Olivia não sabe o que a desperta até que escuta um barulho de panela vindo da cozinha.Ela levanta, olha no espelho da parede e se vê acabada, vai até o banheiro da suite e lava o rosto até sua maquiagem sair por completo. Agora ela escuta outro barulho, alguns pratos pareciam estar se quebrando e foi ai que ela começou a ficar preocupada.
Sua primeira ideia foi que Matteo estivesse preparando alguma coisa com o que tem na geladeira para comer, então ela sairia do quarto e falaria muita coisa que estava engasgada em sua garganta e assim, amanhã poderia ir embora com a sensação de dever cumprido, mas agora que está prestando mais atenção ela escuta um barulho parecido com briga, mas não escuta ninguém, falar nada. Quando ela se aproxima da porta do quarto verificando se a porta estava mesmo trancada ela leva um susto ao ouvir mais coisas colidirem com o chão da cozinha e rapidamente tira a mão da maçaneta.
Corre para a cama e acha seu celular entre os lençóis e deixa o número da polícia preparado enquanto abre a porta do quarto para ter certeza de que ela não esta apenas imaginando uma situação que não existe devido ao medo que ela está e o fato de ainda se sentir um pouco sonolenta.
Ela sai de fininho até ver a luz da cozinha acesa. Procura ao redor, mas não encontra absolutamente nada que pudesse usar como arma então ela se apega apenas ao celular e o número da emergência preparada na tela.
Ela se aproxima da porta da cozinha e se depara com uma cena que ela realmente não esperava. Dois homens, além de Matteo, estão em sua cozinha, um deles estava batendo em Matteo que instantes depois de Olivia adentrar o cômodo caiu ao chão sem forças para continuar. Seu rosto estava horrível e ele parecia ter cortado a sobrancelha e o lábio. O outro homem assiste a cena com raiva nos olhar.
Este homem que lhe chamou atenção depois de tudo. Um homem branco, alto, a calvice aparecendo cada vez mais, sua barriga era ainda maior que a última vez que o vira, mas continuava a ser o mesmo. Até aquele olhar de raiva Olivia conhecia muito bem.
Ao perceber quem estava ali e ao ver a covardia que estava cometendo entrou na cozinha a passos largos.
- O que você esta fazendo com o Matteo! Pare com isso agora, ficou maluco?
Não importa que Matteo seja um idiota, ninguém merece ser espancado por um profissional na própria casa. Aquela cena foi o auge para lhe dar coragem para se colocar entre Matteo e seu agressor.
No mesmo instante o agressor, de aparência relaxada, barba a fazer, touca preta e óculos se deteve e olhou o homem sentado com cara de raiva, pedindo instruções silenciosamente. "Homem", pensou com desdém. Não era homem nem para bater em seus próprios inimigos.
-Mesmo depois do que viu hoje você quer mesmo proteger esse idiota? E ele ainda tem a coragem de chegar em casa há essa hora ao invés de vir correndo te pedir perdão?
Não foi uma reação esperada nem mesmo por Olivia, mas ela riu. Riu de verdade. Gargalhou enquanto o homem a olhava confuso.
- O que é tão engraçado. - Ele perguntou cruzando os braços no peito.
- Engraçado é você vir aqui depois de três anos sem me ligar uma vez sequer e ficar distribuindo conselhos que nem você é capaz de seguir.
- Eu não tenho porque pedir perdão a você.
- E também não tem nada o que fazer aqui. Vai embora ou eu ligo para a policia. Acho que você tem uma certa "alergia" a eles, não?
-Você não mudou nada, continua essa garota rebelde e sem nenhum respeito pelos...
-Respeito? Ah, por favor, você entrou na minha casa e espancou o meu namorado depois de uma vida inteira sem se importar comigo. Ele pode ter me traído, mas ele é só um babaca que amanhã nem estará mais na minha vida, mas você é meu pai. Não pode chegar aqui depois de praticamente ignorar a minha existência por anos e se achar no direito de me passar sermão. Pelo amor de Deus, o que você tem na cabeça?
- Eu sempre te amei, eu só demonstro de forma diferente.
- Ok, então já pode ir embora, você já demonstrou que você me ama colocando um dos seus cães atrás de mim para saber da minha vida. Obrigada, pai.
- Eu não estou colocando ninguém para te seguir. Bom, na verdade hoje foi o primeiro dia.
- É o primeiro dia de todo mundo? - resmungou mais para si que para os outros. Matteo estava se sentando na cadeira que ele tinha caído próximo, mas Olivia achou que não deveria olhar para onde ele estava, sentia tanta raiva por sua vontade de chorar voltar que estava quase pedindo ao homem de barba que bateu em Matteo voltar a agredi-lo mais um pouquinho.
- Eu queria te encontrar, sabia que morava neste bairro, mas não sabia onde procurá-la então pedi para algumas pessoas ficarem de olho e o Samuel aqui viu você no pub e te seguiu até o carro desse seu namorado...
-Ex-namorado.
-Melhor assim. - Jota, pai de Olivia, levantou-se de sua cadeira pela primeira vez e ficou sério. Olivia não se abala com os humores de seu pai há muito tempo, mas havia épocas de sua infância que ela ficaria feliz em esquecer. - Estou aqui porque tenho um pedido para fazer a você.
- E a resposta é não. - Ela se antecipa.
- É sobre a Patricia.
Olivia que já estava começando a pensar numa forma de tirar os dois homens do apartamento voltou a prestar atenção no que Jota dizia.
- O que tem a Patricia?
Jota percebeu que tinha toda a atenção da filha e reprimiu um sorriso de vitória ao começar a explicar que sua irmã estava em depressão devido um ex namorado e que ele não sabia mais o que fazer com ela.
Olivia fica aliviada por ser apenas uma bobeira romântica de sua irmã e nada mais grave, mas Jota diz que ela tentou suicídio duas vezes e não quer ter que interná-la. Diz que ela precisa de Olivia por perto. Eles estavam se mudando pata Resende e ver se Patrícia recomeça sua vida.
- Ela não pode voltar para o Brasil, está terminando a faculdade. - Olivia quase levou um susto quando Matteo ainda fraco respondeu ao Jota exatamente o que ela estava pensando.
-Cale a boca ou eu termino com você agora mesmo. - Jota ameaçou se aproximar de Matteo, mas Olivia o impediu.
- Ninguém vai acabar com ninguém essa noite. - Deu seu ultimato. - Você - apontou para Samuel e depois se voltou para o pai - e Jota, pra fora, se é por causa da Patricia que estão aqui, tudo bem, mensagem recebida, eu tranco a faculdade, dou um jeito no trabalho e volto pro Brasil, mas volto sozinha, não quero nenhum dos dois perto de mim enquanto eu estiver lá. Quando minha irmã melhorar eu volto para a Itália e nunca mais quero ver a sua cara na minha frente. - Ela diz decidida com o dedo apontado para o pai.
- Você me tem em tão baixa estima, minha filha. Se soubesse o quanto eu me preocupo com você...
- E porque eu não sei o quanto se preocupa, Jota? Minha culpa não é. Agora saiam, eu vou comprar minhas passagens pela internet e vou amanhã cedo para o Brasil, mas eu não vou ficar na casa de ninguém, vou procurar um lugar para alugar por alguns meses e é isso. Nada de Jota aqui ou ali.
Jota assente para a filha mesmo que ele não vá fazer isso. Ele já tem tudo planejado e é apenas disso que ele precisa, de alguns meses, talvez menos do que ela imagina. Foi bom essa ideia ter surgido, com Patricia como trunfo ele sabia que seria fácil convencer a garota de voltar correndo e não aparecer perto dela era fácil demais, ele sabia que a filha o odiava então ele tinha tudo planejado para ficar o mais próximo possível dela sem que percebesse. Estava tudo arranjado e assim que ele se ajustasse teria a sua vingança.
Ele fez sinal para Samuel segui-lo e os dois saíram da cozinhacomo se nada tivesse acontecido ali nos últimos dez minutos.
Com todo esse show às três da manhã Olivia não se sentiu mal ao ver Matteo acabado, com os hematomas começando a aparecer em seu rosto e braço. Ela olhou para ele ainda com certa repulsa, balançou a cabeça tentando lembrar porque ela tinha começado a acabar com a sua vida por causa de um homem que nem dava a minima para ela. Ela saiu da cozinha sem se importar com a louça quebrada ou o homem que ela fará de tudo para arrancar de seu coração e quando passou pela porta de saída que ficava no caminho para seu quarto viu um vaso branco com rosas amarelas e um pequeno cartão. Como não viu aquilo antes? Será que foi deixado enquanto estava na cozinha?
"Feliz aniversário Ollie"
Ela rasgou o bilhete que com certeza tinha sido escrito por seu pai e deixou o vaso de flores onde estava. Matteo cuida da bagunça; "a casa é dele" ele mesmo disse.
Ela voltou para seu futuro ex quarto, trancou a porta e começou a fazer sua mala. Matteo não a chamou hora nenhuma. Ele sabia que quando ela se trancava dentro do quarto nada a tiraria dali. Abriu o notebook e começou a enviar os emails que precisava para parar por completo a sua vida neste próximo semestre na faculdade, rezou para que seu patrão entendesse a necessidade de se afastar para cuidar de sua irmã e que não a demitisse quando voltar.
Mais uma vez sua família atrasava toda a sua vida.
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Olá queridos e queridas *-*
O que estão achando da estória? Não deixem de curtir, compartilhar e comentar, fico muito feliz quando deixam sua marquinha aqui!
Estão preparadas para conhecer um pouco do Bruno??
Então fiquem de olho no próximo capítulo porque ele será todo para ele ;)
Bjinhos
Naty Rangel