ZERO - Katsuki Bakugo

By samespacial

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Sobre quando Katsuki encontra alguém difícil de superar. Katsuki Bakugo x fem!oc More

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XLII
ESPECIAL - Sobre o dia em que Kiara foi visitar Bakugo.
ESPECIAL II - Sobres as histórias que ninguém nunca ficará sabendo.

XI

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By samespacial


A sala de aula estava uma algazarra como em todos os dias desde que começou no curso de heróis. A porra do representante estava em um canto da sala disparando uma porção de instruções das qual boa parte da turma estava cagando. Ele só queria sair dali.

Katsuki abaixou a cabeça e a apoiou em cima do caderno fechado olhando para as pessoas ao redor sem o menor interesse, só não estava irritado com a barulheira porque ao menos isso sufocava os seus pensamentos. Foi quando notou a porta da sala ser aberta, cinco minutos antes do horário oficial para início das aulas, de primeira ele achou que fosse Aizawa chegando adiantado, como acontecia de vez em quando.

Kiara mal deu dois passos para dentro da sala até ser interceptada por Iida, e ninguém precisava ser nenhum tipo de gênio para descobrir que o representante estava reclamando por ela quase chegar atrasada. Ainda quieto, observou eles conversarem um pouco, até ela finalmente ser liberada, Kiara cumprimentou umas duas pessoas e seguiu caminhando na sua direção, ou foi o que ele imaginou a princípio, já que ela passou direto por ele e se sentou na carteira atrás de Deku, que deu a ela um bom dia bem animado.

- Estive pensando sobre aquilo que você me falou... - o loiro escutou o que parecia ser o início de uma conversa, mas que se seguiu sussurrada como se fosse a porcaria de um grande segredo.

Ele suspirou fechando os olhos, quando os abriu novamente, notou Kirishima o encarando de um jeito estranho. Bakugo não entendeu bem o motivo, mas se sentiu incomodado o suficiente para reclamar pela primeira vez naquele dia.

- Ta olhando o quê, ô cabelo de merda? - disse levantando a voz, assustando o ruivo que estava a algumas carteiras de distância.

- Bom dia, turma.

Bakugo controlou o próprio temperamento assim que viu o professor de literatura entrar na classe, recolhendo-se novamente em seu assento. Ele esperou que ao menos Cementoss passasse alguma atividade que pudesse ocupar todos os pedaços da sua mente.

Quando o sinal soou indicando que as aula da manhã haviam sido encerradas, Bakugo deixou a sala de aula o mais rápido que pode, na tentativa de sumir do radar do que a turma e a maioria dos outros alunos gostavam de chamar de Bakusquad. Ele obviamente conseguiu escapar da maioria deles, mas obviamente Kirishima não estava nessa lista.

Então, quando o garoto desviou do rumo que o levaria ao refeitório e se enfiou na área arborizada do colégio, Eijiro se materializou ao seu lado assim que ele achou que tinha escapado de todo mundo.

- Ei, você tá legal? - perguntou ele na primeira oportunidade.

As feições de Bakugo se fecharam em uma carranca irritada, ele enfiou as mãos nos bolsos da calça e apertou o passo.

- Que merda de pergunta é essa? - disparou na defensiva. - Porque não estaria?

- Bom, é que você tá quieto. - respondeu o ruivo. - E quando você fica muito tempo calado é mais ou menos como escutar uma sirene de alerta de desastres naturais. - Explicou conforme apertou o passo para acompanhar o amigo.

- Vai se foder.

Kirishima não disse mais nada, mas continuou na cola do loiro mesmo que não soubesse para onde ele estava indo, nem mesmo Bakugo sabia onde estava querendo chegar com aquela caminhada, na verdade, ele só queria esfriar a cabeça.

- Você não negou. - apontou Kirishima um tempo depois.

Bakugo parou de andar para poder dedicar a Eijiro um olhar assassino. Talvez aquilo tivesse sido capaz de surtir algum efeito no passado, mas agora não passava de uma ameaça vazia para o ruivo.

- Tá falando do que, idiota?

- Você não negou que não está bem. - ele explicou. - Aconteceu alguma coisa? Seus pais estão bem?

Katsuki cerrou os lábios impedindo que os pensamentos saíssem, estava tão cansado de si mesmo que por um instante pensou mesmo em conversar com Kirishima, mas aí teria que explicar sobre suas próprias inseguranças, e a porra do idiota era aquele tipo que se preocupa. Sinceramente preferia perder uma perna a ter que ver aquela expressão de novo no rosto do colega.

- Eu tô legal. - ele garantiu com o máximo de confiança que conseguiu emular para soar convincente.

- Tá legal. - respondeu Kirishima um tempo depois.

Katsuki percebeu que o amigo também tentou soar convincente.

Bakugo ainda não sabia bem o que estava fazendo, mas a semana havia sido infernal, os estágios recomeçariam em breve e ele estava a beira de um colapso mental. Kirishima continuava esquisito e de vez em quando ainda perguntava se ele estava bem.

Seu humor poderia espantar o próprio diabo já que estava oscilando entre picos de raiva e apatia. Ele precisou ficar na detenção por dois dias naquela semana depois de ter socado a cara do idiota do 2-B, tudo por conta de uma piadinha que ele no fundo sabia que nem incomodava mais.

Talvez tenha sido somente naquele momento que ele considerou pela primeira vez que Kiara pudesse estar certa sobre ele precisar conversar com alguém, admitir aquilo doía mais que quebrar o braço em cinco partes. Mas ele ainda não sabia bem o que fazer, e continuou sem saber o que fazer na semana seguinte, e ainda não sabia o que estava fazendo quando deu leves batidas na porta do quarto daquele dormitório, rezando para ser baixo o suficiente para mais ninguém escutar além da pessoa que estava do outro lado da porta.

Demorou um pouco até que ela fosse aberta, e a pouca luz que invadia o dormitório foi o suficiente para que Katsuki notasse que Kiara não estava nem um pouco feliz.

Ele esperou que ela falasse algo antes de fazer qualquer coisa.

- Porque? - a garota perguntou depois de respirar fundo.

- Quero falar com você. - disse ele passando por Kiara, entrando no quarto sem pedir licença, não queria sair invadido, mas era isso ou esperar alguém pegá-lo no flagra.

Ele deu uns três passos longos para dentro do quarto e se virou na direção da garota, que segurava a maçaneta da porta, o seu rosto carregava uma expressão que gritava incredulidade.

Kiara abriu e fechou a boca algumas vezes antes de falar.

- Que porra é essa? - ela perguntou irritada, o volume da voz um pouco mais alto, motivo pelo qual Bakugo quase voou pra cima dela para tapar a sua boca. - O mundo enlouqueceu e esqueceram de me avisar?

- Cala a boca, porra! - ele disse entredentes para não falar tão alto. - Alguém pode ouvir.

Kiara olhou para ele ainda descrente.

- Foda-se? - ralhou.

- Puta merda, Cenourinha, cala a porra da boca. - ele esbravejou correndo até a porta para fechá-la e abafar o volume das vozes.

- São duas horas da manhã, Bakugo. Puta que pariu, você não dorme? - ela continuou reclamando ainda com a voz um pouco alta demais para o gosto dele.

Merda, acabaria tendo que enfiar a cabeça dela no meio dos ursos de pelúcia que viu em cima da cama para abafar o som da voz irritadiça.

- Fala baixo, caralho! - repetiu sentindo a irritação crescer, era uma merda não poder gritar como gostaria.

Ele empurrou Kiara para longe da porta, a garota até permitiu ser levada por uns dois segundos antes de surtar e se soltar dele com brusquidão. Kiara enfiou o dedo indicador no peitoral do rapaz com força e falou:

- Você tem cinco segundos para me dar uma justificativa aceitável ou eu vou começar a gritar "tarado!" até acordar todo mundo nessa escola. - ele não deixou de notar o tom de ameaça em cada sílaba, mas não levou a sério.

- Você não tá ficando louca. - ele rebateu, mas o olhar que ela o lançou o deixou em dúvida por um instante.

- Vai pagar pra ver? Ótimo. - ela deu um passo para trás e cruzou os braços. - Cinco...

Bakugo ficou imóvel por um instante, ela não seria capaz...

- Quatro...

...Ou seria?

- Três...

- Tá bom, já pode parar. - ele disse se aproximando dela instintivamente.

- Dois...

Bakugo travou o maxilar irritado, que merda de garota irritante!

- Um-

- Você disse que eu precisava conversar com alguém, porra, é o que eu tô fazendo! - declarou ele irritado ao mesmo tempo em que ela terminava a contagem.

Kiara não começou a gritar para a sua sorte, e ele achou que só não cumpriu com a ameaça porque parecia surpresa demais para fazer outra coisa além de piscar os olhos. Depois de um tempo considerável olhando em silêncio para o rapaz, ela respondeu.

- Eu quis dizer com um amigo, um parente, um terapeuta... - ela explicou ainda irritada. - Com alguém que se importe, mas com certeza não comigo.

- E é exatamente por isso que eu vim falar com você.

Ok, aquilo não fazia a porra de nenhum sentido, mas para ele funcionava. Se o que o incomodava era o olhar de preocupação que encontraria nos amigos, Katsuki começou a se perguntar quem entre as pessoas que conhecia que poderia escutar e não dar muita bola para os seus problemas. Kiara irritada por ser acordada no meio da madrugada era de longe a melhor opção.

Seria mais fácil ser morto por ela do que ver ela com um olhar de pena ou algo parecido.

- Você precisa urgentemente de tratamento psiquiátrico, vai embora do meu quarto, Bakugo.

- Aquilo que você falou sobre mim é verdade? - ignorando o pedido dela, ele prosseguiu. - Sobre não criar habilidades e essas merdas?

- Eu já respondi a essa pergunta, não vou repetir. - declarou cruzando os braços. - Vai embora e me deixa dormir.

- Cinco minutos, caralho. - ele insistiu, irritado.

Mesmo com a luz do quarto apagada, ele conseguia vê-la com clareza graças a iluminação exterior do dormitório. Kiara fechou os olhos e disse algo em uma língua que ele não conhecia, mas parecia um xingamento a julgar pelo tom.

- Você tá surtando porque descobriu que pode não ser o fodido que achava que era? - perguntou depois de um tempo considerando. - Primeiro que é bem idiota da sua parte ter achado isso em algum momento, ou você pensa que o professor Aizawa permitiria que um inútil continuasse no curso de heróis? Ah, francamente...

Ela bufou se afastando do garoto e foi em direção ao roupeiro, Kiara abriu uma das gavetas e a revirou até encontrar o que tanto procurava. Ela empurrou algo contra Bakugo, que segurou o tecido frio e de textura estranha por reflexo.

- Usa essa merda e me deixa dormir. - ela disse indo abrir a porta. - Se você não sair agora eu vou gritar.

- Que merda é essa? - perguntou ele segurando o tecido com o polegar e o indicador.

- Serve para absorver o impacto. Eu não uso. - Kiara disse antes que ele pudesse perguntar mais alguma coisa. - Nem é meu, acabou na minha mala sem querer e a dona disse que eu poderia dar um fim aceitável, agora sai.

Ela deu um passo para o lado exibindo a porta aberta, percebendo ele que aquilo não havia ajudado em porcaria nenhuma, saiu sem dizer mais nada.

Grande ideia de gênio, ele pensou, de tanto andar com idiotas estava possivelmente se transformando em um.

Mas apesar de tudo, ele ainda sentia o toque frio do tecido em suas mãos e quando chegou ao quarto acendeu a luz para analisar melhor a peça. O tecido lembrava a segunda pele que ele viu a garota usar por baixo do uniforme, aquela porcaria conseguia ser rígida e maleável ao mesmo tempo, nunca havia visto nada parecido com aquilo, e conforme o segurava, ele percebeu que a peça começou a ganhar temperatura, como se de alguma forma absorvesse o calor do seu corpo.

Ainda faltava muito para que os locais de treinamento fossem liberados, Bakugo encarou o relógio e se perguntou se seria muito ruim conseguir mais uma detenção.

Era sim uma péssima ideia conseguir uma nova punição por mau comportamento, foi o que ele pensou assim que terminou de vestir o uniforme e sentar na beirada da cama, Bakugo suspirou irritado, puxando a manga do uniforme somente para ver se aquela porcaria ainda estava no seu braço, já que depois de um tempo era como se simplesmente tivesse desaparecido.

Era como se não usasse nada.

De repente Katsuki pensou se aquela porra custava caro, e somente essa ideia o fez querer arrancar aquilo com braço e tudo. Mas quem seria idiota o suficiente para dar um item caro a um mero conhecido só para que ele a deixasse em paz? E não é como se a ruivinha fosse cheia da grana pra jogar essas merdas na cara das outras pessoas.

Ou ela era?

Não sabia de caralho nenhum sobre a idiota.

Exceto pelo fato de gostar de dormir e que certamente odeia ser acordada.

Bakugo olhou novamente para o relógio e bateu o pé sentindo a impaciência crescer com a demora do tempo em passar. Quando o relógio indicou que faltavam apenas vinte minutos para a liberação do campus para treino, ele saiu do quarto e deixou o dormitório, procuraria o lugar mais afastado e certamente quando chegasse lá já estaria dentro do horário permitido.

E assim que chegou a arena mais distante, ele parou para respirar finalmente, o sol sequer havia nascido e Bakugo já começava a sentir o cansaço que uma noite sem dormir cobraria, mas era tarde demais para pensar em descansar um pouco agora.

Ele puxou a manga do uniforme e analisou o tecido escuro que se agarrava a pele do antebraço direito, o tecido se ajustava perfeitamente ao seu punho e seguia até mais da metade do braço, quase no limite do ombro.

Bakugo analisou a arena ao redor, reparando nas paredes de concreto maciço que Cementoss deve ter levantado para alguma atividade ou até mesmo para os alunos que costumavam treinar pela manhã, o garoto ergueu o punho aberto em direção a maior viga que encontrou e começou a acumular calor na palma da mão, fez isso até que atingisse o dobro do que conseguia suportar com a sua direita.

Quando Bakugo finalmente liberou a explosão, a arena toda foi tomada pelo forte estrondo acompanhado do deslocamento do ar, que atingiu as vigas adjacentes graças a arrebentação súbita e violenta. Uma parede de combustão se ergueu diante de si junto da fumaça escura, produto da queima da nitroglicerina expelida pelo corpo dele.

O garoto continuou com o braço erguido conforme observava a coluna de fumaça subir até chegar ao teto, espalhando-se e dissipando-se depois de um tempo. A pressão causada pela sua explosão havia destruído a viga a qual havia mirado, e as que estava do lado e atrás também, o que havia ficado de pé estava claramente com a estrutura comprometida, mesmo tendo sido atingidas somente pela onda de pressão.

Devagar, ele recolheu o braço e fechou o punho, ele o testou um pouco como se não acreditasse que não havia sentido nada quando deveria estar no chão se contorcendo de dor. 

Aos poucos, ele notou o tecido começar a liberar uma fina camada de névoa, uma fumaça tão leve que mal era visível aos olhos.

- Mas que porra é essa?

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