Capitulo 17 # Olivia

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Foi uma semana muito chata. Tirando os dias em que foi encontrar sua irmã em Resende, desta vez sozinha, já que Bruno quase desapareceu da face da terra, as horas que estava sozinha eram entediantes. Olivia não fazia ideia de onde Bruno estava na maior parte do tempo. Mal via as luzes da casa acesas, achou que ele estava passando a semana na casa da mãe, mas ele apareceu de surpresa duas vezes. Chegou e saiu tão rápido que mal deu tempo de conversarem. Falaram um pouco de seus dias, mas ele logo dizia que precisava voltar, que estava com uns problemas com um trabalho que estava tomando muito do seu tempo.
"- Logo isso melhora, só preciso resolver algumas questões."
Foi o que Bruno disse na última vez que o viu.
Mas ele parecia estranho. Ou então era assim que ele ficava depois de um fim de semana com mais uma das suas conquistas temporárias.
Tentou não julgá-lo dessa forma, mas não podia evitar os pensamentos que surgiam na sua mente.

- Liv você ainda está me escutando?
A voz de Rafa soa cansada. Era a terceira vez que Olivia se perdia em seus pensamentos.
- Desculpa, viajei de novo, o que disse sobre o Matteo?
- Ele te mandou um recado.
Olivia se recompõe olhando em volta como se alguém pudesse ver sua reação ao que a amiga disse.
- E eu preciso saber o que ele tem a dizer?
- Sua linda, você acha que eu falaria alguma coisa se fosse besteira. Não te amolaria se não soubesse que isso é bem sério.
- Rafaella, você esta me assustando.
- Ok, ele disse que quando seu pai foi na casa dele , comentou com o homem que bateu em Matteo que estava contratando um detetive para te seguir enquanto estivesse ai no Brasil.

- Como é?

Olivia levantou do sofá num pulo quase derrubando o notebook. Andou de um lado ao outro extremamente incomodada por alguém possivelmente vigá-la. A amiga via sua reação da tela do note que foi deixado no sofá.

- Pois é, a forma que ele falou, não parecia estar brincado. Na verdade, qual a probabilidade dele inventar algo assim? Ele mal sabe do seu pai. Ate onde sabe, o Jota é um pai super protetor.

Olivia se aproxima novamente, como se a amiga estivesse realmente sentada ali no sofá da sua sala.

- Então quer dizer que tem alguém me vigiando esse tempo todo??

Como se para sua proteção Olivia apaga a única luz acesa da sala pega o notebook e vai para o quarto, ficando apenas com a luz da tela. Sua conversa de voz no skype com sua amiga era todos os dias a melhor parte do seu dia.

Desta vez nem tanto. A notícia realmente abalou Olivia.

- Tem certeza que ele estava falando a verdade?

- Se ele mentiu, soube mentir muito bem. Você sabe que eu sinto essas coisas.
- Eu sei, você é assustadora as vezes.
- Mas você me ama e eu também sei disso mesmo com um oceano nos separando.
- Te amo mesmo. Não é nenhuma novidade.
- Ai, sai, Liv! Já falei que você não faz meu tipo.
Olivia ri e seus olhos se prendem à luz do celular que vibrava silenciosamente encima da cama.
Pegou-o e leu a mensagem de Bruno.
"Jantar sexta feira na casa dos meus pais. Eles insistiram em te conhecer antes do casamento da minha prima que será no sábado. Você vai, arrumo um vestido. Te busco às sete e combinamos."

Na sexta feira, Olivia havia preparado uma salada fria que combinaria perfeitamente com o rocambole recheado que a Dona Agnes preparou para conhecê-la. Nunca iria a de mãos vazias para um jantar, ainda mais este em que iria conhecer os pais de Bruno. Não que ele fosse algo mais, mas não queria fazer feio na frentes de desconhecidos.

Às 7 em ponto, a campainha tocou então ela pegou o pote com a salada e abriu a porta, mas não viu ninguém. Deu um passo para frente e a rua estava praticamente vazia, se não fosse um casal que passava conversando entre si, mas sequer desviaram o olhar para a casa de Olivia. Ficou alguns segundos parada, sem entender até que Bruno apareceu na porta dele . Atravessou o jardim e veio em direção a Liv.

- Estava tão ansiosa que decidiu me esperar aqui na frente? - Brincou.
Olivia disfarçou e sorriu com a brincadeira. Entregou o pote para Bruno enquanto pagava as chaves para trancar a porta. Lembrou de quando era criança e tocava a campainha dos outros e corria. Talvez tivesse sido isso.

- Isso é para a janta, espero que eles gostem.

- O que importa é que eu vou gostar, certo? - Bruno dá um sorriso enorme, mostrando todos os dentes brancos e bem alinhados. Impossível não se sentir confortável com este homem ao seu lado.

- Você, hoje, é minha última preocupação. - Ela riu enquanto terminava de fechar a porta.

Os dois, novamente a pé seguiram para a rua de trás e caminharam até uma casa, novamente com quase o mesmo formato da sua, só que havia segundo andar e os cômodos pareciam ser maiores.
O cuidado com o jardim da casa era impecável, de uma forma que sua casa nunca seria. Apesar de Lib ser organizada, não é tão caprichosa. Bruno abriu a porta com uma chave reserva que possui e entrou com Olivia surpreendendo a irmã que passava próxima a porta no momento que abriu.

- Olivia!! Você chegou! Que bom! - Julia abraçou Olivia como uma grande amiga, deu um tapa de leve no braço de Bruno e desejou boa noite de forma seca.

- O que foi que eu fiz dessa vez? - Ele reclamou com o tapa.

- Você não aparece a dias, não atende seu celular não? Precisava avisar algumas coisas pra você que a Jennifer pediu e você desaparece.

Olivia não precisa disfarçar a surpresa da notícia por muito tempo. Os pais de Bruno apareceram e educadamente, mas com um certo entusiasmo exagerado a cumprimentaram, tirando a atenção na conversa dos irmãos que se tornou baixa com a chegada dos pais.
- Meu Deus, como você é linda! Não acredito que você se incomodou de nos trazer comida!
Ela sorri, um pouco tímida, mas sua cabeça agora estava cheia hipóteses do porque Bruno não ter aparecido na casa dos pais ou na dele. Era inevitável, acabara de ser enganada por Matteo, claro que não seria impossível ter atraído alguém tão filho da mãe quanto ele.
- Bruno disse que você é uma chef na Itália? Podia mostrar umas receitas novas para Agnes - O pai de Bruno, Seu João, comentou e sua esposa logo o alfinetou.
- Não ligue para ele. Tal pai, tal filho, só pensam em comida, querida. Ainda assim, não devia se preocupar com isso.
- Na verdade eu gosto muito de cozinhar, foi um prazer. Bruno fala muito bem da senhora.
- Dela ou da comida dela? - Júlia que tinha parado de falar com Bruno entra na conversa. - Não sei como ele não é uma bolota cheia de gordura rolando pelas ruas.

Ela tentou não perceber a preocupação nos olhos de Bruno mesmo com a brincadeira da irmã enquanto falava com Dona Agnes, mas como achou que fosse apenas um desentendimento de irmãos, deixou para lá. Por hora.

Dona Agnes pegou a salada da mão de Bruno e foi colocar na cozinha. Bruno levou Olivia até a sala, sua mãe disse que o jantar estaria pronto em vinte minutos e foi para a cozinha enquanto o pai de Bruno tentava puxar assunto.

- Quer dizer que esta aqui temporariamente?

- Sim, ficarei apenas seis meses, ou menos. Ainda preciso terminar minha faculdade e não sei se meu emprego esperaria por mais tempo que isso.

- Entendo, é uma pena, espero aproveitar de sua presença no tempo que estiver aqui. Por falar nisso, ela vai no casamento da Jenny, Bruno?

Olivia não reparou nervosismo em Bruno, pensou a semana toda em dizer que não ia ao casamento , mas como não teve oportunidade foi empurrando e decidiu que sim, iria.

-Sim, ia falar com ela sobre isso, na verdade.

Ele virou para ela e de forma descontraída, totalmente oposta a que ele estava na entrada da casa.
- Eu vou para sua casa às quatro da manhã, quando estiver pronta acenda a luz da varanda para saber. Meu pai vai levar o carro até a minha casa e de la sairemos. Não ficaremos mais que o fim de semana e temos o apartamento da minha tia em Copacabana. Ela também é a dona do vestido que consegui para você.
Ela não se forçou se sentir animada com a ideia de ir a o casamento, ela não via uma praia carioca há anos! Não via a hora de chegar.

Sob Sua VigilânciaWhere stories live. Discover now