ZERO - Katsuki Bakugo

By samespacial

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Sobre quando Katsuki encontra alguém difícil de superar. Katsuki Bakugo x fem!oc More

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XXXVIII
XL
XLII
ESPECIAL - Sobre o dia em que Kiara foi visitar Bakugo.
ESPECIAL II - Sobres as histórias que ninguém nunca ficará sabendo.

XXXIX

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By samespacial


OIEEEEEEEEEE

Gente, repitam comigo: esse não é o ultimo capitulo!






E eu vou por a foto da rebeca aqui em cima kskskkskskssksks Imaginem ela com um cabinho bem curto.

É isso, boa leitura. 









[...]

Ele não viu que Kirishima estava acompanhado, não percebeu que Deku, Shoto e Mina haviam percebido o que Kiara havia acabado de fazer. Bakugo não sabia que, devido o choque causado por aquele ataque ter sido tão grande a individualidade de Rebeca falhou e agora o caos estava instaurado dentro e fora da U.A., e ele sequer percebeu quando Aizawa percebeu a agitação e se preparou para tentar impedir o primeiro que tentasse alguma besteira.

Mas para o cara que treina com a porra da melhor velocista de quem ele já ouviu falar, dar um jeito de ficar rápido era somente uma das coisas que ele tinha aprendido naquele meio tempo.

E não existia nada e nem ninguém capaz de impedi-lo de entrar naquela barreira, não depois de perceber que Kiara havia avançado para salvar a vida daquela maldita aluna do primeiro ano, indo direto para dentro do cerco que Beladona havia acabado de fechar.

Kiara nunca foi muito boa em lidar com pessoas em pânico, principalmente quando ela não estava em seu melhor humor, e agora com certeza não estava suficientemente bem para lidar com isso.

Ela segurou a garota pelos ombros, que chorava copiosamente enquanto olhava para todas as direções em pânico, e a chacoalhou o suficiente para que a menina prestasse atenção nela por um momento.

O frio da noite estava mais forte já que suas roupas arrebentaram no instante em que ela ativou a sua individualidade e deu o primeiro passo. Foi sorte ela ter dado ouvidos a si mesma quando ativou a individualidade para acompanhar o percurso da garota, ou não teria notado o instante em que o chão inflou antes de arrebentar a tempo o suficiente dela conseguir usar sua individualidade no máximo para tirar a garota da linha de fogo, se não fosse por isso, certamente não existiria nada além de pedaços dela espalhado por aí.

E agora não parecia mais paranoico da sua parte ter vestido a segunda pele do seu traje por baixo da roupa de frio que provavelmente não passava de frangalhos espalhados pelo chão em algum lugar entre aquele ponto e o local onde ela estava anteriormente.

A menina finalmente parou de chorar por um segundo quando Kiara segurou o rosto dela para que prendesse sua atenção.

- Oque... o-o-o que... - ela balbuciou parecendo apavorada e Kiara sequer era capaz de julgá-la por isso.

- Escuta, como é o seu nome? - perguntou ela sem parar de prestar atenção ao redor por um único segundo.

Kiara tirou as mãos do rosto da garota e as apoiou sobre seu ombros, onde o tecido do suéter que ela usava servia de barreira para que não transferisse ainda mais energia para o corpo da garota. A situação já não era boa, já que perdia uma quantidade considerável de energia quando usava sua velocidade máxima, por esse motivo evitava depender daquilo ao máximo. 

- Mi- Miwa. - respondeu a mais nova engolindo seco.

Kiara prestou atenção ao seu redor, sentindo o mundo um pouco mais lento. Elas estavam parcialmente abrigadas abaixo de algumas árvores, que foi onde ela finalmente conseguiu parar quando desacelerou.

Ela sabia que não tinha tido a ideia mais brilhante do mundo ao usar aquilo para salvar a pirralha, mas era isso ou deixá-la morrer diante de seus olhos. Agora, só tinha como descobrir como tirar ela e Miwa dali.

E teria que ser muito criativa para livrar o seu da reta e levar a menina junto, e por Deus, mas gritaria tanto com a garota assim que tivesse oportunidade.

Onde diabos já se viu voltar para buscar um telefone quando é dada uma ordem de evacuação?

- Qual a sua individualidade? - ela perguntou. - Consegue usar para sair daqui?

A menina balançou a cabeça fervorosamente de forma negativa.

Kiara tentou não ficar nervosa, mesmo que fosse completamente compreensível, e tentou encontrar algum abrigo já que elas estavam em uma área muito aberta. Olhando para todos os lados, percebeu então o prédio principal da escola intacto, bem como as barreiras de metal se erguendo um pouco mais a cada segundo.

O sistema de segurança, é claro. Ele estava funcionando e ainda existiam algumas poucas aberturas, ela certamente conseguiria entrar no prédio levando consigo a garota. A única entrada ainda livre e mais próxima estava a pouco mais de 100 metros, não seria nada difícil entrar.

Kiara segurou a mão da garota e a enlaçou com o braço livre para que ela não escapasse enquanto corresse.

- Vou levar a gente pra dentro do prédio, eu sou rápida, então não tenta que mexer ou pode acabar se machucando.

- E-eu sei quem você é... - balbuciou em resposta, a voz tremendo durante toda a frase.

Kiara ficou surpresa somente por um instante com aquela observação, ela não sabia que mais alguém além dos seus colegas de turma soubessem sobre ela ou como era usando sua individualidade, mas de qualquer forma, isso pouco importava agora.

Se posicionou, mantendo os joelhos levemente flexionados e mediu a distância até o ponto onde deveria parar, precisava poupar-se ao máximo para evitar se sobrecarregar, já que nunca era uma boa ideia apagar em uma situação daquelas. Kiara lançou o corpo para frente com um impulso forte, mas quando estava na metade do percurso, prestes a dar outro passo para ganhar ainda mais velocidade, percebeu outro ataque vindo do chão.

Sem tempo para mudar a trajetória, fez a única coisa que poderia para livrar ela e a menina daquela ataque certeiro. O corpo de Miwa também estava envolto e protegido por sua individualidade, o que com certeza estava a esgotando cada vez mais rápido, e gastaria ainda mais agora.

Kiara usou o corpo da garota para mudar a sua própria trajetória ao empurrá-la na direção do prédio, usando a força como impulso para afastar as duas em posições opostas e escapando por pouco de ser atingida pelas raízes escuras que explodiram para fora do chão. Sabia que a garota só sentiria o impacto, mas que não se machucaria de verdade.

Acompanhou em câmera lenta a trajetória em que seguia o corpo inerte da aluna do primeiro ano, que conseguiu atravessar a pequena abertura da entrada do prédio a tempo, e quando o mudou voltou ao redor voltou a velocidade normal, a última abertura do prédio selou protegendo a todos os abrigados lá dentro.

Sentindo a respiração pesar em seu peito, Kiara avaliou a barreira ao seu redor, que parecia crescer um metro a cada segundo que se passava. Lembrava um pouco os acontecimentos do dia 24 onde algo parecido com aquela coisa fechou a rua em todos os sentidos, mas diferente da primeira vez, a área era maior e as vinhas não pareciam ter força o suficiente para fechar um domo ao redor da escola, mas a barreira era suficientemente alta para ser um problema.

Outro ataque veio em sua direção, obrigando-a a esquivar-se. Eram muito rápidos, e ela precisava manter sua individualidade ativa para que conseguisse escapar de todos eles. Precisou desviar mais duas vezes até perceber que estava sendo levada em direção a borda daquela barreira viva, a parte que era visivelmente mais densa e que estava abrigada próximo a encosta coberta pelo bosque da U.A., percebendo isso, acumulou uma quantidade ainda segura de energia e disparou o corpo vendo a paisagem se distorcer uma um mísero borrão enquanto corria na direção oposta, dando a volta no prédio já que a entrada que vira mais cedo estava bloqueada agora.

Kiara conseguiu se afastar muito até, mas acabou sendo alcançada, o chão abaixo dos seus pés arrebentou quando ela ainda estava tomando impulso e somente isso foi o suficiente para arremessá-la com força alguns metros adiante.

Kiara sentiu o choque do seu corpo contra o chão, e os ossos se quebrando conforme a resistência diminuía, ela liberou mais um pouco de energia a fim de preservar o corpo e impedir que ele se fraturasse ainda mais, a ponto de não conseguir mais ficar de pé.

Sua cabeça começou a latejar, sinalizando que estava próxima de seu limite. Usar sua velocidade no máximo simplesmente reduzia, e muito, seu tempo produtivo em batalha. Levou mais tempo para se curar, e mais tempo ainda até ela perceber o ataque vindo em sua direção como uma onda de vinhas repletas de espinhos que pingavam veneno em abundância.

E o pior de tudo era que ela sabia que não conseguiria desviar a tempo de se salvar.

A respiração ficou presa em sua garganta diante do óbvio, e ela pensou mesmo que fosse morrer quando um forte clarão iluminou seus arredores por um ínfimo instante, seguido da onda de choque que acompanhava a explosão que empurrou para longe o ataque certeiro.

Quente o suficiente para queimar e desintegrar em partículas pequenas as malditas raízes, enchendo o ar com o fedor característico de madeira e folhas frescas sendo queimadas.

- Kiara, puta que pariu! - a voz agitada atravessou a noite, e antes que ela pudesse reagir a isso sentiu-se ser amparada nos braços de alguém.

Somente aos poucos ela se deu conta de quem era que estava ao seu lado.

- Você ficou doida por acaso? - Bakugo continuou berrando enquanto começava a arrastá-la na direção do prédio principal da escola que até o momento permanecia intacto, mas completamente selado. - Tá querendo morrer idiota do cacete? Da próxima vez eu vou te amarrar, caralho!

Bakugo, por outro lado sentia o corpo inteiro tremer, seu interior estava em completa ebulição. Custou pra caralho conseguir entrar, e porra, ele não teria conseguido se o meio merda não tivesse usado as chamas somadas a suas explosões para queimar ao menos o suficiente antes da passagem se fechar novamente. Aizawa até mesmo conseguiu desativar a sua individualidade, mas não imaginou que Deku iria se atravessaria na frente, empurrando-o para dentro usando a força de sua individualidade e bloqueando a visão do professor, anulando o apagar em seu corpo.

Todos eles estariam completamente fodidos quando tudo aquilo acabasse, e porra, ele estava pouco se fodendo para o que aconteceria depois de hoje, desde que ficassem vivos para lidar com o que quer que fosse a punição por infringir sei lá quantas regras de uma única vez.

E caralho, que bom que ele ainda não havia removido a malha que Vivi havia feito para ele. Aquela merda era útil pra cacete, conseguia ampliar a área de ativação de sua individualidade até a altura do cotovelo, e com isso ele conseguia liberar explosões ainda maiores.

- Não enche... - Kiara tentou falar, mas a voz soava tão baixa e fraca que Bakugo não demorou muito para perceber o que estava acontecendo com ela.

A maldita estava com a energia baixa, pelo menos a parte que conseguia usar.

- Deixa pra falar quando eu te tirar daqui, sua estúpida! - reclamou mais uma vez, tomando cuidado para não tocar diretamente a pele dela. 

Ele sentia o corpo inteiro tremer, não conseguia explicar a sensação que tomava seu corpo naquele instante, a única coisa que sabia era que precisava sair dali o mais rápido possível e depois disso gritaria por horas, mesmo sabendo que ele não teria feito nada de diferente se estivesse na mesma posição de Kiara, naquele instante.

A merda do único prédio seguro estava completamente selado, então ele deveria tentar atravessar a barreira de novo. Talvez Kiara conseguisse levá-los caso Bakugo fosse capaz de abrir sozinho alguma brecha.

Bakugo apertou Kiara um pouco mais forte quando a escutou xingar baixinho, ele afrouxou o aperto e notou que ela parecia sentir dor além de estar muito sonolenta. O que não era normal, caralho, ela consegue se curar. Então era bem provável que estivesse muito perto do limite, mais do que ele imaginou a princípio. Se Kiara não estava nem mesmo conseguindo curar o corpo, certamente não conseguiria correr mais um metro e com certeza iria apagar se precisasse usar sua individualidade de novo.

É claro que sabia que Kiara conseguiria forçar o corpo a usar mais se quisesse, foi algo que ela lhe contou em uma das intermináveis conversas que eles tinham sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Ela apagava quando chegava ao limite porque era o modo que o corpo encontrou para evitar o desgaste, mas se ela quisesse, poderia forçá-lo a usar 100% desde de que continuasse acordada.

E puta que pariu, é algo que ela com certeza faria. Bakugo só não queria que chegasse a esse ponto. Não depois de ter descoberto com Vivi o que poderia acontecer a ela se precisasse chegar a tanto.

Kiara não era naturalmente veloz como Iida, por exemplo, que tinha um corpo preparado para aquilo. Tudo nela precisava ser ajustado e melhorado com sua individualidade, aquela foi a forma que Kiara encontrou de usar seu dom, e fazia isso muito bem, ela conseguia mensurar e usar perfeitamente 50% do seu poder sem correr o risco dele falhar durante o uso, mas o que excede é o grande problema. Se por acaso ela viesse a se esgotar repentinamente, que é o que acontece quando ultrapassa seu limite e perde o controle, toda a melhoria em seu corpo é anulada.

A energia que seu corpo converte é volátil e escapa com facilidade, e Kiara poderia simplesmente morrer se ela acabasse enquanto está lutando, somente pelo choque que a alta velocidade pode causar em um corpo não preparado para suportá-la.

Por isso era irritantemente cautelosa, porque ela conhecia seus limites e trabalhava para melhorar dentro deles. Estava completamente ciente de suas limitações e tinha ciência do que perderia se fosse além da conta de um jeito irresponsável.

Ela já pensava como um maldito profissional e por isso Bakugo sabia que precisaria ralar muito se não quisesse parecer um idiota ao lado dela.

Mas isso era o de menos, e qualquer coisa acabou de se tornar secundária no instante em que ele percebeu que não estavam mais sozinhos ali. Por trás da fumaça produzida pela queima daquele maldito ninho de galhos e folhas, existia a silhueta de alguém que observava sem fazer alarde enquanto Bakugo tentava ajudar Kiara.

- Você é bem mais forte do que eu pensava.

O vento que soprava para longe as cinzas do ataque que ele havia conseguido evitar também fazia com que o tecido leve do vestido longo em um tom profundo de vinho dançasse a favor da brisa.

- É ela. - Kiara murmurou baixinho ao seu lado, lembrando a ele de que não estava ali sozinho.

Os olhos violeta de Beladona correram entre os rostos dos dois adolescentes parados ali, ela sorriu, sentindo-se aliviada ao perceber que não havia perdido tudo, apesar de ter sido mais uma vez traída pela incompetência das pessoas que juraram segui-la em tudo o que se dispusesse a fazer.

Era algo inevitável, as pessoas sempre serão decepcionantes e a única forma de evitar a frustração que elas causavam era interrompendo as suas vidas miseráveis.

Beladona deixou de ver valor na vida humana assim que se deu conta que sua própria vida não era valorizada pela pessoa que deveria amá-la, afinal, é para isso que seu pai deveria servir, não é mesmo? Mas ele não era muita coisa, apenas mais um herói tolo que não era forte o suficiente para atingir sozinho seus próprios objetivos.

Já Beladona, bom... Ela era fantástica, única, uma verdadeira força da natureza e certamente foi a única pessoa capaz de notar isso em si mesma. E ela empurraria isso sobre quem mais precisasse saber quem era ela e o que seu nome significava.

Para Beladona pouco importa se eram pessoas boas ou ruins, essencialmente todos são iguais e ela não se importava muito com distinções, mas gostava de causar sofrimento só porque podia fazê-lo, e por isso preferia machucar as pessoas certas a fim de causar mais terror e sofrimento.

Beladona se considerava um grande espetáculo e uma perfeita tragédia e gostava disso, assim como amava a lembrança do sangue do seu pai pingando escuro depois de ter sido injetado com tanto veneno a ponto de escapar pelos olhos.

Ela sorriu abertamente para os dois adolescentes, era tão visível o afeto entre eles que quase os parabenizou por isso. O amor jovem era realmente algo tão bonito de se ver, e era tão terrível quando algo trágico colocava o fim no que poderia ser um belo futuro.

A menina não era ruim, ela sabia disso. Kali, apesar de ter conseguido ter sido capturada, lhe repassou cada passo de todos os alunos daquela turma, dela em específico, e com uma atenção especial também ao filho mais novo do herói Endeavor.

Beladona esperava pegar os dois durante seu passeio no Japão, hoje seria a menina, e talvez em breve tivesse um pouco de tempo para o rapazinho de duas individualidades.

Ela sentia o rosto se esticar em uma promessa de sorriso só de pensar em como ficaria a cara dos dois nº 1 quando descobrissem que ela havia roubado o futuro de duas crianças tão promissoras. Seus motivos eram simples, nada de muita conversa ou ideais vazios: A irmã mais nova de Atomic, porque ele chegou perto de pegá-la, então ela só estava devolvendo o favor antes de destruí-lo por completo. E no caso de Endeavor era só porque tinha a oportunidade, e mais nada além disso.

- Percebo que não será necessário uma apresentação. - sua voz soou melodiosa, ecoando pelos quatro cantos da noite.

O silêncio interrompido somente pelos sons distantes dos heróis tentando evitar sua individualidade, seria inútil, já que estava há dois dias espalhando-se por baixo da terra. Uma pena que o sistema de segurança do prédio principal tenha sido ativado a tempo, pois ela adoraria nivelá-lo ao chão.

Beladona deu um passo à frente, mas parou quando o garoto loiro empurrou Kiara completamente para trás, fazendo de seu corpo uma barreira. A garota parecia relutar, mas com certeza não estava em sua melhor forma. Que bom que a esgotou antes de tudo, não queria ter que perder tempo procurando a ligeirinha por aí.

Ela suspirou encarando o rapaz a sua frente e com um movimento leve de mãos, falou.

- Afaste-se. - Beladona usou a mão livre para jogar o cabelo para trás e voltou a sorrir para ele amigavelmente. - Você já pode ir, sua vid-

Bakugo sequer esperou que aquela puta terminasse a maldita frase antes de explodir.

- Vai tomar no meio do seu cu, sua fodida do caralho! MORRE! - berrou ele esticando o braço direito e descarregando outra explosão certeira na direção da mulher.

Mas antes que ele sequer pudesse pensar que havia a acertado de verdade, Beladona conseguiu reagir a tempo, levantando uma parede de vinhas que se moveram como um leque, dissipando o ataque antes dele conseguir atingi-la.

A mulher respirou fundo, encarando-o com certa impaciência. Tudo bem então, quem era ela para negar a morte quando alguém implorava por isso?

- Sua vida realmente não vale muita coisa. - pontuou. - Se valesse, você não a desperdiçaria por tão pouco. Você provou meu ponto. Realmente não é muito importante, e em breve não será nada além de um nome gravado em mármore no monumento que será criado em memória às vítimas deste dia.

Beladona ergueu as duas mãos com as palmas viradas para cima como se fizesse uma prece conforme sentia as raízes, folhas e espinhos que ela produziu acumularem-se abaixo dos seus pés, em um rápido movimento levantou os dois braços simultaneamente, sentindo emergir do chão mais uma onda maciça que engoliria ou dois em poucos segundos, muito mais do que o dobro do que o rapazinho era capaz de evitar com sua individualidade.

E foi exatamente nesse segundo que Kiara viu o mundo parar.

A dor no corpo desapareceu, bem como o latejar incessante na cabeça que indicava que era hora de parar. Kiara sentiu a parte que geralmente ficava adormecida explodir dentro de si enquanto encarava a figura hedionda diante dos seus olhos.

Não havia absolutamente ninguém dentro daquela escola que merecesse 1% do que estava acontecendo agora. Eles eram adolescentes, nada além disso, não eram culpados por todos os problemas que assolavam o mundo e muitos deles nutriam verdadeiramente a vontade de ao menos tentar fazer a coisa certa um dia.

E ela não tinha o direito de chegar e falar quem tinha valor ou não, quem era importante ou não. Bakugo não seria um nome gravado em mármore, certamente seria uma dor constante para as pessoas que o conheciam e isso era demais para que ela deixasse que acontecesse sem que ao menos tentasse impedir.

O som da estática de sua individualidade estalou em seus ouvidos muito mais alto e mais constante que o normal enquanto a energia escapava para fora do corpo, mas tentou não pensar nisso quando impulsionou o corpo para frente, sentindo o ar arrebentar ao seu redor quando se moveu mais rápido do que um olho humano era capaz de registrar.

Em linha reta, mirando o peito exposto, Kiara avançou e acumulou todo o peso do seu corpo no cotovelo que acertou Beladona em cheio, lançando-a por metros na direção oposta.

Kiara tentou diminuir a carga enquanto sentia os pés derraparem no chão de terra, e não desativou a individualidade mesmo sabendo que seria o melhor a se fazer agora.

Não conseguia saber quanto ainda tinha disponível, a sensação de sobrecarga distorcia seus sentidos, a única coisa que sabia era que estava perdendo muito mais do que que era capaz de converter. Sua capacidade de armazenar era infinitamente maior que a de conversão, diferente do irmão que tinha o equilíbrio perfeito entre as duas habilidades.

Era como despejar água em um pequeno funil, o que não conseguia ser devidamente escoado pela pequena abertura escapava pelas bordas em abundância, mas era isso ou deixar que ela vencesse sem nem tentar.

O traje ao menos conseguia segurar metade do que escapava, mas Kiara ainda precisava tomar cuidado com as mãos livres, não poderia permitir encostar nem que fosse em um único fio de cabelo da desgraçada.

O som de uma explosão reverberou as suas costas e no instante seguinte Bakugo estava ao seu lado novamente.

- Você tá tentando se matar? - perguntou ele, a voz soando mais tensa que irritada.

- Você não tá em posição de reclamar já que entrou aqui também. - rebateu.

- PORQUE VOCÊ ENTROU PRIMEIRO!

Bakugo sentiu a garganta arder ao gritar, e tentou não olhar para ela naquele instante já que o perigo estava ao redor, mas era muito difícil fazer isso quando era tão visível o que estava acontecendo com Kiara naquele instante. Parecia existir uma tempestade de raios acontecendo sob a pele cheia de sardas, não precisava nem se esforçar para ver a corrente elétrica constante que rasgava a pele por baixo, deixando-a com um brilho fraco antes de emergir através da pele e se dissipar no ar.

Ela precisava parar, e tinha que ser agora.

- Não pense em tocar em mim, Katsuki! - parecendo ler seus pensamentos, Kiara encarou o loiro de soslaio onde o verde da irís havia sido completamente engolido pelo dourado que revelava o brilho constante e descontrolado de sua individualidade.

Uma nova onda acabou interrompendo a pequena discussão, e Bakugo se preparou para reagir antes da idiota ao seu lado. Ótimo, se ela quisesse dar uma de inconsequente, poderia fazer isso à vontade, mas ele estava ali para impedir que ela se desgastasse ainda mais.

Porque nem fodendo perderia Kiara naquela maldita noite.

Bakugo usou as duas mãos para lançar uma explosão ainda maior, obrigando Beladona recuar um pouco. Mas não foi o suficiente para que ele detivesse o ataque por completo, mas ele ainda tinha tempo para tentar mais uma vez. Só que antes dele conseguir liberar um novo ataque, uma coluna de chamas azuis se elevou diante de seus olhos, inundando a noite com um bafo quente que queimou um pouco sua pele e deixou a respiração mais difícil. Bakugo sentiu o corpo se arrastado por alguns metros antes de parar e finalmente conseguir compreender o que estava acontecendo ao redor

- Aí, vocês deveriam sair daqui! - a figura envolta em chamas azuis falou enquanto um mar de fogo se estendia às suas costas.

Dabi abriu os braços de forma contemplativa e explicou.

- É que eu não posso matar ninguém. - contou ele sorrindo de um jeito meio estranho.

Dabi escutou o barulho de algo se remexendo as suas costas e virou-se a tempo de ver que Beladona havia envolto o próprio corpo com a merda da individualidade, protegendo-se  das chamas com a individualidade que agora se desmanchava em cinzas.

A pessoa por trás da proteção o encarava com um ódio frio e calculado. Ele sentiu a merda do corpo retesar por um breve momento enquanto um sorriso nervoso lhe cortava a face.

Tinha achado uma completa loucura quando Olívia se virou para ele no meio daquela floresta e simplesmente falou que abriria um portal para dentro da U.A., e que ele o cruzaria para ganhar tempo enquanto ela procurava Atomic.

Confiar aquela merda a ele parecia loucura, mas agora, olhando bem para aquele rosto... porra, não precisava dizer isso em voz alta, mas Beladona fazia sua pele gelar de um jeito que ele sequer conseguia pensar em mais nada além de fazer aquela merda toda queimar até que não restasse mais nada.

Beladona não era muito diferente dele no fim das contas, e não estava fazendo nada de diferente do que ele faria se tivesse a oportunidade, era como olhar para um maldito espelho, mas a imagem refletida não lhe enchia os olhos.

A coisa toda havia saído do controle de um jeito colossal, tanto que ele Vitium acabou deixando escapar que Rebeca havia fodido a garganta completamente naquela noite, portanto nada o impediria caso quisesse mudar de lado.

A pele abaixo do traje estava quente, mas não era afetada pelas chamas de sua individualidade, portanto poderia utilizar como bem entendesse.

Nada o impedia.

- Mas que caralho.

Dabi encarou de soslaio encontrando a figura de Versus ali, até os malditos nomes de herói deles combinavam, mas o que estranhou mesmo foi escutá-lo xingar.

- Que foi, a princesinha ta com medinho?

Como sempre, Oliver simplesmente ignorou a piada e posicionou as mãos postas diante do corpo, pronto para abrir o portal a qualquer instante.

- Aquela ali é a irmã do Aquiles. - confessou ele para Dabi, que olhou para trás somente por um segundo, notando a garota que parecia envolta em eletricidade. - Precisamos tirar Beladona daqui o mais rápido possível.

- Aquela ali? - perguntou ele, mas sem esperar por uma resposta.

Ele riu por um instante só de pensar no que Atomic faria se descobrisse que ele se aliou a Beladona quando sua irmã estava em perigo. Não precisou nem pensar, o cara poderia ser idiota, mas nunca escondeu que era perigoso, e que era fiel ao que jurou proteger, nem que para isso precisasse ir contra o ideal de evitar mortes durante o seu trabalho. Afinal, heróis não matam, nunca. Ou quase isso.

Mas sabia que o merdinha estava pouco se fodendo para a merda da imagem dele, e por isso o respeitava somente um pouco.

- Vamos. - anunciou ele, preparando-se para começar.

Bakugo olhou para o ponto flamejante ao longe, reconhecendo-o quase no mesmo instante.

- Aquele cara é perigoso. - disse ele sentindo as mãos suarem. - Precisamos sair daqui. Desative a porra da sua individualidade!

- Não até a gente sair!

Bakugo olhou para ela sentindo uma vontade imensa de chacoalhar a garota até que a noção voltasse para o maldito corpo, mas sabia que não tinham tempo nenhum a perder enquanto a maldita estava ocupada.

E com um pouco de atraso, ele percebeu algo importante.

Porque Dabi estava atacando Beladona? Melhor, porque ele estava livre? 

Deixando isso de lado, ele a segurou pelo cotovelo para incentivá-la a se afastar, e pela primeira vez naquela noite Kiara pareceu concordar com algo e o seguiu.

- Quem é aquele cara? - ela perguntou.

- Um criminoso condenado que deveria estar preso! - respondeu ele, ainda sem compreender o que de fato estava acontecendo. Também não revelou a merda da relação dele com o meio merda já que aquele assunto não lhe dizia respeito.

Alheio a isso, Kiara conseguiu unir os pontos e deduziu a situação.

Sabia mais ou menos o que envolvia as missões que o irmão fazia quando Rebeca o solicitava, já que Aquiles era um maldito fofoqueiro que não conseguia esconder nem mesmo o que precisava ser escondido. Eram basicamente tarefas não muito bem vistas para heróis que prezavam a imagem, já que não era incomum que ele acabasse matando algum criminoso no processo.

Existiam dois tipos de vilões: os que tinham o que perder e os que não tinham nada. Os primeiros eram aqueles que se rendiam quando se viam sem mais alternativas, esses eram aqueles que apareciam nos jornais seguido das manchetes que enalteciam os heróis responsáveis pela captura.

Os que não tinham mais nada eram os mais perigosos, já que não se importavam com mais nada além do que queriam fazer. Esses nunca paravam, e só causam mais estrago até chegar ao ponto de que não pegaria tão mal para a mídia caso a morte deles fosse associada a um herói, como Beladona era, mas ainda assim havia algum risco a imagem. Só que até chegar a esse ponto muita gente pode acabar morrendo. E era exatamente nisso que Aquiles ajudava Rebeca, evitar que as coisas precisassem chegar num ponto tão extremo.

A mulher sempre conseguia abafar o resultado das missões que ele participava, ela sempre pareceu mais preocupada que Aquiles em evitar o desgaste da imagem de seu irmão, mas só porque sabia que a maioria das pessoas se importa com esse tipo de coisa.

Mas era comum heróis recusarem aquele tipo de trabalho, e ela acabava recorrendo a condenados para cobrir os buracos, ou quando simplesmente encontrava pessoas melhores para as missões.

As chamas altas e de tom azulado eram quentes o suficiente para que a individualidade de Aquiles carregasse mais rápido.

Kiara parou de correr quando um estrondo reverberou as suas costas, Bakugo acompanhou o movimento poucos metros a frente notando que Beladona parecia ter problemas agora. Kiara reconheceu Oliver em meio a penumbra e aos destroços que voaram em inúmeras direções enquanto o chão era arrebentado por uma porção alarmante de vinhas, ele se esquivava, bem como o cara envolvo em fogo azul, que era a pessoa a quem a maioria do ataques estava sendo destinada.

- A barreira está diminuindo! - anunciou Bakugo ao notar que provavelmente a vilã estava começando a se esgotar já que estava transferindo seu poder de um lado para o outro. - Vamos sair agora!

Kiara não respondeu, estava com os olhos fixos no herói que parecia esperar uma oportunidade para usar a individualidade que compartilhava com a irmã gêmea, entendendo toda a situação por fim.

- Olha, quer saber de uma coisa? - ela disse olhando para o loiro por cima do ombro. - Eu gosto mesmo de você, muito! Gosto tanto que acho que essa deve ser a primeira vez que eu realmente me apaixonei por alguém na minha vida.

Bakugo a encarou por um segundo, o rosto contorcido em uma expressão de surpresa, que se transformou em pavor quando ele percebeu o que estava prestes a acontecer diante dos seus olhos.

- Me desculpa.

Dabi não soube ao certo o que aconteceu, mas de uma hora para outra, ele estava novamente naquela mesma floresta.

Uma sensação estranha de formigamento percorria a sua pele, e ele não soube explicar como diabos estava inteiro mesmo depois de sentir o corpo ser arremessado. Ao seu redor, algumas árvores pareciam ter sido destruídas pelo impacto de seu corpo, deixando-o confuso o suficiente por ainda estar inteiro apesar de sentir o corpo dolorido.

Ele olhou ao redor sentindo o cheiro de queimado, e foi recepcionado pela paisagem destruída que parecia ter sido bombardeada inúmeras vezes, e bem mais ao longe ele conseguia distinguir um emaranhado de folhas e raízes se contorcendo ao redor de algo. O som de um corpo pesado caiu próximo do local onde ele estava e a voz de Atomic se pronunciou antes que ele conseguisse pensar em reagir.

- Puta merda, você conseguiu mesmo arrastar a doida de volta. - ele disse parecendo animado enquanto o corpo emitia calor.

O vilão passou a mão pelo rosto se sentindo confuso e ainda tomado por aquela sensação estranha no corpo. Mas não teve mais tempo para pensar sobre o que havia acabado de acontecer, sentiu seu corpo ser erguido abruptamente quando algo explodiu ao seu lado, sendo lançado vários metros para cima.

Abaixo de seus pés, mais daquelas malditas vinhas pingando veneno seguiam incessantemente em sua direção e da do heróis que havia o livrado de receber aquele ataque em cheio enquanto ainda estava no chão. A maldita odiava calor, era seu ponto fraco, e estava tentando matá-lo a qualquer custo.

Dabi sentiu o corpo esquentar mais rápido quando ativou sua individualidade de um jeito incomum já que ele deveria estar mais desgastado devido o tempo que passou na escola, mas era como se seu corpo estivesse completamente renovado agora. Não se deteve a este pequeno detalhe, poderia ser a adrenalina correndo em suas veias.

- Que bom que você não morre com fogo. - ele gritou para Atomic antes de liberar as chamas produzidas por sua individualidade com força total, vendo metade delas ser absorvida pelo cara ao seu lado e a outra parte queimando a samambaia do demônio.

- Valeu aí! - Atomic gritou usando os pés para liberar uma explosão que o lançou na direção de Beladona.

Antes que Aquiles pudesse alcançar seu alvo, sentiu o calor das chamas novamente atingindo as suas costas, mais quentes do que deveriam estar, sendo absorvidas imediatamente e queimando os ataques que eram destinados a ele.

Seu corpo liberou uma explosão pequena para regular a temperatura quando sua individualidade atingiu o máximo da capacidade de armazenagem, por sorte só Beladona estava no campo de ataque quando isso aconteceu.

Aquilo não foi o suficiente para derrotá-la, mas foi o bastante para que ela parasse de atacar por tempo suficiente para que ele conseguisse alcançá-la e imobilizá-la. Dabi parou de atacar quando percebeu as raízes perderem a força e caírem no chão, erguendo os olhos, viu quando Atomic segurou a maldita, prendendo as mãos dela que também pareciam pingar venenos através das unhas.

Por cima da noite, Aquiles gritou a plenos pulmões para que ele se afastasse, ao passo que o corpo do herói começou a ganhar uma cor amarelada, um brilho emitido de dentro para fora do corpo que destacava cada uma de suas veias e os ossos seguindo de um som crescente e contínuo de carga. Beladona tentou se libertar do aperto, mas ele parecia queimar como ferro em brasa de uma forja contra a pele dela, e só quando uma luz ofuscante inundou o lugar cegando-o momentaneamente foi que Dabi se deu conta do que aconteceria a seguir.

A última coisa da qual se lembra, foi da sensação do corpo ter ser arremessado pela onda de choque causada pelo deslocamento de ar da explosão do herói Atomic.

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