Ops, Lacei o Amor! • JJK+PJM

By wooyjk

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「 EM ANDAMENTO 」 Após ser despedido do emprego, Kim Namjoon encontra uma maneira de recomeçar, ou melhor dize... More

⚠️AVISOS⚠️
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By wooyjk

Oie!!🤠💕

Peço perdão pela demora, gente. Minhas aulas voltaram já tem uma semana e eu não estou tendo tempo, fora os bloqueios criativos fodendo tudo, oh ódio!!

Mas cá estamos! Boa leitura, já deixem o votinho aqui no início por favor e comenta muitãooo pra motivar essa humilde fazendeira.

Usem a hashtag da fic no twitter (quem tiver) eu vejo e interajo com tudo!💗

#LacemOClementino

Jimin sempre teve muitas certezas em muitas coisas. Mas agora, um ponto de interrogação rondava sua cabeça, e de certa forma, isso o deixava um pouco inquieto.

Desde o dia anterior, o moreno não parou de pensar nos acontecimentos específicos que ficaram marcados e atormentando seu psicológico. Mas sempre que percebia que iria começar a questionar a si mesmo, Jimin respirava fundo e afastava qualquer tipo de pensamento que ele não desejasse em sua mente.

Agora ele precisava manter sua mente ocupada, assim não dava lugar para pensamentos que faziam sua barriga gelar.

― Pescou um grandão! ― a voz de Ediluzia o puxou do seu momento reflexivo.

― Hein? ― olhou para a velha.

― ‘Cê ‘tá aí pescando. O pão-de-queijo já esfriou ― ela apontou para o alimento na mão do neto.

Os olhos de Jimin desceram para o pão-de-queijo e ele riu, antes de levar o alimento até os lábios e morder.

― ‘Cê sempre fica pestiado quando Teco e o Yeon vão pra casa do pai deles ― ela disse, concentrada jogar uma cebola picada na panela de carne. ― O Jungkook está na mansão, não? Por que não vai lá ficar com ele?

Jimin encolheu os ombros e enfiou o último pedaço do pão-de-queijo na boca.

Na real, ele se perguntava se era uma boa ficar tão perto assim de Jungkook, já que o avermelhado era a causa de suas horas de sono perdidas.

― É domingo, ele deve estar aproveitando com o pai e os tios.

Os olhares de Jimin e Ediluzia foram de encontro com Roberto, assim que o homem apareceu na área, mais arrumado do que o habitual, sem as roupas que ele normalmente usava para trabalhar.

― Trouxe a farinha de trigo que eu pedi? ― Ediluzia perguntou.

― Esqueci… ― Roberto levou uma das mãos para a testa e arregalou os olhos.

― A memória do velho falhando ― Jimin brincou e recebeu um tapa na nuca.

― Quando eu voltar para buscar os meninos eu compro.

Era Roberto o responsável por buscar e levar Taehyung e Yeonjun para a casa do pai.

― Ei ― o mais velho puxou uma cadeira e se sentou ao lado de Jimin ― faz um favor?

― Dependendo, é cinquentão-...

― Deixa de ser assim, moleque! ― riu, deixando um tapinha no braço do filho.

― Fala aí.

― Parece que umas novilhas do pasto perto do rio arrebentaram uma cerca e agora estão soltas pras bandas de lá. Pode ir lá resolver? É domingo e eu ‘tô morto.

― Mas eu também ‘tô morto, uai.

― ‘Cê não tem dó do seu velho?!

― Então agora ‘cê é velho? ― arqueou a sobrancelha e Roberto riu. ― Ok. Eu vou lá. Sabem quantas escaparam?

― Três e uma acabou de parir. Ou seja, é pra trazer ela e o filhote pra cá.

― Você quer me matar! Me jogando pra vaca 'braba que acabou de parir! Aah não! Por que não esperou o Teco voltar para me pedir um trem desses, rapaz?

― E você acha que as novilhas escolhem a hora de fugir? ‘Cê vai ou não, criatura?

― Eu vou! ― se levantou. ― Se eu não voltar pelo menos daqui duas horas, pode ir atrás porque eu morri.

― Bate nessa boca, Jico! ― Ediluzia ralhou.

O moreno bagunçou os poucos cabelos que seu pai tinha e saiu dali, ajeitando o boné sobre sua cabeça.

Ao sair pelo portão, Jimin expulsou um sopro frustrado. Os domingos em que Taehyung ia para a casa do pai, eram com certeza os piores, pelo menos para Jimin. 

Normalmente os domingos em que ele não tinha Taehyung ao seu lado, ele ficava o dia todo em casa, ajudando nas tarefas casa ou fazendo qualquer outra coisa mais calma, porém muita tediosa.

Em meio de tantos raciocínios sem nexo, Jimin acordou ao ouvir o miado que estava escutando com muita frequência nos últimos dias. 

Era Bibble, andando por ali com tranquilidade, e ao ver Jimin, não perdeu tempo em ir se esfregar nas pernas do moreno.

― Oie, meu bem ― sorriu e se abaixou para pegar o gato. ― O que já conversámos? ‘Cê tem que parar de ficar dando esses seus passeios por aqui. Se o Faraó ver você, já pode começar a rezar.

O gato ainda olhando para o moreno, miou, como se estivesse respondendo e Jimin riu.

― E seu pai? Ele sabe que ‘cê ‘tá se aventurando aqui? ― sorriu e ajeitou o gato nos braços, o colocando de barriga para cima e apoiando as mãos nas costas do animal. ― É… e falando no seu pai, será que o mimadinho já ‘tá de pé? Capaz né, do jeito que aquele lá tem uma rotina toda regulada certinha.

A atenção de Bibble foi voltada para as pulseiras presas no pulso de Jimin. O gato batia a patinha ali, se distraindo com a luazinha balançando.

O barulho de rodinhas deslizando sobre a calçada da mansão fez Jimin erguer os olhos. Não se surpreendeu ao ver Jungkook andando de skate.

Jimin apertou os lábios e desviou os olhos para outro ponto ao notar algo que poderia ser um acréscimo para a turbulência caótica que estava em sua cabeça: Jungkook usando mais um dos croppeds.

Aparentemente, o avermelhado gostava bastante daquele tipo de vestimenta. O da vez era um branco com mangas e a gola vermelha.

A ideia inicial era soltar Bibble no chão e ir para o estábulo. Mas infelizmente, ou não, sua presença não passou despercebido pelo skatista na calçada.

― Que gracinha, ele está saindo sem nem dizer um “bom dia” ― Jungkook disse com um tom brincalhão.

Jimin se virou com um sorriso de canto, observando o avermelhado bater o pé na ponta do skate sem muita força o pegando, para no fim, se aproximar.

― Bom dia, cherry ― cumprimentou assim que garoto citado parou bem em sua frente.

― ‘Tá tudo bem?

― Uhum. Estou um pouco indisposto apenas.

― Entendi… ― Sorriu e desceu os olhos para o skate nas mãos. ― Não quer fazer alguma coisa? O Teco foi pra cidade, né?

― Foi e só volta mais tarde. A gente pode ver o que faz, mas agora não dá, preciso ir resolver uma coisa no pasto.

― O que deu? ― perguntou curioso, começando a andar ao lado do moreno.

― Problemas com algumas novilhas que escaparam e uma acabou de parir. Preciso arrumar a bagunça e trazer a novilha e o filhote pra cá.

― Entendi. ― Parou de andar assim que chegaram na porta do estábulo. ― Posso ir com você?

Jimin olhou para o avermelhado e piscou algumas vezes.

― Acho melhor não, cherry. A novilha acabou de parir, não é lá muito confiável.

― E você diz isso, indo lá com toda essa tranquilidade?

― Sem querer me gabar, mas já lidei com situações como esta.

― Claro, esqueci com quem estou falando ― riu soprado, recebendo um empurrãozinho do moreno. ― Eu vou me comportar, prometo.

― E se você se machucar? Eu não me perdoaria, e seu pai, seus tios iriam me matar.

― Eu sei me cuidar.

― ‘Cê não vai desistir, não é? ― suspirou, assistindo o mais novo sorrir. ― Ok, vamos.

― Mesmo?

― Aham. Vai guardar seu skate então, anda.

― Jico… ― olhou sério para o moreno ― eu vou, mas não é pra vazar daqui sem mim.

― Não vou.

Jungkook estendeu o dedo mindinho e Jimin riu, não hesitando em levar sua mão até a do mais novo e entrelaçar seus mindinhos. Com isso, o avermelhado sorriu animado e saiu dali correndo com Bibble.

― Que Deus nos proteja… e que proteja em dobro essa criatura ― sussurrou risonho para si mesmo antes de entrar no estábulo.

Jungkook foi rápido. Talvez pelo medo de Jimin ir embora sem ele, mesmo com a outra parte de si acreditando que o moreno jamais iria descumprir uma promessa de mindinhos.

― Tenho que selar o Rocambole, ou…? ― perguntou ao se aproximar.

― Não duvidando da sua capacidade com ele, cherry, mas acho que se a coisa se complicar, é melhor que você esteja mais perto. Ou seja, você vem comigo. ― Sorriu e voltou a se concentrar em ajustar os cintos da sela.

― Se você diz eu confio.

Vez ou outra os olhos de Jimin se descuidavam do serviço e voltavam para o avermelhado mais no canto esperando. O moreno sempre desviava rápido o olhar quando sentia que Jungkook iria olhar de volta.

Quando terminou de selar o cavalo, Jimin pegou seu laço e um alicate que achou que poderia ser útil, colocando a ferramenta na cintura, presa em seu cinto e o pendurando o laço na sela do cavalo. Com isso feito, o moreno subiu no animal com agilidade e esticou a mão para Jungkook subir também.

― Olha o tombo… ― o avermelhado murmurou para si mesmo ao subir, arrancando uma risadinha de Jimin.

O sorriso do moreno sumiu rapidamente quando as mãos de Jungkook encontraram sua cintura, se mantendo firme ali. Talvez seria melhor ter deixado o mais novo ir em Rocambole, mas agora já era um pouquinho tarde e eles não poderiam ficar perdendo muito tempo.

Jungkook, notando o comportamento estranho de Jimin de repente, piscou confuso e desceu os olhos para suas mãos. Jimin sempre fora tão tranquilo, o avermelhado não achou que o simples contato fosse incomodar, e por isso afastou suas mãos o mais rápido possível.

― Não, é melhor você segurar mesmo ― Jimin disse calmo, encarando Jungkook por cima dos ombros.

O mais novo não respondeu, mas voltou a envolver a cintura de Jimin em um abraço meio frouxo assim que o cavalo começou a andar para fora do estábulo.

Ter os braços de Jungkook lhe abraçando por trás ia contra seus planos de tentar se afastar um pouco do mais novo. Mas por outro lado, Jimin queria ignorar aquela ideia e todas as vozes de sua cabeça para aproveitar o momento, afinal, mesmo que não fosse admitir nem para si mesmo, ele gostava de ter Jungkook bem próximo. Como estavam ali.

― Isso acontece com frequência? ― Jungkook perguntou.

― Hm?

― Esses problemas no pasto.

― Mais ou menos. As cercas do gado que você viu aquele dia é mais resistente. Do pasto perto do rio, onde estamos indo, é mediano. Nem lá e nem cá, então acontece às vezes.

― Tem um rio?

― Você não conhece nem metade dessas terras, cherry ― riu fraco. ― Tem sim, mas é no meio do mato.

Os dois ficaram em silêncio depois disso. Jungkook se concentrava em observar a paisagem, enquanto Jimin tentava focar em qualquer outra coisa que não fosse seus pensamentos que o importunava.

― MEU DEUS! Um tamanduá! ― Jungkook apontou para o animal no meio da grama alta.

― Que susto, cherry! ― os dois gargalharam.

― Desculpa! É que eu nunca vi um de perto ou pessoalmente assim. E olha que fofo ele carregando o filhinho nas costas! Tem muitos aqui?

― Ah, vive aparecendo um ou outro.

― Jico?

― Fala.

― Está tudo bem mesmo? Estou te achando estranho, sei lá ― comentou preocupado. ― Eu… fiz algo?

― Não! ‘Cê não fez nada. É como eu disse mais cedo, é desânimo mesmo.

― Certeza? É que você ficou um pouco estranho também quando eu te abracei ― afrouxou o abraço, passando a segurar na camisa do mais velho. ― Sabe, se algumas ações ou um tipo de contato meu te deixar desconfortável, é pra dizer pra mim. Somos amigos, você pode falar comigo.

Jimin não respondeu nos primeiros segundos. Ficou pensativo. Como iria explicar algo que nem ele mesmo compreendia? Como iria explicar que gostava dos toques do avermelhado, mas que também estes mesmos toques o assustavam um pouco?

A falta de resposta já estava deixando Jungkook aflito. Foi quando sentiu as mãos de Jimin repousarem sobre as suas, puxando elas novamente para a cintura do moreno.

― ‘Cê não fez nada ― repetiu. ― E eu não me sinto desconfortável com você.

Era verdade, afinal, não era desconforto o sentimento que sentia quando estava naquelas situações com Jungkook.

― Então não se importa se eu te abraçar?

― Não me importo. Eu… gosto. ― Admitiu um pouco sem jeito e agradeceu por estar na frente, assim Jungkook não poderia ver seu estado sem graça.

― Gosta? ― sorriu e Jimin afirmou em um balançar de cabeça. ― E beijo?

― Beijo?! ― saiu mais assustado do que gostaria.

― Sim. Aquele dia eu te dei um beijo na bochecha quando você foi levar o Bibble de volta. Foi a emoção do momento, eu posso ser bem grudento. Te incomodou?

Jimin pensou em vários tipos de respostas em poucos segundos, mas não conseguia escolher qual era mais apropriada para dizer.

Se falasse eu não se importava, Jungkook iria começar a dar mais beijos na bochecha? Não que Jimin se importasse, a questão é que ele sabia que aquele ato iria tirar sua paz psicológica.

Se respondesse que não gostava, estaria mentindo, isso ele não poderia negar. Fora que se essa fosse a resposta, Jungkook poderia se sentir mal, e Jimin não queria isso.

Por fim decidiu que suas paranóias estavam inventando coisas onde não tinha. E por outro lado, o que tinha demais naquilo? Não significava nada. Jungkook e Hoseok trocavam beijos na bochecha, Jimin já tinha visto, e bom, os dois eram amigos, e não tinha nada demais.

Então tudo bem se Jungkook lhe beijasse na bochecha, certo? Certo! Não tinha problemas nisso. Nada além disso.

― Não me importo que você me beije.

― Sério? Então a gente pode se pegar? ― perguntou brincalhão e riu quando o moreno virou rapidamente a cabeça para trás. ― É brincadeira, Jico. Poxa, saudades de quando você flertava de volta. Assim vou pensar que você quer mesmo me beijar pra valer.

― Perdão, estou meio avoado hoje ― riu sem humor.

O resto do caminho foi calmo, baseado em comentários de Jungkook sobre a paisagem, o de sempre, e claro, Jimin escutando tudo e concordando com alguns pontos.

― Olha Jimin, uma vaquinha ali ― apontou.

― Acho que é a mamãe da vez.

― Como você sabe?

― Eu poderia dizer que é por causa dos peitos inchados, mas vou julgar mais pela cara feia que ela está nos olhando.

― Medo…

― Eu falei pra você não vir, não me escuta.

― Eu disse “medo”, e não que estou arrependido. ― Refutou e deu um beliscão sem força na cintura do moreno, observando este se remexer. ― Só ela fugiu?

― Não, tem mais duas.

― Então cadê elas?

― Deve estar para dentro desse mato ― apontou para o mato mais fechado que ficava alguns metros dali.

― E cadê o filho da mamãe da vez?

― Boa pergunta… ― refletiu com si mesmo. ― Temos que achar o sumido.

― Olha, acho que o problema está ali! ― apontou para o ponto da cerca, onde o arame estava mais baixo.

― Que visão boa do cacete é essa? ― perguntou um pouco surpreso e Jungkook riu. ― O problema é no colchete, vou ver o que dá pra fazer.

Jimin puxou as rédeas com cautela, fazendo o cavalo parar. Sem delongas, ele desceu com facilidade, observando Jungkook fazer o mesmo.

― Tem concerto? ― Jungkook perguntou, sem dar atenção, já que estava ocupado em acariciar a face do cavalo.

― Tem, mas vai levar mais tempo do que eu pensei… ― suspirou ao analisar a situação. ― A madeira apodreceu, vou precisar trocar e colocar um novo.

― E onde vai arrumar um novo?

― No mato ― deu de ombros ao se levantar, começando a sair dali. ― Amarra o cavalo no outro poste aí e vem.

Jungkook fez o que foi pedido, conferindo três vezes se o animal estava bem amarrado ali, e com isso feito, saiu correndo para alcançar Jimin.

― Que grama alta ― o mais novo comentou.

― Olha ‘pro chão, viu?

― Isso se eu conseguir, essa grama ‘tá engolindo a gente.

Quando começaram a entrar na mata fechada, Jungkook se aproximou mais de Jimin e se deu a liberdade de entrelaçar seus braços. O lado bom é que não tinha mais grama, então dava para ver onde estavam pisando.

― O que estamos procurando exatamente?

― Um pedaço de madeira verde que possa substituir o antigo.

― Árvore é o que não falta, vai ser fácil.

― Vamos ver.

Os dois não foram muito longe, mas pararam de imediato ao ouvirem um barulho estranho. Ou melhor dizendo, um berro. 

― É o bezerrinho… ― o avermelhado sussurrou.

― Deve ser, depois vamos atrás dele.

― Depois? E se ele estiver precisando de ajuda? ― arqueou a sobrancelha e Jimin suspirou. ― Vou procurar ele.

― O quê?! ― segurou o braço do mais novo, o puxando de volta. ― ‘Tá doido, criatura? Vai sair andando em um mato que você nem conhece?

― É muito grande?

― O quê?

― A mata. É muito grande para que tenha risco de me perder?

― Não, mas-...

― Tem algum tipo de bicho que possa me atacar no meio do caminho, tipo, onças?

― Aqui não, mas-...

― Então pode arrumar o colchete que eu vou procurar o bezerro. E não se preocupe, eu estou olhando para o chão ― disse na medida que começava a se afastar. ― Qualquer coisa eu grito!

Jimin ficou sem reação.

― É por isso que meu pai não gostava de me trazer ‘pro mato quando eu era criança. Eu devo estar pagando pelas minhas bagunças e sustos que fazia meu pai passar ― ciciou para si mesmo e passou os dedos entre os fios de cabelo. ― Que teimoso, meu Deus do céu… Eu não sei se prefiro ele todo corajoso assim ou fresquinho. Ele não podia ser um mimadinho normal? Iria dar menos trabalho! Olha aí, eu já estou ficando louco e falando sozinho.

Sem ter outra alternativa, Jimin voltou para o foco inicial; achar uma madeira nova para arrumar o colchete.

Jungkook se concentrava em olhar com atenção para os arredores e para o chão onde pisava.

Do you know if you're coming back? ― murmurava a música de maneira entretida, mas parou ao ouvir o bezerro de novo. ― Isso, vai denunciando onde você ‘tá, bichinho. Não podemos enrolar aqui se não o Jico vai ter um treco.

Ele parou de repente com as mãos na cintura e olhou ao redor.

― Aqui é bonito, traz paz… ― respirou fundo e sorriu. ― não é todo dia que ele vai me trazer para cá de novo, né? Melhor registrar ― pegou o celular no bolso e abriu na câmera. ― Olha que linda fica a imagem. Calma! Se concentra, Jungkook! O bezerro primeiro, fotos depois!

E com isso ele prosseguiu andando e voltando a murmurar a melodia de antes.

Jungkook andou um pouco para ouvir o barulho do rio com mais intensidade, logo identificou que estava próximo da água, e se preocupou, já que os berros do bezerro também estavam bem mais altos, como se estivessem bem perto.

― Eu espero que ele não tenha inventado de virar nadador.

Tinha mesmo um rio e a correnteza parecia ser forte o suficiente para levar qualquer um embora, então Jungkook optou por ficar mais longe da beira. Com um pouco mais de atenção, achou o bezerro deitado no chão perto de uma árvore, com um galho sobre as costas. O avermelhado nem conseguia imaginar o que o animal tinha feito para entrar naquela situação, mas não tardou em se aproximar para ajudar.

― Calma, calma… ― se agachou cauteloso e levou uma de suas mãos para a cabeça do animal, deixando um carinho ali. ― Como você foi parar aí, hein? Mal nasceu e já está aprontando. Pelo visto, você vai ser bem agitado. Mas vamos tirar você daí.

Retirar o galho de cima do bezerro foi fácil. O animal se levantou com as pernas bambas, deu alguns passos e olhou para os lados, parecendo confuso.

― Vou te levar de volta pra sua mãe, relaxa ― se levantou. ― Quer dizer, o Jico vai. Eu não sou nem louco de chegar perto da sua mãe. Vamos lá.

Jimin tinha levado menos tempo do que imaginou para achar uma madeira substituta para arrumar o colchete. Ele já estava ali há um bom tempinho arrumando os arames no suporte novo, enquanto seus pensamentos voavam longe. Só naquela brincadeira, quase apertou os dedos no alicate umas duas vezes por falta de atenção.

― Ele ‘tá demorando… ― voltou a falar com si mesmo, concentrado em apertar os arames. ― Eu não deveria ter deixado ele ir sozinho, onde eu estava com a cabeça?

Ele deixou o que fazia de lado e soltou um suspiro. O tempo estava quente e aquela atividade estava lhe cansando, por isso, na intenção de se refrescar, abriu mais três botões da camisa, ficando satisfeito quando um vento fresco passou por ali.

― E se ele caiu no rio e rodou? ― murmurou preocupado ― E no final das contas, quem mandou quem pra morte fui eu! ― se levantou rápido. ― Meu pai vai me matar, os Kim vão me matar!

Jimin saiu dali apressado para ir atrás de Jungkook. Estava quase chegando na mata novamente quando viu o avermelhado sair dali com o bezerro nos braços.

O queixo do moreno foi no chão.

― Olha quem eu achei, Jico! ― o mais novo enunciou feliz.

― Eu… eu… ― ele não sabia o que dizer.

― Acredita que ele estava preso? Eu te disse que era melhor ir procurar ele. Imagina se ele se machuca tentando sair de lá ou pior, e se ele caísse no rio? O coitado mal nasceu.

― 'Cê demorou…

― Oh, sim… desculpa. Parei para tirar umas fotos com a mini vaca. Quer dizer, eu acho que é fêmea. É fêmea, não é? ― mostrou o bezerro em seus braços ao se aproximar.

― É… é fêmea. ― Confirmou, ainda meio em choque.

― Sabia! Será que ela seria amiguinha do Meeko?

― Ela fica com a mãe, então não vai ter tempo de virar best do Meeko.

― Pena… ― ajeitou a bezerra nos braços. ― E aí? Conseguiu arrumar o colchete?

― Quase ― se virou e começou a caminhar de volta para a cerca.

― E as outras novilhas? ― perguntou e começou a andar ao lado do moreno.

― ‘Cê não viu elas no mato não? ― olhou para o avermelhado.

― Não. Devem estar para o outro lado. Quer que eu vá atrás?

― Não!

Jungkook arqueou a sobrancelha e Jimin raspou a garganta.

― Se fosse o Teco, você estaria agindo mais tranquilo ― deixou o animal no chão ao se aproximarem da cerca.

― Goo, eu só não quero que você se machuque.

― Claro, porque se o filho do patrão se machucar, você fica encrencado ― pela primeira vez, Jungkook parecia incomodado o bastante para cruzar os braços e olhar sério para outro canto.

― Cherry… ― se inclinou, buscando o olhar do mais novo. ― Eu me preocupo com você, poxa. Eu não quero que se machuque.

― Não sou esse bonequinho de porcelana não, Jimin ― encarou o moreno. ― Eu sei me cuidar sozinho, não sou tão incapaz do jeito que você pensa.

― Goo, eu não-...

― Está estampado na sua cara, nem venha me dizer o contrário. ― Suspirou. ― Você estava indo atrás de mim, não é? Porque estava duvidando que eu conseguiria achar a bezerrinha sozinho. Porque claro, mimadinhos como eu não tem capacidade o suficiente, não é?

― Para com isso, Jungkook…

Jungkook afirmou, abaixando a cabeça e saiu dali. Ele se sentou embaixo de uma árvore ali próxima e voltou a dar atenção para a bezerra.

Jimin abriu os lábios mas os fechou em seguida, não querendo prolongar uma possível discussão. Resolveu deixar para conversar novamente depois. No momento, iria apenas terminar de consertar o colchete.

Os minutos seguintes foram desconfortáveis o bastante para Jimin não querer estar em uma situação como aquela com Jungkook nunca mais. Se sentia mal por ter deixado o mais novo chateado de certa forma, e esse sentimento só crescia ao olhar para o avermelhado de relance, notando este quieto debaixo da árvore, com um semblante sério e não sorridente como de costume.

Com o colchete pronto, Jimin suspirou e foi até o avermelhado, se sentando ao lado do mais novo.

― Conseguiu? ― Jungkook perguntou.

― Aham…

― Então você vai levar a bezerrinha pra mãe dela e procurar as outras novilhas?

― Cherry, eu não queria que você pensasse daquele jeito. Eu só me preocupo contigo, e sim, eu duvidei um pouquinho de você… mas é porque você nunca fez algo do tipo. Eu não queria que você se sentisse ofendido, desculpa… Poxa, vai ficar bravo comigo por me preocupar contigo, caramba? ― encarou o mais novo, reparando este rir fraco.

― Não dá nada… me desculpa também. Eu não deveria ter falado daquele jeito com você. Nem era pra mim estar aqui, eu só tinha que ficar quietinho e eu não fiquei.

― Eu ‘tô feliz que esteja aqui. Obrigado por ter vindo e me ajudado ― criou coragem para encostar suavemente os dedos em uma das mãos do outro.

Um toque de mãos não significava nada. Era apenas um toque de mãos. Apenas. 

O cérebro de Jimin repetia isso na medida que a mão de Jungkook correspondia aos toques, fazendo seus dedos brincarem uns com os outros.

― Está dizendo isso para me fazer sentir melhor ou…? ― Jungkook ergueu os olhos para o mais velho.

― Falo sério, criatura! Estou feliz que tenha vindo e você ajudou sim. Muito obrigado. ― Sorriu. ― Desculpa por ter duvidado de você, prometo que vou confiar mais no seu potencial.

― Significa que vai parar de se preocupar comigo? ― perguntou risonho e Jimin riu.

― Isso está fora de cogitação.

― Que bom. É bom saber que se preocupa.

Jimin prendeu a respiração, afastando sua mão e olhou para outro canto ao sentir que um clima estranho tinha se infiltrado naquele momento. Ele se levantou segundos depois, limpando os resquícios de terra da calça, assistindo Jungkook fazer o mesmo.

― Vamos procurar as novilhas ― indicou ao começar a se afastar dali.

― Vamos? Vou junto? ― apressou os passos para ficar ao lado do mais velho.

― Se deu conta da bezerra, dá conta das novilhas também.

― Mas ela é um bebê, né ― coçou a nuca. ― E alias, ela vai ficar ali mesmo? ― apontou para o animal deitado debaixo da árvore.

― Fica. Se ela sair, não vai muito longe ― subiu no cavalo e estendeu a mão para o mais novo.

― O que vamos fazer com a mãe dela? ― perguntou assim que subiu também, passando as mãos para a cintura do moreno.

― Ela a gente deixa por último. O foco é achar as outras duas vacas e levar elas de volta para o pasto dali.

― E se a mamãe da vez for junto?

― Isso é o de menos, a gente vê depois. ― Fez um barulhinho com os lábios, incentivando o cavalo a andar.

Não precisaram andar muito para encontrar as duas novilhas. Uma entrando no mato e a outra no meio da estrada, pastando a grama do outro lado de cerca.

― Maravilha ― Jimin suspirou. ― Dá conta de ir atrás da que entrou no mato? Ela não faz nada, vai ter medo de você. É só tocar ela pra cá.

― Você está duvidando? ― riu e desceu do cavalo em um pulo, fazendo Jimin rir.

O avermelhado saiu apressado e sumiu entre a grama alta, enquanto Jimin o alertava para olhar para o chão.

Fazer a novilha perto da cerca voltar para trás foi fácil, ela saiu correndo pela estrada, indo na direção do colchete aberto para entrar no outro pasto. E quando Jimin escutou uma movimentação vindo do mato, sorriu ao ver a outra novilha saindo entre as árvores e correndo para alcançar a outra.

O moreno esperou alguns segundos até ver Jungkook se aproximando em passos calmos, enquanto passava as mãos nos braços, tirando alguns ciscos de sujeira da pele e da roupa.

― O que rolou? ― não conseguiu segurar um riso ao reparar alguns galhos presos nos fios vermelhos do mais novo. ― Seu cabelo está parecendo um ninho, Goo! Desculpa!

― Muito engraçadinho ― mas ele acabou rindo também. ― Ela é teimosa! Queria porque queria ir para o outro lado, mas eu bati o pé! No meu turno não!

― E como ‘cê se sujou assim, criatura?

― É que eu bati o pé com muita força. Escorreguei e caí.

Aquilo foi o que restava para fazer Jimin gargalhar com vontade.

― Meu deus, cherry… ― tampou a boca e puxou o ar. ― Mas ‘cê ‘tá bem? Se machucou?

― Ralei o cotovelo, mas não é nada grave. ‘Tô de boa.

― Ótimo. Vem, sobe aqui ― estendeu a mão novamente para o outro. ― Só falta fechar o colchete ali e focar na mamãe da vez.

― Esse apelido para ela pegou, hein? Espero que ela seja uma boa mãe. Mas se bem que, levando em consideração que ela deixou o filho sozinho no mato, a gente pode suspeitar. Ela que nem venha de muita graça pra cima da gente, querendo pagar de bravona!

― Nem parece que estava com medo dela.

― É, mães desnaturadas me assustam ― emitiu sem querer, com um sorrisinho azedo.

A bezerra já estava ao lado da mãe e Jimin já tinha fechado as outras duas novilhas do outro pasto novamente. Agora poderiam voltar para casa com a vaca e a bezerra. O mais difícil na tarefa, foi fazer o animal começar a seguir a estrada para saírem dali, a vaca relutou algumas vezes e até deu sinais de querer enfrentar os dois, mas Jimin não deu espaço para isso quando a assustou com o barulho de um chicote batendo no chão.

Agora seguiam de maneira calma na estrada. A vaca com a filhote andando na frente e os dois atrás, no cavalo.

― Eu achei que ela iria matar a gente ― Jungkook comentou.

― Bem que senti uma falta de ar com você me abraçando e quase me quebrando ― os dois riram.

― Desculpa. Foi o nervoso do momento.

― Ei, cherry…

― Hm?

― ‘Tá tudo bem mesmo, né? Entre a gente.

― Você ainda está pensando nisso? Troca o disco. ― Cutucou a costela do moreno, provocando um riso no outro ― Estamos bem. E me desculpa mais uma vez, viu?

― Desculpa também por ter duvidado de você. Espero que nas próximas você venha de novo.

― Mas vou poder vir com o Rocambole, né? Sabe, para evitar tombos.

― Claro ― riu soprado. ― E aí? Não vai fazer seus relatos da paisagem hoje?

― Até parece que você gosta de ouvir.

― Uai? É claro que eu gosto!

― Eu sei, ‘tô brincando ― sorriu largo. ― Eu fico todo feliz quando percebo que você está mesmo dando moral para a minha falação.

― Sua falação é interessante.

― Assim eu me apaixono.

― ‘Cê já disse isso ― soltou um riso.

― Estou dizendo de novo, ué. Você fala e faz umas coisas que me deixa tipo… “porra, que menino perfeito!”

― Ok, para, estou começando a ficar sem graça ― riu tímido, escutando uma gargalhada do garoto atrás de si.

Quando chegaram na fazenda, Roberto terminou de concluir o serviço e levou a vaca com a bezerra para o curral. Já Jimin e Jungkook, foram para o estábulo.

― Estou morrendo de fome! ― Jungkook disse ao descer do cavalo.

― Uma hora dessa, um banquete deve estar quase sendo servido na sua casa ― Jimin repetiu os mesmos movimentos do mais novo ao descer do animal e começou a puxá-lo para dentro do estábulo.

― Sim, os almoços aqui saem muito cedo, eu ainda estou me acostumando.

― Te convidaria para almoçar lá em casa, mas tenho certeza que não trocaria seu banquete para ir comer junto com os plebeus.

Jungkook cruzou os braços e cerrou os olhos, assistindo Jimin rir e começar a tirar a sela do cavalo.

― Para sua informação, meu senhor, eu super aceitaria ir almoçar com você. ― Devolveu simplista, atraindo o olhar de Jimin novamente. ― Dizem que comida de avó é a melhor coisa do mundo. Acho que vale a pena tirar a conclusão.

― Sério mesmo?

― Se você estiver falando sério em relação ao convite, eu estou falando sério em aceitar.

― ‘Tá… então só espera eu terminar aqui e a gente já vai ― sorriu confuso e se virou.

― Eu já aceitei que, mesmo falando mais de mil vezes, você só vai tirar essa imagem que criou de mim como um "riquinho mimado" com o tempo. Eu só espero ter muita paciência nesse tempo e não te dar um tapão.

― Eu não penso que ‘cê é um riquinho mimado, Goo. É só que às vezes, sei lá… eu me surpreendo com o quão incrível ‘cê é. É que, no mundo de hoje, é difícil encontrar pessoas como você.

― Como… eu? ― perguntou confuso.

― 'Cê tem tudo que o dinheiro pode comprar, mas eu tenho certeza que choraria se ganhasse uma cartinha fofa ou um presentinho feito a mão. Coisas simples conseguem te deixar bobinho e encantado. Eu juro que vejo as duas bolotas dos seus olhos brilharem quando fazemos esses passeios na natureza e ‘cê fica todo admirado olhando as árvores, plantas e comentando sobre tudo com a maior animação do mundo, como se estivesse vendo tudo pela primeira vez na vida. ‘Cê consegue ser a personificação da felicidade, mesmo depois da vida ser tão injusta e cruel contigo no passado. Digo com leveza que ‘cê é a pessoa mais pura que eu já conheci.

Jungkook ficou parado ali por um quase um minuto com os olhos arregalados. Só foi despertar quando Jimin soltou uma risadinha.

O avermelhado piscou e se aproximou em passos lentos até estar próximo do moreno, para no fim, o puxar para um braço. O contato não foi negado obviamente, Jimin mal controlou as próprias mãos quando elas subiram para os ombros de Jungkook até se enroscarem no pescoço deste, ao sentir as mãos do mais novo envolverem sua cintura.

Jungkook sorriu abertamente, fechando os olhos e apertou Jimin naquele abraço. O seu coração mudou de ritmo rapidamente com o contato.

Jimin gostava de abraçar Jungkook pela cintura. Mas descobriu naquele momento que também gostava quando tinha os braços do mais novo enroscados em sua cintura, o apertando com firmeza.

― Vai ficar feio se eu chorar agora? Você disse coisas bonitas sobre mim… ― sua fala fez o mais velho rir ao se afastar.

― Viu? ‘Cê é desse tamanho ― mostrou um pequeno tamanho entre os dedos, fazendo Jungkook rir fraco.

― Não, eu ainda sou maior que você.

― Vai a merda então ― bufou, e Jungkook soltou outra gargalhada.

― Ué, cadê o menino que acabou de dizer várias coisas bonitinhas sobre mim?

A resposta não veio. Os olhos de Jimin foram parar no cabelo de Jungkook, e um riso escapou de seus lábios ao notar as mesmas folhas e galhos de mais cedo. Sem perder tempo, levou suas mãos até os fios tingidos e começou a retirar as plantas com cuidado.

― Eita, isso ainda ‘tava aí ― murmurou surpreso ao ver o mais velho retirando um galho de seu cabelo.

― ‘Tava parecendo um ninho de passarinho. Só Jesus na causa-... AI! ― resmungou ao receber um beliscão no braço.

― Me respeita, rapaz. Vai terminar seu serviço, anda.

― Não vai me ajudar?

― Eu não, sou muito incapaz, lembra?

― Achei que ‘cê tinha me perdoado!

― Sim, eu perdoei, mas é uma boa desculpa para não querer ajudar, não acha?

― Rico desumilde, eu sabia que uma hora a máscara iria cair! ― brincou e se virou para ir terminar de tirar a sela do cavalo.

Jungkook mandou uma mensagem para Namjoon, avisando que iria almoçar com Jimin, e como resposta teve apenas uma confirmação de seu pai: um emoji de joinha. Era típico do mais velho.

Chegando na casa do moreno, os dois foram recebidos por Rosélia que estava perto do portão, arrumando alguns pés de rosas.

― Eu acho que é aquele bode que está comendo as rosas ― ela pensou alto, sendo observada pelos outros dois.

― Eu não duvido ― Jungkook disse.

― A pergunta é: por que você e a vó plantaram essas rosas perto do portão, sabendo que tinha espaço no canteiro dos fundos e que o Clementino obviamente iria adorar essas rosas aqui? ― Jimin fez o questionamento e cruzou os braços.

― Eu queria as rosas na porta de casa, Jimin ― ela respondeu como se não fosse óbvio e o moreno suspirou. ― É para ficar bonito.

― Certo, vamos entrar, Goo. Discutir com ela não vai nos levar a lugar nenhum ― deixou batidinhas no ombro do mais novo e saiu caminhando para a área dos fundos.

― As rosas são lindas, tia ― disse para a mulher junto com um sorrisinho e saiu dali para ir atrás de Jimin.

A mulher sorriu feliz e voltou a ajeitar as plantas para o lado de dentro, numa tentativa de poupar as rosas de um possível ataque de Clementino novamente.

Na área dos fundos, estavam Ediluzia e Roberto, ambos já sentados à mesa e se servindo. A velha ao ver os dois recém chegados, se levantou com um sorriso enorme e se aproximou apressada.

― ‘Cê trouxe o Goo ‘pro almoço, Jico! ― ela disse feliz ao se aproximar do avermelhado ― Senta filho, senta! Eu vou servir ‘ocê.

― Não precisa, vó-...

― Deixa a gente ir lavar as mãos primeiro, né vó? ― Jimin pegou no braço do mais novo e saiu o arrastando rápido para dentro da cozinha. ― Não se assuste, ela vai te tratar como se você fosse uma criancinha.

― Deixa ela, é tão fofa!

― Depois não diga que eu não avisei.

Depois de lavarem as mãos, voltaram para a área, onde Ediluzia terminava de servir um prato.

― Vó, a senhora nem sabe se ele come tudo que ‘tá aqui ― Jimin lembrou e sentou-se ao lado de Jungkook.

― ‘Cê come o que ‘tá aqui? ― perguntou para o mais novo, cheia de expectativa, fazendo os dois rapazes rirem.

― Como, não se preocupe ― respondeu sorridente, assistindo a velhinha voltar a encher o prato.

― Espero que esteja com muita fome… ― Jimin sussurrou para o avermelhado, enquanto ambos assistiam Ediluzia servir o prato do mais novo.

― Deixa ela.

― Fala isso agora, quero ver pra onde vai toda essa comida.

― Sogrinha, o menino vai explodir ― Roberto disse preocupado, assim que Ediluzia colocou o prato perto de Jungkook.

― Deixem de exagero, nem é muito. Vou pegar o suco ― se afastou e foi para dentro da cozinha.

― Desculpa por isso, ela se empolga ― Roberto sussurrou para Jungkook, fazendo este rir. ― Não precisa comer tudo se não aguentar, viu?

― Está tudo bem.

― Jico, ‘cê chamou sua mãe pra vir comer? ― olhou para o filho.

― Chamei, mas ‘cê conhece a peça ― ergueu as sobrancelhas e apertou os lábios, fazendo Roberto rir e afirmar.

Ediluzia voltou da cozinha com uma jarra de suco e colocou no centro da mesa. Jimin foi o responsável por encher seu copo e o de Jungkook. Rosélia apareceu ali também segundos depois e entrou na cozinha para ir lavar as mãos.

― Como foi lá no pasto? ― Roberto perguntou.

― Achei que iria demorar mais, mas foi bem rápido. O Goo ajudou bastante.

― Levando o menino ‘pro meio do mato, Jimin ― o mais velho o repreendeu de forma brincalhona, mas com um pitada de seriedade.

― Eu insisti em ir, tio ― Jungkook respondeu antes que Jimin o fizesse. ― Ele não queria me levar, mas fiz uma birra ou outra e consegui o que eu queria.

― E que mal tem? É bom que ele conhece os lugares tudo ― Ediluzia entrou no assunto.

― ‘Cêis tomaram cuidado, né? ― quem perguntou foi Rosélia, que apareceu ali secando as mãos em um paninho.

― Sim… ― Jimin sorriu fraco, ocultando a parte em que deixou Jungkook entrar no mato sozinho.

Os três adultos engataram em outro assunto envolvendo o trabalho de Rosélia, enquanto os dois garotos se concentravam em comer e prestar atenção nos relatos em silêncio. Teve um momento ou outro que Jimin olhava para o lado, preocupado se Jungkook iria conseguir mesmo comer tudo que sua avó tinha colocado no prato dele. E para a surpresa do moreno, o mais novo seguia comendo tudo com tranquilidade e concentrado no assunto que rolava.

― Quer mais, filho? ― Ediluzia perguntou ao ver o prato vazio de Jungkook.

― Não, estou satisfeito já, obrigado ― sorriu simples.

― Ele é tão educadinho ― Rosélia comentou, fazendo o avermelhado rir fraco.

― Estou um pouco chocado que ‘cê conseguiu comer aquilo tudo ― Jimin disse e deixou seus talheres de lado ao terminar sua refeição também.

― Era fome. E os boatos são verdadeiros, comida de avó é uma maravilha! ― concluiu reflexivo, arrancando risadas dos outros.

― Então venha mais vezes, viu? ― Ediluzia propôs e se levantou ao pegar o seu prato e o de Jungkook.

Jimin se levantou e foi atrás de sua avó, levando o resto da louça que estava na mesa.

― Deixa aqui que eu lavo hoje. Vai dar atenção pra ele ― a velha tomou a louça das mãos do neto e empurrou o moreno.

― Vem, Goo ― chamou o mais novo.

Jungkook sorriu para os outros dois na mesa e se levantou para ir atrás de Jimin. Os dois tiraram os sapatos deixando do lado de fora e seguiram para dentro da cozinha, passando pela sala, entrando em um corredor até chegarem na porta do quarto do moreno, onde este entrou primeiro, dando espaço para o avermelhado entrar também.

― Não é nem a metade do seu quarto, mas fique a vontade ― riu.

Não deixava de ser uma verdade. Mas Jungkook não parecia ter dado a mínima para o comentário de Jimin. Estava concentrado em admirar os desenhos pintados na parede, ― certamente feitos por Taehyung.

As paredes levavam uma cor azul escura, os desenhos eram variados entre: notas musicais, alguns instrumentos, pássaros, flores e luas em fases diferentes espalhadas pela parede.

O quarto também era organizado até nos pequenos detalhes, como por exemplo: alguns cadernos escolares de Jimin junto com os materiais em cima da mesinha ao lado do guarda-roupa, arrumadinhos e alinhados.

― É tão bonito… ― emitiu baixinho, voltando a analisar os desenhos. ― Eu queria ter desenhos do Teco na minha parede também.

― Não deixa ele ouvir isso, ele fica louco e quando ‘cê menos esperar, ele já vai estar lá rabiscando sua parede.

― Não deixa de ser uma boa ideia, vou pedir pra ele depois ― ambos riram.

Os olhos de Jungkook encontraram o violão preto pendurado em um suporte na parede, perto da cama.

― Seu violão… ― se aproximou e passou os dedos sutilmente sobre as cordas.

No tampo do instrumento estava gravado duas iniciais. Um J e um N.

― Sua irmã, né? ― apontou para as letras.

― Aham. Ela tem também no violão dela. Coisa de criança, sabe?

― Quando ela vem visitar vocês? Isso acontece sempre ou…?

― É difícil. Ela não anda tendo muito tempo e não tem o próprio carro ainda. Então ela depende de alguém que traga ela quando ela vem, ou meu pai busca às vezes.

― Ela faz faculdade de quê?

― Medicina veterinária. ― Deu uma pausa, analisando a expressão neutra do outro. ― Não está surpreso, né?

― Na verdade, estou um pouco ― riu sem graça. ― Desde que te conheci, pensei algumas coisas sobre você, mas você se mostrou ser alguém totalmente diferente, mas nem tanto, do que eu imaginei. Então achei que com sua irmã seria igual, e ela estaria cursando algo… sei lá, algo não relacionado com fazenda, agro, animais e essas coisas.

― Então o imprevisível sou eu? ― sorriu e sentou-se no chão, escorando na cama.

― Sim. Aliás, o que pretende cursar?

― Não sei ainda. Eu tenho opções, talvez previsível pra você e outra não.

― Tipo…? ― sentou-se no chão também, na frente do moreno.

― Agronomia… ― discorreu risonho, assistindo Jungkook afirmar com um sorriso. ― ou música.

― Nem tão imprevisível e nem previsível, na média.

― E você? O que quer cursar? ― dobrou a perna direita e a abraçou.

― Boa pergunta, eu não sei e nem tenho opções ― suspirou frustrado, fazendo o mais velho soltar um riso.

― ‘Cê é bom em várias coisas, tem muitos talentos, uma hora vai pensar em algo, sem pressa.

― Espero que sim.

Ao continuar analisando o quarto, notou outra coisa pendurada na parede perto da janela e do guarda roupa: um berrante.

― Um berrante, que foda! ― expressou admirado. ― Você sabe tocar ou é enfeite?

― Me subestimando? Tsc, tsc, tsc ― negou com a cabeça enquanto fazia um barulhinho com a língua. ― Que tipo de agroboy seria eu, se não soubesse tocar um berrante?

― Vai saber ― deixou um riso escapar. ― Um dia toca pra mim ver?

― Um dia. Que não será hoje.

― Já é alguma coisa ― deu de ombros. ― Mas o violão pode ser hoje?

Jimin fez uma careta preguiçosa e Jungkook uniu as próprias mãos em forma de suplico, para que o mais velho atendesse o seu pedido.

― ‘Cê precisa parar de tentar conseguir as coisas fazendo essa cara de cachorro pidão ― se levantou para pegar o violão.

― Por que eu vou parar se é eficaz? ― sorriu vitorioso, notando o olhar cerrado de Jimin por cima do ombro.

O moreno pegou o instrumento e voltou a se sentar no chão, cruzando as pernas.

― Eu ainda estou aprendendo a tocar essa, então sem julgamentos, por favor ― disse ao posicionar o violão sobre a perna.

― Uhum.

Jungkook sorriu ao reparar os dedinhos de Jimin posicionados sobre as cordas do braço do violão, enquanto os outros deslizavam nas cordas da boca, provocando os primeiros sons.

A expressão concentrada de Jungkook mudou rapidamente para uma de surpresa, assim que identificou a melodia. "Cardigan" da Taylor Swift.

Ao olhar para o moreno, observou este concentrado no que fazia, com a franja caída sobre o olho esquerdo. Os lábios cheinhos formavam um bico, devido ao momento de concentração, o que fez Jungkook sorrir.

Ele não sabia quando parou de escutar a melodia e embarcou em um transe, no qual era exclusivamente para analisar os detalhes do moreno. Os olhos escuros meio puxadinhos, o bico nos lábios vermelhinho, as bochechas fartas com sardas claras, a camisa ainda meio aberta, permitindo que os olhos do avermelhado reparassem as pintinhas de nascença que o moreno tinha na clavícula. A melodia não durou o suficiente para que Jungkook analisasse mais. Ele balançou a cabeça voltando para a realidade quando Jimin parou o que fazia e o encarou de volta.

Mesmo sendo pego no flagra, Jungkook não desviou os olhos, apenas deixou os mirantes inquietos, indo de um lado para o outro, mas sem deixar a face do mais velho. 

Jimin por outro lado engoliu seco, desviando os olhos e levando uma de suas mãos até seu próprio rosto, passando os dedos entre os fios negros.

― Você toca muito bem ― disse por fim, assistindo Jimin sorrir e abaixar a cabeça.

Antes que Jimin se pronunciasse, o barulho do celular de Jungkook ecoou. O avermelhado foi rápido ao pegar o aparelho e conferir de quem se tratava antes de atender. 

Era um número desconhecido.

Por dentro Jungkook congelou, mas não queria transparecer isso para Jimin, não de novo. Por isso, acabou atendendo.

― Oie? ― tentou soar o mais firme possível. 

Jimin que observava Jungkook atentamente. Assistiu a respiração deste sair de ritmo e o rosto ficar pálido repentinamente. Não levou nem mais dois segundos para Jungkook encerrar a ligação rapidamente e se levantar meio desnorteado.

― Goo? O que foi?! ― deixou o violão de lado e se levantou também.

― E-eu ― encarou o moreno, mas as palavras não saíam por nada.

― O que aconteceu?! Quem era? Por que ‘cê ‘tá assim?!

Ainda sim, Jungkook continuava inquieto, olhando para os lados e apertando o celular com as mãos trêmulas. Jimin estava para ter um treco por não saber o que fazer ou por Jungkook não dizer nada.

― Eu preciso ir pra casa. ― Foi o que o mais novo disse após alguns segundos e saiu dali apressado.

― O quê? Espera aí, Goo! ― chamou e foi atrás do outro.

Jungkook pegou seus tênis do lado de fora e nem se deu o trabalho de calçar, saiu correndo dali apenas de meias, deixando os três adultos na mesa confusos.

― O que aconteceu? ― Rosélia perguntou ao ver Jimin aparecer na área.

― Não sei, mãe ― respondeu sincero e confuso. ― Ele recebeu uma ligação e saiu correndo.

― Vai ver o pai, os tios dele estavam chamando ele com urgência ― Roberto disse.

Jimin não concordava, mas para evitar criar mais tumulto, apenas afirmou e disse:

― É, deve ter sido isso mesmo ― sorriu fraco e se virou para voltar para seu quarto.

Não iria atrás de Jungkook. Seja lá o que tivesse acontecido, o avermelhado claramente não queria dividir e Jimin não achava que era a pessoa certa para acalmar o mais novo diante das circunstâncias. Mas por outro lado, estava preocupado e torcia mentalmente para que tudo ficasse bem no fim.

🍒🐐🍒🐐🍒🐐
#LacemOClementino

Teorias??? Pelos comentários que li em uns caps anteriores, vi que tem pessoas que já sacaram! 👀

A música que o Goo estava cantando no mato é do The Neighbourhood "Reflections".

Qualquer erro, dúvidas, críticas construtivas, estou a disposição. Podem deixar aqui que eu leio tudinho!

Quem quiser me acompanhar no insta e no twitter, tento ser ativa nos dois e sempre solto alguma coisas sobre minhas fics lá.

instagram: @/autorastiny
twitter: @/wooyjk

Até o próximo capítulo gente, beijinhos!💕

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