mim. — Abaixa aqui.

Me abaixo de novo, ficando da sua altura só para que ele possa sussurrar:

— Eu quero ficar perto da Cecília.

Cecília é a filha mais velha do Luan. Mesma idade de Tom. São bons amigos, não se desgrudam por nada quando estão juntos.

— Ahhh — abro um sorrisinho malicioso. — Você gosta dela?

— Não, mãe! Credo — até acreditaria nessa resposta mal dada, se não fosse pelas bochechas vermelhas que nem pimentão no rostinho dele. — Ela é minha melhor amiga.

— Sei.

— É sério, mãe. E... O pai não gosta.

— Claro que seu pai gosta da Cecília, Tom.

— Não, mãe. Presta atenção — reviro os olhos, abafando uma risada. Essa fase dos cinco anos que acham que sabem de tudo. — O papai não gosta que eu gosto dela. Ele disse que eu tenho que tratar como uma irmãzinha.

— Hum. — Na verdade, acho que Veiga disse isso para que ele se livrasse de problemas com o Luan. O nosso querido zagueiro aí é bem ciumento com sua filhinha. — Então seu pai sabia e eu não? Me sinto traída.

— Não, mamãe — Tom me pega de surpresa ao abrir os braços e me abraçar. Dou risada pelo gesto inusitado e o pego no colo, com um pouco mais de esforço por ele estar grande demais. — O papai descobriu.

— Como?

— A gente só 'tava brincando.

— Aí ele achou estranho?

— É.

— Entendi. Bom, deixa eu te falar. — Tom assente, se apoiando em meus ombros enquanto eu o ajeito em meu colo. — Eu não vejo problemas de entrar com o seu tio Luan, mesmo que queira ficar perto da sua melhor amiga. Mas... você vai ter que falar com seu pai.

— Ah não, ele vai brigar comigo. Fala você.

— Seu pai lá briga com você agora, Tom? — Dou risada. Veiga é apaixonado pelo filho, mal levanta a voz pro menino. A parte chata sempre sobra pra mim e eu sempre me torno a vilã da história. — Conversa com ele e ele vai te entender. Afinal, Cecília é só sua melhor amiga, não é?

Tom pressiona os lábios, fica envergonhado de novo e pula pra fora do meu colo, tentando disfarçar.

'Tá na cara que ele gosta da Cecília, aqueles sentimentos infantis, sabem? Eu acho fofo que ele fique envergonhado na presença dela, e que mesmo assim faz questão de estar perto e brincar do jeito que eles brincam.

— Ei, Tom! — olhamos para o lado assim que ouvimos a voz de uma criança. Um menino da mesma idade de Tom corria aqui pra dentro. — Vamos.

— 'Tô indo. Tchau, mãe!

Me abaixo só para que ele possa me dar um beijo na bochecha antes de sair correndo com Heitor, filho do Zé Rafael, que é mais um dos amiguinhos do meu filho. Graças a Deus Tom tem vários amigos aqui no Palmeiras. A maioria dos jogadores inventaram de engravidar as esposas na mesma época e agora a criançada toda está enorme e com a mesma idade.

Ainda estou sorrindo quando dou conta da minha solidão.

Suspiro, ajeitando a postura e me aproximo do sofá para pegar minha bolsa antes de seguir até lá embaixo para esperar meu filho entrar com os jogadores.

Acabo passando na frente de um espelho e aproveito para dar uma olhada em meu reflexo.

Estou com a camisa nova do Palmeiras. Não. Não é uma que ganhei do Veiga. A última vez que ele me presenteou com uma camisa eu ainda estava grávida. Essa camisa aqui é minha, comprada com meu dinheiro, e personalizada com meu número e meu nome.

Ajeito-a dentro da calça jeans que estou usando e depois verifico minha maquiagem. Estou com umas olheiras escuras que nem o corretivo conseguiu cobrir. Preciso de férias, pra ontem.

Ignoro esse fato, porque pensar no quanto estou trabalhando,  mesmo que seja o emprego dos meus sonhos, só me faz ficar ainda mais cansada. Saio da sala, enfim, e sigo em passos curtos até a escada que dá para o campo onde os jogadores ficam antes de subir pro hino nacional.

Preciso estar lá a tempo de buscar meu filho ou ele vai fazer uma algazarra se ficar sozinho. O pai dele vai estar jogando, o que me resta essa tarefa de buscá-lo e levá-lo até o camarote onde nos acomodamos durante o jogo.

No meio do caminho, quando estou totalmente envolvida em meus pensamentos, sinto alguém me parar de repente, me abraçando por trás.

Um gesto íntimo demais se levarmos em conta que estamos num lugar público e podemos ser vistos a qualquer momento.

— Olá, mi rubia. — Me arrepio inteira só em sentir a respiração do jogador Uruguaio em meu pescoço. — Você estás muy bela hoje.

— Ficou doido, Joaco? — Pergunto com a voz firme, mas não sendo capaz de me afastar do calor de seu corpo. — Não podemos ficar assim num corredor!

Bien.

E em questão de segundos, ele se afasta de mim, agarra meu pulso e me puxa pra salinha mais próxima que encontra.

Mejor? — pergunta ao fechar a porta, ele praticamente criou o próprio idioma. Portunhol.

Olho ao redor brevemente e percebo que estamos num depósito. O cheiro de produtos de limpeza embrulha meu estômago. Ótimo lugar. Perfeito. Evito revirar os olhos e tento não ficar irritada, o que é difícil.

— A gente podia ter sido visto. — Encaro-o, decidindo ser séria. Ele está ficando maluco em me abraçar daquele jeito num corredor do Allianz onde qualquer um, principalmente o Veiga, poderia nos ver. Se alguém nos visse iria acabar com a pouca reputação que me resta. Imagina o escândalo. — Qual seria a desculpa?

— Que ando com la rubia de mi amiguinho.

— Piquerez!?

Ele bufa e revira os olhos quando percebe que estou mesmo irritada. O perigo de ter sido exposta desse jeito não me deixou confortável. E saber que Piquerez nem se importa com isso só me deixa mais puta. No fim, eu serei a única a ser xingada pela imprensa.

— Porra, Isabella — o jeito como o "s" tem som de "ç" na voz dele me faz sorrir de canto. — Deja de ser chata. 'Tamo n'aqui agora. Esqueça isto.

Ele me pressiona na parede e sua boca se encaixa perfeitamente em meu pescoço. Me amaldiçoou mentalmente por cair nos encantos desse homem com tanta facilidade e esquecer o vacilo que ele acaba de cometer só por saber me beijar e saber me deixar quente.

As mãos de Piquerez estão subindo pelas minhas coxas, fazendo um calor agradável se acumular entre minhas pernas.

Por impulso agarro seu pescoço e aproximo sua boca da minha.

— Senti su falta — ele diz, respirando contra meus lábios antes de me beijar.

Não. Beijar não seria o termo certo.

Ele me devora. Me ergue do chão, agarrando minha bunda, me pressiona ainda mais contra a parede e me pega de jeito.

Puta que pariu. O que é que estou fazendo?

Pegando o jogador do meu time, amigo do pai do meu filho, bem no estádio do Palmeiras a poucos minutos de começar um jogo?? Eu fiquei maluca de vez, é a única explicação.

Mas nem me importo com isso. Só me importo com o modo como Piquerez me beija. Seu beijo é quente e molhado. A sensação de sua língua tocando a minha, me faz suspirar de prazer. Caralho. Eu gosto muito de ser beijada assim. Sem qualquer delicadeza.

Ele me coloca no chão, só para me virar contra a parede e pressionar sua virilha contra minha bunda. Deus do céu. Não acredito que vou fazer isso aqui nesse depósito. Não acredito que quero fazer isso aqui e agora nesse depósito.

Porra. Por que Piquerez me deixou excitada? Não vou conseguir me controlar mais.

— Posso te comer, Bella? — Ele pergunta com a boca encostada na minha orelha, o sotaque fazendo loucuras com meu corpo. — Pra me animar pro jogo. Deja, por favor.

Eu até responderia se ele não tivesse decidido a subir a mão por dentro de minha camisa, deslizando seus dedos grossos pela pele em minha barriga, puxando o sutiã como se não fosse nada e agarrando meu seio sem mais nem menos.

Porra. Gemi que nem doida por causa disso.

— Shii — ele tampa minha boca, abafando meus gemidos. — Solo grita cuando estas em casa.

Dou uma risadinha.

Bom, como explicar essa complexa relação que Piquerez e eu temos? Ele é meu melhor amigo. Melhor amigo mesmo. De anos. Nos conhecemos quando eu ainda morava na Argentina, na fronteira com o Uruguai, e meu pai era super amigo dos pais do Joaco.

Porém meu pai se foi e eu voltei pra São Paulo. Daí tive minha vida virada de cabeça pra baixo por causa de uma gravidez. Investi tempo e suor com a maternidade em paralelo com minha carreira.

Quando me dei conta, Thomas estava enorme e falante, e meu time tinha contratado um jogador Uruguaio. Adivinhem quem?

Voltamos a nos falar, como antes, como amigos.

Descobri que Piquerez paga de talarico e que ele era doido pra me pegar, mas tinha respeito por eu ser mulher do amigo dele.

Mostrei quem é que manda nessa porra e fiquei com ele mesmo assim só para provar que não sou mulher de ninguém. Sou solteira e tenho direito de ficar com quem quiser. Ainda mais quando esse alguém for um uruguaio gostoso desses e ser meu melhor amigo.

Já faz um bom tempinho que decidimos colorir nossa amizade. Nos encontrando às escondidas, pagando de besties e se comendo na primeira oportunidade.

Piquerez está desabotoando minha calça, pronto para abaixá-la quando a porta do depósito de repente é aberta.

No susto, nós dois nos viramos. Eu faço questão de me esconder atrás do cara alto para ter certeza de que ninguém me reconhecerá.

— Hermano! — reconheço aquela voz e meu rosto queima de vergonha, me escondo ainda mais atrás de Piquerez e percebo que ele está com as duas mãos em cima da virilha. — 'Tá fazendo o que aqui... Puta que pariu! Isabella???

— Sai, Endrick! — Piquerez empurra o garoto pra fora do depósito. — Sai. Sai!

— Cara, que merda 'cê 'tá fazendo!?

Piquerez fecha a porta na cara do menino e solta um suspiro de alívio misturado com pânico por acabar de sermos descobertos e pela criança mais fofoqueira do time.

— Fodeu — entro em choque, passando a mão pelo cabelo.

— Calma — Piquerez me olha com as mãos erguidas. — Vou dar um jeito nisto.

— Não — digo autoritária. — Deixa que eu dou um jeito nisso.

Saio do depósito com rapidez e sigo o garoto antes que ele suma e conte o que não deve pra primeira pessoa que vir.

— Ei — agarro o pulso dele e o obrigo a ficar de frente pra mim. — Você não viu nada, ouviu?

— Cara, você 'tava traindo o príncipe!?

— Endrick — fico nervosa. — Você sabe muito bem que não tenho nada com o Veiga.

— Mas o Tom e... Mulher, isso é muita informação pra minha cabeça. Eu não queria ter visto isso. Como eu faço pra esquecer? — O garoto falta se socar de desespero. 

— Que merda você queria naquele depósito, hein?

— Eu ouvi uma conversa.

— E só por isso sai abrindo as portas? — Endrick encolhe os ombros, sorrindo. Além de fofoqueiro é curioso e fuxiqueiro. — Você tem que prometer pra mim que não vai contar pra ninguém.

— Vou prometer nada.

— Endrick?

— Oxi, você mesma disse que não tem nada com o Veiga. Então não tem porque temer, né?

— Garoto — alguém precisa encher esse menino de palmadas. Cadê a mãe dele? — Pelo amor de Deus, não estraga a minha vida com uma fofoca dessas. Por favor.

— Tá bom! — Ele bufa, cruzando os braços. — O que eu ganho em troca?

— Ganhar em troca?

— É, lindona. — Só posso ter jogado pedra na cruz, não é possível. — Não acha que meu silêncio não vai ter um preço, né?

— Endrick — dá-me paciência, senhor Jesus. — O que você quer? Eu faço qualquer coisa.

— Caramba, Bellinha. Tudo isso porque anda de chamego com o Bobão da Vez. Quem não deve não teme, 'cê não é solteira?

— Eu sou. Mas minha imagem nunca foi bem vista — todos pensam que só engravidei pra ganhar pensão. — Com um escândalo desses, o que será de mim?

De interesseira para a puta maria chuteira do Palmeiras.

— Porra — o garoto se entristece, ficando pensativo. — Eu não sabia disso.

— Pois é.

— 'Tá. 'Cê me ajuda com minha mãe e eu te acoberto, fechou?

— Sua mãe? — Franzo o cenho em completa confusão.

— É. Tipo, você é mãe também, ela vai te ouvir e eu estou com uns problemas.

— O que você fez?

— Ah — ele passa a mão na nuca, pensativo e meio sem graça. — Eu meio que 'tô... pegando duas minas ao mesmo tempo.

— Puta que pariu.

— É. Minha mãe 'tá desconfiando e não tem ninguém pra limpar minha barra. Ninguém com credibilidade, eu digo.

Endrick só anda com as molecadas do time, que mãe que vai confiar na palavra de alguém tão pior quanto seu filho?

— Endrick, você não pode pegar duas minas ao mesmo tempo. Sua mãe tem razão de desconfiar e dar um sermão em você.

— E você não pode se envolver com o Piquerez — ele usa a seu favor. — Pronto. Um sabe do podre do outro.

Deus, por quê? Por que fez essa criança me pegar num momento comprometedor. Por quê?

— Vai, Bellinha. Faz a boa pra mim.

— 'Tá — só vou fazer isso porque preciso da minha barra limpa. — Fechado. Falo com sua mãe lá em cima.

— Valeu — ele me pega de surpresa ao me dar um beijo na bochecha. — Aí, Pique–Pique!

Endrick me deixa só para abraçar um Piquerez que estava vindo até nós com aquela cara de assustado. Lanço um olhar tranquilizador a ele que rapidamente fica mais suave. Endrick abraça o uruguaio e os dois juntos seguem caminho até o restante do time. É pra lá que eu devo ir porque preciso encontrar meu filho. Mas não antes de respirar fundo e colocar a cabeça no lugar.

Acabei de ser descoberta por um adolescente e fiz um acordo pra limpar a minha barra. Porra, a que ponto eu cheguei?

Haja paciência.

Encontro Tom já reunido com as outras crianças se organizando com o jogador que irão entrar. Pego na mão do meu filho e o levo até seu pai no momento que ele está prestes a se juntar com o Luan.

— Mãe! — ele protesta.

— Você falou com seu pai? — Tom nega em resposta.

— Falou o que comigo? — Veiga olha para nós dois. — Oi, campeão.

Veiga termina de bagunçar o cabelo de Tom e eu falto bufar por ver os cachinhos todos bagunçados e sem definição. O que eu falei? Nem adianta cuidar desse cabelo.

— Oi, papai!

Veiga se abaixa pra dar um beijo em seu filho e depois volta a pergunta:

— O que queriam me falar?

— Nada — encoberto o mais novo que finge que nada aconteceu ao olhar para o nada e se distrair com o filho de Marcos Rocha a nossa frente. O moleque nem disfarça que está escondendo alguma coisa. Não sabe mentir, igual ao pai, onde já se viu. — Vou ficar aqui embaixo, esperando pelo Tom antes de subir.

Veiga assente meio desconfiado da reação do nosso filho, mas decidindo dar de ombros.

— E por que demorou? — Ele me encara e se eu não o conhecesse bem até diria que está suspeitando de algo. — Só faltava você. Pensei que estaria com o Tom.

— Eu 'tava com ele, mas... — Não consigo nem pensar numa desculpa válida. 'Tá na cara que eu estava fazendo coisa errada. Uma coisa que foi descoberta, mas que eu já limpei pra não dar merda. — Ele saiu pra brincar com o Heitor. Foi isso.

— E você? — Ele continua me encarando, sério. A voz carregada de desconfiança. — Onde você estava?

Estranho essa pergunta.

— Não devo satisfação da minha vida pra você, Veiga.

Ele agarra meu pulso no momento que estou prestes a me afastar, me impedindo de fazer tal coisa.

— Onde você estava?

Estreito o olhar e ao invés de me desvencilhar de seu toque como é o certo a fazer, decido dar um passo pra frente até quase não existir distância entre nós.

— Eu já disse — volto a falar, sentindo sua respiração perto demais, mas não dando importância, mesmo que algo estranho se agite dentro de mim — que não devo satisfação a você.

Marcos Rocha a nossa frente, que segurava o bebê que meu filho se distraia, lança um olhar duvidoso em nossa direção pela conversa estranha que estamos tendo.

Nem me importo com isso ao me desvencilhar do toque firme de Veiga, e dar as costas para eles.

Sinto o olhar do jogador queimando em mim até eu me juntar com as outras mães e ele ser obrigado a voltar sua concentração pra frente onde terá que entrar em campo.

Continuo encarando ele e vejo quando pressiona os lábios, contendo a própria irritação por eu não ter respondido sua pergunta. Depois ele força um sorriso e começa a conversar com nosso filho, pegando em sua mão e tentando, inutilmente, se distrair.

Mas eu sei no que ele está pensando e sei que odiou o modo como falei com ele. Veiga está puto. E olha que nem sabe da verdade.

primeiro capitulo como? DAQUELE JEITOOOO com muita confusão, do jeitinho que gostamos

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Fanfiction

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