Na moral, atualizações em domingos seguidos, vocês vão ficar mal acostumados. E aí? Como estamos hoje? Espero que estejam bem, e se não estiver, vai ficar, blz?
Qualquer erro, troca de palavras, podem me corrigir, ok? Comentem muitooo para apoiar e motivar essa pobre autora. Deixem o votinho aí tbm, por favor!💗
⚠️Antes que eu me esqueça: meus meninos são adolescentes do século 21 com humor duvidoso, que ama escrever errado e usam emojis de maneira exagerada ironicamente, logo, os erros nas mensagens são propositais e não precisam de correção, ok? É tudo ironia!👋🏻😞
Boa leitura!💜
#LacemOClementino
Hyunjin, Jisung e Felix voltaram para São Paulo dois dias depois do passeio na Tecnoshow. Com certeza teriam ficado alguns dias a mais, se não fosse pela agenda apertada de Hyunjin e o cronograma que o loiro seguia à risca.
Mesmo com Hyunjin insistindo para Felix e Jisung irem depois, os outros dois decidiram ir juntos de uma vez. Claro que na despedida foi difícil para os três e para Jungkook, que chorou novamente com Jisung, enquanto trocavam abraços apertados e beijos.
Com a partida dos amigos, Jungkook passou um domingo quieto em casa. Mesmo com Jimin e Taehyung insistindo para o avermelhado sair para fazerem algo, não foram capazes de convencê-lo.
O comportamento de Jungkook preocupou Jimin, mas ele optou por dar espaço para Jungkook. Poderiam conversar melhor segunda-feira.
🍒🐐
No ônibus, Wooyoung se distraía jogando algo no celular, vez ou outra xingava os outros jogadores, fazendo San rir.
Em certo momento, San raspou a garganta, tentando puxar a atenção do amigo, mas não obteve sucesso. Frustrado, o loiro bufou e finalmente decidiu usar as palavras.
― Woo?
― Fala ― devolveu rápido, concentrado no jogo.
― Pode fazer o favor de olhar pra mim quando estou falando contigo, mano? ― pediu sério, escutando o moreno bufar.
― Qual é? Estou quase ganhando, você sabe como é difícil. Por que não fala de uma vez? Eu escuto com os ouvidos, não com os olhos, capetão.
― ‘Tô ligado, mas é importante.
― Fala logo!
― Presta atenção então, porra! É importante pra mim, poxa!
Wooyoung suspirou e fechou o jogo, bloqueando a tela do celular para dar a devida atenção para San. O loiro sorriu contente, fazendo o outro rolar os olhos.
― Se for me cobrar os vinte reais que peguei emprestado semana passada, eu já disse que não tenho dinheiro! Estou em situação crítica! Precisando de cesta básica!
― Não exagera.
― Mas eu estou liso mesmo, não tenho grana nem pra comprar um salgado ― choramingou. ― Espera eu receber, prometo que vou pagar.
― Não estou cobrando nada, anta.
― Não? ― perguntou confuso. ― Ué, o que poderia ser mais importante que isso?
― Talvez algo sobre mim?! ― devolveu indignado.
― Ah, você não é de se abrir muito pra mim, não imaginei que fossemos falar de sentimentos. É de sentimentos? ― arregalou os olhos. ― Caralho! Você está apaixonado e eu serei seu padrinho de casamento!
― Wooyoung, pelo amor de Deus! ― gargalhou e negou com a cabeça. ― Não tem nada a ver com paixão ou com outra pessoa envolvida. É sobre mim. E sim, a gente não se abre um para o outro ou fala de coisas mais delicadas, sentimentalismos e essas coisas. Mas eu realmente queria compartilhar isso com você. É algo que descobri recentemente sobre mim mesmo, mas que não tinha certeza. Mas agora eu tenho e eu queria contar pra você primeiramente.
― Você é gay? ― perguntou surpreso.
― Wooyoung…
― Desculpa, é que eu achei-... foda-se, não importa o que eu achei. Continua.
― Então, lembra do dia que fui fazer o trabalho na casa do Gui com a Soso, Hoseok e o Goo?
― Como esquecer aquela injustiça? ― rolou os olhos.
― Continuando, a gente conversou bastante aquele dia sobre algumas coisas, até que chegou em um certo assunto onde eu me senti mais à vontade para poder perguntar algo que eu sempre me questionei, sempre mesmo. Depois do dia do trabalho e da conversa que tive com os meninos, comecei a pesquisar mais a fundo sobre o assunto e entender sobre, sabe?
― Pode ir direto ao ponto? Estou ficando nervoso ― pediu aflito.
― Sou assexual, Woogie ― revelou com um sorrisinho.
― Assexual? ― piscou confuso.
― Uhum! Woo, nunca falei sobre isso contigo, mas esse sou eu! E como você é meu melhor amigo, eu pensei que você deveria saber. ― Coçou a nuca um pouco nervoso. ― Fiquei com medo de falar sobre isso contigo antes e você acabar não levando a sério. Enfim, eu não sinto a necessidade de fazer sexo, seja com quem for, não sinto atração sexual por ninguém, entende?
Wooyoung ficou em silêncio, encarando o loiro, um pouco sério. O comportamento nada normal do moreno preocupou San, que parou de sorrir de imediato.
― Woo? ‘Tá tudo bem? ‘Cê ficou quieto… ― emitiu mais baixo e um pouco receoso.
San arregalou os olhos ao sentir seu corpo ser puxado para um abraço. Logo o sorriso retornou para seu rosto e ele apertou o corpo de Wooyoung naquele ato tão necessário.
― Obrigado por confiar em mim para me dizer uma coisa tão importante, Sanie, de verdade ― se afastou para olhar o loiro. ― Fico muito feliz por você, na moral cara! Eu ‘tô orgulhoso de você pra caralho, ‘cê não tem noção! E mais uma coisa, independente de qualquer coisa, somos amigos, irmãos. Eu vou te apoiar em tudo, vou estar do seu lado sempre, sempre. Pra se livrar de mim, só se eu morrer, do contrário, vai ter que me aturar sim.
― Obrigado, Woo ― sorriu abertamente.
― Eu não te digo isso com frequência, mas eu te amo demais, capetão ― expressou calmo. ― ‘Cê é a minha pessoa favorita no mundo todo, sem brincadeira. ‘Cê me entende melhor do que ninguém, está fechado comigo independente da merda que eu proponho em fazer e é meu irmão do coração.
― Gosto de ver seu lado sentimental, cara ― riu, recebendo uma cutucada na costela. ― Ai!
― Não se acostume. E qual foi?! Não vai dizer que me ama também? Acabei de fazer uma declaração ‘mó fofa!
― Eu também te amo, Woogie, pra caralho. ― Sorriu largo, exibindo as duas covinhas nas bochechas.
Os dois olharam para frente quando o ônibus parou e Taehyung embarcou primeiro, sendo seguido por Yeonjun, Jimin e Jungkook.
― Yeonjun? Não era você quem disse que não iria usar o uniforme de formando? ― San perguntou ao notar o garoto trajando a vestimenta citada.
― Ah, eles mudaram um pouco a cor, o estilo, ficou aceitável ― deu uma voltinha. ― Não ‘tá a coisa mais linda do mundo, mas ‘tá aceitável.
― O nosso ainda ‘tá mais bonito ― Wooyoung provocou.
― Não perguntei nada pra você, arrombado do caralho!
― ‘Cê sempre querendo procurar encrenca. Não aguento! ― Taehyung suspirou e puxou o irmão para se sentar no banco.
Jungkook cumprimentou os dois amigos no fundo do ônibus e se aproximou do assento costumeiro ao lado de Jimin. O moreno, ao reparar a presença do avermelhado, se levantou para dar espaço para Jungkook se sentar no banco perto da janela.
― Valeu ― sorriu amigável e se acomodou no assento.
― Ei, ‘tá tudo bem, cherry? Fiquei preocupado ― foi direto ao ponto ao se sentar novamente perto do avermelhado.
― Eu sempre te deixando preocupado, não é? ― soltou um riso frouxo. ― Desculpa, me desculpa mesmo. É só que, fiquei meio capenga com a volta dos meninos pra São Paulo, sei lá. Sei que vou ver eles de novo, mas não deixa de ser um pouquinho incômodo, sabe? Eles foram meus primeiros amigos de verdade, que ainda estão comigo de certa forma. Sempre fomos tão grudados… E quando eu me mudei pra cá, foi um pouco difícil, mas eu lidei bem até. Mas agora eu vi eles de novo e eu não sei explicar. Você teria que sentir pra entender, Jico.
― Acho que entendi um pouco e é compreensível. É normal sentir saudade, principalmente depois daquela conversa que vocês tiveram na Tecnoshow. Acho que não é só você que se sente assim. É como dizem: dê tempo ao tempo. ― Sorriu de canto. ― Mas ‘cê ‘tá melhor agora? Um pouquinho?
― Estou melhor sim, obrigado pela preocupação. E estou ansioso também.
― Ansioso? Posso saber o porquê ou é sigiloso? ― sussurrou, fazendo Jungkook rir.
― Hoje é meu primeiro dia na terapia depois da escola.
― Jura?! Caralho, ‘cê não me contou isso antes por quê?!
― Acabei esquecendo com tudo acontecendo de uma só vez. Mas é isso. Depois que eu sair da terapia, vou pra casa do Hoseok e vou conhecer a famosa Maria Júlia.
― Então vai voltar bem tarde pra casa?
― Não sei, talvez não, vamos ver. Acho que você aguenta ficar sem mim por algumas horinhas, não?
― Como se acha ― riu nasal.
― Até parece que menti. Você não vive sem mim, assuma!
― Não vou te dar esse gostinho.
― Você assumiu indiretamente! ― sorriu.
― ‘Cê que é iludido! Eu hein! ― cutucou a costela de Jungkook, se divertindo com o susto alheio. ― Pega o fone, hoje é você quem escolhe a música.
― Bem lembrado! Hoje vamos escutar Lana Del Rey.
― Gosto.
― Mesmo? ― devolveu surpreso.
― Quer dizer, não escutei muitas, mas todas que ouvi por aí são boas.
― Você realmente não tem defeitos, nossa… ― suspirou e voltou sua atenção para a mochila em busca dos fones, escutando o moreno rir.
🍒🐐
Yoongi entrou na sala de música com a mesma empolgação costumeira e correu apressado para o piano. Ele sabia que teria um papel entre as teclas, mas não deixava de ficar feliz ao encontrar o pequeno pedaço de papel no instrumento.
― Outra baleia azul, que foda… ― sorriu, admirando o desenho.
Sentindo falta de algo, Yoongi virou o papel, procurando pela caligrafia que carregava palavras fofas nos últimos desenhos que recebeu. Respirou aliviado ao confirmar que estava atrás do papel, como suspeitava.
“Não é louco pensar que ela é o maior animal do mundo?! Sei lá, acho que estou ficando fascinado por baleias também, culpa sua! Mas não é um problema, eu gosto. De algum jeito, eu tenho na cabeça que se eu conheço mais sobre elas, se entendo e fico fascinado, eu automaticamente estou entendo um pouquinho de você, do porquê você ama tanto elas. Elas são incríveis mesmo.
Mas eu te acho mais incrível, não posso mentir.
Espero que tenha gostado, já estou fazendo outro, não se preocupe!”
Yoongi apertou os lábios, reparando mais uma vez em certas palavras do papel, onde o autor dos desenhos referia a si mesmo no pronome masculino. Não era a primeira vez que vinha reparando naquele detalhe, mas não queria concluir nada sem certezas.
― Acho que posso descartar de vez as possibilidades de ser uma garota por trás disso tudo. ― Concluiu pensativo.
Se assustou quando escutou duas batidinhas na porta. Ao olhar para o lado, encontrou Taehyung apoiado na parede com metade do corpo para dentro na sala.
― Oi! Atrapalho? ― o moreno perguntou.
― Não, não ― sorriu e dobrou o papel para guardá-lo no bolso do moletom. ― Precisa de alguma coisa, Teco?
― Na verdade, não ― se escorou na porta. ― Estava te procurando.
― Me procurando? ― sorriu confuso e se sentou no banco perto do piano. ― Posso saber o motivo?
― Hoseok disse que você estava aqui tocando piano. Sei lá, quis vir, talvez, ouvir? ― sorriu nervoso.
― Não sou fã de plateias ― se ajeitou no banco e estalou os dedos. ― Mas, no seu caso, posso abrir uma exceção.
― Jura? ― sorriu confuso.
― É o mínimo que eu poderia fazer depois que você assistiu quatro episódios sobre baleias por minha causa.
― ‘Cê fala como se tivesse sido um baita sacrifício.
― Não foi?
― Me ofende assim, Gui! ― riu desacreditado. ― Comentei sobre os fatos o tempo todo com você! Achei que meu interesse estava na cara!
― Estou brincando, se acalma ― finalmente riu com mais energia. ― Fecha a porta e chega pra cá.
Empolgado, Taehyung fez como foi pedido e caminhou apressadamente até o castanho. Sentou-se no chão e cruzou as pernas estilo borboleta, apoiando os cotovelos nos joelhos.
― O que vai tocar? ― emitiu mais baixo.
― O que você sugere? ― olhou para o moreno e ajeitou os óculos.
― Hm… ― Taehyung olhou para baixo e pensou um pouco até retornar os olhos para o mais novo com um sorrisinho. ― Uma música que você goste muito, sua favorita.
― Minha música favorita? ― ponderou um pouco e sorriu. ― Tudo bem.
Yoongi dedilhou algumas teclas, parecendo pensar nos próximos movimentos. Sorriu ao escolher uma música mentalmente e começou a tocá-la. "Unchained Melody" do The Righteous Brothers. Sua escolha fez Taehyung ficar pensativo, tentando adivinhar que música era, mas não pareceu obter sucesso na adivinhação.
O moreno não atrapalhou Yoongi para perguntar que música era, apenas apoiou o rosto no punho direito, concentrado na cena tão única que era ver Yoongi tocando piano de maneira tão tranquila e bonita.
🍒🐐
Soraya entrou na sala e sorriu ao reparar em Hoseok sentado em seu lugar, concentrado no celular. Em busca da atenção do garoto com mechas, Soraya raspou a garganta, conseguindo com o que Hoseok ergue-se os olhos para a porta da sala.
Hoseok piscou de forma lenta e sorriu admirado.
― Soso, você está lindíssima, meu Deus…
Soraya estava usando tranças.
― Obrigada! Estava ansiosa para mostrar e ver a reação de vocês. Confesso que pensei muito antes de fazer, sabe, depois da última vez ― relembrou incomodada e colocou a mochila em sua cadeira.
Hoseok se aproximou rápido e ficou ao lado de Soraya.
― Se alguém ousar a falar alguma coisa sobre você, que não seja elogios e bajulações sobre como você ficou extremamente linda, eu acabo com essa pessoa na porrada e olha que odeio brigas ― os dois gargalharam.
― Obrigada, Hobi. Eu estou me sentindo muito bem assim.
― Que bom, de verdade, Soso ― sorriu mínimo para a garota. ― Você é linda demais, na moral.
― Você também é um gostoso. Agora faça a gentileza de amarrar o cadarço do meu coturno? ― soltou um riso, indicando o pé direito com os cadarços soltos.
Sem questionar, Hoseok se abaixou e colocou o pé de Soraya sobre seu joelho sem pensar muito. A garota sorriu sem mostrar os dentes, assistindo o outro concentrado na tarefa de amarrar os cadarços. Em certo momento, acabou sendo flagrada quando Hoseok terminou e levantou os olhos.
― Já falei que você ‘tá linda pra caralho?
― Acho que vai falar isso sempre que puder. Mas eu gosto de ouvir todas as vezes.
― Então vou continuar dizendo.
― Obrigada ― soltou um sopro calmo e nervoso ao sentir os dedos de Hoseok se moverem em sua panturrilha.
― Vida! ― Jungkook entrou na sala apressado e Hoseok se levantou.
― Você me chamando de vida também, que gracinha! Era isso que estava faltando! ― sorriu largo e abraçou o avermelhado. ― Mas por que da animação?
― Esqueceu, Hoseok?! É hoje! ― encarou Hoseok, esperando que ele desvendasse.
― Ah! A terapia e sua ida lá em casa! ― segurou os ombros de Jungkook e sorriu. ― Me esqueci, desculpa! Caramba… mas vai dar tudo certo, ‘tá?
― Estou pensando positivo, ― deu uma pausa ― pelo menos até agora.
― Vai dar tudo certo, não pense muito para não ficar mais ansioso. Vai, começa a respirar fundo ― puxou o ar, instruindo o outro a fazer o mesmo.
― Que algazarra é essa? Aulas de respiração profunda para relaxamento? Estou precisando ― Wooyoung se aproximou com San e respirou fundo também, fazendo Jungkook e Hoseok rir.
― Algo está te deixando nervoso, Woo? ― Soraya perguntou.
― Sempre tem algo me deixando nervoso, minha linda ― analisou a garota. ― Minha linda mesmo, viu? Achei foda as tranças, combinou pra caralho.
― É verdade ― San assustou Soraya ao tirar uma foto dela repentinamente. ― Até distraída é linda, isso é um talento.
― Todos concordam que nesse grupo, a Soraya segura a coleirinha de todos sem exceções. ― Hoseok proferiu descontraído e os outros riram.
― Principalmente a sua, Hoseok. Na verdade, ‘cê é o mais adestrado, dá a patinha, rola no chão, não é? Bom garoto! ― Wooyoung provocou e recebeu um chute fraco do garoto de mechas. ― Precisa adestrar melhor, pelo jeito.
Jimin entrou na sala e sorriu ao reparar em Soraya.
― Chegou o outro gado ― San ciciou para Wooyoung e os dois riram.
― ‘Tá linda, Soso! ― o moreno elogiou ao deixar a mochila em seu lugar.
― Obrigada, Jico.
― Então, gente ― Wooyoung sentou na mesa de Soraya e empurrou San para sair de sua frente. ― Capetão e eu estávamos conversando sobre um evento que poderíamos fazer.
― Depende do evento ― Hoseok arqueou a sobrancelha.
― Trote do terceirão, bobão. Não fizemos ainda ― San disse.
― É verdade! ― Jungkook concordou. ― Mas qual seria o tema?
― Não pensamos sobre, mas é uma boa, hein? Pode falar ― Wooyoung sorriu convencido.
― Eu daria tudo para fazer aquele de meninos vestindo vestidinhos, só pra ver o Higor desfilando em um ― San pensou alto com um sorrisinho.
― Primeiro que ele nem iria participar ― Jimin relembrou.
― Eu ficaria incrível em um vestidinho ― San falou pensativo e os outros riram. ― Um bem camponesa recatada do campo.
― E o Wooyoung com um bem coladinho. ― Hoseok acrescentou, causando risadas.
― Podem rir, mas o papai aqui fica bonito vestindo até um saco de lixo, seus porra! ― cruzou os braços.
― Eu gosto desse tema, seria um baita entretenimento ― Hoseok falou.
― Eu posso emprestar as roupas. Tenho vestidos de vários estilos, desde os mais recatados, para a camponesa Samanta ― apontou para San ― e até para as piranhas como a Wânia ― apontou para Wooyoung.
― Que piranha o quê! Por que não posso ser uma camponesa recatada também?!
― Não faz o seu estilo ― Jimin respondeu. ― Não que o estilo camponesa combine com o San, mas entre ele e você, a camponesa seria ele.
― E você seria o quê? ― Wooyoung colocou as mãos na cintura.
― Outra camponesa, óbvio!
― Claro, claro ― riu irônico.
― Podemos discutir isso depois, com todo mundo junto e decidir um tema que fica bom pra todos. ― Soraya falou, dando fim ao assunto.
O sinal tocou alto do lado de fora e os outros alunos que ainda estavam de fora, entraram na sala, incluindo Taehyung e Yoongi, que chegaram rindo de algo que conversavam.
Jimin cerrou os olhos e virou para trás, encontrando Jungkook com a mesma expressão suspeita.
― E ele nem precisou de um cropped para reagir ― Jungkook disse depois de alguns segundos em silêncio e riu com o moreno.
― Estou surpreso. Não querendo duvidar da capacidade dele, mas achei que não daria em nada ou ele seria mais sonso.
― Eu acho que, quanto mais você guarda um sentimento, aprisionando ele dentro de você, ele vai crescendo mais e mais, até que paw! ― bateu as mãos, fazendo Jimin rir. ― Uma hora ele transborda.
― Ou seja, uma hora ele vai falar sem precisar de bilhetinhos ou desenhos?
― Vai, tenho certeza ― afirmou, analisando Taehyung conversando com Yoongi do outro lado da sala. ― Dar desenhos e bilhetinhos, é só um aviso de que ele está quase transbordando.
― ‘Cê tem razão ― concordou, olhando para Taehyung também.
― Já te aconteceu? ― virou o rosto para encarar o moreno.
― Já e ‘cê sabe com quem― sorriu ao dar atenção para o outro também.
― Foi você quem chegou nela, né?
― Uhum.
― Demorou para tomar essa atitude?
― Um pouco. Fiquei com medo dela se afastar e prejudicar nossa amizade. Mas um dia eu só… transbordei. O pior é que acabei me afastando dela no fim de tudo. Mas está tudo bem agora e estamos felizes!
― Não te incomoda mesmo a possível relação dela com o Hoseok? ― perguntou atento.
― Não, eles combinam, ‘cê não acha? ― sussurrou, olhando para os dois citados.
― Acho ― sorriu.
― E você? ― voltou os olhos para o avermelhado. ― Já transbordou alguma vez?
― Ainda não ― umedeceu os lábios e desceu os olhos para suas mãos.
― Ainda não?
― É, tipo, não passei por isso, mas acho que ainda vou passar. Sei lá, pressentimento.
Jimin afirmou confuso e se virou para frente quando a professora entrou na sala. Todos voltaram para seus lugares, incluindo Taehyung, que se aproximou de Jimin e Jungkook com um sorriso imenso, mas não foi questionado.
🍒🐐
― Vai dirigir o possante, Otavinho! ― Namjoon encaixou o sobrinho no assento do carrinho do supermercado, se divertindo com a expressão feliz do garotinho.
― Vou atrás dos produtos que a Aninha disse que estava acabando e vou aproveitar para olhar outras coisas naquele corredor, já volto. Vai dar um passeio, o Otávio está inquieto ― Jisoo proferiu de maneira rápida e saiu de perto com outro carrinho.
― Sua mãe é muito mandona, né? ― Namjoon sussurrou para Otávio. ― Vamos dar uma voltinha.
Otávio começou a balançar as pernas curtas assim que o carrinho começou a andar, soltando murmurinhos incompreensíveis. Namjoon afirmava e concordava com tudo que o pequeno falava, mesmo não entendo nada e não encontrando sentido nenhum.
― O chocolate que o Goo gosta ― Namjoon comentou ao parar o carrinho perto da prateleira de doces e chocolates. ― Vamos levar pra ele ― Otávio soltou outras palavras e mexeu as mãos de maneira inquieta. ― Calma, vamos pegar seus danoninhos também! Ah, não podemos esquecer do Mine, senão ele faz o barraco.
Namjoon sorriu e pegou o celular para tirar uma foto de Otávio no carrinho. O garotinho olhou no exato momento, proporcionando uma excelente fotografia.
― Lindo do titio! ― beijou o topo da cabeça do pequeno e soltou um riso. ― Vamos procurar a mamãe? Hm?
Ao se virar para guardar o celular no bolso, travou ao notar Seokjin parado ao lado segurando uma cesta de compras. O veterinário soltou um riso e olhou para Otávio.
― Ele é tão bonitinho, lembra muito a Jisoo ― falou e voltou a focar no castanho. ― Oi!
― Oi? ― sorriu confuso.
― Juro que não estou te seguindo! ― Ambos riram. ― Te vi nesse corredor, até pensei em passar reto, por justamente achar que você poderia estar pensando que estou te perseguindo. Mas por outro lado, queria te cumprimentar.
― Fez bem ― assegurou com um sorriso sem força. ― É bom te ver, Jin.
― Igualmente, Namjoon. ― Ajeitou a cesta no braço e suspirou. ― Veio só vocês dois?
― Não, minha irmã está por aí, procurando outros produtos.
― Ah, entendi! Compras do mês?
― Coisa do tipo, ou só fazendo um reforço básico. E você?
― Fazendo um reforço básico também. Não gasto muito com comida, já que não é sempre que almoço ou janto em casa, e bom, moro sozinho. Acho que tenho bem mais gastos com minha cachorra.
― Verdade, você tem uma cachorrinha! Qual era o nome mesmo?
― Atena!
― Isso! É um nome bonito.
― Eu também gosto.
O silêncio se instalou por breves segundos, até Seokjin se dar por vencido, soltando um suspiro.
― Acho que já vou ― coçou a nuca um pouco desconcertado.
― Ah ― Namjoon tentou dizer algo, mas desistiu ao perceber que não tinha planejado suas palavras. ― Foi bom te ver, Jin.
Jin afirmou com um sorriso sem mostrar os dentes e se virou. Mas com dois passos dados, ele voltou para trás e olhou novamente para Namjoon.
― Sou inconveniente? ― perguntou repentinamente.
― Como? ― Namjoon piscou, pego de surpresa.
― Sei lá, às vezes parece que estou forçando a barra contigo. Não é minha intenção, mesmo!
― Dá onde ‘cê tirou isso? Não ‘tá forçando nada não, Jin!
― Certeza?
― Sim!
Incerto, Jin passou os dedos nos próprios cabelos e jogou alguns fios para trás. Reuniu um pouco mais de coragem, olhou para Namjoon e liberou um sopro nervoso.
― Quem eu estou querendo enganar? Você não é bobo e com certeza já sacou minhas intenções.
Direto demais, pensou Namjoon, aflito por dentro.
― Não sou ninguém para cobrar algo de você ou coisa do tipo, mas preciso perguntar ― relaxou os ombros. ― Você se importa com isso? Te deixa desconfortável? Olha, você parece ser alguém bacana, eu queria te conhecer melhor. Mas só vou insistir nisso se você deixar e não ver problema nas minhas tentativas estúpidas para chamar sua atenção.
― E-eu ― Namjoon se xingou mentalmente por falhar na voz. ― Não me importo! Gosto de conversar com você. E você também parece ser alguém legal. Não vejo problemas em continuarmos como estamos.
― Jura? ― sorriu.
― Juro.
― Seria rápido demais da minha parte ou muito precipitado se eu te convidasse para sair qualquer dia desses?
― Seria. Mas também seria precipitado da minha parte aceitar, então tudo ok.
Seokjin piscou devagar para assimilar a informação.
― Está mesmo aceitando?
― Por que não? ― riu. ― A gente pode combinar melhor por mensagem depois, pode ser?
― Claro, claro! ― olhou para os lados. ― Desculpa te abordar no mercado com assuntos tão diretos.
― Foi um pouco inesperado, mas gostei da sua transparência.
― Que bom, porque sou bem direto muitas das vezes. Bom, mas agora eu já vou mesmo. Manda um abraço pra Jisoo ― olhou para Otávio e acariciou os cabelos finos do pequeno. ― Tchau, neném!
― Tchau ― Namjoon acenou com os dedos assim que o outro começou a se afastar.
― Tchau!
Assim que Jin saiu do corredor, Namjoon respirou fundo e se apoiou no carrinho.
― Sinceramente, Otavinho ― riu e passou a mão no rosto.
― Era o Jin? ― Jisoo apareceu repentinamente atrás do irmão, o assustando.
― Vai assustar outro!
― O que vocês estavam conversando para te deixar assim, hein? ― provocou risonha.
― Não te interessa, fofoqueira.
― A sua sorte é que o Otávio ainda não fala direito, senão, ele iria soltar todo o verbo sobre o que aconteceu aqui. E se acostume, pois isso vai acontecer quando ele crescer mais um pouco. Não vai esconder nada da mãe dele.
― Não pode fazer dele o seu informante!
― Veremos ― sorriu e empurrou o carrinho para sair dali. ― Vem, vamos para o outro corredor.
Namjoon soltou um riso nasal e empurrou o carrinho onde carregava Otávio, acompanhando Jisoo.
🍒🐐
Um suspiro ansioso saiu pelos lábios de Jungkook assim que o sinal da última aula tocou, causando alvoroço quando todos se levantaram, apressados para saírem da sala.
Jungkook se levantou e colocou a mochila nas costas, sendo observado por Jimin que estava ao lado.
― Relaxa, você está indo para a terapia, não para uma entrevista de emprego ― falou descontraído para espantar o nervosismo do outro, e funcionou de certa forma, pois Jungkook riu.
― Tem razão, mas estou ansioso pelos assuntos que possivelmente vamos falar.
― Nunca fiz terapia, mas acho que dependendo do assunto, se você não se sentir bem, ela não vai insistir. É tudo no seu tempo.
― Você está com a razão de novo ― suspirou e começou a caminhar para fora da sala com o moreno. ― Preciso me acalmar.
Jimin resmungou em um murmúrio inaudível ao entrarem no corredor lotado. Jungkook riu e ficou logo atrás, entretido com os assuntos dos outros alunos. Em certo momento, com um pouco de coragem, olhou para a cintura de Jimin, já que o moreno estava carregando a mochila na frente do corpo.
Jungkook optou por não pensar demais. Levou as mãos para a cintura de Jimin e o abraçou por trás, com o queixo apoiado no ombro direito do moreno.
Jimin quase parou de andar pelo susto.
Um sorriso preguiçoso surgiu nos lábios de Jungkook ao reparar os pelinhos eriçados na nuca de Jimin.
― ‘Cê parece mais calmo ― Jimin emitiu mais baixo, tenso internamente.
― Estou mais calmo, obrigado. ― Sussurrou de volta, sentindo a inquietude do outro com seu sussurro tão próximo.
O aperto que recebeu na cintura fez Jimin suspirar impensadamente, provocando outro sorriso indiscreto em Jungkook.
Em todas as vezes que se abraçavam e Jungkook optava por entrelaçar os braços na cintura do moreno, causava o mesmo rebuliço interno no mais velho. O ato por si só já era um gatilho para disparar o coração de Jimin, mas o detalhe de ter as mãos de Jungkook em sua cintura, apertando, era estranhamente bom, o fazia querer mais daquilo.
Jungkook se afastou assim que saíram pelo portão e Jimin soltou o ar pesado que estava segurando.
― Já vou então. Qualquer coisa eu mando mensagem!
― Ok, boa sorte lá, Goo.
― Obrigado.
Hoseok se aproximou ao lado de Soraya e Yoongi.
― Vamos, Goo! ― o loiro entrelaçou seu braço com o do avermelhado. ― Vamos te acompanhar até onde der.
Taehyung saiu pelo portão ao lado de Wooyoung e San. O moreno de boné apenas acenou sorridente para os amigos e se direcionou até o ônibus que já aguardava. Yoongi assistiu os passos de Taehyung e soltou um riso fraco ao presenciar o quase tombo do outro, quando Tae tropeçou na calçada.
― Tchau, Jico, até mais tarde! ― Jungkook acenou e começou a andar ao lado dos outros três amigos.
O moreno sorriu minimamente e se virou para ir embora também.
🍒🐐
Jungkook já tinha vasculhado toda área da recepção. Averiguou a altura do andar em que estava pela janela e se sentou em todas as cadeiras disponíveis no local, sempre sendo observado pela recepcionista que estava atrás do balcão.
― Não quer beber uma água? ― A mulher atrás do balcão ofereceu, ao notar que Jungkook estava perto da janela de novo, pela quinta vez.
― Não, estou bem, obrigado ― sorriu simples. ― Se beber água vou me empolgar e não vou parar, por culpa da minha ansiedade, aí depois vou ficar querendo ir ao banheiro no meio da sessão.
A recepcionista tentou segurar um riso, mas foi inevitável.
― Se acalma menino, agorinha ela te chama.
Jungkook afirmou e voltou para uma das cadeiras.
Com cerca de mais sete minutos, a porta ao lado do balcão foi aberta, fazendo Jungkook se levantar em um pulo. Uma mulher mais baixa de cabelos loiros descoloridos saiu da sala ao lado de uma garota, uma adolescente que aparentava ter uns quinze ou dezesseis anos.
― Tchau, até a próxima sessão! ― a mulher deixou um carinho no ombro da menina, que afirmou e saiu dali com pressa.
A mulher mirou os olhos em Jungkook que estava ao lado, com um semblante assustado.
― Jungkook, não é? ― ela perguntou de forma simpática.
― Isso.
― Vamos entrar, podemos conversar e nos conhecer melhor, tudo bem? ― sorriu e Jungkook afirmou, tomando a iniciativa de entrar na sala primeiro.
O local era mais gelado, com menos iluminação que a recepção, além do cheirinho agradável de limpeza.
― Pode se sentar no sofá ou se deitar, se você se sentir mais à vontade ― soltou um riso e se acomodou na poltrona ao lado da mesa.
Jungkook se sentou no sofá, tirou os tênis e cruzou as pernas estilo borboletinha, ficando mais confortável.
― Antes de tudo, seja bem-vindo, Jungkook, meu nome é Eliza ― ofereceu um aperto de mão, que rapidamente foi aceito pelo avermelhado. ― Eu amei o seu cabelo, de verdade.
― Obrigado ― sorriu tímido.
― Jungkook, você gosta que eu te chame pelo seu nome ou prefere um apelido? Acontece algumas vezes de as pessoas se sentirem mais confortáveis com apelidos do que com o nome.
― Pode me chamar de Goo. Às vezes tenho a impressão que estão bravos comigo se me chamarem pelo meu nome a todo momento ― falou e Eliza afirmou com um sorrisinho.
― Tudo bem! Goo, tudo que falarmos aqui não vai sair daqui, ok? Aqui é um ambiente que você pode falar abertamente sobre tudo que você quiser. Em nenhum momento você vai ser julgado, eu vou te ouvir e vou tentar te compreender. Estou aqui para te ajudar e não para tacar pedras em você te julgando. Sempre gosto de conversar de maneira mais leve, mais descontraída, para você se sentir à vontade para expressar seus sentimentos, seus problemas, seus medos, suas dores, tudo que te incomoda, que te faz feliz, tudinho! Se você em algum momento não se sentir confortável com minhas perguntas, não se sinta obrigado a respondê-las, tudo bem?
― Uhum.
― Goo, eu estou com seus dados pessoais por conta do cadastro que sua tia fez, mas não conheço você, os seus gostos, do que você gosta de fazer ou coisas do tipo. Então nessa primeira sessão vamos focar um pouquinho nesse ponto, tudo bem?
― Sim, tudo bem.
― Você vai me ver anotando coisas nesse caderninho aqui com frequência, mas não se preocupe que ninguém além de mim tem acesso a isso. ― Esclareceu e suspirou. ― Então, Goo, me conta, você já fez terapia antes ou é a primeira vez?
― Já fiz antes, quando tinha uns quatorze anos.
― Entendi. Você costuma falar sobre seus sentimentos, problemas com amigos, família, pessoas próximas?
― Com meu pai, às vezes. É que tem hora que sinto que vou estar preocupando ele se começar a falar demais sobre meus problemas. Sei que é bobo, porque ele é meu pai.
― Ele é aquele tipo de pai preocupado com tudo? ― soltou um sorrisinho.
― Quase isso. Em relação aos meus amigos, eu não costumo falar de todos os meus problemas. Na maioria das vezes acho mais prático guardar pra mim e esperar passar. Mas gosto de falar com eles sobre coisas que me deixam felizes, sobre minhas conquistas e coisas nesse sentido.
― Uhum. E você é bem próximo desses amigos? Tem muitos amigos?
― Agora posso dizer que tenho muitos amigos. Eu morava em São Paulo até pouco tempo atrás, aí me mudei pra cá e conheci mais pessoas que hoje são meus melhores amigos. Eu tinha problemas em me enturmar antes, mas acho que melhorei nesse quesito ultimamente.
― Sério? Isso é muito bom! ― sorriu e anotou algo no caderno. ― Como é sua relação com a sua família?
― É ótima. Eu morava só com o meu pai em São Paulo, agora aqui moro com meus três tios, meu primo e com o meu pai.
― Ok, ok. E sua mãe? ― Jungkook se mexeu inquieto no sofá. ― Desculpa. Prefere não falar sobre ela?
― Eu não estou pronto ainda. Futuramente, talvez, mas agora eu não me sinto confortável porque me deixa ansioso e me faz lembrar de muita coisa. Desculpa, doutora.
― Está tudo bem, Goo! Lembra do que falamos? Não precisa responder todas as minhas perguntas. Vamos falar apenas de coisas que você se sinta confortável em falar, hm?
― Okay.
― Então, como é você na escola? Você gosta dela?
― Sim! É bem diferente da minha escola antiga, mas é um diferente legal. É a primeira vez que estudo em uma escola pública e no período da tarde. Pareço um mauricinho falando assim, mas juro que não é querendo me achar ― ambos riram.
― Certo. E os professores? Você gosta de todos eles?
― Sim, mas não tenho muito o que falar deles.
― O que você gosta de fazer em casa, nos tempos livres?
― Minha rotina e passatempos mudaram muito com a minha mudança pra cá. Antes, eu gostava de andar de skate com meu amigo Jisung na pista perto da casa dele, gostava de cozinhar com o Felix, estudar com o Hyunjin, passar tempo sem fazer nada com eles na minha casa, fazer festas do pijama e outras coisas.
― Jisung, Felix e Hyunjin são seus amigos de São Paulo?
― Sim!
― Vocês ainda mantêm contato?
― Todos os dias, doutora! Sério, eu não me imagino afastado deles, apesar da distância.
― Que bacana, meu Deus! ― Eliza sorriu. ― Acho incrível isso. Mesmo morando em outro estado, você ainda continua falando com eles, é algo muito bonito.
― Sim, eu amo eles demais.
― E sua rotina aqui? O que mudou?
― Agora eu moro na fazenda, ainda ando de skate na calçada de casa, ganhei um cavalo, estou aprendendo a andar e posso dizer que estou bem até. Eu gosto de acompanhar o Jimin e o Taehyung nas tarefas deles da fazenda. Eles dois são filhos dos funcionários, trabalham e moram lá também.
― Seus amigos?
― Sim! Fiz amizade com eles primeiro quando cheguei aqui. Sério, doutora, eu achei que seria difícil me adaptar, fazer amigos aqui, mas foi muito ao contrário. Você acredita que no primeiro dia que cheguei na fazenda, o Jimin, um dos meus amigos, me laçou com uma corda porque me confundiu com o bode da fazenda?!
Pela primeira vez, Eliza soltou uma risada alta e tapou a boca com a mão, não conseguindo ocultar o barulho.
― Desculpa, Goo! É que eu nunca ouvi algo do tipo nessa profissão.
― Relaxa doutora, é pra rir mesmo! Às vezes lembro disso e dou risada sozinho. O Jico fica bravinho quando relembro isso.
― Jico é o Jimin, certo?
― Sim. Ele foi quem mais me acolheu. O Teco também, claro, mas o Jico de certa forma, hm… eu não sei explicar.
Eliza anotou algo no caderno e olhou novamente para Jungkook.
― Me fala mais sobre o Jico.
Jungkook acabou sorrindo um pouco sem jeito e sua mudança de expressão não passou despercebido por Eliza.
― Ele sempre me tratou muito bem, desde que cheguei, muito simpático. Sabe doutora, eu amo a Taylor Swift e contei isso pra ele. Ele não conhecia muito, mas ouviu todas, sem brincadeira, ouviu todas as músicas dela por minha causa. Ele está sempre fazendo esse tipo de coisa, falando palavras bonitinhas, sempre!
― Sobre você?
― Também.
― Então sua relação com ele é muito boa, pelo que percebi.
― É incrível.
Novamente, a mulher anotou algo com um sorrisinho, mas não questionou mais nada sobre Jimin.
🍒🐐
Apesar da primeira sessão de terapia ser resumida em apenas conversas para se conhecerem, Jungkook estava se sentindo bem mais leve e mais calmo. Talvez fosse psicológico, mas não estava se importando muito com aquilo de fato.
A casa de Hoseok não ficava longe do prédio onde estava fazendo terapia, o que foi um alívio para Jungkook, que não estava com energias o suficiente para andar longas distâncias. Por outro lado, aproveitou a trajetória para analisar os arredores, pessoas e o céu escurecendo.
Parou em frente a uma casa de portão verde, quase desbotado, e deu três batidinhas. A primeira coisa que ouviu foi os latidos ferozes de algum cachorro de raça pequena e logo em seguida a voz de Hoseok repreendendo o animal.
Quando o portão foi aberto, revelou Hoseok, de chinelos, usando uma blusa cinza, uma bermuda e segurando o pinscher preto com marrom, que usava uma coleirinha vermelha.
― Vida! Entra, entra! ― deu espaço e Jungkook entrou, soltando um riso. ― Vai desculpando o Pinguinho, ele é bem nervosinho.
― Pinguinho? Esse é o nome dele? ― riu e acariciou as orelhas do cachorro.
― Minha mãe que deu o nome. Vem, vamos lá pra dentro! Meu pai ‘tá fazendo a janta e a Julinha ‘tá vendo desenho na sala.
Hoseok fechou o portão e caminhou com Jungkook para a porta aberta. Ao entrarem na casa, Jungkook sorriu ao ver a irmã do amigo deitada no sofá em uma posição um tanto desconfortável, mas que parecia ótimo para ela.
― Julinha, o Goo chegou, olha ― avisou, atraindo a atenção da menina.
― Goo chegou! Oi Goo! ― se aproximou correndo e agarrou uma das pernas do avermelhado.
― Oi Julinha! Tudo bem?
― Aham! Olha o que eu ‘tô assistindo, olha! ― apontou para a TV. ― Você já assistiu isso? Já?
― Nunca assisti, o que é isso?
― É as bebezinhas!
― “Cry Babies Magic Tears” ― Hoseok falou.
― Isso mesmo, é isso ― ela mostrou um sorriso banguela.
― Meu Deus, você já está arrancando os dentinhos? ― Jungkook perguntou surpreso.
― Sim! A fada do dente pega eles e depois deixa dinheiro pra mim debaixo do travesseiro!
― Quanto anos ela tem, Hoseok?
― Mostra quanto aninhos você tem, Juju ― Hoseok sorriu e cruzou os braços.
Maria Júlia mostrou cinco dedos nas mãos e Jungkook afirmou risonho.
― Já sou uma princesa, não é?
― Você é.
― Quantos você têm? Mostra também nos dedinhos.
― Não vai caber nos dedos ― riu.
― Maju, vou levar o Goo pro meu quarto e já volto com ele, fica quietinha no sofá do jeito que o papai pediu, tudo bem?
― O Goo vai brincar com a gente? Vai?
― Depois ele vai.
― De massinha?
― Isso.
Conformada, Maria Júlia voltou para o sofá e Hoseok saiu com Jungkook para um corredor da casa. Entraram na segunda porta à direita, onde era o quarto do loiro.
― Não é nem metade do seu, mas já está de bom tamanho, né? ― riu.
― É lindo Hoseok, sério.
As paredes levavam uma cor creme. Haviam posters da Ariana Grande, discos e alguns raminhos de folhas verdes colados na parede, junto com outros enfeites. A cama de Hoseok estava arrumada com um lençol branco, um edredom verde escuro cobrindo metade do colchão e três pelúcias perto dos dois travesseiros.
Perto da janela ficava uma mesinha cheia de maquiagem e um tripé da Ring Light.
― Não repara a bagunça ali em cima, ‘tava fazendo vídeo antes de você chegar, acabei de tomar banho e secar o cabelo. Deixa sua mochila em cima da cama. Quero te apresentar meu pai corretamente, já que no aniversário do Teco foi muito rápido.
― Claro, vamos! ― deixou a mochila em cima da cama e saiu do quarto ao lado de Hoseok.
Na sala, encontraram Maria Júlia, no mesmo lugar de antes, mas com Pinguinho no colo. O cachorro estava mais tranquilo, aproveitando o carinho da menina. Jungkook não deixou de reparar nos quadros em cima da estante perto da TV. Sorriu ao encontrar uma foto de Hoseok criança, apenas de cueca brincando com água.
― Eu falei pra minha mãe tirar isso daqui, mas ela gosta de me humilhar para as visitas, que ficam babando por mim de cuequinha!
― Você era uma gracinha, Hobi, ainda é.
― Para, eu fico tímido ― brincou, escondendo o rosto nas mãos.
Mas dentre todas as fotos na estante, uma em específico chamou a atenção de Jungkook: era a família de Hoseok; a mãe, o pai, ele e Maria Júlia. Todos na praia. Mas o detalhe que não passou despercebido pelo avermelhado, foi as cicatrizes que o pai de Hoseok tinha abaixo dos peitos. Logo compreendeu e sorriu.
― Ele estava muito feliz. Foi a primeira vez que fomos à praia e ele entrou no mar sem a blusa.
― Todos vocês pareciam muito felizes nessa foto, Hobi.
― Foi um momento muito feliz para nós e realizador para ele. ― Suspirou com um sorriso orgulhoso. ― Vem, ele está na cozinha.
― Goo, vem assistir bebezinhas comigo! ― Maria Júlia pediu ao perceber que Hoseok estava levando Jungkook para a cozinha.
― Eu já volto, aí assisto com você, tudo bem?
― Uhum!
Jungkook sorriu para a menina e voltou a seguir Hoseok em direção a cozinha. O cheiro de comida ficou mais forte ao entrarem no cômodo. O homem que estava perto da pia lavando alguns utensílios se virou rapidamente ao reparar na presença dos dois garotos.
― Bah, o Jungkook chegou e eu nem escutei? ― riu confuso e secou as mãos no pano que tinha nos ombros.
― Como que escuta com a Maria Júlia assistindo desenho nessa altura? ― Hoseok disse e o homem riu afirmando.
― Oi Jungkook, fica à vontade. Eu me esqueci completamente que tu vinha hoje, acabei não pensando em algo para você comer, já que, bem, nossa comida não agrada todo mundo.
― Que nada, tio! É a casa de vocês, o que você fizer já vai estar incrível! E já provei as comidas que você faz para o Hoseok levar pra escola. É uma delícia!
― Obrigado ― sorriu sem jeito. ― Nem me apresentei, pra tu ver que a cabeça anda longe daqui. Mas enfim, sou o Renato.
― É um prazer, tio Renato!
― Pode ficar à vontade, viu?
― Melhor você ir lá assistir desenho com a Maria Júlia, antes que ela venha cobrar ― Hoseok alertou.
― Vai junto com ele, Hobi! ― Renato empurrou o loiro para fora da cozinha junto com Jungkook, fazendo os dois rirem.
― Ele tem sotaque ― Jungkook comentou ao voltarem para sala.
― Ele é do Rio Grande do Sul.
― Que foda! Já foi pra lá?
― A gente passa as férias lá.
― E sua mãe, Hobi?
― Trabalhando. Ela é enfermeira, está de plantão. Talvez da próxima vez você encontre ela aqui.
― Tomara, queria conhecer ela.
Jungkook se sentou ao lado de Maria Júlia e a garotinha sorriu, se arrastando para perto do avermelhado.
― O que você quer assistir? ― ela perguntou de maneira doce.
― Ela não é assim comigo! Pirralha… ― Hoseok resmungou.
― Pode deixar esse das bebezinhas mesmo, eu gosto ― assegurou com um riso.
― Você quer ver a boneca que o papai me deu? Ela tem cachinhos igual eu! É muito munitinha ― apontou para o próprio cabelo. ― Eu arrumo o belinho dela, igualzinho o Seokie! Ele arruma o meu pra ir pra escola.
― Meu Deus, cadê essa boneca? Preciso ver ela!
― Eu vou lá pegar e você fica aqui com o Seokie, ‘tá bom? ― desceu do sofá com pressa, sendo acompanhada pelo cachorro. ― Fica aqui assistindo as bebezinhas, ‘tá? Eu já volto!
Maria Júlia saiu correndo da sala para o corredor dos quartos, fazendo Hoseok e Jungkook rirem.
― Hobi, ela é uma fofura meu Deus! Quero muito que o Otávio chegue logo nessa fase.
― Eu sinto falta de quando ela estava na fase do Otávio, nossa! Mas amo ela assim também, de todos os jeitos. Aproveite enquanto o Otávio não sabe pedir as coisas, fazer birra, fofocar para os adultos, te descer o cacete, enfim.
― Ela te bate?!
― Quando ela ‘tá estressada, sim. Mas meus pais repreendem ela, falando que não é certo, coisa assim. Ultimamente ela ‘tá de boa.
― Parece um anjinho, incapaz de causar danos.
― Você que pensa. ― Passou a mão nos fios de cabelo e suspirou. ― E aí? Como foi lá? Quer dizer, não quero saber das suas conversas confidenciais, mas tipo… você entendeu!
― Entendi ― riu. ― Foi muito bom! Estou ansioso pela próxima sessão. A Eliza parece ser um amor de pessoa, eu gostei dela.
― Que bom, Goo! Nossa, eu estava apreensivo por você, juro.
― Mas deu tudo certo, relaxa.
― SEOKIE! CADÊ MINHA BONECA? ― Maria Júlia gritou do quarto.
― Eu vou lá, antes que ela comece a chorar ― suspirou e se levantou, escutando uma risada do outro.
Com a saída de Hoseok, Jungkook pegou o celular para verificar os últimos acontecimentos enquanto esteve longe das redes sociais nas últimas horas. No aplicativo de mensagem, a maioria era do grupo da sala de aula, mas não se deu ao trabalho de visualizar, pois abriu primeiramente o chat de Jimin, onde haviam três notificações.
||agroboy fav🌾♡: Eii
||agroboy fav🌾♡: Já terminou? Como foi? Você tá bem?
||agroboy fav🌾♡: Quando vai chegar?
||você: você falando assim, parece meu maridinho preocupado me esperando para jantar😔
A mensagem foi visualizada mais rápido do que Jungkook imaginou.
||agroboy fav🌾♡: Maridinho eu não sei, mas preocupado sim
||você: levei um fora.👍
||agroboy fav🌾♡: KKKKKKKKKK deixa de drama
||agroboy fav🌾♡: Mas me responde, vc tá bem? Ocorreu tudo bem?
||você: estou bem e ocorreu tudo bem, melhor do que o esperado na real, eu gostei muito
||você: não sei quando eu volto, mas não vou demorar muito
||você: ah querido, não me espere para o jantar, vou jantar na casa do hobinho.
||agroboy fav🌾♡: O amante?
||você: então agora somos maridinhos e você decidiu que eu estou te traindo?🤨
||você: vai si fuder hein👺
||agroboy fav🌾♡: Vai vc, com seu amante
||você: amor, eu só tenho olhos pra vccc😞😞😞😞💔💔
||agroboy fav🌾♡: Se tivesse olhos só pra mim, estaria aqui comigo agora👎🏻
||agroboy fav🌾♡: Vou pedir o divorcio.
||você: nãoooooo😭😭😭😭
||agroboy fav🌾♡: Acabou, cherry👎🏻
||você: vtmnc, não gostei do final dessa fic, como assim divorcio?🤬🤬
||agroboy fav🌾♡: Acontece muito nos casamentos
||você: mas o nosso casamento era um baseado em uma relação feliz e saudável, seu desgraçadinho
||você: pois não quero mais saber de vc tbm, pois o mundão girou e agora vou pegar geral👋🏻💥
||agroboy fav🌾♡: Pode pegar o mundo todo, mas vai continuar pensando em mim👋🏻😘
||você: na moral, vc não sabe brincar KKKKKKKKKKKKK
||você: enfim, depois a gente se fala, vou brincar com a irmãzinha do Hobi
||você: beijooo
||agroboy fav🌾♡: Blzz
||você: mi manda beijo tbm, desgraçado🤬🤬
||agroboy fav🌾♡: beijoooooooooo
||você: lindão💋
Jungkook bloqueou a tela do celular e suspirou sorridente.
― E esse sorrisão aí, hein? ― Hoseok voltou com Maria Júlia.
― Nada, só estou feliz ― se ajeitou no sofá.
― Sei bem que felicidade é essa…
― Que boneca linda, Julinha! ― Jungkook mudou de assunto, pegando a boneca que a garota tinha colocado em seu colo.
Hoseok soltou um riso desconfiado e se sentou ao lado do amigo, voltando sua atenção para Maria Júlia, que mostrava a boneca para Jungkook com a maior empolgação do mundo.
🍒🐐🍒🐐🍒
#LacemOClementino
Amo os jigoo trocando mensagens, sai cada pérola HAUSUEHSHS
Gostaro? Deixem tudo ai que eu vou ler depois, viu???
Muito provável que no próximo domingo não haverá atualização. Estou precisando descansar um tico, levando em consideração que ando me esforçando muito nas últimas atualizações. Espero que possam compreender e que me esperem!😭😭😭
Acho que é só, até a próxima atualização!💜