Passado e Feitiçaria

Bởi MariaG0mes

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Endro é consumido pelo desejo de vingança quando seu povo é exterminado numa série de ataques cruéis que vêm... Xem Thêm

IMPORTANTE
Aesthetics +
Dedicatória
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPÍTULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPÍTULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E QUATRO
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPÍTULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
CAPÍTULO TRINTA
CAPÍTULO TRINTA E UM
CAPÍTULO TRINTA E DOIS
CAPÍTULO TRINTA E TRÊS
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
CAPÍTULO TRINTA E CINCO
CAPÍTULO TRINTA E SEIS
CAPÍTULO TRINTA E SETE
CAPÍTULO TRINTA E OITO
CAPÍTULO TRINTA E NOVE
CAPÍTULO QUARENTA
CAPÍTULO QUARENTA E UM
CAPÍTULO QUARENTA E DOIS
EPÍLOGO
DESPERTAR
Processo de escrita do livro

CAPÍTULO DEZENOVE

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Bởi MariaG0mes

Os pratos foram recolhidos e o assunto na mesa divergiu. Márvi, Zana e Riano conversavam sobre o trabalho. Enquanto Endro escutava calado. Às vezes se sentia observado e pegava Elina, a irmã da namorada de Riano, o encarando. Ela sempre sorria meiga e Endro sorria de volta em educação. Numa dessas olhadas encontrou com o olhar de Márvi.

Ele sorriu pequeno e voltou a conversar. Notando o clima que começava a indicar que choveria mais tarde, sentiu o coração acelerar de uma forma boa. Enquanto sua barriga era percorrida por um fio invisível e geladinho. Levou as vistas a Márvi novamente. Sorriu sem se dar conta do que acontecia. Um gritinho fino ecoou pelo lugar.

— Tio Márvi encontrou a última pessoa que a Marca escolheu para ele.

Endro levou a mão ao peito. Uma pequena parte queimava fracamente. Não tinha percebido. A Marca de Márvi também brilhava discreta, mas não passou despercebido pelas crianças que começaram com "uuuuum". Endro encolheu sobre o assento de madeira.

A sua frente na mesa, Elina o olhava desapontada e, ao mesmo tempo, feliz. Todos pararam quando Zana os repreendeu ao ver Endro se transformar em um bolinho de vergonha. Em minutos, tinham esquecido, ou ocupado suas mentes com coisas mais importantes.

Porém, Endro não. O coração ainda palpitava no peito. O medo estava presente. Márvi não parecia ter se importado, mas se preocupou ao ver o estado de Endro. Mesmo tendo voltado a conversar com seus amigos, lançava olhares constantes a ele, e sempre sorria gentil.

✷✷✷

Passava da meia-noite. Endro e Márvi pulava de portal em portal, avançando para os últimos blocos de terra no alto. A maioria dos bruxos já estava dormindo. Saiu do jantar há pouco. Elina foi conversar com Endro e o deu os parabéns, disse que Márvi era uma pessoa maravilhosa e merecia outro ser com a mesma essência que a dele.

Também disse que caso Endro ficasse solteiro algum dia, fosse vê-la. Endro ficou sem o que dizer. Não a enxergava com esses olhos. Também se preocupou, pois não sabia se queria Márvi em sua vida. Não sabia se queria ser dominado pelo amor. Pensar nisso o assombrava.

— Você está bem? — quis saber Márvi assim que chegaram na varanda coberta de plantas da pequena casa. Escorou num dos esteios.

Estar ali era agradável.

— Ahan. — Ficou de pé perto dele.

— Entrem.

Endro tomou um susto. A velha senhora de cabelos quase brancos estava na porta. Ficou tão entretido nesse lugar maravilhoso que esqueceu das dúvidas que tinha. Márvi foi o primeiro a entrar. Assim como o pedaço de terra flutuante, a casa era pequena. Tinha poucos móveis na sala.

Apenas um sofá de cinco assentos, uma poltrona na frente e quatro prateleiras quase vazias, com apenas algumas porções. A sala era geladinha por conta das plantas que também eram cultivadas dentro do cômodo. Belória moveu as mãos em círculos e criou uma barreira de som. Ela queria que a conversa ficasse ali.

— Leu o livro? — A simpatia dela acalmava um pouco Endro.

Confirmou.

— Tudo o que está escrito nele é mesmo verdade? A história sobre a Grande Guerra? Emoções desproporcionais? Duvidar de mim mesmo reprime minha magia? Então eu não lanço magia e sim bruxaria?

Ela sorriu diante da enxurrada de perguntas. Márvi, sentado no sofá, também sorria. Parecia achar fofo a curiosidade de Endro.

— Calma. Vou te responder. — Belória fez gestos com as mãos. — Sim, tudo escrito nele, embora de forma resumida, é verdade. Márvi poderá te pôr a par de tudo com mais detalhes sobre nós bruxos. Quanto melhor mentalmente você estiver, mais eficiente será sua magia. É simples, se você não acredita no que pode fazer, não o realizará por mais que tente. Sempre acredite no seu potencial! Sim, você é um bruxo, dos poderosos ainda, mais do que o nosso Márvi aqui. — Ela sorriu e apontou para ele. — Você escolhe como quer se referir, vale tanto magia quanto feitiçaria.

Endro escutou com atenção. Entretanto, tinha uma dúvida que não saía da sua cabeça.

— Por que uma das minhas fraquezas não é igual às citadas no livro? Quando estou passando por problemas, geralmente, ela me domina.

Belória ficou muda. A pele enrugada se tornou pálida. O arrependimento brotou amargo na goela de Endro. Falou demais. Confiou demais. Sua mãe, se viva, estaria decepcionada. Ela olhou para Márvi que deu um sorrisinho amarelo, não havia relatado a ela sobre isso. Então Márvi desconfiava, por isso ele o ajudou aquelas vezes em que perdeu o controle.

— Deixa para lá. — Respirava com dificuldade devido às batidas pesadas do coração.

— Me explica como é isso.

— Não! Para te deixar mais assustada? Veja só, você está tremendo.

Ela ignorou o que Endro disse. Estalou os dedos e um livro fino apareceu aberto em suas mãos. Endro não conseguia visualizar o que tinha nele. Belória sorriu enquanto lia algo, podia ver a tensão nos lábios esticados. Enquanto sussurrava, Endro a encarava com o desespero o sufocando. Belória finalmente ergueu as vistas e o encarou.

— Não precisa se preocupar. É uma variação mágica. Parece que ela também está em processo de evolução, assim como nós. Eu não tenho muita informação sobre, além dessa que estou te falando.

Notou ter mais coisas que Belória resolveu não contar. Se perguntou se tinha algum motivo para isso. Entretanto, a preocupação não se foi. Sentia que precisava descobrir o que era essa magia estranha.

✷✷✷

Cansado e doido para dormir, levou a chave a fechadura. Percebeu que a porta estava aberta e que a luz lá dentro estava acesa. Estranhou. Lembrou-se de ter a trancado quando saiu apressado. Ou será que esqueceu? Tinha certeza que não.

Puxou uma flecha. Antes, escondida nas costas por feitiço. Encaixou-a no arco e ergueu-o, pronto para atirar. Essa palavra ainda era nova para Endro. Empurrou a porta. De pernas cruzadas na poltrona, Tuli segurava o fino livro, esperando-o. O corpo esfriou.

— O que faz na minha casa? — Mantinha a flecha apontada para o coração dele.

— Olha que livrinho interessante...

— Tire as mãos dele! — ordenou.

— Por que um livro de páginas brancas é tão importante a ponto de te deixar alterado a esse nível? Será o seu diário? — Ironia transbordava a pele roxa sobreposta por listras escuras.

Ele não podia ver! Mas, por quê? Imaginou que o livro tinha algum feitiço de proteção que impedia que qualquer um lesse o seu conteúdo. Uma preocupação a menos. Ainda assim, não conseguia acalmar.

— Relaxa. Só vim te fazer uma visitinha, já que você passou o dia todo e metade da noite, fora.

— Não te devo satisfação do que faço! — enfatizou bem essa frase. — É muita falta do que fazer ficar vigiando alguém. Se não me engano, também é crime.

— Não se esqueça que não está em sua Nação. E possivelmente nunca mais estará nela. — Sorriu maldoso.

O vermelho intenso começava a tomar posse da visão de Endro, que não se deu conta. Tuli, ao notar, disparou:

— Se me matar, estará encrencado.

Piscou retomando o controle sem dificuldade.

— Invasão de propriedade. Legítima defesa — rebateu.

Endro se saiu bem. Não deixaria isso o tirar do sério.

— Por que se humilha a esse nível?

Tuli ficou imóvel por alguns instantes.

— Eu gosto dele! — confessou o óbvio.

— E ele, gosta de você? Já se fez essa pergunta? Já se prestou a reparar nisso?

Tuli não disse nada. Parecia ter tomado um banho de água fria, pois aparentava saber a resposta e se negava a aceitá-la. Espera... Eram lágrimas nos olhos dele? Endro piscou. Não esperava por essa reação do arqueiro.

— Você gosta dele? — Finalmente disse algo. A voz trêmula e ele tentava disfarçar.

Endro abaixou o arco.

— Se eu gosto dele ou não, não tem a menor importância. Ao menos se dê o trabalho de descobrir se o que você sente é recíproco. Pare de parecer um acéfalo. Repare no que está fazendo só por gostar de alguém. Somos arqueiros, poderíamos ter nos tornado amigos e descoberto novas formas de criar flechas enfeiti... mágicas! — Tossiu. Quase deu com a língua nos dentes. Precisava ser mais cauteloso.

Ainda se lembrava da luta que tiveram com os Trolls, no início, Tuli parecia ser alguém legal.

— Vai sonhando em sermos amigos! Não sei o que ele viu em você. — Tuli jogou o livro fino no sofá, esbarrou no ombro de Endro, e ao sair da casa, bateu a porta com força.

Respirou fundo pressentindo problemas chegando. Só queria estar em paz na sua Nação Humânica. A imagem dos seres acolhedores e a da Vila Fortal, surgiu em sua cabeça.

✷✷✷

Após se certificar de trancar bem a porta usando a chave e magia, foi até os dormitórios. Pensou que teria dificuldade para entrar. Os alunos não podem ir aos quartos dos treinadores. Mas, se surpreendeu ao ter autorização para subir e se preocupou logo depois ao sair em uma sala resfriada por ar-condicionado com três sofás azuis.

Aparentemente, um cômodo em que os inquilinos podem conversar com familiares sem ser incomodados ou incomodar os demais. Depois de ficar um bom tempo olhando em volta, se sentou. Entretanto, longos minutos se foram e nada de Márvi.

— Ele informou que estaria esperando aqui! — reclamou irritado.

Antes de entrar, foi avisado pela segurança de que Márvi estaria neste local o esperando. O ar frio ganhou um odor e irrompeu nas narinas de Endro. Não tinha um cheiro específico. Era único e não conseguia explicar. Mas, quando sentia, sabia ser dele.

Sorriu. Antes não gostava, agora estava começando a achar agradável. Entendia o que tinha que fazer. Sem pensar, entrou no elevador novamente e apertou o penúltimo andar. Meses atrás, não faria isso nem sobre ameaça de morte. Ainda não gostava de quebrar regras, mas às vezes era necessário.

Fazendo o mesmo percurso da última vez que foi visitar Dacas, reduziu os passos ao escutar vozes. Parecia discutir algo importante.

"— O sangue dele revelou que os pais são mestiços e que ele possui outra magia estranha, além da que tem. Eu consegui retirar essas informações da ficha dele sem levantar suspeita. Ele já sofreu demais para ser exposto em uma sociedade que não sabemos se saberia lidar com isso. Se revelada a informação, não teria tardado a se espalhar. Eu sei que o que fiz foi errado e arriscado, mas não vejo maldade nele e espero de verdade não me arrepender."

Essa era a voz de Zana.

"— Eu percebi isso na primeira vez que o senti, lembra da história que te contei de quando eu era criança? E eu também não sinto maldade nele. E não me importo com esse lado desconhecido dele. Caso ele precise, eu estarei lá para ajudá-lo."

E essa era a de Márvi. Zana o provocou e ambos se calaram de repente. Passou com cuidado pelo antigo quarto do amigo e parou diante do que viu Márvi quase nu. O cheiro e as vozes, vinha dali. Outra fileira de quartos seguia ao lado. Bateu na porta que se abriu rapidamente e foi puxado de uma vez para dentro.

— Calma, sou eu. — Márvi ergueu os braços se afastando.

Endro piscou dissipando a vermelhidão das vistas e olhou por cima do ombro do treinador. Sentada sobre a grande cama, Zana organizava papéis com o símbolo do hospital e os guardava em uma pasta azul. Ela levantou o rosto e o olhar encontrou os de Endro que, ligeiro, voltou a focar Márvi.

— Não me olhe assim! Nem de homem eu gosto. Não nesse sentido. — Sorrindo, Zana se levantou e guardou a pasta na gaveta da cômoda ao lado da cama.

Endro piscou espantado e estranhamente aliviado, pois ao vê-la ali, pensamentos estranhos de o que eles estavam fazendo antes de começarem a conversar, tomou sua mente.

— Se acalme, você está vermelho. — Zana abriu a porta e, antes de sair, passou as mãos pelos cabelos encaracolados de Endro dizendo: — sedosos.

O último "S" foi bem puxado propositalmente. Endro tinha levado quase uma hora para desembaraçá-los. Naquele momento, quis matar Márvi. Entretanto, ao se lembrar que o enterrou até os joelhos, a raiva passou. Márvi balançou a cabeça sorrindo.

— Problemas. — Soltou junto a um suspiro pesado.

— Esqueceu algo na Vila Fortal? — Márvi apontou para um puff.

— Não. É pior. Tuli descobriu sobre o livro bruxo. — Se sentou no puff macio.

— Provavelmente ele não viu nada. — Márvi sorriu se jogando na cama que afundou com o seu peso. — A menos que ele seja um de nós.

— Ele não é bruxo. Não conseguiu enxergar o que estava escrito nas páginas. Mas, ele vai investigar a respeito. — Viu a feição de Márvi mudar da tranquila para a de preocupada.

Não é bom. Ele vai mesmo fazer isso! — Pôs-se de pé pensante.

— Falou com tanta certeza... — Endro se contorceu no puff.

O olhar de Márvi, que parou em Endro, ganhou um brilho notável.

— Sou treinador dele, preciso observar as qualidades e as dificuldades de cada um. — Sorriu. — A curiosidade é algo que vocês dois têm em comum.

Endro fez uma careta.

— Sabe que ele gosta de você, né?

❧❧❦❧❦❧❦❧❦❦❧

Gostou? Seu voto e comentários são super aceitos. 🧡🥰

Até breve! 👋

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