My Golden Gangster.

By SofiaCaramelo7

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Thomas é forçado a viajar para Portugal numa tentativa derradeira de parar Oswald Mosley, que continua os seu... More

Personagens
Lisboa.
Helena.
O Plano.
Vulnerável.
Alfie.
O jantar.
Lastimável.
Tentação
Minha. (+18)
Manhã seguinte.
Pegasus.
Realidade pesada.
Egos esmagados.
Egos esmagados II
Voz da razão.
Demónio.
Sem saída.
Plano B.
Errado. (+18)
Devil's Game.
Força interior.
Sentada à mesa do Diabo.
Reviravolta.
Refúgio.
Entrega. (+18)
Enfrentar.
Broken Heart.
Perigo (+18)
Reencontro.
Verdades ocultas.
Teresa e Cassandra.
Ponto final?
Norte. (+18)
Cura.
666- Devil's Room.
Tempestade. (+18)

Milagre.

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By SofiaCaramelo7

Os dias passavam devagar por Helena e por todos. O tempo tinha deixado de ter significado quando perdeu a conta às horas que religiosamente passava à cabeceira de Alfie esperando a porra de um milagre. Seria preciso isso e muito mais para o salvar mas ela recusava-se a aceitar a realidade crua. O piso daquele hospital tinha virado uma correria desde que as notícias do estado do judeu chegaram à comunidade. Os seus homens estavam perdidos e tentavam agarrar-se à fé pedindo misericórdia a Deus por mais um dia do sábio chefe na Terra. Alfie era mais que um patrão. Era líder nato e 'pai'. Era ríspido e cruel quando tinha de ser e era um cão raivoso que espumava da boca quando perdia a cabeça mas nunca tinha deixado faltar nada aos seus protegidos que o veneravam acima de tudo. Helena sorriu levemente, com o olhar preso no emaranhado de fios que ligavam a alguma parte do corpo de Alfie, recordou-se de como era possuído pelo próprio Diabo nessas alturas. Mas isso significava vida, força e vitalidade. Preferia vê-lo destruir a sua fábrica de cima abaixo para o resto dos seus dias do que assim, consumido pela maldita doença que parecia não dar tréguas.


O seu peito era movido lentamente pela máquina que respirava por ele, lutou com todas as forças que tinha e que Helena lhe deu mas não foi suficiente para escapar ao coma. Já tinha tido uma paragem cardíaca a que tinha assistido impotente e desesperada e que o deixou dependente do ventilador e nem mesmo os médicos conseguiam explicar como ainda estava vivo. Só restava agarrar-se à esperança que de alguma forma ele sabia que estava ali esperando a todo o instante que acordasse.

-"Precisas mesmo de acordar Alfie, não consigo fazer isto muito mais tempo."- Encostou-se na cadeira sentindo-se completamente derrotada. -"Tu prometeste que ias lutar, não te atrevas a quebrar a promessa que me fizeste."- Helena pegou-lhe na mão e apertou-a olhando-o nos olhos. Percorria todos os centímetros do seu corpo procurando um sinal que nunca veio. Acabou por mandar o ar que prendia fora e levantar-se, caminhando até à porta que fechou com cuidado atrás de si. Posou a cabeça assim que largou a maçaneta prendendo a testa na madeira por largos segundos.



-"Que raio estás a fazer, love?"


Helena assustou-se com o despertar da voz nas suas costas. Virou-se lentamente para encarar Thomas. O seu Tommy. Encostado à parede olhava o chão, a fumaça que soltava preenchia o espaço.

-"Apaga esse cigarro Thomas, estás num hospital."- Helena encarou-o sem quebrar esperando uma reacção da sua parte. O Shelby ainda ficava admirado com a impertinência dela em certas alturas. Olhou para o lado abanando a cabeça.

-"Fodasse, Helena."- Thomas avançou a sua direcção e agarrou-lhe a cara com firmeza.- "Que merda estás a fazer?!"

-"Não sei."- Helena disse num quase suspiro sincero. Engoliu a seco e agarrou o sobretudo de Thomas para se apoiar.

-"Tens de manter o foco."- Thomas aproximou as suas caras.- "Se sentir que a tua cabeça não está onde devia estar, nada disto vai para a frente."

-"Não te admito!"- Helena tentou afastar o Shelby que só refirmou as mãos à volta da sua cara. O aperto era forte e constante.

-"Eu fiz da tua vingança a minha vingança, love. Mas não penses por um segundo que te vou deixar entrar naquele edifício dessa forma."-Helena tentou mais uma vez soltar-se em vão.- "Não sou homem para te ver caminhar em direcção à tua morte, juro-te que a terra vira o inferno antes disso acontecer!"- Thomas tinha o tom de voz ligeiramente elevado e as pupilas dilatadas. Helena notava o seu peito subir e descer com mais rapidez, sabia que ele iria até ao fim deste mundo e do próximo por si.

-"Esta vingança é um direito meu por nascença e nem tu nem ninguém me vão tirar isso!"- Helena gritou na cara de Thomas.

-"Então faz dela a tua prioridade!"- Thomas gritou de volta esquecendo-se onde estava, no momento a seguir todo o corredor parou olhando para os dois que se levavam sempre ao extremo. Ouviram ao longe o 'shhh!' de uma enfermeira que os tirou do transe e chamou de volta à realidade. Thomas arranjou o sobretudo e passou a mão na boina prendo-a bem na cabeça. -"Pega nas tuas coisas, vim aqui para te levar de volta."

-"Eu não vou a lado nenhum."- Helena endireitou a postura e abanou fervorosamente a cabeça.

-"Sabes que dia é hoje, love?"- Tommy mostrava frustração e desilusão na sua postura corporal. A pergunta fez a morena tirar alguns segundos para depois fechar os olhos com força.-"Perdeste mesmo a noção da porra do tempo."- Thomas deixou transparecer um sorriso triste enquanto sentia as entranhas revirarem.-"Vamos ter de começar sem ti?"

Thomas esperou largos segundos por uma resposta que nunca saiu da boca de Helena. Por muito que a amasse não ia esperar mais. Olhou uma última vez para ela ressentido com toda a situação porque se via naquela posição novamente. Antes de partir chegou perto dela e disse apenas num tom audível para Helena.

-"Se fosse eu naquela cama, farias o mesmo por mim?"- Thomas arrancou antes mesmo de Helena fazer alguma coisa, deixou-a chocada e com o peito ainda mais apertado. Aquelas palavras tinham sido como facadas no seu coração. Lentamente abriu a porta do quarto e voltou a ver a figura de Alfie inanimado e dependente do ventilador. E como se sentia culpada por o deixar mas tinha de ir. Thomas tinha razão, a sua cabeça, o seu coração não estavam focados na maior e mais importante provação da sua vida. Mas o facto de deixar Alfie e algo acontecer prendia-lhe os pés ao chão. Via-se novamente dividida e viajava nos pensamentos. Que merda de vida, pensou ela. Aproximou-se da cama voltando a pegar na sua mão que beijou demoradamente e deteve-se um momento.

-"Espera por mim."- Acariciou a sua cara ao de leve, engoliu o choro e saiu por fim do quarto. Ao descer as escadas e chegar à entrada do hospital deteve-se novamente por breves instantes. Uma repentina correria de enfermeiras escada acima chamou a sua atenção mas sabia que se voltasse a subir não ia descer e guiou-se pelo caminho anterior.

Sentia que estava a trair Alfie mas não tinha escolha. Thomas tinha chegado a Portugal com a intenção de acabar o que tinha começado e para isso acontecer precisava da ajuda do homem mais perigoso do país. Joaquim, que a tinha criado como uma filha. No seu interior o desejo de vingança pelos seus pais nunca tinha desaparecido e o destino favorecia-a em todos os sentidos. No amor e na vendetta.

No pub as movimentações eram notórias, conseguia perceber a presença de alguns homens de Alfie e dos homens habituais do seu tio que se mostravam ligeiramente agitados. Faltava apenas um dia para o comício. Caia-lhe a realidade de que muito em breve, seria o tudo ou nada. Aproximou-se da porta e pode ouvir o que se passava do lado de dentro. O ambiente era pesado, o silêncio audível e Helena esperou.

-"Não vamos começar sem Helena."- Conseguiu reconhecer a voz do seu tio.

-"Não contaria com ela."-Thomas soava rouco e magoado, Helena reconhecia aquele tom destroçado e abatido mesmo que o tentasse disfarçar. Antes que alguém fizesse mais perguntas, entrou de rompante no salão desviando toda a atenção sobre si. Thomas que se encontrava de costas levou o seu tempo a virar-se.



-"Desculpem o atraso."- Disse endireitando a postura. Lentamente o Shelby rodou sobre o seu corpo para a encarar, piscou os olhos com força para ter a certeza de que não se tratava de uma miragem. A sua boca ligeiramente aberta deixava transparecer o choque que só Helena percebia e a deixava orgulhosa. Não era um homem fácil de surpreender. Thomas tomou um pesado golo do copo que tinha na mão para acordar do transe.


-"Bem-vinda de volta, sister."- Disse Arthur levantando o copo no ar. Helena sorriu agradecendo com a cabeça. Olhou a sala discretamente, estava repleta de caras conhecidas como Finn, Manuel, o capataz de Alfie, o velho Arthur que já tinha feito valer a sua presença e outras que reconhecia como nomes importantes da máfia portuguesa. Joaquim não tinha poupado esforços para reunir um exército. 

-"Como todos sabem, amanhã é o dia D. O dia em que decidimos o destino do mundo."- Começou Thomas, Helena admirava a capacidade dele para prender as pessoas através de palavras.-"Estão enganados se pensam que haverá escolha sobre o que se vai passar. Ainda mais enganados estão se acham que o desfecho só afectará quem está nesta sala."- Andava ao longo do salão sendo escutado atentamente.-"Acabar com Mosley vai muito para além de nós, se falharmos o mundo como o conhecemos deixará de existir. E merda, eu quero ver o meu filho crescer. Sei que todos querem."

Helena sentou-se finalmente numa cadeira apoiada ao balcão sem tirar os olhos dele, ao lado de Finn que lhe piscou o olho.

-"Vamos lutar até ao último homem de pé."- Disse por fim Thomas.

-"Eu serei os vossos olhos e ouvidos, todos conhecemos a planta do edíficio mas Mosley é imprevisível e pode sempre esconder algum truque na manga."- Helena juntou-se a Thomas no centro do salão.-"A informação vai passar por Thomas, antes de chegar a ele eu darei sinal para se prepararem."

-"Manuel!"- Joaquim chamou a atenção do capataz do judeu.-"Tudo vai começar contigo."

-"Não sei se conseguirei criar uma distracção tão grande quanto o patrão previa mas não se preocupe senhor, estaremos a postos."- O mais velho disse respeitosamente.

-"O mais importante será trabalharmos juntos e meter as nossas diferenças de lado para que isto funcione. Todos temos algo a perder."- disse Helena.

-"E todos faremos o que for necessário para que isso não aconteça."- Thomas aproximou-se de Helena e olhou-a nos olhos. Sabia que ela iria compreender a sua mensagem de protecção como sempre. Por ela tudo.

-"A fábrica vai continuar a ser o nosso ponto de encontro, ao longo do dia iremos mandar pequenos grupos de homens para não chamar a atenção."- Helena olhou para Manuel que assentiu.

-"O arsenal já está preparado e escondido falta apenas alguns retoques."- Respondeu o capataz.-"As nossas mulheres terminaram as roupas, será suficiente para todos."

-"Assim que entrarmos não poderemos sair sem dar nas vistas, eu estarei a ser vigiado com toda a certeza mas Arthur não. Ele será o ponto de ligação com os homens de fora."- Thomas apontou directamente para o irmão que levantou o copo.

-"Saúde a isso."- Arthur não esperou que ninguém o acompanhasse e mandou o copo abaixo.

-"A linha de comunicação tinha sido desenhada por Alfie e não partilhou com ninguém."- Helena sentiu-se repentinamente abatida.


-"Nem mesmo contigo?"- Thomas atirou para a morena, mostrando-lhe a mágoa que sentia.



-"Nahhh mate, nem mesmo com ela."- Uma voz vinda da porta interrompeu a reunião arrebatando todas as atenções. O cão raivoso tinha chegado. Alfie em pessoa, acordado milagrosamente de um coma que poucas expectativas tinha por parte dos médicos. Estava em mil pedaços mas estava finalmente ali e o seu coração aquecia com a visão de Helena.-"Hello angel."- Disse tentando sorrir.


-"Alfie."- Helena suspirou não acreditando nos que os seus olhos viam. Por breves instantes sentiu os seus olhos encherem-se de lágrimas de felicidade, como tinha pedido pela sua recuperação e aí estava ele, Solomons em pessoa. Teve de controlar o impulso de se atirar nos seus braços, o que estava a acontecer ia para além do que queria. 

-"Patrão!"- Manuel levantou-se e foi em direcção a Alfie com um sorriso que há muito não se via.

-"Meu velho Manuel, ensinei-te bem mas ainda não é desta, yeah?"- Alfie olhou o mais velho agarrando o seu ombro. -"Nunca pensei dizer isto mas estou feliz por te ver, fodasse."- Manuel deu o apoio ao chefe e levou-o até a uma cadeira junto de Joaquim, com muito esforço sentou-se.-"Estou feliz por vos ver a todos. Até a ti, you fuckin' gipsy!"- Olhou para Thomas que permaneceu imóvel.

-"Estás feito num farrapo, Alfie."- Disse Thomas mandando o fumo fora.

-"Yeahh mate, nem todos podemos ter o teu bom aspecto Tommy."- Alfie disse desafiando-o.

-"Não perdeste o teu humor de merda, isso é bom."- Arthur acabou por deixar o copo vazio, o desdém no seu tom de voz era notório.

-"Ahhh c'mon Arthur! A certa altura vais ter de esquecer o que aconteceu."- Alfie abriu os braços.

-"Tentaste matar-me."


-"Já tentei matar grande parte das pessoas que estão nesta sala, mas são águas passadas! Sou um homem novo, parceiro!"- Alfie recostou-se um pouco na cadeira.

-"Eu não."- Arthur voltou a encher o copo.


Helena dirigiu-se até ao balcão e encheu um copo que entregou a Alfie. Escolheu o melhor whisky que tinha no pub e caminhou deslizando e deixando o seu perfume espalhar-se pela divisão. Por Deus, pensou Alfie que molhou discretamente os lábios. Ela ainda estava mais bonita do que se recordava.

-"Obrigada, sweetheart."- Alfie levou o copo à boca e desgostou o líquido com prazer.-"Que nectár dos Deuses, yeah?"

-"Ámen."- Finn concordou com o judeu em tom de brincadeira, levando no segundo seguinte um calduço de Arthur.-"Heyy essa doeu!"

-"Vá lá rapazes, atenção."- Disse Helena carinhosamente.

Alfie tirou o seu tempo para explicar o que tinha delineado para a comunicação e era de facto genial, até Thomas teria do admitir. Opiniões trocaram-se, estratégicas reafirmaram-se e todos à sua maneira pareciam alinhados. Helena poderia finalmente ter paz.

Assim o esperava.

Antes mesmo de terminarem, o telefone tocou. Joaquim que estava próximo atendeu e a sua postura corporal mudou levantando o braço no ar para se fazer silêncio. Olhou profundamente para Helena.

-"Oswald."- Helena sentiu um formigueiro subir pelo seu corpo sem que nada pudesse fazer contra isso.- "A que devo o prazer?". Não muito tempo depois estendeu a mão que agarrava o telefone na sua direcção. Por um segundo petrificou e não teve reacção. Alfie deu-lhe um sinal com a cabeça tentando descansá-la. Sentiu a mão de Thomas ao redor da sua cintura que apertou discretamente dando-lhe o impulso que faltava. O ambiente era tenso e preocupante. Helena pegou finalmente no telefone e inspirou fundo.

-"Sim?"

-"Helena, minha querida!"- O seu estômago contorceu-se com aquela voz.-"Preciso de te ver, vou mandar o meu motorista apanhar-te agora mesmo."

-"Agora? Passa-se alguma coisa?"- Helena olhou para Thomas quase em pânico.

-"Já disse que te quero ver."- Sentiu o tom autoritário do outro lado e respirou fundo.

-"Onde? Não preciso do teu motorista."- Tentou parecer interessada.

-"A tua teimosia é algo que vamos ter de trabalhar."- Oswald sorriu.-"Encontra-me no hotel, estou ansioso por voltar a sentir esse perfume."- E com isto desligou deixando Helena enojada e paralisada, largando finalmente o telefone.

-"Tenho de ir."

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