Ops, Lacei o Amor! • JJK+PJM

By wooyjk

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「 EM ANDAMENTO 」 Após ser despedido do emprego, Kim Namjoon encontra uma maneira de recomeçar, ou melhor dize... More

⚠️AVISOS⚠️
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By wooyjk

Oioi, vidas! Como estão? Espero que estejam se cuidando, hein?

Antes de darem início a leitura, deixem o votinho pra não esquecerem depois, por favorzinho. Comentem muitão para dar aquele feedback e motivar a pobre aqui😭💕

Usem a hashtag da fic no twitter caso queiram comentar da fic lá, assim fica mais fácil para achar vocês e interagir, ok? Ok!

Boa leitura, perdão qualquer erro!💜

#LacemOClementino

Era sexta-feira.

Faltavam menos de cinco minutos para o sino bater, indicando o fim das aulas daquele dia. Hoseok, Soraya, Jungkook e San, mais do que todos, estavam eufóricos e cheios de planos para a tarde de trabalho na casa de Yoongi.

― Podemos pedir uma pizza, né? ― Hoseok sugeriu, terminando de guardar seus cadernos na mochila.

― Eu topo. Uma pizza sempre cai bem. ― San disse.

― “Uma pizza sempre cai bem, pipipi e popopo!" ― Wooyoung forçou a voz com uma careta, se sentando ao lado de Taehyung e Jimin, estes que também não estavam muito felizes.

― A gente faz algo todo mundo junto depois, Woo ― Hoseok tentou dizer, mas o garoto emburrado parecia revoltado demais para compreender.

― Pode até ser, mas agora, neste momento, eu estou triste. Poxa capetão… ― olhou para o loiro de maneira melancólica.

― Woogie, eu não posso fazer nada! É culpa daquela professora!

― Aquela maldita!

― Para com isso, Woo, coitada ― Jimin riu sem humor, cutucando a costela do amigo.

― Não defende aquela lá perto de mim, amigo!

Jimin rolou os olhos e se virou para trás, dando atenção para Jungkook que se distraía vendo vídeos no celular. Levou alguns segundos para o avermelhado notar a atenção em especial que recebia. Ao erguer os olhos para o moreno, soltou um pequeno sorriso, que automaticamente fez Jimin sorrir junto.

― Acha que vai chegar muito tarde em casa? ― perguntou em um tom mais baixo.

― Não sei. Por quê? Vai sentir minha falta?

― Não, eu só… ― encarou os dois olhos redondos. ― Mais ou menos.

― Mais ou menos? ― sorriu e tombou a cabeça para o lado.

― Um pouco, porque já me acostumei com a rotina de chegar em casa e fazer alguma coisa contigo e paw. ― Riu um pouco sem jeito e coçou a nuca. ― Enfim, aproveita ‘tá? Afinal, é a primeira vez que você está indo para casa de um dos nossos amigos aqui na cidade.

― É verdade. Pode parecer bobo, mas eu fiquei pensando e ansioso nesses dias todos! ― expressou animado, fazendo o outro rir. ― De qualquer jeito, se eu não chegar muito tarde, podemos fazer alguma coisa, se quiser.

― Vamos ver. Não pense nisso agora.

O barulho alto e esperado ecoou do lado de fora, fazendo todos se levantarem de suas cadeiras e caminharem para fora da sala. Jungkook se levantou e alongou os braços para cima. Consequentemente, sua blusa se ergueu um pouco, dando uma visão mínima de sua barriga. O avermelhado pulou assustado quando Wooyoung cutucou sua pele exposta, causando cócegas.

― Porra… ― sussurrou baixo.

― Ele xinga, gente! Nosso moranguinho xinga! ― Wooyoung comentou exageradamente, fazendo os outros rirem.

Após ajustar sua blusa, Jungkook pegou sua mochila na cadeira e saiu da sala ao lado de Jimin, entrando na multidão de alunos no corredor apertado. Os xingamentos, a pressa e os empurrões eram comuns, mas sempre causavam a mesma irritação também.

Por conta daqueles mesmos empurrões e do pouco espaço, Jimin se encolheu mais, sentindo suas costas encontrarem o peitoral de Jungkook. Iria se afastar, mas travou ao sentir o nariz de Jungkook se infiltrar entre seus fios de cabelo, deslizando pela região.

― Eu estava querendo fazer isso já faz tempo. Desculpa. ― Riu, passando as mãos para os ombros do moreno, apressando os passos quando o corredor deu uma boa esvaziada.

Jimin não respondeu, apenas sorriu um pouco confuso e saiu pelo portão. Os outros chegaram logo atrás, se juntando ao ciclo.

― Então é isso, até segunda! ― Wooyoung se virou e saiu dali.

― Tchauzinho gente, e até mais tarde, Goo. ― Taehyung acenou antes de sair atrás de Wooyoung.

Jimin poupou as palavras, apenas acenou com os dedos, dando uma última olhada para Jungkook e se virou para seguir os outros dois. 

Antes de irem embora, Jungkook esperou Seungmin sair da escola, e quando aconteceu, se aproximou do mais novo com agilidade, o assustando.

― Já estou indo, Mine, estava só te esperando.

― Por quê?

― Preocupação. Sei que os moleques não estão mais aqui, mas sei lá. Só queria ter certeza de que você estava bem.

Seungmin sorriu e bagunçou os fios vermelhos de Jungkook, o fazendo resmungar.

― Normalmente, são os mais velhos que fazem isso nos mais novos, não o contrário.

― No nosso caso é ao contrário. Agradeço a preocupação Goo. Pode ir tranquilo porque eu estou bem. Só manda uma mensagem para o Nam quando chegar, para tranquilizar o coração daquele velho.

― Pode deixar! ― falou ao começar a se afastar para acompanhar os outros que já caminhavam para longe.

Assim que alcançou os quatro, Jungkook passou um dos braços para os ombros de San que estava do seu lado. Hoseok estava concentrado em achar algum ângulo bom no celular para tirar uma foto, enquanto Soraya e Yoongi resmungavam por não quererem aparecer na foto.

― Acreditem se quiser, pessoal, mas o Gui vai dar uma festinha na casa dele e nós fomos convidados. ― Hoseok brincou risonho, filmando o garoto de óculos.

― Eu nunca faria uma festa, e se fizesse, não convidaria mais de duas pessoas.

― Gui?! Somos um grupo de amigos! ― Soraya exclamou indignada.

― É brincadeira, boba. Não que eu vá fazer festa, mas se eu perdesse o juízo e fizesse, só convidaria o nosso grupo estranho. Certamente me arrependeria depois, por causa do Wooyoung e do San, mas é detalhe.

― Eu estou aqui, ‘tá?! ― San empurrou o castanho.

― É pra escutar mesmo.

― Vamos comprar açaí? ― Hoseok apontou para a sorveteria do outro lado da rua.

― A gente não ia pedir a pizza mais tarde? ― San perguntou.

― A gente pede a pizza mais tarde e compra o açaí agora, uai! Pra forrar o estômago.

― Eu quero! ― Yoongi animou-se rápido com a ideia.

― Eu também! ― Jungkook disse logo em seguida.

― Claro que quer. Seu nome deveria ser Jeon Açaí Jungkook ― Hoseok alfinetou e riu. 

― Muito engraçadinho.

― Não vou querer não. ― Soraya respondeu assim que atravessaram a rua. ― Eu te disse que a calça está apertando, quero evitar comer coisas que não precisam ser comidas.

― Nem venha com isso, Soraya. Você é linda, e com todo respeito, é um mulherão da porra! ― O garoto de mechas advertiu sério. ― Se não for comer o açaí, vai comer a pizza mais tarde.

― Hoseok…

― Soraya…

Os dois pararam na calçada e se encararam. Os outros três repetiram os movimentos para prestar atenção no que estava acontecendo. 

Em média, Hoseok e Soraya mantiveram contato visual por quase dez segundos. Soraya suspirou derrotada e rolou os olhos, escutando a risada comemorativa de Hoseok, que depositou um beijo rápido em sua testa.

― Achei que iriam se pegar aqui no meio da rua ― San puxou Jungkook e riu. ― 'Mó tensão.

― Os dois combinam no meu humilde ponto de vista. Que não é muito bom. ― Yoongi retirou os óculos para limpar, arrancando um riso dos outros.

Hoseok e Soraya não responderam, apenas se abraçaram de lado e seguiram os outros três.

🍒🐐

Jimin desceu do ônibus por último, acompanhando os dois primos que já caminhavam na frente.

― Aqueles malditos ― Yeonjun pigarreou estressado. ― Esse vai ser o uniforme mais feio de todos os nonos anos!

― Como assim, criatura? ― Taehyung indagou confuso.

― Aquele troço horroroso! Branco com umas folhas verdes de coqueiro, e outros caralhos! ‘Tá terrível! Eu bem falo que o suicídio é o caminho. Como caí numa turma tão cafona daquele jeito, meu Deus?

― Para de bobeira, moleque!

― Que bobeira o quê! Seu uniforme é lindo, não tem posição para falar alguma coisa.

― Uai, Zé! Se você me conta, automaticamente eu me vejo na posição de dizer algo!

― Eu te digo para você escutar e me ajudar a lenhar aqueles filhos da puta. Não para brigar comigo por querer me matar.

― Desisto.

― Quem vai desistir sou eu, na frente deles, que é pra passar bem a mensagem.

― Jimin, dá um jeito no seu primo! ― Taehyung chamou pelo mais velho e deu um tapa na nuca de Yeonjun.

― Junie, não vale a pena se estressar por causa daqueles cafonas, não acha?

― Tem razão, Jico, tem razão ― respirou fundo, escutando Taehyung resmungar ao seu lado.

― Mas você vai comprar a camisa? ― Jimin perguntou.

― Claro que vou. Para justamente colocar fogo nela e fazer um vídeo.

― Se manca moleque! A mãe te desce o cacete se você gastar quase cinquenta reais em uma camisa e queimar ela depois!

― Não pode se revoltar com mais nada! ― suspirou e olhou para frente, franzindo o cenho. ― Jico?

― Fala, Junie.

― Nay avisou que vinha hoje?

― Não, uai.

― Não é ela na porta da sua casa? ― apontou para a garota saindo pelo portão de maneira agitada.

Jimin abriu um sorriso aos poucos ao confirmar que de fato era sua irmã quem estava ali. O moreno saiu correndo na frente dos primos para alcançar Nayeon que se aproximava apressada também.

Seus corpos se chocaram quando se abraçaram e caíram no chão. Jimin gargalhou em meio aos beijos que deixava por todo rosto de Nayeon, escutando as risadas sufocadas da mais velha.

― Ai minhas costas, Zé gotinha!

― Zé gotinha o teu cu! ― Se afastou para olhar a irmã. ― O que veio fazer aqui?

― Ué? Não posso aparecer aqui sem um motivo?

― Não é isso, é que ‘cê não avisou nada.

― Essa é a graça das surpresas, né? ― se levantou primeiro e estendeu a mão para o irmão.

― Naynay! ― Taehyung se aproximou correndo e abraçou a prima, a derrubando no chão de novo.

― Puta que pariu! ― gargalhou, abraçando Taehyung. ― Tudo bem, Teco?

― Melhor agora com a minha prima favorita em casa ― sorriu, ajudando Nayeon a se levantar, recebendo um olhar cerrado de Jimin.

Yeonjun se aproximou cauteloso e abraçou Nayeon brevemente antes de ir direto para casa.

― O que deu no Zézinho?

― Problemas com o uniforme dos formandos ― Tae explicou.

― Entendi. Coitado.

― Mas e aí? Vai passar o final de semana aqui? ― Jimin perguntou.

― Aham. O pai vai me levar de volta no domingo à tarde.

― Ótimo!

― Vou pra casa, até mais tarde, priminhos! ― Taehyung acenou e saiu.

― Trouxe seu violão? ― Jimin perguntou, cutucando a costela de Nayeon.

― Claro que sim, é de lei! ― riu, empurrando o moreno ao entrarem em casa. ― Fiquei sabendo de algumas coisas.

― Que coisas?

― Kim Namjoon voltou a morar aqui. Fiquei surpresa quando o pai me disse. Achei que esse dia nunca iria acontecer depois de tantos conflitos com os pais dos Kim.

― Teve fatores que influenciaram para que isso acontecesse. Por um lado foi bom, ele está perto dos irmãos de novo e está bem mais feliz, de acordo com o Jungkook.

― Jungkook é o filho dele? Papai me disse que ele tinha um filho também.

― Isso ― sorriu. ― Ele ficou na cidade hoje, mas deve chegar mais tarde. ‘Cê precisa conhecer ele!

― Então já fez amizade com o patrãozinho, Jico?

― Pois é. Mas não usa esse termo perto dele, ele odeia. 'Cê vai gostar dele! O moleque é todo bonitinho e fofo. Tem umas ideias maluquinhas que às vezes só fazem sentido na cabeça dele. É mais falante que papagaio quando pega intimidade. Ah, e é multi talentos.

― Multi talentos?

― Sim, o moleque sabe fazer um monte de coisa. Sabe dançar, andar de skate, fala inglês e um pouco de francês, é inteligente pacas! Um verdadeiro mauricinho. E ele não gosta de ser chamado assim.

― ‘Cê parece gostar muito dele já, hein? ― olhou para o irmão e sorriu assim que entraram no quarto do mais novo.

― Gosto, ele é bacana. ― Sorriu e deixou a mochila sobre a cama. ― Cadê a mãe, o pai e a vó?

― Tudo na casa da tia Aninha. ― Se sentou na cama e suspirou. ― Pai também me disse que você voltou a falar com a Soso.

Jimin encarou a irmã e rolou os olhos.

― Aquele velho é um fofoqueiro! Sim, eu voltei a falar com ela, mas só somos amigos.

― Isso é bom. A amizade de vocês veio muito antes de tudo, era algo bonito. Que bom que estão se falando.

― Sim, eu estou muito feliz com isso. ― Desviou os olhos para uma sacola perto de seu travesseiro. ― ‘Cê que colocou isso aqui?

― Sim. Trouxe pra você. Sei como meu irmão é vaidoso, aí quando fui comprar meus cremes e esses caralhos, comprei alguns pra você e trouxe.

― Nossa, eu te amo tanto.

― Interesseiro ― soltou um riso e se acomodou sobre o colchão. ― Aliás, papai e eu conversamos muito no caminho para cá.

― Imagino que o velho tenha feito várias fofocas sobre mim.

― Ele disse que ‘cê está gostando de alguém. ― Expôs com um sorrisinho, atraindo um olhar incrédulo do mais novo. ― E aí? Quem é ela?

― Cara, aquele velho fofoqueiro!

― Mas então tem alguém? Quem é ela?

― Não tem ela!

― Ele então? ― brincou e riu.

Jimin não respondeu, ficou alguns segundos imóvel processando as palavras da irmã. Nayeon cortou sua risada e encarou o moreno com os olhos cerrados.

― Jimin?

― Não tem ninguém, Nayeon.

― Nem ele?

― Nem ele. ― Se virou para averiguar os produtos na sacola.

― ‘Tô zuando com a sua cara. Sem estresse, maninho.

― Eu ‘tô de boa, ué.

― Sei. Mas e aí? Fala mais sobre o patrãozinho. Eu ainda vou conhecer ele hoje?

― Vai depender do horário que ele voltar pra casa. Eu também estou doido para que conheça a peça rara que ele é! ― expressou animado, espantando o nervosismo de segundos atrás.

― Ele deve ser aqueles moleques fresquinhos então, né?

― Nem brinca com isso, pelo amor de Deus! Ele vai acabar pulando no seu pescoço e não vai ser para te abraçar. Se tem uma coisa que o Goo odeia mais do que tudo, é que chamem ele assim ou qualquer coisa que insinue que ele é um fresquinho.

― Certo. Ele não gosta que chamem ele de fresquinho. Mas ele é?

― Eu não acho. Mas gosto de correr risco de vida às vezes e chamo ele assim. Ele não é chato, tipo fresquinho. Aceita fazer qualquer coisa na fazenda com a maior empolgação do mundo. Esses dias mesmo, levei ele pro pasto, e meu Deus do céu! Ele é pior do que criança! Achei que ele iria ficar com medo, fazer escândalo, mas o moleque saiu entrando no meio do mato, achou um bezerro e trouxe carregando nos braços, todo feliz! Detalhe, ele estava de cropped andando naquela grama alta. Imagina a coceira? Mas deu tudo certo no final.

― Cropped? ― Nayeon indagou curiosa.

― Ele tem um estilo bem bacana! Gosta de usar cropped, tem um cabelo vermelho foda, ama All Star e tem uma coleção de várias cores.

― ‘Cê fala dele com muita animação. Gosta mesmo do moleque, né?

― Ele é muito legal. Eu gosto muito dele. ― Sorriu ao se lembrar de Jungkook, sem perceber. ― ‘Cê também vai gostar quando conhecer. Ele é bem tímido no começo, mas pega intimidade fácil se você der espaço.

― Se ‘cê diz, então ok. Mas como anda na escola? Tudo certo?

― Sim, minhas notas estão boas, se é isso que ‘cê quer saber.

― Não é só pelas notas, bobão. Claro que é importante, mas também falo no geral. ‘Tá tudo indo bem?

― Uhum. Ultimamente alguns amigos meus se aproximaram mais. Na verdade isso aconteceu desde que o Goo chegou. Então agora eu sou de um grupinho.

― Ele estuda com vocês? Em uma escola pública? ― perguntou um pouco surpresa.

― Ele e o Seungmin. Estou te falando, Nay, ele não é nenhum tipo de fresquinho. Tira isso da cabeça.

― Eu não disse nada, criatura!

― Certo, agora sai do meu quarto. Vou trocar de roupa.

― Mal cheguei e já está me expulsando, que absurdo! ― resmungou na medida que caminhava para fora do quarto, escutando o moreno rir.

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A trajetória da escola até a casa de Yoongi não era muito longa, mas também não era muito perto. A conversa rendeu bastante entre os cinco durante o caminho. Conseguiram terminar de tomar o açaí antes que chegassem no bairro onde morava o garoto de óculos.

― Então você mora só com seu avô, Gui? ― Jungkook perguntou.

― Isso. Vim morar com ele quando tinha por volta dos meus nove ou dez anos. Eu sempre gostei daqui e de fazer companhia para o meu avô. Ele sempre morou sozinho, e minha família sempre cagou para isso, mal visitavam ele. Então pedi para meus pais para me deixarem morar aqui com ele, e como eles meio que estão cagando pra mim também, deixaram fácil.

― Sua relação com sua família é complicada? ― San perguntou.

― Mais ou menos. Eu os amo, mas nossa relação é meio difícil sim. A atenção dos meus pais sempre foi mais focada nos meus irmãos. Eu tenho dois irmãos, um mais velho e um mais novo, sou o do meio. Eles sempre vem passar o natal aqui. É a única vez que os vejo no ano, porque eles realmente não gostam de vir aqui de jeito nenhum.

― Mas vocês mantêm contato? ― Soraya se aproximou mais, interessada no assunto.

― Às vezes minha mãe me liga, fala comigo, meu pai também. Meus irmãos me mandam mensagens, raramente me ligam.

― Você veio de onde, Gui? Já que não é daqui, certo? ― Jungkook perguntou curioso enquanto atravessavam a rua.

― Sou do Maranhão. Minha família toda é de lá. Meu avô também, mas se mudou pra cá há muitos anos.

― Bem que eu notei que você tem um sotaquezinho diferente ― pensou alto, fazendo o acastanhado rir.

Os cinco pararam em frente a uma oficina mecânica. Yoongi entrou primeiro, fazendo o sinal com os dedos para os outros quatro entrarem também.

O local estava surpreendentemente arrumado, apesar de algumas sujeiras com óleo, graxa, algumas peças e outras ferramentas que eram utilizadas no dia a dia de trabalho.

― Vovô, eu cheguei com o pessoal! ― Yoongi avisou em um tom de voz que ele normalmente não usava no ambiente escolar.

Um velhinho saiu debaixo de um dos carros que estava no local e se aproximou sorridente. Suas roupas e o seu rosto estavam sujos pelo trabalho que ele fazia, mas aquele detalhe só o deixava ainda mais fofo aos olhos de Jungkook, que sorria admirando o velho.

― Oie pessoal! ― cumprimentou animado. ― Estava mesmo esperando vocês. Fiquem à vontade, viu?

― Vamos lá pra cima, vovô. Precisa de alguma coisa? ― Yoongi perguntou.

― Não, obrigado Yooni! Podem ir fazer o trabalho de vocês.

― Tudo bem então. Gente, esse é meu avô, Severino. Vô, esses são o San, Soraya e o Jungkook. O Hoseok você já conhece.

― É um prazer, garotada.

― Sua oficina é muito daora, vôzinho do Gui ― San disse, analisando o local.

― Gentileza sua, meu filho. ― Riu e desviou os olhos para Jungkook. ― Eu adorei o cabelinho vermelho desse aqui.

Jungkook riu tímido e agradeceu em um sussurro.

― O senhor ‘tá bem, seu Severino? ― Hoseok se aproximou do velho, empurrando San para o lado.

― Estou feliz. ― Sorriu, fazendo seus olhos virarem duas linhas. ― Eu vou voltar ao trabalho. Fiquem à vontade.

― Vem gente ― Yoongi chamou e caminhou para o fundo da oficina.

Os cinco entraram em uma porta dos fundos que dava em um pequeno corredor para as escadas. Yoongi subiu os degraus na frente sendo seguido pelos amigos, até chegarem no andar de cima, na sala, para ser mais exato.

― Sua casa é muito legal, Gui, na moral mesmo, eu adoraria morar aqui ― Soraya disse sincera ao se aproximar da janela da sala, dando visão para os carros e as pessoas que passavam embaixo.

― Eu também gosto, Soso ― sorriu e se abaixou para tirar os tênis.

Os outros quatro repetiram os movimentos de Yoongi e retiraram seus sapatos, deixando-os do lado de fora. Seguiram o garoto de óculos por outro corredor até chegarem em frente a uma porta de madeira, com uma plaquinha em formato de baleia pendurada no centro.

― Meu avô fez pra mim quando eu vim morar aqui. Já está um pouco desgastado, mas eu amo. ― Explicou ao reparar os olhares dos outros para o enfeite na porta.

Sem mais enrolação, Yoongi abriu a porta e deu espaço para os amigos entrarem. O quarto não era muito grande. A cama de solteiro ficava do lado da janela, com algumas prateleiras em cima, cheias de livros. As paredes eram brancas, com alguns quadros pendurados e um mural cheio de anotações e fotos de baleias.

― Ele tem pelúcias de baleias! ― San exclamou ao ver as pelúcias em cima da cama.

Jungkook abriu a boca surpreso ao ver os desenhos de Taehyung presos no mural. Um sorriso enorme cresceu em seus lábios.

― Não bagunça minhas coisas, seu pateta! ― ralhou com o loiro, escutando-o reclamar. ― Vou pegar o notebook para fazermos as pesquisas, montar os slides e esses caralhos. Podem sentar aí no chão, na cama, na cadeira, no teto se conseguirem, onde se sentirem melhor.

Eles riram e sentaram no chão para se organizarem, enquanto Yoongi pegava o notebook em cima da escrivaninha.

― Quem vai pesquisar e quem vai escrever? Precisamos do manuscrito também. ― Yoongi perguntou.

― Quem aqui tem uma letra bonita? ― San perguntou.

Soraya e Hoseok apontaram para Jungkook, que acabou rindo.

― Eu posso escrever então. ― O avermelhado disse por fim.

― Eu te ajudo a escrever um pouco para não ficar tão cansativo, okay? ― Yoongi disse ao se aproximar e se sentar ao lado de San. ― Hoseok fica responsável pelos slides, San ajuda o Hoseok com as informações que vamos colocar nos slides, a Soraya e eu vamos ajudar nas pesquisas. E qualquer coisa ajudamos no que precisar também. Tudo certo?

Sem nenhuma reclamação, todos afirmaram e começaram a trabalhar em suas respectivas partes do trabalho.

Com poucos minutos, San e Soraya já haviam discutido sobre o modelo dos slides, após Hoseok pedir uma opinião. Yoongi foi quem deu um fim nas brigas ao dar a opinião final para o loiro de mechas. Em relação ao manuscrito, Jungkook, Yoongi e San terminaram rápido, ao transcreverem as pesquisas feitas por Soraya, para as folhas.

Claro que Soraya não deixou de julgar a caligrafia de San, mas Jungkook assegurou que estava boa e legível, acalmando o loiro irritado.

― Falta só escrever a conclusão ― Jungkook informou ao juntar todas as folhas.

― Eu faço isso ― Soraya se ofereceu.

― E como estão os slides? ― San perguntou para Hoseok.

― Deixamos uma coisa bem bonitinha e explicativa, caso a galera não entenda a nossa dicção ruim com o nosso ensinamento duvidoso. Vai ser fácil de falar. ― Hoseok explicou.

― Separamos alguns pontos para cada um falar um pouco. Assim não fica muito carregado pra ninguém e todo mundo passa vergonha juntos. ― Yoongi acrescentou risonho.

― Perfeito então. ― San se deitou no chão e soltou um suspiro arrastado, olhando para a janela aberta. ― Já escureceu.

― Pedi a nossa pizza. Deve estar quase chegando ― Yoongi informou e ajeitou o óculos no rosto, concentrado na tela do notebook

― Ótimo! Estou quase desaparecendo de tanta fome! Não aguento mais fazer esse trabalho! ― San resmungou de olhos fechados.

― Falta bem pouco, acho que dá para concluir tudo hoje. Quando a pizza chegar a gente dá uma pausa. ― Hoseok sugeriu e girou o pescoço, estalando a região. ― Vou ajudar a Soso com a conclusão.

― Obrigada.

― Gui? ― Jungkook chamou. ― Cadê sua gatinha que até agora eu não vi?

― Ela gosta de passear, e quando volta, fica na sacada da sala, onde tem a água e a comidinha dela. Fora que eu deixei a porta fechada esse tempo todo, vou ver se ela está lá fora.

E antes que Yoongi se levantasse, a porta do quarto foi aberta cautelosamente, revelando Severino segurando a caixa de pizza, com duas caixinhas de suco e alguns copos. A gata branca aproveitou a porta aberta e entrou rapidamente para dentro do quarto, indo direto para o colo de Yoongi.

― Falando na sapeca! ― ele pegou a gata no colo e beijou o topo da cabeça dela.

― A janta de vocês chegou! Cuidado com a Juju atacando essa pizza. ― Alertou ao entregar a caixa para San.

― Quanto deu? Iriamos dividir a conta ― Hoseok se lembrou ao notar que o velho iria sair do quarto.

― Que conta que nada, moleque! Já paguei, apenas comam e fim!

― E o senhor? Pegou um pedaço? ― Jungkook perguntou.

― Não, quero não, meu filho, obrigado, viu? Eu já comi mais cedo, estou bem. ― Assegurou com um sorrisinho e saiu do quarto.

― Seu avô é um amor, Gui ― Soraya disse.

― Eu concordo. Ele ama receber visitas ― sorriu de canto e colocou Julieta no chão. ― Ele ama quando meus pais e meus irmãos vêm nos visitar. Fico frustrado com isso às vezes, porque sei que eles só vem para não darem motivos para dizer que eles não se importam. Porque se dependesse da vontade real deles, eles não pisariam aqui nunca mais.

Jungkook sorriu largo ao ver a gatinha se deitar perto dele.

― O que rolou para eles não gostarem de vir aqui? ― San perguntou.

― Eu nunca soube. Se tem um motivo, eles nunca me falaram. Mas não importa.

Jungkook abriu a mochila e tirou dali um spray de álcool, batendo nas próprias mãos e ofereceu para Soraya que pediu. No fim, os outros três acabaram aceitando o álcool também.

― Todos concordam que pizza de frango com catupiry é a melhor, certo? ― San mordeu o alimento e fechou os olhos, aproveitando o sabor.

― Discordo. A de calabresa é superior! ― Soraya disse e pegou um pedaço da pizza também.

Tinham pedido metade frango com catupiry, metade calabresa e uma mini pizza vegana para Hoseok.

― Você não serve de base ― o loiro apontou a língua e voltou a comer.

― Gui ― Jungkook chamou assim que terminou de beber o suco do seu copo, atraindo um olhar atento do garoto de óculos. ― E aqueles desenhos ali? Você quem fez?

Yoongi desviou rapidamente os olhos para os desenhos presos no mural e suspirou.

― Não fui eu. Eu acho que… ganhei.

― Acha? ― San expressou confuso.

― É que o Gui está recebendo desenhinhos de um admirador secreto ou admiradora secreta! Não sabemos ao certo ainda! ― Hoseok explicou animado, recebendo um tapinha do castanho.

― Boca aberta! Não era pra falar!

― Mas se eles souberem, podem nos ajudar a descobrir quem é o pretendente!

― Opa, então alguém está de olho no nosso Guizinho? ― San ofereceu um sorriso sugestivo, fazendo Yoongi rolar os olhos.

― Eles estavam dentro do piano quando cheguei na sala. Bom, só eu que ainda insisto naquele piano e, poxa, é uma baleia! Será que tem mais alguém que toca piano na escola e que gosta de baleias?

― Não mesmo. ― San negou sem pensar muito e mordeu a pizza.

Jungkook sorriu e pegou outro pedaço.

― Mas você gostou? ― perguntou e olhou novamente para Yoongi.

― Sim. Os desenhos são lindos ― sorriu um pouco tímido. ― Mas ainda é estranho. Não entra na minha cabeça que alguém possa estar possivelmente interessado por mim! Logo por mim!

― Já tivemos essa conversa, senhor Yoongi ― Hoseok alertou sério.

― Eu sei… mas não é fácil, Hobi. Eu admiro a atitude, mas não sei o que esperar. É simplesmente difícil confiar e eu tenho um pouco de medo.

― Medo? ― Soraya inquiriu com as bochechas estufadas.

― Medo do final de tudo isso. De boa mesmo, esse é meu último ano na escola e eu só quero terminar ele em paz.

― É por conta daquilo que você disse pra gente? Sobre o bullying do sexto ano? ― San perguntou receoso.

― Sim, também. Eu tenho medo. Eu tenho um medo do caralho de passar por aquilo de novo. Então é difícil confiar em coisas novas, é difícil não desconfiar de coisas que parecem ser de ótimas intenções. E sabe mais? O Hoseok disse sobre ser alguém interessado em mim romanticamente. Eu não sei se daria conta de aceitar isso.

― Como assim? ― Jungkook deixou a pizza de lado e olhou para o amigo.

― Percebeu que as pessoas que namoram na escola passam por todo um ritual? ― emitiu reflexivo, deixando os outros ainda mais confusos. ― Assim, antes deles entrarem em um relacionamento de fato, elas não se conhecem direito, mas estão ficando. E depois de um curto tempo de pegação sem compromisso, vem enfim o namoro. Eu não me vejo fazendo uma coisa dessas.

― Ficando com alguém? ― Hoseok indagou.

― Ficando de cara com alguém que eu mal conheço e que não tenho confiança. Acorda Hoseok, eu ainda sou BV! É estranho pra mim. Eu não consigo me imaginar em um momento assim com alguém que chegou de repente e sugeriu a ideia de trocar uns beijos. Me sinto meio… sei lá. É muito íntimo pra mim.

― Você é uma graça ― Soraya sorriu e apertou a bochecha do amigo.

― Olha, Gui ― Hoseok engoliu o pedaço de pizza e raspou a garganta. ― Meu padrasto se sentia do mesmo jeito. Aí veio a minha mãe, ele foi conhecendo ela aos poucos, criando um certo vínculo, fizeram amizade, ficaram, namoraram e no fim casaram. Tempo depois, ele se descobriu demissexual. Eu acho a relação dos dois a coisa mais lindinha do mundo desde o começo.

― Demissexual? ― arqueou a sobrancelha. ― O que é isso?

― Acho que de maneira resumida, é quando uma pessoa se sente atraída por outra quando tem um vínculo afetivo entre elas primeiro. ― Jungkook explicou.

― Tipo assim; supondo que uma pessoa muito linda chegou querendo ficar com você, mas você não se sente atraído porque não têm aquela conexão antes, sacou? Ela pode ser a pessoa mais linda do mundo mesmo, mas se você não conhece ela primeiro, não rola, sabe? ― Hoseok acrescentou e voltou a comer.

Yoongi ficou pensativo por alguns segundos.

― Interessante…

― Não estamos querendo impor nada, Gui ― Hoseok acautelou.

― Não, ‘tá de boa. Se eu for parar para pensar agora, acho que não me sinto tão perdido sabendo que não sou só eu que se sente assim.

― De qualquer forma, se você quiser pesquisar melhor sobre, conhecer, sabe? ― Hoseok sorriu sem mostrar os dentes.

― Vou fazer isso. Obrigado ― sorriu e voltou a comer.

― Ei ― San chamou, atraindo os olhares dos outros novamente. O loiro pareceu lutar internamente com si mesmo, procurando as palavras, até finalmente desviar os olhos para outro canto e dizer: ― E… pessoas que não sentem vontade de, sabe, fazer sexo?

Os cinco trocaram olhares silenciosos por alguns segundos e San abaixou a cabeça, um pouco nervoso.

― Ei Sanie, relaxa, somos seus besties, hm? ― Hoseok tocou o ombro de San e o beijou na bochecha, arrancando um riso do loiro.

― Pessoas assexuais. ― Jungkook respondeu depois de alguns segundos. ― São pessoas que não sentem atração sexual, ou sentem atração sexual numa intensidade menor do que a maioria das pessoas, ou sentem atração sexual em apenas determinadas condições.

― E a demissexualidade é uma orientação assexual. ― Hoseok acrescentou.

― Acho que vou pesquisar mais a fundo também ― San conseguiu dizer, um pouco mais leve e se ajeitou no chão. ― A gente pode deixar isso entre a gente por enquanto? Eu quero entender melhor primeiro.

― Nem precisava pedir, Sanie ― Soraya sorriu e apoiou o queixo no ombro do loiro.

― A pizza ‘tá esfriando! ― Hoseok alertou, despertando os outros para voltarem a comer.

O clima ficou confortável nos minutos em silêncio que vieram depois. Até Jungkook arregalar os olhos, se lembrando de algo.

― Qual é sua espécie favorita de baleia, Gui?

― Jubarte!

― Elas são lindas! ― Soraya expressou animada, contagiando Yoongi.

Bastou aquilo para os dois entrarem em um assunto sobre jubartes. Jungkook continuou comendo seu último pedaço de pizza com um sorrisinho nos lábios.

🍒🐐

Namjoon encostou a camionete perto da calçada e abriu o vidro, observando os cinco garotos sentados em um banco de madeira do lado de fora da oficina. Jungkook se levantou primeiro, sendo seguido pelos outros três.

― Já estão indo? ― Severino apareceu correndo, usando um conjunto confortável de pijama.

― Já sim, seu Sevis, mas vamos voltar qualquer dia desses com o bonde completo, viu? ― Hoseok se aproximou do velho e o abraçou, tendo o contato correspondido de imediato.

― Eu vou esperar então, viu? ― sorriu, deixando tapinhas nas costas do garoto de mechas.

Hoseok abraçou Yoongi também e entrou na camionete. Os outros três repetiram os movimentos do loiro de mechas, abraçando Severino e Yoongi antes de entrarem no veículo.

― Tchau, Gui! Qualquer dia desses, faremos um encontrinho de gatinhos! Eu trago o Bibble! ― Jungkook acenou da janela, assim que o veículo começou a se afastar.

― Beleza! ― Yoongi riu e acenou, se divertindo com a agitação animada do avermelhado.

Ao se ajeitar no banco e colocar o cinto, Namjoon fechou o vidro do mais novo e ligou o ar gelado.

― Como foi o trabalho?

― Produtivo, tio! ― Hoseok respondeu. ― Conseguimos deixar tudo pronto. Agora é só estudar mais sobre o tema para a apresentação.

― O Yoongi tem uma gatinha muito lindinha, pai! Ela é toda branquinha e usa uma coleirinha roxa.

― Que gracinha. Qual o nome?

― Julieta. Mas o avô do Gui chama ela de Juju. Ah, e ele também é um amor! Tratou a gente super bem e pagou a pizza.

― Que bom que se divertiram com tudo isso também.

― Isso. Mas agora eu só quero chegar na casa da minha tia, tomar um banho e cair na minha caminha. Meu cérebro funcionou mais do que o normal hoje. O pai precisa de um descanso reforçado! ― San deitou a cabeça no ombro de Soraya, escutando os dois ao lado rirem.

― Aí você fica na casa da sua tia hoje e volta para a sua casa amanhã? ― Namjoon perguntou curioso, observando o loiro pelo retrovisor.

― Aham. Wooyoung já deve estar chorando de saudades.

― Vocês são vizinhos, não é? ― Jungkook olhou para trás.

― Quase isso. Não moramos muito perto um do outro, mas também não é tão longe. Ele passa mais tempo lá em casa do que na própria casa.

― E você ama, afinal, não vive sem ele ― Soraya argumentou e riu nasal.

― Isso é detalhe.

― Ah, Goo! ― Namjoon emitiu mais alto ao se lembrar de algo. ― Adivinha quem está na fazenda?

― Sou péssimo com adivinhações… ― devolveu pensativo, tentando desvendar o mistério. ― Fala logo, vai.

― Nayeon. A irmã do Jico. Ele tava todo animado com ela lá.

― Nay? ― Soraya entrou no assunto com um sorrisinho. ― Eu morro de saudades dela. Faz tempo que não nos falamos também.

― Então vou conhecer a irmã dele, que legal! Ele fala tanto dela… ― expressou reflexivo com um mini sorriso.

― Vocês são amigas, Soso? ― Hoseok perguntou.

― Sim, quer dizer, eu acho que sim. A gente perdeu contato, mas éramos bem próximas quando eu e o Jico namorávamos. Aí quando eu ia pra casa deles, ela tava lá, ficávamos conversando e o Jimin brigando com ela porque supostamente, ela estava me roubando dele. Eu gosto muito dela, de toda a família do Jico, na verdade. Sempre me trataram muito bem e com muito amor. A dona Rosélia me tratava como uma filha praticamente, me defendia nas briguinhas bobas que eu tinha com o Jico e ele ficava todo emburrado. Agora o Roberto era pior que criança, gostava de tirar sarro de mim e do Jico todas as vezes que ele encontrava a gente juntos.

― Às vezes eu esqueço que você e o Jico já namoraram ― Namjoon riu fraco, concentrado no trânsito.

― Eles eram a meta de geral na escola ― San se afastou de Soraya e ajeitou o corpo no banco. ― E aquele Jimin era um gado, pelo amor de Deus!

― Não fala assim! ― Soraya ralhou risonha. ― Ele era muito fofo, ainda é na verdade. Foi uma fase boa nas nossas vidas, eu acho, pelo menos pra mim. Eu estou bem feliz que estamos nos aproximando de novo, porque eu não queria perder isso de jeito nenhum. Quando terminamos e paramos de nos falar, fiquei mal pra cacete e nem tinha um motivo exato, a gente só… se afastou. Era um pouco frustrante olhar para ele quase todo o santo dia e não poder agir como era antes porque algo tinha se perdido e eu nem sabia o quê. Agora penso que talvez precisássemos de um tempo, que poderia ter sido menor, claro, mas o importante é que voltamos a nos falar e eu não poderia estar mais feliz.

― Isso aconteceu depois que o Goo chegou. O bichinho uniu mais o nosso grupo, e de certa forma, fez você e o Jico voltarem a se falar ― Hoseok acrescentou.

― É verdade! É o nosso moleque de ouro!

― Ouro é pouco, ele é puro diamante ― Soraya corrigiu.

― Eu concordo, viu? ― Namjoon bagunçou os fios vermelhos do garoto tímido no banco ao lado.

― Parem com isso. ― Jungkook pediu baixo, fazendo os outros rirem. ― Voltando a focar no assunto, o Jico era um ótimo namorado, certo? Taehyung estava brigando com ele esses dias, dizendo que ele não era.

― Teco só fala abobrinha, Goo ― Soraya riu. ― Eu falo com toda sinceridade do mundo, que o Jimin era um príncipe encantado e me tratava como uma princesa. Se preocupava com coisas simples, como: carregar minha mochila, encher minha garrafinha na escola porque eu sempre esquecia e ainda esqueço. Jimin sempre foi uma pessoa que gosta de ficar mais em casa, mas sempre se animava para ir ao shopping comigo. Ele gostava de pentear meu cabelo e me ajudar na finalização dos meus cachos, era uma gracinha. Resumindo, ele era, sim, um ótimo namorado. A pessoa que for namorar com ele no futuro, vai ter uma sorte danada.

Jungkook sorriu fraco e olhou para as próprias mãos inquietas em seu colo.

― Vamos falar da pessoa sortuda que vai te namorar também, né? ― San cutucou a bochecha da amiga, a provocando. ― Não queria falar nada, mas o Hoseok também seria um ótimo gado, ou um cachorrinho, para você sair puxando pela coleirinha.

Hoseok não respondeu ao comentário do outro, apenas rolou os olhos e riu. Soraya, por outro lado, acertou um tapa na coxa de San, escutando o loiro resmungar.

🍒🐐

Namjoon deixou Soraya, Hoseok e San em suas respectivas casas antes de voltar para a fazenda com Jungkook. O avermelhado acabou dormindo no trajeto todo, devido ao cansaço das últimas horas.

― Goo, acorda, chegamos ― Namjoon chamou sereno, para não assustar o mais novo. ― Eu te carregaria para dentro de casa como antigamente, mas você cresceu demais, moleque.

Jungkook abriu os olhos sonolentos e piscou confuso olhando para os lados. Precisou de alguns segundos para processar tudo e pegar suas coisas para descer da camionete.

― Minha cara deve estar toda amassada ― proferiu rouco e fechou a porta do veículo.

― Nem tanto. Você fica bonitinho até acordando ― Namjoon riu da careta que surgiu na face do outro. ― Está com fome?

― Não, comi pizza na casa do Gui.

― Ok. Então entra e toma um banho para dormir. Você parece cansado mesmo.

Ainda meio aéreo, Jungkook afirmou e Namjoon saiu com a camionete para guardar o veículo na garagem. Com os sentidos funcionando com mais lucidez de novo, Jungkook pegou o celular no bolso, percebendo a pouca porcentagem, indicando que o aparelho logo iria descarregar. Mas antes que bloqueasse a tela de novo, uma notificação chegou.

||agroboy fav🌾♡: Pode vir aqui?

Não entendeu de primeira, mas ao levantar os olhos em direção a casa de Jimin, reparou o moreno e uma garota sentados sobre uma toalha embaixo de uma árvore, ambos segurando um violão.

Antes que pudesse responder a mensagem, seu celular descarregou. Frustrado, Jungkook guardou o aparelho no bolso e deixou a mochila perto da porta da mansão, Namjoon levaria para dentro de casa se a visse ali. Com isso, o avermelhado começou a caminhar pelo gramado, indo encontrar os outros dois.

― É, o moleque é bonito mesmo, ave Maria ― Nayeon sussurrou para o irmão, observando o avermelhado se aproximar em passos calmos.

Jimin concordou mentalmente, concentrado nos movimentos de Jungkook.

Os olhos de Jungkook caíram em Nayeon assim que parou em frente aos dois irmãos sentados no chão. A primeira impressão, foi que os dois não se pareciam muito, e que a garota tinha traços mais semelhantes com Roberto.

― Tava dormindo, cherry? ― Jimin perguntou bem humorado, apoiando os braços no violão em seu colo.

― Pior que sim. Aquele trabalho acabou comigo. ― Coçou os olhos e bocejou.

― Não vou tomar muito seu tempo então ― soltou um riso. ― Cherry, essa aqui é minha irmã, Nayeon. Nay, esse é o Jungkook.

― Oie, Jungkook, tudo bem? ― cumprimentou.

― Bem e você?

― Estou bem, obrigada. É um prazer, viu? O Jico falou muito de você só nesse pouco tempo que cheguei.

Jungkook piscou para limpar sua visão e olhou para o moreno, que desviou os olhos para o violão.

― Espero que não esteja manchando minha imagem para a sua irmã, Jico.

― Ele te chamou de mauricinho e mimadinho!

― Mentira! Sua mentirosa do caralho! ― Afrontou a mais velha.

― Que coisa feia, Jimin ― Jungkook riu nasal e negou com a cabeça. ― Se é mentira, como ela sabe justamente dos apelidos que eu não gosto de ser chamado?

― Porque eu disse pra ela que você não gosta de ser chamado assim! Só isso, ela que fica inventando lorota!

― Sei…

― É sério! ― suspirou, desistindo de tentar qualquer outra explicação. ― Olha o que ‘cê fez, Nayeon!

― É brincadeira, Jungkook ― ela finalmente disse e riu. ― Ele não te chamou assim, só explicou mesmo que você não gosta de ser chamado assim. Mas falou muito bem de você. Sobre você ter vários talentos, ser muito bonito, ter um cabelo vermelho foda, uma personalidade incrível-...

― Ela está exagerando. ― Jimin proferiu inquieto.

― Pior que não estou, viu?

Jungkook gargalhou fraco e um pouco tímido.

― De qualquer maneira, eu agradeço a propagando que fez sobre mim para sua irmã, Jico ― mirou os olhos no moreno, que sorriu envergonhado.

― Não quer ficar um pouco aqui com a gente, Jungkook? ― Nayeon deu batidinhas na toalha, indicando o lugar ao seu lado.

Ao olhar para Jimin, notou que o moreno também parecia ansioso por uma resposta.

― Fica… ― Jimin pediu mais grave.

Com certeza teria recusado se tivesse sido apenas Nayeon o convidando. Mas como negar algo para um Jimin pedindo com uma voz tão mansa e um olhar esperançoso?

É, Jungkook estava com problemas.

Sem escapatórias, Jungkook acabou se sentando ao lado de Nayeon, ficando de frente para Jimin.

― Como foi o trabalho? Além de cansativo? ― Jimin perguntou.

― Foi legal. Eu conheci a gatinha do Gui, e ela é uma gracinha! O avô dele também é super gente boa, tratou a gente super bem e ainda pagou a pizza. E o melhor é que conseguimos deixar tudo pronto.

― Maravilha então, não precisam mais se preocupar com o trabalho. Enquanto isso, eu ainda estou pensando em como vou fazer essa merda.

― Por que vocês não fizeram juntos? ― Nayeon perguntou.

― Não foi a gente quem escolheu, foi a professora. ― Jimin respondeu frustrado.

― Mas enfim… ― Jungkook suspirou. ― Vocês estavam tocando, né?

― Uhum! ― Nayeon afirmou. ― Se tivesse chegado um pouco antes, iria flagrar a gente tocando “Se Essa Rua Fosse Minha”.

― É uma música bonitinha. Eu gosto.

― A gente sempre cantava essa antes de dormir quando éramos crianças, né Jico?

― Sim, aí virou um costume nosso.

― Que fofo ― Jungkook sorriu, encolheu as pernas e as abraçou. ― Eu quero ouvir vocês tocarem.

Instantaneamente, Jimin ficou nervoso, enquanto Nayeon se animou com a ideia.

― Vamos Jico!

― Eu… ― olhou para Jungkook, focando nos olhos redondos e suspirou. ― Okay. Qual?

Nayeon não respondeu. Ao invés disso, ajeitou o violão rosa nas pernas dobradas e começou a dedilhar as cordas. Jimin precisou de alguns segundos para decifrar a melodia e começar a tocar também, acompanhando a irmã.

Jungkook sorriu ao reparar que de fato, o violão de Nayeon também carregava as inicias no tampão, igual ao de Jimin.

Pra você guardei o amor que nunca soube dar
O amor que tive e vi sem me deixar
Sentir sem conseguir provar
Sem entregar
E repartir


As vozes de Jimin e Nayeon encontravam uma harmonia perfeita enquanto tocavam em sincronia. Os olhos do moreno seguiam um hábito de focar nos próprios dedos e desviar para o rosto de Nayeon. Mas quando mudaram o percurso para focar em Jungkook, Jimin sentiu sua barriga esfriar.

Jungkook continuava quieto, com o rosto apoiado na palma da mão e um biquinho nos lábios devido a bochecha prensada. Ao notar a atenção em especial que estava recebendo do moreno, Jungkook piscou meio desconcertado e sorriu fraco.

Mesmo assim, Jungkook não conseguiu desviar os olhos dos semelhantes de Jimin. Continuou o observando com paciência, sentindo seu coração sair do ritmo normal quando um sorrisinho sem força cresceu nos lábios de Jimin.

Ouvir Jimin cantar, poderia entrar facilmente para uma das coisas favoritas de Jungkook. A voz do mais velho era suave, transmitia tranquilidade e era linda. Apesar de não ficar surpreso com o talento absurdo de Jimin, Jungkook não pôde conter um suspiro impensado que acabou escapando de seus lábios.

Estava encantado. Encantado pela voz de Jimin, pelo jeito que o moreno lhe olhava enquanto cantava e pelo sorriso que não saía de seu rosto. Estava encantado por Jimin.

🍒🐐🍒🐐🍒
#LacemOClementino

I was enchanted to meet youuu

Como são baitolas!😭😭😭 Nhai? Gostaro? Opiniões, críticas aqui 📥

Qualquer erro podem estar me alertando, pode escapar uma coisa ou outra e eu acabo não vendo.

Acho que é só, bye vidas! Até a próxima atualização!💕

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