Olá, Eu Morri | COMPLETO

By lupenauta

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Dizem que os mortos não contam histórias, mas será mesmo? Esther é uma jovem atriz que morreu num acidente v... More

Dedicatória
Prólogo - O dia da minha morte
I - Tô morta, mas tô bem
II - Modelo mirim
III - Meu teste terrível
IV - Mamãe tigresa, porém mansinha
V - Meu teste (menos) terrível
VI - Último teste, glórias!
VII - Corre-corre de atriz
VIII - Vilã rainha da p**** toda
IX - Vai estudar, Esther!
X - Fui vaca
XI - A pobre e solitária Esther
XII - Encontrei um crush
XIII - Os outros
XIV - Fernandinha AIDS
XV - A volta da Fernandinha sem AIDS
XVI - Encontro duplo não tão acidental
XVII - Filme francês ruim
XVIII - Nada de Seu Jorge, é meu Jorge
XIX - Minha sogra poderosa
XX - Um pouco inimigas
XXI - Trégua histórica
XXII - Youtuber Clary
XXIII - A delicinha do meu namorado
XXIV - A difícil vida de atriz adolescente
XXV - Vamos fazer cinema
XXVI - Virei a boneca mais feia do mundo
XXVII - Meu filme vai ser ruim
XXVIII - Manu e Jorge feat. a minha cara feia
XXIX - A fofissima Manu
XXX - Ciúmes da ruiva
XXXI - Começam as filmagens
XXXII - Industria tóxica
XXXIII - Criançada no set
XXXIV - A barbeiragem
XXXV - O sonho de Jorge
XXXVI - Minha vocação
XXXVII - Vamos para a praia
XXXIX - O Último Dia (Continuação)

XXXVIII - O Último Dia (Final da História)

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By lupenauta

Esse capítulo não é narrado por Esther.

******

Carlos estaciona o carro no comecinho da praia e os 5 saíram andando.

- Não podia ter estacionado mais perto da área de banho? - Esther reclama, ela detesta andar.

- E perder essa vista maravilhosa? - responde Carlos, rindo.

E realmente a vista da praia podia ser considerada deslumbrante naquele dia, o sol estava escondido atrás das nuvens, mas sua claridade ainda preenchia o céu, o vento não estava tão forte e as ondas faziam um agradável som.

- Estacionamos longe para não ficarmos tão perto da área de banho, vamos para um local mais reservado - disse Jorge, segurando uma pequena prancha num braço e a bolsa de Esther no outro.

- Ué, mas a área de banho que tem as barraquinhas e os quiosques, não acha melhor irmos para lá? - perguntou Clary, usando seus enormes óculos escuros.

- DE JEITO NENHUM! - Esther, Carlos, Jorge e Fernanda responderam juntos, Clary até ficou desconcertada com a resposta, não entendendo a exaltação deles.

- Desculpa amor - Fernanda foi a primeira a falar - eu sei que é seu aniversário e tal, mas você não tem ideia de como é um saco ir para lugares assim com uma celebridade.

- Sim - continuou Carlos - já basta a Esther com a divulgação do filme, agora você com seus milhões de inscritos, vão ficar em cima de vocês o tempo todo.

Clary ficou um pouco espantada, mas acenou com a cabeça entendendo, ela gostava de gravar para seu canal, mas não gostava das pessoas indo falar com ela na rua ou em outros lugares, ela ficava extremamente ansiosa, principalmente com as fotos e autógrafos, então decidiu aceitar a decisão deles, melhor do que vários desconhecidos em cima dela e de Esther.

- Esse é o preço da fama, amiga - respondeu Esther - Você não tem mais a sua paz, nem para andar na praia.

- Se você precisar de algo, eu e o Carlos vamos buscar lá no quiosque, ok?

Esther encara Jorge com ciúmes, ele vira pra namorada e sorri.

- Pra você também, meu amor.

- Claro, claro... - ela diz, revirando os olhos.

Clary acenou com a cabeça, queria ter paz no seu aniversário.

********

O lugar escolhido era isolado, porém bonito, um pequeno braço da praia, com uma pequena floresta atrás deles e um morro de pedras que se estendia até o mar entre eles e a área de banho, então quem quisesse ir lá, teria que nadar pelas pedras ou dar a volta inteira pela floresta.

- Como você encontrou esse lugar? - pergunta Fernanda, sentada numa toalha, passando protetor solar nas pernas.

- Eu vim aqui com meus pais a alguns anos - Carlos finca com força uma sombrinha na areia - O lugar está bem diferente, mas ainda é bonito.

- Não te trás más lembranças? Vir aqui sem eles?

- Não - ele senta ao lado dela - Eu já superei isso, sem contar que só tenho boas lembranças aqui, e acho que terei mais algumas hoje.

Fernanda sorri e Carlos retribui com um beijo.

- A Clary surtaria se soubesse que estamos fazendo aniversário de namoro justo hoje?

- Acho que não, mas não tem precisão de falarmos isso hoje pra ela, só estamos fazendo um mês.

- Um mês oficial - ela responde, rindo.

- Justo.

Fernanda havia comprado um biquíni novo apenas para aquele dia, ele era vermelho e bem chamativo, ela comprou com apenas um objetivo: provocar Carlos, e estava dando certo, já que ele não parava de olhar. Percebendo isso, ela tira novamente o protetor solar de sua bolsa e entrega para ele.

- Passa nas minhas costas? É que eu não alcanço.

- Ah...claro! - ele responde meio surpreso, mas num tom entusiasmado.

"É o truque mais manjado do universo, mas sempre funciona", pensou Fernanda, se deitando de bruços na toalha.

- Tira meu sutiã.

Carlos ficou vermelho.

- Mas e se alguém ver?

- Amor, você mesmo disse que a praia é isolada, sem contar que não tem nada aqui que você ou as meninas não tenham visto.

- Tá bom - ele se ajoelha ao lado dela - Ah, mas e o Jorge? Ele não viu né?

Fernanda deu uma risada, amava o jeito bobo dele.

- Acredite bebê, os da Esther são bem maiores e mais bonitos que os meus, a última coisa que ele vai fazer é prestar atenção em mim, principalmente com aquele biquíni que ela veio.

- Tá bom...

- Puxa essa cordinha aqui.

********

- Olha só aqueles dois - diz Clary, sentada numa pedra, olhando para Fernanda e Carlos embaixo da sombrinha.

- Quando vamos contar que sabemos que eles estão namorando a um mês? - pergunta Esther, sentada ao lado.

- Não vamos, até porque não é só um mês, esses dois estão juntos a anos, só eram lerdos demais para perceberem.

Clary estava usando um maiô preto com um short branco, apesar de ter um corpo esbelto e bonito, se sentia um pouco insegura de mostrar o corpo, principalmente perto de Esther, que estava usando um biquíni verde-escuro que destacava suas curvas.

Enquanto isso, Jorge brincava sozinho na água, tentando ficar em pé na prancha que ele comprou pela internet.

- Quantas vezes ele já caiu?

- Eu parei de contar na oitava - Esther limpa seus óculos escuros na bermuda de Clary - Eu tô até feliz que ele está se distraindo um pouco, ele e a mãe discutiram ontem.

- Eu soube, a tia é maravilhosa, mas ela tem o costume de querer se meter no futuro dele.

- Eu sei que ele seria um médico excelente, mas feliz? Nem tanto...

- Eu também acho.

- O olheiro de corridas entrou em contato comigo de novo, perguntando se ele gostaria de fazer um teste, eu nem tive coragem de responder.

- Não vai falar com ele sobre isso?

- Eu pretendo, mas já sei no que vai dar, ele vai falar com a mãe, ela não vai deixar, eles vão discutir e ele vai desistir da ideia, afinal, ele é um bom filho.

Depois de cair mais uma vez, Jorge sai da água com a prancha arrastada pelas ondas e acena para as meninas.

- Vocês não vão entrar?

- Tô indo, amor - Esther correu em sua direção, não estava afim de se molhar ainda, mas não queria deixar ele sozinho.

- E você, Clarita?

- Eu tô bem, neném, podem se divertir - ela manda um beijo pra ele.

Jorge apenas acenou com a cabeça.

- Amor, eu tô super profissional no surfe, quer que eu te ensine?

O brilho nos olhos dele fez Esther apagar da memória que, pouco tempo antes, estava vendo Jorge cair dezenas de vezes da prancha sem conseguir passar mais que 5 segundos nela.

- Mas é claro, quero sair daqui melhor que o Medina.

- Vem.

Jorge deu um selinho nela, segurou sua mão e ambos entraram na água.

********

- Um pouco de paz - diz Clary, se esticando por cima da pedra, amava conversar com Esther, mas amava mais o silêncio.

As últimas semanas foram uma loucura para ela, havia terminado novamente com Max e dessa vez queria que continuasse assim, ela havia perdoado a primeira traição, mas uma segunda vez era demais para ela.

Olhava para Carlos e Jorge, ambos felizes com suas namoradas, ela ficava feliz por eles, mas sentia um pouco de inveja.

"Se eu tivesse escolhido um dos dois, eu poderia estar tendo isso agora", pensava consigo mesma, a ideia de namorar um dos dois sempre foi bem vista por ela, mas seu medo de rejeição e de perder a amizade era grande, e terminou que outras duas tomaram a sua vez.

- Tá bom, deixa - ela balançou a cabeça para evitar pensar nisso. Começou a olhar para o céu, meio nublado, mas bem claro, com muitas gaivotas voando acima de sua cabeça.

Seus pensamentos começaram a alternar, pensava nos seus pais, na sua avó, que estava cada vez mais doente, no seu canal do YouTube, que ela amava gravar, mas não gostava da onda crescente de exposição que estava tendo, de 100 seguidores conhecidos, seu Instagram foi para 130 mil seguidores e como ela havia aceitado alguns patrocínios, não poderia simplesmente privar a conta, tudo a deixava ansiosa, com falta de ar.

Clary fecha os olhos e tenta se acalmar, seu pulmão estava apertado, o som das ondas a sufocava.

"Eu não deveria ter vindo, eu deveria ter ficado em casa, eu deveria..."

Seus pensamentos pararam quando sentiu dois lábios beijando suas bochechas.

Por um segundo, o sol saiu de trás das nuvens, ao abrir os olhos, Clary se depara com duas silhuetas inconfundíveis.

- Como você está, meu amor? - Carlos começa a fazer carinho no seu cabelo.

- Vocês estão tapando o meu sol.

- Um ser pálido como você ia pegar fogo se fosse exposta ao sol, viemos te salvar - Jorge diz, com um sorriso no rosto.

Clary sorri de volta, ela estava calma.

- Vamos tomar sorvete? O Carlos disse que tem uma sorveteria seguindo a trilha.

- Não, eu disse que tinha quando eu era pequeno, não sei se ainda está lá.

- Então vamos conferir, uai. Vamos, Clarita?

- Não quero - ela responde, fechando novamente os olhos.

- Ah, você vai - Carlos segura Clary e a joga por cima de seus ombros.

- Eu não quero! Me larga, idiota! - os protestos dela de nada adiantavam.

Clary esticava os braços para bater na bunda de Carlos, ao lado deles, Jorge caia na gargalhada.

- Cuidado para não desmaiar com os 40 quilos dela!

- Não tô aguentando mais - Carlos ria alto - Pega!

Carlos joga Clary na direção de Jorge, ele a segura com firmeza e a coloca por cima de seus ombros.

- Eu odeio vocês dois - ela diz com rosto vermelho, se segurando para não rir - Me coloca no chão, senão arranho suas costas!

- Eu duvido!

- Ah é? - Clary começa a arranhar as costas de Jorge, não tão forte pra não machucar, mas o suficiente pra doer, em retaliação, Jorge bate na bunda de Clary.

- Como ousa agredir quem vai te pagar o sorvete?

- Eu não quero sorvete.

Ela quer sim.

- Você quer sim - responde Carlos.

Eles a conhecem muito bem.

Em meio a protestos e xingamentos, os três amigos sobem a trilha.

********

De longe, sentadas a beira das ondas, Esther e Fernanda assistiam Jorge e Carlos importunando a vida de Clary.

- Sabe - Esther vira na direção da amiga - Para namorar o Carlos, você precisa ter noção de que vai ter momentos em que você vai duvidar se é a mulher principal na vida dele.

- Eu sei - Fernanda prende seus longos cabelos cacheados num pompom - Eu já sei disso a anos, esses três estão em outro nível de intimidade.

- Sim, esses três são fofos demais, nem consigo mais ter ciúmes, pelo menos, não tanto quanto antes.

- É... - Fernanda se estica, virando o rosto para o céu.

Ambas ficam em silêncio, aproveitando o som do mar aos seus pés, depois de alguns segundos, Fernanda se ajeita para ficar mais próxima de Esther.

- Uma em 400 mil - ela diz.

- O quê? - Esther responde.

- A probabilidade de sermos atingidas por um meteoro e morrermos agora.

- Credo, do nada você falando isso, qual o motivo?

- Eu li uma matéria de pessoas que largavam as vidas que viviam para viver como sem-tetos ou eremitas pelo mundo.

- E daí? - pergunta uma confusa Esther, não sabendo do que a amiga estava falando.

Fernanda dá um sorriso de canto de boca e vira na direção da amiga.

- Quando foram entrevistar um dos eremitas, ele respondeu isso.

- É... não entendi.

- Era a desculpa dele para viver assim, que a qualquer momento poderia ser atingido por um meteoro, por isso ele largou a família e decidiu se isolar de tudo. Mas é esse o ponto: não passava de uma desculpa, uma justificativa para uma loucura sem explicação.

Esther levanta as sobrancelhas e acena com a cabeça, ainda não sabia onde a amiga queria chegar.

- E o que tem? - ela pergunta.

Fernanda enrola um fio de cabelo solto e coloca atrás da orelha.

- Eu ganhei uma bolsa para estudar na Holanda, da faculdade de estética de lá.

- O quê??????? - Esther levanta de tão surpresa que está - Isso é maravilhoso!!! Eu nem sabia que você tinha feito a inscrição, me conta tudo!

- É uma longa história, em resumo, me inscrevi faz uns meses e mandei alguns dos meus trabalhos, semana passada me enviaram um e-mail confirmando minha aprovação.

Esther estica a mão para a amiga, Fernanda segura e é puxada para se levantar, as duas ficam cara a cara.

- Eu estou tão orgulhosa de você - diz Esther, envolvendo Fernanda num abraço.

- Obrigada, mas eu não vou.

- Espera, o quê? - Esther solta Fernanda - Tá zoando, não é?

- Não... - a voz de Fernanda falha - Eu realmente não vou

- Mas...como assim? Por que você não vai?

Lágrimas enchem os olhos de Fernanda, com carinho, coloca as mãos no rosto de Esther.

- Simplesmente...meteoros.

As duas se abraçam novamente.

- Eu te amo tanto - diz Esther, com os olhos marejados.

- Eu te amo muito mais.

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