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- Gabriel Narrando -
A minha manhã estava reservada a organizar alguns pontos de uma defesa e apesar de já saber qual seria o resultado desse julgamento a nossa função era que o julgamento fosse justo e conseguíssemos aliviar em alguns pontos a pena.
- O perito falou que não tem como o tiro ter sido na hora da briga, o senhor Senna mostrou a forma que
foi, e o legista afirma que é impossível - Guimarães falou me olhando - A teoria do perito é que foi tudo planejado e ele estava esperando a esposa de frente para a porta e a recebeu com um tiro
- Teoria - ri - O promotor não vai usar isso
- Por que? - perguntou confuso - O perito está certo, o senhor Senna fez exatamente isso
- Mas ele não pode afirmar como aconteceu - falei e ele anotou alguma coisa - E não consegue sustentar o argumento, ou seja, usar isso não é favorável para a promotoria
- Ele é qualificado pra meio cruel - falou e eu assenti
- Mas não será usado - falei simples - Quando corta o pescoço o sangue vai para as vias respiratórias e isso só aconteceria se ela estivesse respirando - peguei a pasta e joguei na frente dele, ele pegou e abriu - E o que vamos perguntar é "Ela poderia estar com morte cerebral?"
- Acha que adianta? - perguntou duvidoso
- O tiro foi na cabeça - ri - Só precisamos que digam um simples "poderia" - dei uma pausa - E o júri vai entrar em dúvida e acabar acreditando, entende? E aí cai o meio cruel
- Cruel é o que a pessoa sente - falou pensativo - Faz sentido a jogada
- Ele só vai responder por judiação de cadáver - falei e peguei o celular
- Ele sabe que passará um bom tempo preso? Tem a noção disso? - perguntou e eu ri - Ou vai querer dar um tiro em cada um da defesa depois?
- Compensa, Guimarães, ele atirou na cabeça da mãe do filho dele, a mulher que ele dizia amar, picotou o corpo todo e vai ficar no máximo 7 anos preso - dei de ombros - Ele sabia que em algum momento seria pego e ele conhece as leis e os benefícios do país com os presos
- Com todo o dinheiro que ele tem vai ficar melhor lá do que muita gente aqui fora - falou e concordei com a cabeça
- Risco calculado - falei olhando pra ele - Ele sabia os riscos e preferiu abdicar de 7 anos de liberdade para matar a esposa
- Pra ele compensou - falou pensativo - E se alguém no júri levantar a discussão que morte cerebral não é morte?
- Não está morto mas não está sentindo dor, o ponto é esse, está respirando mas não sente nada - falei me levantando - Você acha que morte cerebral a pessoa está viva? Tá, ela pode até está viva, mas não é capaz de sentir nada
- Entendi - falou pensativo
- Vou almoçar - avisei - Quando chegar do almoço só pegar com a dona Carla as coisas que precisa fazer
- Tá bom - falou e saímos da minha sala
- Lara Narrando -
A minha recuperação estava muito boa, palavras dos meus médicos, eu ainda esquecia algumas palavras e trocava outras mas no geral a única questão é a parte motora que ainda estou reaprendendo a maioria dos movimentos.
- Tá bonita - escutei a voz do Guilherme e olhei para ele que descia as escadas
- A Tata me levou no salão - contei - Ela me maquiou pra ficarmos em casa e a Ana pintou a minha unha
- Um dia de meninas - falou e eu assenti - Cadê ela?
- Na cozinha - falei olhando pra ele - Você vai dormir aqui? - perguntei e ele negou
- Só vim almoçar e aproveitei pra jogar uma água no corpo - explicou - Mas já vou voltar para o escritório
- Me leva? - pedi e ele arqueou a sobrancelha
- Por que? - perguntou confuso mas acabou rindo - E eu ainda pergunto
- Vai levar? - perguntei e ele suspirou
- Tem certeza? - perguntou e eu assenti - Se ele tiver ocupado não vai conseguir te dar atenção
- Eu venho embora - falei simples
- Não vai ficar chateada? - perguntou e neguei com a cabeça - Eu vou avisar a minha madrinha
- Tá bom - falei e ele saiu da sala, me apoiei no braço do sofá e consegui me levantar, respirei fundo e ouvi a voz da minha irmã
- Se ela precisar vir embora ou quiser vir me liga que eu vou buscá-la - Tata falou séria - Não é pra largar a garota sozinha lá
- Ela vai se agarrar no namoradinho - Gui riu - Nem vai se lembrar de mim
- Vou sim - falei e peguei a minha bolsa - Ainda mais se alguma menina se jogar em você
- Mais fácil se jogar no seu namorado - mal terminou de falar e eu arregalei os olhos - As meninas que tem a minha idade me olham como concorrente e as mais não me interessa
- Se jogar no meu rado? - perguntei irritada - Vamos logo
- Sem briga - Tata falou mas acabou rindo
- Vamos - segurei a mão do Gui e puxei ele
- Calma - falou rindo
- Sem briga - Tata reforçou rindo e saímos
- Muita mulher olha pra ele lá? - perguntei curiosa
- Sim - confirmou e abriu a porta do carro
- Bonitas? - perguntei baixo e ele me ajudou a entrar no carro
- Muito - falou e eu bati irritada no braço dele - Aí! O que foi?
- Que ódio - falei e ele riu
- Tem que bater nele e não em mim - falou óbvio
- Tanto faz - resmunguei e ele negou com a cabeça
- Maluca - cantarolou e fechou a porta
Não demoramos muito para chegar ao escritório, ele não era longe da minha casa e o trânsito ajudou. Ele deixou o carro no estacionamento e nós subimos no elevador.
- Vem - segurou a minha mão e saímos do elevador, ele cumprimentou algumas pessoas pelo caminho e ao me dar conta estava parada em frente uma mesa que tinha uma senhora sentada - Oi, dona Carla
- Oi, querido - falou e quando me olhou sorriu - É a namorada do menino Gabriel?
- É sim - Gui confirmou e ela se levantou
- Torci muito pela sua recuperação, querida - falou e estendeu a mão na minha direção
- Obrigada - apertei a mão dela e sorri - Eu acho que todo mundo que pediu pela minha recuperação teve um efeito
- Eu também acho - Gui concordou - Ela veio visitar o Hartmann
- Claro - balançou a cabeça - Ele está livre
- Está estressado? - perguntei e ela riu
- Sempre - falou simples e eu acabei rindo
- Vai ficar? - Gui perguntou me olhando
- Vou sim - confirmei
- Qualquer coisa me manda mensagem - falou sério
- Mando sim - sorri - Posso ir?
- Claro, querida - falou e eu me aproximei da porta, bati levemente e abri
- Lá vem a dona Carla com alguma notícia que tenho certeza que irá me deixar muito feliz - Gabriel falou e vi o mesmo concentrado no computador - Não basta a burrice que a pateta da estagiária fez no contrato a senhora ainda veio estragar mais o meu dia, né? Eu só quero paz - sorri e vi ele afrouxando a gravata, ele tirou deixando a mesma pendurada no pescoço e não demorou para abrir as abotoaduras
- Ela é bonita? - questionei e ele me olhou assustado
- Lara? - perguntou surpreso e se levantou
- A estagiária é bonita? - perguntei e fechei a porta
- Que estagiária? - perguntou confuso - E o que você veio fazer aqui?
- Você estava falando de uma estagiária e a pergunta é: ela é bonita? - perguntei e ele riu
- Sei lá - deu de ombros - Nunca reparei
- Sei - falei desconfiada - O Gui almoçou lá em casa e eu pedi pra ele me trazer, fiz mal?
- Não, claro que não - se encostou na mesa, ergueu a manga da blusa e cruzou os braços - Você está linda - sorriu e eu me aproximei
- Fui no salão - contei e abracei ele, beijei o rosto do mesmo porém ele virou e me deu um selinho, botou a mão na minha cintura e apertou de leve
- Cada dia mais linda - alisou o meu rosto e selou os nossos lábios novamente, sorri e ele iniciou um beijo calmo. Brinquei com os botões da camisa dele e sorri quando ele encerrou o beijo e beijou o meu pescoço - Você abriu a minha camisa toda? - perguntou e olhei para baixo
- Eu consegui - falei animada e ele riu
- Era o seu objetivo? - perguntou e eu neguei
- Mas preciso reaprender a abrir e fechar botões, e o que mais tiver em roupa - expliquei - Foi automático, desculpa!
- Tudo bem - falou e fechou os botões tão rápido que senti até inveja
- Ontem fiquei a sessão inteira pra conseguir fechar um botão - ri baixo - Aí eu passei a noite tentando
- Conseguiu? - perguntou curioso
- Consegui - confirmei - E consegui arrebentar umas camisas do meu pai também
- Faz parte - riu - Eles estão em Angra ainda?
- 4 dias já - falei e ele me puxou, me encaixei no meio das pernas dele - Mandam mensagem toda hora mas acho que estão se entendendo, né? Ou já estariam de volta
- Também acho - falou pensativo - Ei, quer conhecer a minha casa?
- Quero sim - falei sorrindo - Já se acostumou?
- É meio estranho as vezes - confessou - Porém eu tô gostando de ter o meu canto
- A sua mãe se acostumou? - perguntei e ele riu
- Todo dia ela me manda mensagem dizendo que se eu quiser posso ir dormir lá - falou e eu ri baixo
- Tem vontade? - perguntei e ele riu fraco
- Sim - balançou a cabeça - Mas sou forte e resisto
- Um neném - apertei a bochecha dele de leve
- Sou nada - falou e me deu um selinho - Você que tá mais pra neném, né? Mama e tudo
- Eu não - estava falando mas me calei e senti o meu rosto pegar fogo ao perceber o duplo sentido - Nossa - fiz careta e tampei o rosto
- Muito cedo pra piada de duplo sentido - riu baixo e me abraçou - Desculpa
- Tudo bem - falei e ele beijou o meu rosto
- Gabriel Narrando -
Uns 40 minutos depois nós chegamos na minha casa e eu fiz uma tour com ela pelo apartamento. Deixei a mesma explorando o ambiente e fui jogar uma água no corpo para tirar o suor e a sujeira da rua. Me vesti com uma bermuda de jogar futebol e fui atrás dela e logo a achei na varanda, ela estava deitada no chaise e observando o por do sol.
- Pode falar que eu sou uma delícia - cantarolou e eu arqueei a sobrancelha - Que nada te dá mais tesão do que eu te fazendo jogar tudo dentro de mim
- Lara, Lara - repreendi e ela me olhou assustada
- Caramba - colocou a mão no peito e eu ri
- Fica cantando essas coisas que vou levar como uma indireta - me aproximei e me deitei ao lado dela
- Tocou no spotify e fiquei com ela na cabeça - falou e deitou a cabeça no meu peito - Eu tive um sonho
- Bom? - perguntei e ela deu de ombros
- Foi com a minha avó, ela dizia que tudo ficaria bem e que está cheia de saudades - falou baixo e comecei a acariciar o cabelo dela - É estranho
- O que? - perguntei baixo
- Ninguém fala dela lá em casa, percebi que o pessoal está meio abalado com alguma coisa e estou bem, em comparação com antes, né? - deu uma pausa - E um domingo por mês todo mundo se reunia na casa dela e isso não aconteceu, Gabriel, não aconteceu
- Lara - tentei falar e ela se sentou me olhando
- Ela se foi, né? A minha avó morreu? - sussurrou a pergunta e eu me sentei
- Na semana do natal - contei - Ela estava fraquinha e se foi dormindo - as lágrimas começaram a descer pelo rosto dela e logo o choro se intensificou
- Eu não consegui me despedir - tentou falar porém a voz estava embolada por causa do choro
- Calma - abracei a mesma e me deitei, ela escondeu o rosto no meu pescoço e apertou o meu braço. Ela tinha um choro muito doido e sei que era por não ter tido a chance de se despedir da avó.
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mattoslaraa: Na minha infância eu não entendia porquê todas as avós dos meus amigos se chamavam Maria e a minha avó não, a Lara de 5 anos ficou TÃO indignada e enquanto todos não sabiam como explicar você sentou e simplesmente disse que eu poderia te chamar da forma que desejasse, você era assim, você sempre tinha uma solução simples que aquecia o nosso coração. O tempo passou e eu entendi que você era a vovó Elisa e eu amei ter você na minha vida. Me perdoa pelos momentos em que me afastei por não entender o que você queria dizer e acima de tudo, me perdoa por não ter tido tempo de me despedir de você. Te amarei, para todo sempre, dona Maria.