. Narrado pela autora .
Luciano ficou atônito pelo que havia acabado de acontecer, pois foi pego de surpresa. E ele continuava ali, em pé , parado e encarando a porta do quarto que katie havia saído.
- Isso não é justo! - ele reclamava para si próprio, com um sorriso besta nos lábios, e agoniado por não ter agido rápido e tê-la impedido de ir.
O que Luciano poderia fazer ? Bom, ele poderia ter tido atitude e não ter congelado igual a um adolescente besta, já era uma opção.
Luciano respirou profundamente, se sentou na cama ainda sentindo seus batimentos acelerados, com raiva de si mesmo por não ter feito nada, nem dado um simples boa noite, revivendo a cena de novo e de novo, pelos minutos seguintes.
- Idiota! Covarde! - ele socava o vento.
Luciano se jogou na cama e ficou relembrando a cena de minutos atrás com um sorrisinho no canto dos lábios, como um menino nerd, apaixonado pela menina popular da sala.
Katie , entrou em seu quarto ainda desacreditada pelo que havia feito.
- Você deve ter enlouquecido! - katie caminho para o banheiro da sua suite.
Não é, e não foi um bicho de sete cabeças, não havia cometido um crime, mas era como se fosse. Aquele simples ato poderia acarretar muitas situações desnecessárias, gerar pensamentos, e expectativas confusas tanto em katie, quanto em Luciano.
Eles estavam indo pelo caminho da Friendzone, e katie não poderia ultrapassar a linha tênue que existia ali, ou acabaria colocando os pés, pelas mãos mais uma vez.
Afinal de contas, não era envolvimentos sentimentais e físicos que ela estava procurando, não depois de tantos problemas e traumas adquiridos.
E sempre começa assim, no início é tudo flores, aquela intensidade, aquela paixão, os olhares, os toques, as provocações, e depois, só depois, depois que a pessoa está bem envolvida, que os problemas, as diferenças, e as brigas começam a aparecer, e ela não estava procurando isso.
Katie estava começando a se sentir uma idiota por ter agido daquela forma, ela tava parecendo uma menininha besta, ingênua principalmente.
- Você precisa amadurecer! - katie ouvia a voz de seu pai falando. Era isso que ele sempre dizia, quando via que sua filha era movida por emoções, não pela razão.
- Talvez ele esteja certo! - katie pensou desanimada.
Katie muitas vezes travada uma batalha em sua mente para tentar entender qual era o problema de ser alguém que pode até agir por emoção a maioria das vezes, em algumas situações na sua vida, mas ela também tinha consciência que o mundo não gira só por sentimentos bons. E que, por alguns momentos em sua vida, a razão fale muito mais alto que, o amor, que a preocupação e sua mania de absorver os problemas alheios. Katie não era tão ingênua, imatura e frágil como seus familiares acham.
Katie tentou se concentrar em seu banho de banheira que deveria ser relaxante, e aceitar o que havia feito sem se cobrar muito. Afinal de contas, não tinha mas como voltar atrás, agora era só começar agir diferente, se por no seu lugar de mulher madura, e levar essa aproximação, como uma amizade qualquer, e sem segundas ou terceiras intenções.
Katie, se secou, colocou seu roupão, e fez seu skin Care noturno, assim como sua higiene.
Katie caminhou até sua cama, ajeitou a pequena que estava tomando a metade de sua cama, tratou de deixa-la mas confortável possível e logo se deitou, sentindo o peso de seu corpo exausto.
Katie admirou a pequena a sua frente.
- Que sorte você tem meu amor, sem preocupação, responsabilidades, sem esse peso que o mundo insiste em colocar em cima que cada um de nós. Que você continue sendo essa menina maravilhosa, especial, decida e esperta que você é. - katie afagou seu lindo cabelo liso. - Estarei aqui do seu ladinho em quanto puder, para lhe ajudar .. e auxiliar no que for preciso, para você não crescer como eu .. ferida, traumatizada, covarde, fraca. - uma lágrima escorreu no canto de seus olhos.
Era assim que katie se via, de tanto ouvir e ser tratada como uma pessoa fraca e incapaz de se cuidar , por sua família. Ela não fazia ideia da força que ela tinha, e de quão abençoada ela era por ter um coração tão puro e sincero, humilde.
Por muito tempo, katie permitiu que seus familiares a tratassem daquela forma, sem dizer uma palavra se quer para se defender, ou mostrar que ela não era nada daquilo.
Por muito tempo , katie permitiu que as pessoas a usassem, a diminuíssem , humilhasse, e foi por esse motivo que ela resolveu seguir seu caminho de forma "solitária".
Para se afastar de seus familiares, ela achou que o "casamento", a ajudaria, a salvaria, melhor dizendo. Mal sabia ela, que aquele tipo de fulga, só a manteria ainda mais presa.
Ela sofreu o pão que o diabo pisou,sambou, cuspiu e cagou em cima, e sofreu tudo calada. Por muito tempo, ela achou que aquele tipo de relacionamento que estava cultivando , era o castigo perfeito por ter saído de casa no momento errado, por motivos "errados". Então , não se atreveu a envolver ninguém, nem seus amigos, muito menos sua família. Para eles ela já era decepção demais, não queria piorar as coisas e confirmar que estavam certos por tudo que pensavam dela.
Querendo ou não, katie ainda sofria muito por estar longe deles, eram sua família, errados ou não, ruins ou não, eram sangue do seu sangue.
Ela ainda sentia desejo em agrada-los, ainda buscava algum tipo de aceitação por parte deles, e era decepcionante, frustante, que nada nunca de bom vinha.
Era sempre cobranças e julgamentos.
Mesmo ela mostrando o quanto era esforçada e dedicada, mesmo ela conseguindo se formar com exito no que sempre sonhou. Mesmo ela sendo uma mulher atualmente, independente!
Para seus familiares, katie está onde está, não por seu mérito .. mas por conta de seu ex relacionamento. Pelas influências de Deivid e sua família, e não porque se matou de estudar, não porque já pagava suas contas, não por ser uma boa aluna, nada disso, mas por ela ser só uma menina confusa, e para piorar mal agradecida, que na cabeça deles , depois de tudo que Deivid e sua família "fizeram", ainda teve coragem de abadona-lo sem mais nem menos. - mal sabiam eles.
Katie acabou adormecendo com lágrimas nos olhos , e pensamentos ruins como um nó na garganta.
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No outro lado da rua, havia uma BMW preta estacionada, de frente para a janela do quarto principal.
Aquele carro já estava ali a algumas horas vigiando, prestando atenção em quem entrava e saia da casa, sem ser notada.
- Vagabunda! - Devid estava a uns dois dias sem dormir direito, estava a base de energéticos e alguns alucinógenos, mas conhecidos como maconha e êxtase, que juntando tudo era como uma bomba em seu organismo e o deixava violento e acelerado a maior parte do tempo e a outra parte, caído e lento.
Deivid socava o volante loucamente, ele não estava conseguindo digerir que havia um homem dentro da casa que havia sido dele, com a mulher que ele jurava ainda lhe pertencer.
- Você ainda vai me pagar muito caro! - Devid continuava estacionado na frente da casa, cuspindo fogo pelas ventas.
Mas ele era paciente, ele não era nenhum pouco movido pela emoção, ele era puramente racional, frio e calculista. Ele não pensava muito, ele fazia, era objetivo.
Ele não agiria pela raiva, ele não faria um show fora do tempo, pelo contrário, agora ele tinha motivos para agir com cautela.
Deivid iria pesquisar minuciosamente a vida daquele cara que estava com a mulher que ele julgava ser sua, ele iria em busca de cada vírgula, afinal de contas, ele precisava saber com quem estava lidando.
- Seu tempo está começando a chegar no fim meu amor! - Devid estava completamente fora de si.
O ódio estava tomando conta.
Já era 4:00 da manhã quando ele percebeu que o cara não iria embora, e resolveu que mesmo contra sua própria vontade, ele teria que se retirar , mas não antes de fazer uma ligaçãozinha.
— Alô ? - a voz do outro lado ecoou.
— Acho que sua filha está precisando de uma visitinha sua, o mais rápido possível, ela tem estado bastante confusa ultimamente. Está tendo algumas atitudes irresponsáveis, e se pondo em risco. - Deivid foi direto.
Estava claro que, o que ele puder fazer para prejudicar e atrasar a vida de katie, ele faria sem pensar duas vezes!
— Deivid ? - o pai de katie perguntou confuso.
— Sim, sou eu! Mas não importa, eu só quero que saiba que me preocupo com sua filha e quero o bem dela, mesmo ela fazendo tudo que está fazendo. - Deivid não poderia ser mas ridículo.
— Eu sei que sim .. - os pais de katie sempre acharam que Deivid fosse a melhor solução para vida katie. Sempre foram cegos.
— Mesmo ela me tratando como o vilão da história , eu ainda a amo .. e sei que ela só está confusa e deixando se levar por amigos .. - aquele era o típico jogo de manipulação.
— Não se preocupe .. nem que eu tenha que interna-la para que ela volte a sua verdadeira consciência, vocês logo estarão juntos novamente. - não era possível que um pai tratasse a filha desse jeito, tão frio por causa de um cara imbecil e completamente narcisista, e cheio de dinheiro.
Claro, seus interesses estavam bem claros, não era amor ou preocupação com sua filha, e sim, com as condições que essa possível relação pode gerar.
— Não comente nada com ela por favor! Katie já está bastante chateada comigo pelo meu excesso de cuidado. - posso imaginar que sim.
— Pode deixar!
— Desculpe pela hora .. é que eu acabei de ver ela entrando em casa com um homem mal encarado, complemente bêbada.
— O que essa menina acha que está fazendo ? Enlouqueceu? Ou tá querendo me enlouquecer, só pode ! - o pai de katie bufou furioso e não pensou duas vezes antes de encerrar a ligação e pegar a estrada para ir "ver" a filha para por uns pingos nos "is".
— Que os jogos comecem! — Devid deu um sorriso vitorioso e vingativo, deu partida em seu carro e sumiu cantando pneu.