Getaway Car || Percabeth AU

By darcypoeisy

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onde Annabeth foge no meio do seu casamento e entra no primeiro carro que vê na rua ou onde Percy é surpreend... More

Personagens
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By darcypoeisy

📲 Annabeth

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📲 Grover

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Percy's POV

Rachel quem abre a porta, e Calipso cumprimenta a ruiva muito animada e bem humorada. As coisas entre nós não estão normais, e Cali parece achar que se forçar uma naturalidade e leveza, tudo vai sumir, mas não ando com paciência para fingir que está tudo bem, percebi que isso me desgastava mais do que simplesmente aceitar que está tudo uma droga.

Fomos os últimos a chegar, vejo que todos os nossos amigos já estão na sala, inclusive Annabeth. Não tivemos a chance de conversar ainda, desde que eu a chamei para isso e ela me disse que não podia, não nos falamos mais, então acho que o sinal está claro. Não posso forçar ela a ter essa conversa enquanto ela não se sentir confortável, enquanto para mim esse tempo é angustiante, talvez para ela seja confortável e bem vindo. Ainda assim, pensar que ela quer se manter distante de mim dói mais que todas as outras coisas que venho sentindo.

- Percy atrasado, nenhuma surpresa. - Piper faz sua velha implicância, e apenas dou um meio sorriso para ela. Faz sentido que até sorrir pode cansar ainda mais uma pessoa?

- Foi mal. - peço para todos.

- Agora que estamos todos aqui, vamos todos se sentar, por favor. - Grover pede, se virando para a namorada também. - Inclusive você.

Juniper revira os olhos de forma tão drástica, e ouço um risinho da Annabeth, o que me faz olhar para ela. Ela está particularmente bonita, com o cabelo preso em um coque despojado que parece prestes a cair e deixar seus cachos loiros soltos a qualquer momento. Ela não se sentou como o restante de nós, ficando de pé apoiada no batente da porta, perto de Grover e Juniper. É a primeira vez que ela encontra todo mundo desde o Halloween, e não sei se todos já haviam falado com ela, mas ela não parece desconfortável, parece na verdade bem animada.

Calipso nem ao menos dirigiu os olhos até a loira, mas o gelo foi recíproco, já que Annabeth não pareceu interessada em notar a presença da minha namorada. Imagino que, como eu fiquei bravo, ela também deve ter ficado, embora de maneiras diferentes.

Volto minha atenção para o meu melhor amigo, dividido entre curiosidade e preocupação, embora ele tenha me dito que esse último sentimento era desnecessário. O que pode ter feito os dois fazerem questão de reunir todo mundo assim, não deve ser algo sem importância. Será que eles vão se casar? Apesar do relacionamento deles não ter tanto tempo, isso seria algo que nem me surpreenderia, consigo imaginar os dois se casando bem cedo, e tenho muita certeza que eles dariam certo assim.

- Ok, vamos lá. - Grover começa a dizer, pegando a mão de Juniper, que permaneceu de pé do lado dele. - Não é algo que estávamos esperando, mas espero que vocês fiquem felizes, assim como nós estamos, certo Juni?

- Sim. - ela sorri tranquilizadora para ele, como se tentasse garantir que está feliz de verdade.

- Falem logo, vocês estão me deixando nervosa. - Thalia reclama.

- A Juni está... - a voz de Grover soa mais alta e aguda que o normal.

- GRÁVIDA. - Juniper interrompe, gritando a palavra.

As reações não demoraram um segundo, a sala explodindo em gritos surpresos e felicitações, todos ficando de pé para abraçar o casal. Já eu, permaneço sentado, absorvendo a informação, já que não era o que eu esperava. Grover vai ter um bebê. Meu melhor amigo vai ser pai. O cara que brincava comigo criança, se metia em todos os problemas junto comigo, está começando uma família. A constatação me emociona, eu vou estar aqui vendo o bebê dele crescer, vou poder ajudar, ver o pai extremamente cuidadoso e medroso que ele vai ser, e isso enche meu peito de orgulho.

Meus problemas agora são varridos para debaixo do tapete, primeiro porque me sinto feliz e vendo alguma luz depois de muito tempo, segundo, porque os meus problemas são apenas meus, não posso mais jogar nada para cima do meu amigo a partir de agora, ele está vivendo o momento da vida dele.

Me levanto do sofá em direção ao meu amigo, ele me vê chegando e se vira para mim. Talvez nossa conexão seja realmente real, afinal de contas. Ele abre os braços, e quase caímos no nosso abraço apertado. Aperto ele forte, tentando mostrar sem usar palavras, como estou feliz por ele, como eu já amo essa criança, porque a família do Grover também é parte da minha, e eu vou ser o melhor tio do mundo. O jeito que ele me aperta de volta, me faz acreditar que ele entende.

Saio do abraço e me direciono para Juniper, que me aperta do mesmo jeito.

- Tenta não estragar muito meu bebê, tá bom? - ela brinca.

- Impossível, vou mimar e deixar ela fazer tudo o que quiser.

- Ela? - Juniper me olha curiosa, estreitando os olhos para mim.

- O Grover é pai de menina, eu tenho certeza disso, nossa conexão já me confirmou.

Ela gargalha, e me distraio com um ponto acima do seu ombro. Annabeth está no mesmo lugar de antes, olhando a cena, e noto que ela foi a única que não pareceu surpresa ou foi abraçar os dois. Volto minha atenção para a linda grávida na minha frente, e deixo um beijo na testa dela.

- Estou feliz que é você que vai ser a mãe dos filhos do Grover. - digo sincero.

Ela parece emocionada com o comentário, e agora lembro bem que Juni estava mesmo com os ânimos a flor da pele ultimamente, agora tudo faz mais sentido.

Desvio dos dois, enquanto todos seguem conversando com eles, nem havia percebido que furei a filha, mas ninguém nos interrompeu, o barulho ainda estava alto na sala e eu nem havia notado, preso dentro da minha própria cabeça. Dou os três passos que me separam de Annabeth, e paro encostado na parede, do lado do batente que ela está apoiada.

- Vai ser uma menina, então? - me surpreendo que é ela quem puxa assunto, e ela se direcionar a mim faz meu coração disparar nervoso.

- Com certeza, vai ser uma menina. - garanto. - O que você acha?

Ela me olha, e embora tenha visto ela dois dias atrás, parece a primeira vez que nossos olhos se encontram em muito tempo. A intensidade dos olhos dela sempre mexeu muito comigo, e isso continua acontecendo.

- Deve ser menina. - ela dá os ombros. - Vou confiar em você.

Se ela soubesse o peso que essa frase tem para mim. Saber se ainda tenho sua confiança, sua amizade, seu amor, é o que mais me preocupa agora.

- Você já sabia. - observo, sem precisar perguntar, a forma como ela reagiu diferente de todo mundo hoje foi bem óbvio.

- Sim. - ela confirma. - Juni me contou quando ficou sabendo, anteontem.

Consigo notar a pitada de orgulho na voz dela quando conta que foi a primeira a saber, como se fosse algo que fez ela se sentir muito especial. Talvez isso se dê por culpa de todos nós, que deixamos ela sentir que não era prioridade de ninguém.

- Espera, anteontem? - percebo esse detalhe, e ela confirma que sim. - Por isso você disse que não podia conversar comigo?

- Isso, eu tinha acabado de chegar na Juni, ela tava muito em choque, acabou que fiquei na casa dela até ontem, saí quando ela resolveu conversar com o Grover. Deveria ter te mandado mensagem, mas no meio dessa loucura toda eu fiquei atrasada com algumas coisas do trabalho, me desculpe.

Existem metáforas que são muito reais, como por exemplo, quando dizem que alguma coisa trouxe a sensação de tirar um peso dos ombros, e é exatamente assim que me sinto agora. Ela não falou comigo porque não queria, e sim porque realmente não tinha como no momento. Respiro um pouco mais leve, o que é um alívio, porque me sinto como se tivesse um piano em cima do meu peito todas as horas do dia.

- Que cara é essa? - ela pergunta, e não tenho certeza de que expressão eu estava fazendo.

- É que eu achei que você não queria me ver ou falar comigo. - confesso.

Ela parece surpresa por esse ter sido o caminho dos meus pensamentos, e balança a cabeça em negação. Penso que nós dois estamos fazendo muito isso ultimamente, chegar a conclusões negativas sem ter nenhuma certeza, ainda mais se tratando um do outro.

- Nossa, mas estamos com um grande problema de falha de comunicação. - ela verbaliza o que eu pensei.

- Pensei a mesma coisa, juro. - conto, e um sorriso pequeno surge nos lábios dela, e imagino se ela se sentiu nostálgica como eu, pensando em como antes essa sintonia nossa era comum. Talvez não seja o momento adequado, mas uma parte de mim quer aproveitar essa leveza que ultimamente tem sido rara, porque talvez assim seja mais fácil resgatar um pouco do que éramos. - Eu queria muito falar com você, se você não quiser agora, tudo bem, mas eu realmente...

- Quero sim. - ela confirma depressa, quase me fazendo rir de como suas bochechas ficaram vermelhas assim que ela percebeu que falou muito rápido, e percebo que rir já não parecia algo natural em mim, mas com uma pequena atitude de Annabeth, foi inevitável. - Desculpa, é que eu também queria falar com você, e tinha ficado com medo que você não quisesse.

- Eu te mandei mensagem perguntando se podíamos conversar. - lembro.

- É, mas as coisas tem andado... estranhas, fiquei sem saber muito o que fazer. - ela dá os ombros sem jeito, e isso que ela está sentindo é algo que me é muito familiar, já que me sinto do mesmo jeito.

- Eu entendo. Então, será que podemos...

- Claro, eu... - Annabeth é interrompida quando Calipso se aproxima, entrelaçando seu braço no meu.

- O Grover vai ser pai, isso não é incrível, meu amor? - ela pergunta, parecendo genuinamente animada.

- Realmente incrível. - concordo, mas algo dentro de mim se revira desconfortável vendo Calipso e Annabeth lado a lado.

- Imagina só quando formos nós, vai ser tão empolgante termos a nossa Ariel. - ela me apresenta um largo sorriso, e o que quer que fosse que já estivesse revirando dentro de mim, agora dá cambalhotas.

Quando falávamos sobre filhos, Calipso defendia que teríamos gêmeos, dois meninos, e se tivéssemos uma menina, ela definitivamente não se chamaria Ariel, então não entendo muito o seu comentário. Talvez ela esteja tentando me bajular, depois do que aconteceu, ou... desvio os olhos para Annabeth, e penso se minha namorada veio aqui comentar algo sobre o nosso futuro apenas porque Annabeth está aqui.

Me envergonho de desconfiar assim da minha própria namorada, mas agora não sei mais no que acreditar, o pensamento foi inevitável. Um bom namorado não pensa coisas ruins assim da pessoa com quem tem um relacionamento, certo?

E o cenário que ela pintou parece estranho à minha própria imaginação. Um futuro com Calipso, ela ser mãe dos meus filhos... essa deveria ser uma visão que me empolga, mas não é isso que acontece. Preciso aprender a dar nome para tudo que venho sentindo, por mais estranhos que esses sentimentos pareçam dentro do meu peito.

- Mas só daqui alguns anos, eu sou jovem e com o corpo bonito demais para engravidar. - Calipso volta a falar. - Manter esse corpinho magro dá trabalho, não quero perder ainda.

Dentre tudo que ela poderia comentar, ela falar logo sobre corpo magro, é a pior. Annabeth se remexe desconfortável, e imagino que isso ainda seja um tópico insensível para ela, e Calipso sabe disso, mesmo que por alto, então se gabar de sua magreza não foi algo legal. Preciso me controlar para não responder algo grosseiro, então apenas respiro fundo.

- Eu estava indo conversar com a Annabeth, daqui a pouco entro de novo. - acabo por ignorar seu comentário, indicando a porta dos fundos que dá ao jardim da casa da Juniper.

- Vocês vão conversar agora? - Calipso pergunta, finalmente parando de ignorar a presença de Annabeth.

- Vamos. - confirmo.

- Vocês não acham que, sei lá, não é hora para isso? Agora é o momento do Grover e da Juniper, não sei se isso é uma boa ideia, se não for uma boa conversa, vai estragar o clima.

- O que não é uma boa ideia? - Grover para na nossa pequena roda, parecendo curioso.

- Eu e Annabeth conversarmos agora. - explico.

- E porque isso não seria uma boa ideia? - Grover pergunta, parecendo confuso.

- Porque agora é o momento seu e da Juni, não dos dois. - Calipso argumenta.

- Eu e a Juni fazemos questão que vocês conversem logo, já demoraram até demais. - ele coloca uma mão no meu ombro, outro no da Annabeth, e começa a nos empurrar para a porta. - Conversem, se resolvam, vai fazer bem para vocês dois. O jardim é todo de vocês, não vou deixar ninguém atrapalhar. Só saem daí até estarem bem.

- Você parece estar nos colocando de castigo. - Annabeth brinca, e fico aliviado que ela parece concordar com ele, que nossa conversa é necessária.

- Já estou treinando para ser pai. - ele pisca divertido. - Até logo.

Antes dele fechar a porta, consigo ver Calipso ainda no lugar onde estávamos, a alguns passos da porta dos fundos, e ela não parece muito satisfeita, mas essa não é minha prioridade agora.

Caminhamos até um banco que tem aqui, e sentamos lado a lado. A paisagem é bonita, Juni tem um dom com plantas, então é um ambiente muito agradável, que me tranquiliza um pouco.

- Eu nem sei por onde comecar. - falo, me virando um pouco de lado no banco, pois quero ter essa conversa com olho no olho.

- Mas eu sei. - Annabeth toma frente. - Eu preciso te agradecer por ter me salvado aquela noite, ainda não tinha feito isso.

- Você não precisa me agradecer por isso. - balanço a cabeça.

- Preciso sim. Ainda mais porque tudo daquela noite te trouxe tantos problemas, então acho que junto com o agradecimento, te devo também um pedido de desculpas. - abro a boca para interrompê-la, mas ela não me permite. - Eu sei que você acha que nenhum dos dois é necessário, mas você salvou minha vida, e pelo que me contaram, você não hesitou um segundo em ir me achar no mar e fazer os primeiros socorros. Eu imagino que deve ter sido muita pressão fazer isso, eu entendo você ter ficado bravo comigo, porque isso te fez mal, te desestabilizou.

- Eu não estava bravo com você, não realmente. - corrijo. - Acho que estava bravo pelo que quase aconteceu. Não deveria ter reagido daquele jeito, descontei tudo que estava sentindo em você, e você não precisava da minha explosão, foi assustador para você também.

- Você não precisa pedir desculpas para mim. - Annabeth diz. - Talvez só por chegar brigando comigo lá no Jason, mas por isso, não precisa.

Aperto os lábios constrangido, afinal eu realmente fui muito desnecessário naquele momento.

- Eu estava cego pelo que eu tava sentindo. Você ter se afogado, aquilo mexeu comigo, Annabeth. Não estou tentando te culpar, longe disso, só que... nunca me senti tão perto assim de perder alguém, a única vez que aconteceu foi com o meu pai, e ele realmente morreu, então eu perdi a racionalidade. E pensar que você tinha ido embora sem nem tentar conversar comigo antes, me fez pensar que você queria se afastar de mim, como se eu estivesse perdendo você outra vez, mas por sua escolha. E como eu já não estava muito bem, foi o que faltava para eu perder a cabeça de vez, e fiz tudo errado.

- Você acha que eu iria querer você fora da minha vida só pelo que aconteceu naquela noite? - ela pergunta, e eu apenas levanto os ombros, sem grandes explicacoes. - Nossa, e eu achei que você não iria mais me querer por perto depois de causar tudo que eu causei. Por isso não desconfiei quando soube que você não queria conversar comigo, para mim fazia muito sentido.

- Eu nunca disse que não queria conversar com você. - me apresso a lembrar.

- Eu entendi isso. - ela garante, e não parece ter dúvidas.

- Então... basicamente ficamos os dois pensando que o outro queria se afastar, sendo que na verdade ainda valorizamos a nossa amizade do mesmo jeito? - pergunto, apenas para confirmar se essa é a conclusão a que nós dois chegamos.

Quando ela ri, eu diria que o tempo até ficou mais bonito e aberto. Um sorriso surge nos meus lábios, sem que eu pudesse evitar, porque passei dias temendo que algo simples assim não voltaria a acontecer, Annabeth do meu lado, dando risada, conversando comigo numa boa, sem dar sinais de querer ficar longe de mim.

- Nos envolvemos em uma grande falha de comunicação, não é? - ela comenta, e eu concordo com isso. - Eu não pensava isso sobre você, sobre ninguém, na verdade. Achava mesmo que você se importava com a nossa amizade, mesmo tudo tendo mudado, mas quando tudo aconteceu, achei que isso iria causar um afastamento maior ainda.

- Se você sabe disso, sabe que não tentei me aproximar de você só pelo que a Estelle falou, não sabe? - pergunto, e ela desvia os olhos dos meus pela primeira vez.

- Eu entendo porque acabei ficando de lado, nunca culpei vocês por esse afastamento, é natural, não tinha porque vocês ficarem se esforçando para mudar algo que não dava pra evitar, já tinha acontecido.

- Não estava me esforçando para mudar esse distanciamento por causa do que a Estelle falou, é isso que eu quero que você entenda. Eu... sentia sua falta, ainda sinto, na verdade. Não fui movido pela culpa, fui movido pelo que meu coração queria que eu fizesse, que era ter você por perto. O que a Estelle me fez pensar foi que se eu queria você por perto, eu deveria fazer minha parte, e não só esperar que você aparecesse ali e pronto. Isso só me fez começar a ir atrás de algo que eu queria que acontecesse.

Vejo em seus olhos que ela queria acreditar em mim, mas também vejo que ela segue com um pé atrás, ou talvez os dois, mas essa percepção que ela tem sobre a amizade dela com todas nós só poderá ser desfeita com ações, e eu garanto que a minha parte eu vou fazer.

- Por que você nunca comentou com ninguém que estava se sentido assim? - pergunto.

- Eu não queria incomodar. - ela quem dá os ombros dessa vez, e eu poderia sacudir ela até ela parar de ser cabeça dura, ela não deveria ter esse tipo de insegurança conosco, especialmente comigo.

- Você tem liberdade para falar sobre qualquer coisa comigo, espero que você volte a se sentir confortável para isso. - alcanço a mão dela, apertando-a para passar segurança.

- Você também tem, Percy. - ela garante, apertando minha mão de volta, e penso que no fundo nossa amizade seja daquelas fortes demais para que chegue ao ponto de um não poder mais contar com o outro, e isso me deixa aliviado. - Pode começar me contando o que foi com você, não me entenda mal, mas você está péssimo.

- Você não está muito melhor. - rebato, e ela me mostra a língua, me fazendo rir, mas logo fico sério, porque sei que sua pergunta foi real.

- Não tem sido dias fáceis, mas essa notícia me trouxe uma leveza que eu não sentia tinha muito tempo, então estou usando o dia de hoje para fingir que todos os dias são leves assim. - Annabeth confessa.

- Entendo o que você está falando, hoje parece um dia que poderia ter acontecido dois meses atrás.

- Isso mesmo. Nostálgico, de alguma forma. - Annabeth traz muito esse sentimento para mim, nostalgia, talvez porque associo sua imagem e sua presença a uma época em que tudo era mais colorido e suave. - Você ainda não me respondeu.

Antes que eu perceba, simplesmente começo a falar, sem notar que eram pensamentos que eu vinha guardando para mim, mas agora compartilho com ela.

- Sabe como é não gostar mais da sua vida, se questionar como você foi parar naquele lugar, nem se reconhecer mais? - pergunto, e ela confirma que sabe, e bem, se tem alguém que eu tenho certeza que conhece o sentimento, é Annabeth. - Eu queria que minha vida voltasse a ser como era, mas parece que não sei mais voltar para esse caminho, como se eu tentasse caminhar usando sapatos apertados que pertencem a outra pessoa. As coisas não andam mais fazendo sentido, tudo parece uma bagunça, e eu estou cansado de me sentir um estranho. E ainda aconteceram tantas coisas, com você, com a Calipso, e agora eu só fico pensando...

- Pensando em quê? - Annabeth me incentiva a continuar.

- Eu... nem sei explicar. Tudo que ela faz agora, eu fico analisando suas intenções, às vezes me pego pensando no que ela já pode ter feito em meu nome, como ela fez com você. Não é correto ficar desconfiado de tudo que a namorada faz, eu me sinto péssimo por ficar pensando isso, mas fiquei incomodado que ela estava vendo de perto como eu estava perdido, e quis me deixar mais no escuro ainda.

Termino meu desabafo, e percebo que o que estou fazendo talvez seja muito errado, falar sobre os problemas que sinto no meu relacionamento justamente para a pessoa que minha namorada menos gostaria que eu fizesse, mas as palavras simplesmente derramaram da minha boca.

Annabeth aperta os lábios, e só então percebo que nossas mãos ainda estão juntas. Ela parece perceber o mesmo que eu, pois se apressa a soltar, suas bochechas assumindo uma tonalidade vermelha.

- Eu não acho que minha opinião seria muito imparcial. - Annabeth diz, ignorando o que aconteceu.

- Você tem motivos para estar chateada com ela.

- Você também. Não precisa se sentir mal por isso, caso esteja.

Apoio meus cotovelos na minha perna, e escondo o rosto na minha mão, apertando bem meus olhos, tendo apenas a escuridão absoluta. Acho que eu estava novamente tentando seguir pelo caminho de ignorar algo que eu sinto, fazer como Calipso e fingir que tudo está bem, mas não tenho mais cabeça para isso.

O mais importante, era garantir que Annabeth não me odiava, que eu não estraguei minha amizade de forma definitiva com ela, e esses breves minutos que conversamos a sós me deu esperança de que nós vamos conseguir nos reconectar, de um jeito que nunca deveria ter parado de acontecer. Mas sei que isso não vai ser algo satisfatório para minha namorada.

Calipso é a próxima coisa a ser riscada da minha lista de coisas a consertar, mas não sei se esse é o nosso problema, porque nem identifiquei exatamente qual parte precisaria arrumar. Confiança não é algo que se conserta do dia para a noite, e existe algo a mais, que nem sei o que seria. Agora preciso dar mais atenção para o meu namoro, ser mais ativo, parar de deixar a maré me levar, porque Calipso também não é mais quem me traz paz, e isso é algo que uma pessoa deve encontrar na outra com quem tem um relacionamento, então para que a gente continue dando certo, preciso voltar a sentir isso.

- Vamos mudar de assunto, porque eu estava de bom humor, e isso me coloca em uma espiral muito negativa. - volto a olhar para Annabeth quando digo isso. - Como está sendo morar com o Jason?

Ela parece grata pela mudança de assunto, e penso que trazer Calipso a tona não foi a melhor ideia.

- Nada novo para mim, ter o Jason por perto é bem natural, mas logo isso acaba, quero meu próprio apartamento logo. - o cabelo dela finalmente solta do coque, se esparramando bagunçado. A visão me distrai um pouco, e me sinto culpado por sua beleza ter esse efeito em mim, então tento não encarar tanto enquanto ela prende outra vez.

- Você quer ajuda para procurar apartamento? Espero que você não pretenda ir para longe. - ofereço ajuda, e a última parte tem muita importância para mim.

- Na verdade, Sean já me ajudou a procurar, e não olhei nada que ficasse a mais de dez minutos da pousada.

Como se já não estivesse tudo bagunçado dentro de mim, ela falar esse nome bagunça o que ainda tinha de organizado. Me lembro bem dele saindo do quarto dela depois de passar a noite fazendo coisas que prefiro não imaginar, as fotos que eles postam um do outro, e agora saber que ele está ajudando ela com coisas pessoais... o ponto de conclusão da soma desses fatores não me deixa muito animado, e eu não deveria me incomodar por isso, não deveria.

- Ah, Sean... Vocês estão bem próximos. - comento, tentando não soar rabugento. Não preciso de mais uma coisa na minha cabeça, então esse desconforto é algo que eu definitivamente vou fingir não sentir.

- É, acho que sim. - ela dá os ombros, indiferente sobre o assunto.

- Depois me conta sobre onde escolher morar. - digo. - Preciso pensar em algo bem especial para te dar de inauguração, mas não sei se vou conseguir me equiparar ao seu.

A miniatura do posto ainda segue firme do lado da minha cama, nunca deixei que Calipso mudasse ela de lugar, é meu objeto favorito na minha casa.

- Foi um presente de aniversário, e não de inauguração do loft. - Annabeth lembra, mas vejo um sorrisinho surgir na sua expressao.

- Me deixa te dar presentes em paz. - reclamo de brincadeira, e ela apenas sorri, empurrando meu ombro de leve.

- Acho que nós deveríamos entrar. - ela sugere. Não é minha vontade, mas entendo porque ela diz isso, já estamos aqui tem um tempo, e Grover deve estar tendo trabalho para não deixar Calipso vir aqui, porque depois dessa demora ela deve estar furiosa.

- É, acho que devemos. - concordo. - Nós estamos bem agora, não estamos?

Sinto a necessidade de confirmar mais uma vez, fico na dúvida se esse clima leve vai ser apenas hoje, que ambos ficamos animados com as boas novas, ou se mesmo voltando para a vida real, ainda estaremos bem.

- Estamos bem, Percy. - ela confirma, ficando de pé para sairmos do jardim, e vejo ela começar a se afastar.

- Annabeth. - chamo, ficando de pé também, de repente sentindo uma urgência dentro do meu peito, algo que eu não tinha percebido até agora o quanto precisava. Ela se vira, me olhando sem entender, mas me espera. - Eu posso... te dar um abraço?

Algum tempo atrás, eu nunca precisaria pedir por algo assim, mas agora não sei se só estarmos bem me dá direito a essa proximidade. Sinto meu rosto ficando vermelho, e isso me deixa com mais vergonha ainda, me sentindo vulnerável demais. Annabeth não me responde, nem me olha como se eu fosse bobo por pedir, então acho que para ela também existe essa barreira de "até onde estamos bem?"

Quando ela caminha até mim novamente, meu coração bate de forma descompassada, imagino que pela falta que sentia dela, pelo medo que senti relacionado a ela nos últimos dias, apenas por isso, então abraçá-la é algo especial, por isso a ansiedade.

Ela para na minha frente, como quem diz "estou aqui, e aí?", então tomo a iniciativa de passar o braço em volta da sua cintura e puxar ela para mim. Ela me abraça de volta, e aperto ela nos meus braços, o que ela corresponde, como se precisasse desse abraço tanto quanto eu. Minha coluna agradece por ela não ser baixinha, porque assim consigo esconder meu rosto na curva do seu pescoço sem desconforto. Como seu cabelo está preso, meu contato é diretamente com a sua pele, e seu perfume segue tão bom quanto me lembro de ser.

- Outra vez, me desculpe por tudo que eu causei. - ela sussurra contra o meu ouvido, e sua voz parece emocionada.

- Só se você me desculpar. - digo, o que faz ela dar uma risada leve, sua respiração sendo sentida no meu pescoço.

Nos soltamos do nosso abraço, e seus olhos emocionados me dizem que hoje ela está firme, mas ainda está lidando com mais do que me deixa saber. Espero que eventualmente ela volte a me considerar a pessoa com quem ela pode contar para tudo, falhei na minha amizade com ela em vários momentos, então não posso forçar que ela se abra para mim agora.

Deixo um beijo demorado na sua testa antes de voltarmos juntos para dentro da casa, e me sinto mais leve agora. Um passo foi dado, mas sinto que a minha caminhada para ajeitar minha vida é mais longa do que eu possa imaginar.

••
Eu disse que já dava pra ver a luz no fim do túnel né!! E ai, teorias pros próximos capítulos? O que acharam dessa conversa? Faltou alguma parte que deveriam ter conversado? 👀👀

Me contem tudo, comentem bastante, que volto com mais um capítulo em breve!

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