A Guerreira da Eternidade (Pe...

By JadonValdez

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A ilha de Nova Crimeia, afastada de qualquer civilização, abriga poucos dos Titãs restantes no mundo superior... More

* NOTAS DA HISTÓRIA *
Prólogo: Qual seu nome, garotinha?
1. Capitã
2. A Ilha Principal
3. A Selva de Hipérion
5. O Seu Maior Inimigo
6. Angústia
7. Despertar
8. Punhos e Espadas

4. Dia Do Julgamento

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By JadonValdez

Os primeiros minutos correram bem, se era possível dizer.

A "selva" parecia uma floresta comum por dentro. Claro, fazia um calor infernal ali, mas de resto as coisas não diferiam muito do habitual. Muitos insetos, pouca visibilidade, chão pegajoso. Não era nada muito incômodo para Atalanta, que avançava com sua espada Ingrid em mãos.

No momento, Taylor estava atrás dela, mas isso não queria dizer que ele iria respeitar qualquer ordem da garota.

Atalanta tentava se manter atenta a todos os detalhes. Avançava com cautela, espiava por entre as gretas, tentava ter um ouvido atento. Pouco a pouco, o seu nervosismo inicial começava a passar, dando lugar ao seu instinto de batalha apurado.

- Há! - Taylor, inesperadamente, falou. Atalanta parou, assustada, quando viu o garoto tomar sua frente. - Não é tão difícil quanto o general fez soar, não é?

Ela respirou fundo. A postura daquele garoto... era inacreditável.

- Não seja tolo. - Atalanta disse, bradando sua espada. - Mantenha sua guarda.

- Ah, vamos lá, Atalanta. - ele disse, sorrindo, confiante. - Nada nos atacou ainda e estamos aqui faz tempos. Não é perigoso como o mundo lá fora, não tem como ser.

- Quantas missões você já fez para fora? - ela questionou. - Você não tem noção de nada, Taylor. Fique quieto, por favor.

- É claro, você é muito melhor e mais experiente que todos nós, não é? - Taylor disse, abrindo os braços. - Eu sempre me pergunto... Como você, mortal, pode chamar tanta atenção do general assim?

- Cale a sua bola, se não vai acabar descobrindo uma coisa ou outra sobre isso. - Atalanta tentava manter a calma.

- Digo, você não tem habilidades básicas de um semi-deus, então... como, Atalanta? Como você é tão boa assim?

Ingrid tremulou nas mãos de Atalanta. Ela sentia sua inquietude.

- Bem, comparando com você... aparentemente, eu tenho um cérebro. - ela respondeu, tentando manter sua postura. - Você sabe o que é isso? Se soubesse não estaria de costas para uma floresta que pode te matar a qualquer momento.

Taylor sorriu, mas, repentinamente, algo mudou. Ele parou de andar. Atalanta, atenta, rapidamente acompanhou seu movimento, assumindo uma pose de combate. Algo estava prendendo o pé do semi-deus.

- Mas que...?

E então, eles foram emboscados.

Atalanta analisou rapidamente a situação, enquanto o esqueleto puxava o pé de Taylor, levando ao chão.

Dois... quatro... seis... nove... dezesseis. Eram incontáveis, surgindo do chão de absolutamente todos os locais de seu campo de visão. Esqueletos medonhos das mais variadas formas e tamanhos. Alguns empunhavam espadas enferrujadas, como soldados, outros eram enormes, como ogros, ou trolls. A questão era: estavam vindo para cima, enquanto Taylor tentava se livrar do Esqueleto-Soldado que lhe agarrava pelo chão.

Merda, eu sabia que isso acontecer. Atalanta constatou, nervosa. Aquela situação era culpa de Céos, mas não era hora de reclamar. Precisava agir.

- Conto com você, Ingrid. - a garota disse, agitando sua espada e liberando seu escudo de bronze. Ela partiu pra cima.

Era um fardo, mas ela precisava ajudar Taylor a se recompor. Não ajudando-o a se levantar e sim impedindo que aquela horda chegasse até ele, no chão. A melhor alternativa no momento era protegê-lo de todas formas que pudesse.

Os esqueletos não eram assim tão resistentes, afinal, pareciam mais marionetes. Eram lentos e seus golpes não tinham força o suficiente, os golpes de Ingrid desmontavam-nos facilmente, as pancadas com o escudo arremessavam suas partes para todos os lados. O problema era: eles simplesmente não paravam de se levantar para tentar de novo.

- Argh, que merda! - Taylor finalmente se pôs de pé.

Atalanta queria muito bater em Taylor até que ele perdesse a consciência, mas bem; não estavam em uma situação apropriada para isso, infelizmente.

- Precisamos abrir caminho. - ela disse, enquanto desferia um golpe circular com Ingrid afastando os esqueletos à sua frente. Os esqueletos pareciam agora um exército; não paravam de surgir do chão. - Eles vão nos encurralar se ficarmos parados aqui!

- Eu sei, eu sei! - Taylor disse, balançando a cabeça freneticamente. Ele bateu seus punhos metálicos duas vezes, como se se prepare-se para o ataque. - Apenas me acompanhe, garota!

Taylor avançou golpeando tudo à sua frente, como um verdadeiro animal. Atalanta aproveitou para proteger as costas do semi-deus. Se ele quisesse destruir, que destruísse. Ela garantiria que isso acontecesse de um modo bom para eles.

- Eles simplesmente... parecem se multiplicar. - Atalanta disse, enquanto arremessava uma cabeça de ogro para longe. - Precisamos achar uma brecha para correr, é impossível enfrentá-los de frente desse jeito.

- Eu... estou... tentando! - Taylor urrou, ele parecia cansado de quebrar ossos no momento. Atalanta olhou de esguelha e haviam tantos inimigos em sua frente quanto na dela. Seu plano não estava funcionando. Estavam sendo encurralados do mesmo jeito. Ela imaginou que tipo de magia o Titã Hiperíon tinha aplicado naquela floresta. De onde surgiam todos aqueles esqueletos?

O clarão do Escudo de Apolo não funcionaria naquelas coisas mortas. Ingrid não era capaz de acabar com todos tão rapidamente aponto de conquistarem uma brecha. O que fariam? Os olhos de Atalanta percorriam o local, procurando soluções.

Talvez se...

- Taylor, o quão rapidamente você consegue derrubar algumas dessas árvores? - Atalanta perguntou para seu companheiro de batalha. Ela definitivamente precisava de uma resposta positiva.

- O quê?! - Taylor berrou, enquanto usava um fêmur de um esqueleto-soldado para golpear outro no meio. - Quer que eu derrube essas árvores? Está maluca?

Brevemente, um esqueleto conseguiu furar o bloqueio de Atalanta, lhe conferindo um corte profundo no antebraço. Ela se recompôs, acertando-o rapidamente; mas a dor não era qualquer coisa. O cansaço também estava chegando. Podia ser um plano ousado, mas para dispersar aquela horda enorme... podia ser sua melhor chance de causar um grande impacto em área.

- Se você acha que consegue... faça! - Atalanta respondeu, ofegane. - Eu ganho o tempo para isso. Derrube a maior que você puder e... saia da frente.

- Arg... - Taylor grunhiu, ele não parecia muito satisfeito, mas, aumentou a velocidade de seus golpes, tentando se aproximar da maior árvore mais próxima.

Atalanta priorizou a defesa enquanto avançavam. Não tinha tanta habilidade com aquele escudo, principalmente não se sentia confortável ao usá-lo. Mas não havia outra escolha no momento. Ou defendia Taylor por aquele tempo, ou estavam perdidos.

Estavam se aproximando o suficiente de uma árvore robusta. Atalanta não tinha ideia se Taylor tinha a força suficiente para derrubar àquilo. Simplesmente esperava que tivesse, pois ainda não havia pensado em outro plano. Além disso, estavam tão cercados que de certo estariam mortos se a árvore não

- AHHHHH, aqui vamos nós! - Taylor berrou, arrebentando com o enorme esqueleto em sua frente a acertando o primeiro golpe bem no centro do tronco. A árvore inteira ribombou.

Certo, preciso garantir do meu lado. Atalanta disse para si mesma. Se postou nas costas de Taylor, com o escudo empunhado na mão direita e Ingrid golpeando quem pudesse na esquerda.

A quantidade de golpes que acertavam o escudo era incontável. Ele brilhava, acumulando energia para o clarão momentâneo que ele emanava - inútil, mais uma vez. Não conseguia ser eficaz com o raio de golpe que tinha com Ingrid no momento, mas o mais importante estava sendo cumprido: Taylor não estava tendo problemas para acertar aquela árvore com toda sua força e ódio.

- Você... consegue...? - Atalanta questionou. Estava difícil manter sua pose, seus pés tremiam com a força dos impactos no escudo. Em certo momento, ela simplesmente parou de tentar atacar. Focou em apenas defender os golpes que pudessem atrapalhar Taylor. Se sentia cansada como nunca.

- SIM! - Taylor berrou. Atalanta conseguia sentir a raiva em sua fala. Fazia parte de seu poder como filho de Lyssa. Sem raiva, sem ira; sua força não era nada. Ela se perguntava o que estava movendo aqueles punhos no momento.

- Então... ande com isso! - ela retrucou; suas pernas estavam quase cedendo.

- UUUHHHHHHH! EU ESTOU INDO! - ele respondeu, desferindo golpes tão fortes que faziam até o próprio chão tremer. - AGORA!

Enquanto escutava aquela enorme estrutura de madeira ranger bem atrás de si, Atalanta precisou batalhar com sua força restante para abrir espaço rapidamente. Não queria estar no raio de queda daquela coisa.

- ATALANTA! - ela escutou Taylor berrar, distante.

Por instinto, ela posicionou o escudo em sua cabeça e saiu correndo para frente. Sofreu alguns golpes dolorosos, mas tentava não reduzir sua velocidade. Quando ouviu o barulho cada vez mais próximo, ela pulou o mais longe possível, torcendo para que não fosse acertada por aquilo.

O impacto foi tão grande que Atalanta sentiu que foi arremessada por um longo percurso, junto com uma quantidade enorme de galhos, poeira e ossos. Quando finalmente acertou o chão, mal tinha forças para se pôr de pé. Demorou um pouco para conseguir se erguer, suas mãos e pernas estavam exaustas.

Com muito esforço, Atalanta se levantou. Sua cabeça girava tanto que, por um momento, não conseguia raciocinar nada. À sua frente, era impossível ver. A poeira levantada chegava a ser inacreditável. Uma nevoa havia se criado, tornando inviável enxergar um palmo à frente.

Ela tossiu, não era agradável respirar aquele ar. Olhou para baixo; havia perdido Ingrid na hora do impacto. Felizmente, não parecia haver nenhum esqueleto de pé por ali. Não que estivesse à vista.

- Taylor?! - Atalanta chamou, tossindo novamente. Não houve resposta. Ela engoliu em seco.

A poeira começava a baixar, pouco a pouco. Ainda não conseguia ver muito, mas identificou o gigantesco tronco bloqueando a passagem à frente. O plano havia funcionado parcialmente bem. Atalanta só não esperava que Taylor estivesse debaixo daquilo.

- Taylor?! - ela chamou, mais uma vez, na esperança de escutar algo. Mais uma vez, nada. Uma ponta de aflição surgiu em Atalanta.

Se acalme. Mais uma vez, disse para si mesmo. Precisava analisar a situação direito.

Estava desarmada. Não tinha ideia de onde sua espada estava. A única coisa que lhe restava era aquele maldito escudo.

Ela se virou e começou a caminhar, sem ter muita certeza para onde. Suas pernas estavam fracas. Tinha um corte na barriga e um corte pior ainda no braço. Seu ombro esquerdo doía da força do impacto ao aterrissar no chão. Se aqueles esqueletos voltassem, ela estaria acabada; sem chance alguma de contra-atacar.

Toda a confiança de Céos estava sendo desperdiçada. Atalanta não podia salvar a ilha daquele jeito. Sua força havia lhe enganado? Suas limitações como mortal estavam lhe impedindo? No momento, ela se sentia incapaz, vagando sem rumo por aquela selva.

Repentinamente, escutou o barulho esquisito à frente. Galhos se partindo? Alguém se aproximando?

- Taylor? - Atalanta perguntou, torcendo para que o garoto emergisse daquela névoa.

No entanto, o que ela viu revirou seu estômago. O horror tomou conta de sua expressão.

Ele...

Atalanta não tinha reação. Aquele rosto, aquela pessoa...

Seu primeiro assassinato. O detentor do escudo. O filho de Apolo.

Atalanta sentiu que o dia de seu julgamento havia chegado.

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