Servante (jjk + kth) (ABO)...

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ALFA JEONGGUK | BETA TAEHYUNG Taehyung foi treinado a vida toda para ser um servo... Como um beta, o seu pape... More

Prólogo
I. Eucalipto
II. Triskel
III. Luna
IV. Obsidianas
V. Veridiana
VI. Argila
VII. Realeza
VIII. Trigo
IX. Ursae Majoris
X. Aroeira
XI. Cio
XII. Água
XIII. Narcissus
XIV. Conto
XV. Lyre
XVI. Parole
XVII. Desamado
XVIII. Estábulo
XIX. Isold
XX. Cartas
XXI. Orgulho
XXII. Piano
XXIII. Estufa
XXIV. Aniversário
XXV. Sorriso
XXVI. Elijah
XXVII. Gêmeos
XXVIII. Mango
XXIX. Wooshik
XXX. Legado
XXXI. Edmund
XXXII. Coelho
XXXIII. Elemento
XXXIV. Sentidos
XXXV. Lupino
XXXVI. Grutas
XXXVII. Tempestade
XXXVIII. Banheira
XXXIX. Glicínia
XL. Bhel
XLI. Jingoo
XLII. Karin
XLIII. Mirtilos
XLIV. Afrodisíaco
XLV. Esmeralda
XLVI. Lago
XLVII. Mudanças
XLVIII. Implícito
XLIX. Nascimento
L. Contratos
Segundo Prólogo
I. Léguas
II. Medlars
III. Vagalume
IV. Bandvja
V. Mensageiro
VI. Yoongi
VII. Pássaro
VIII. Conselho
IX. Arslan
X. Similar
XI. Alma
XIII. Saudade
XIV. Dente-de-leão
XV - Trio
XVI. Arlandrianos
XVII. Nowbei
XVIII. Alvo
XIX. Ombre
XX. Hier
XXI. Kauput
XXII. Arco e flecha
XXIII. Pintura
XXIV. Namjoon
XXV. Da-rae
XXVI. Amor
XXVII. Bohumír
XXVIII. Cura
XXIX. Plano
XXX. Aliado
XXXI. Ékstasis
XXXII. Glândulas
XXXIII. Fantasma
XXXIV. Beta
XXXV. Vingança
XXXVI. Dunas
XXXVII. Lava
XXXVIII. Taehyung
XXXIX. Jeongguk
Epílogo
Pré-venda - Livro II

XII. Baile

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By veggiekook

Boa noite, servanters :)))

Foi uma luta escrever esse capítulo. Eu devo ter reescrito umas dez vezes antes de ficar satisfeita hehehe Eu espero muito que vocês gostem!

Se você gostar, deixa o seu voto e o seu feedback, é muito muito importante pra mim (⁠◍⁠•⁠ᴗ⁠•⁠◍⁠)

Se puder, usa também a tag no twitter: #ServanteTK

Eu fiz dois moodboards com a inspiração para as roupas!

Música: Take My Breath Away - Bodhi Holloway

Por sorte ou por destino, o navio de Jeongguk atracou em Arlandria um dia antes do Baile de Essências.

Mas a capital, Erenora, não era uma cidade costeira, o que significava que ele teria que pegar uma carruagem até a cidade. Jeongguk não sabia o caminho, porque do contrário teria usado sua forma lupina para fazer o percurso. Além disso, ele estava acompanhado de Jimin e dos gêmeos.

Jeongguk observou o caminho que a carruagem fazia com um olhar distante. Só iriam chegar em Erenora no próximo dia, mas Jeongguk mal pregou os olhos em nervosismo. A paisagem, muito para sua tristeza, não era uma grande distração. À medida que iam se distanciando dos portos, tudo que ele podia ver  eram os campos abertos e vazios. O calor não era bom para o trigo, e o plantio só começaria na estação seguinte.

O grupo chegou na capital faltando pouquíssimas horas para o início do Baile. A parte da cidade onde ficava a hospedaria estava caótica, com muitos vendedores ambulantes espalhados pelas ruas. Era impossível fazer o restante do caminho de carruagem, e por isso eles desceram e fizeram o restante do trajeto a pé. Jeongguk pegou apenas uma das malas de mão e pediu para que o restante fosse entregue no endereço da hospedaria.

Jeongguk passou apressado pelas tendas, com Ever no colo e Jimin no encalço carregando Marin. Os comerciantes tentavam chamar a atenção deles, desesperados para vender algo, mas Jeongguk estava muito impaciente para dar-lhes alguma atenção.

Estavam todos voltados para os preparativos do evento que ocorreria no palácio. Alguns comerciantes gritavam que conheciam uma forma de entrar sem um convite, enquanto outros tentavam vender máscaras artesanais para os turistas, mesmo os que não iam para o Baile. Os arlandrianos iriam fazer muitas festas paralelas pela cidade, para que os plebeus também pudessem beber em comemoração a união do príncipe.

O vento carregava um pouco dos burburinhos para os ouvidos de Jeongguk. Ele ouviu termos como "beta" e "ealathiano" se esvaindo no ar como fumaça. Tentou ignorar, concentrando-se apenas em chegar rapidamente na hospedaria.

O calor de Arlandria estava sufocante, e o sol pinicava o rosto dos visitantes. Jeongguk parou para comprar chapéus para proteger a pele dos gêmeos. Encontrou alguns para vender com uma mulher idosa de cabelos mais grisalhos que loiros. Os chapéus eram itens de festa, coloridos e cheios de penas, mas Jeongguk os levou mesmo assim, pois eram os únicos que serviam nas pequenas cabeças.

Era fim de tarde quando finalmente colocaram os pés na hospedaria, uma casa alta pintada de bege. Na recepção, um ômega recebeu o grupo. Ele deu uma olhar estranhado quando Jeongguk pediu por quartos separados, pois havia assumido que ele e Jimin eram um casal.

— Oh, hum. Meu par virá depois — Jimin disse, referindo-se a Yoongi, que havia ficado para trás no navio para cuidar das burocracias.

O recepcionista dirigiu um olhar interessado para Jeongguk então, mas o alfa não percebeu. Sua cabeça estava aérea, e sua atenção estava toda direcionada para o fato de que estava na mesma cidade que Taehyung.

Tão perto...

— O nosso valete vai acompanhar vocês até os quartos. Posso ajudá-los em algo mais?

— Podem preparar um banho rápido? — as palavras em arlandriano rolaram na língua de Jeongguk com certa dificuldade.

— Claro, vou pedir para levarem água para a banheira.

— Perfeito, obrigado.

Foi mais tarde, depois de limpo e vestido, que as dúvidas começaram a galgar no peito de Jeongguk. Ele olhou o próprio reflexo em um espelho comprido que havia no quarto, arrumando a veste pela oitava ou nona vez.

O casaco vermelho bordô era curto na frente, terminando logo abaixo de seu quadril. A parte de trás, em contrapartida, acabava um pouco acima de seu joelho. Era feito com um tecido de veludo que ampliava seu ombro e marcava sua cintura. Os detalhes nos punhos e na gola eram bordados de preto, a mesma cor presente nas suas calças e na camisa interna que tinha um longo decote V.

Ele penteou os fios molhados para trás com certa displicência, usando uma pomada de sebo para deixar os fios no lugar. O toque final foi a máscara de couro preto que ele amarrou atrás da cabeça. A peça brilhava com as centenas de diamantes negros que estavam cravejados nela. Cobria apenas os olhos de Jeongguk, porque ele não se preocupava em ficar irreconhecível.

Antes de sair, ele bateu na porta de Jimin, pedindo mais um favor.

— Você poderia ficar com a Marin e com o Ever? Desculpe, mais uma vez. Sei que a viagem foi cansativa…

Jimin só abanou a mão no ar.

— Não é problema nenhum, eu já esperava ficar com eles. E os dois estão dormindo, não estão?

— Estão. Mas se não der-

Jimin riu nasalado.

— Nós viajamos uma pancada de léguas só pra esse baile. Você definitivamente vai — Jimin pausou, olhando-o de cima a baixo analiticamente. — E olha só para você, está parecendo um Lorde mesmo!

Jeongguk rolou os olhos, mas sem muito entusiasmo. Ele não poderia estar mais grato a Jimin e a Yoongi, porque não teria conseguido fazer todo aquele percurso sozinho com os gêmeos. Afinal, viajar por quase quatro semanas com duas crianças por baixo dos braços não era a melhor das ideias… Mas Jeongguk jamais poderia deixá-los vulneráveis em Kauput's Wolf.

Jimin sacou um leque largo para abanar o rosto.

— Eu vou derreter nesse lugar. Tem certeza que vai conseguir ficar bem nessa roupa?

— O veludo não é tão pesado. Se for pra eu começar a suar, vai ser por causa do nervosismo.

Jimin deu um riso abafado por trás do leque. Então, a expressão dele ficou mais sóbria. Ele fechou o leque, batendo-o levemente no ombro de Jeongguk.

— Você é o maior idiota que eu conheço, Jeon Jeongguk. Um teimoso, cabeça-dura, e o que fez foi quase imperdoável. Honestamente, se o Taehyung te perdoar, ele é o idiota.

Jeongguk apertou a mandíbula, virando o rosto para o lado. Jimin não estava errado.

— Mas eu sei que o seu luto pela Maeve era profundo, e conheço seu coração. — A face de Jimin suavizou-se. — Eu amo você, Jeongguk, e quero ver você feliz. Faça isso direito, está bem? Converse com ele.

Jeongguk assentiu, mudo. A verdade é que ele não fazia ideia do que estava fazendo ali em Arlandria, pois não tinha formulado um plano. Estivera tomado por um impulso febril, cuja força motora era o medo de perder Taehyung para sempre.

Agora, ele pensava se isso já não havia acontecido, mas restava-lhe apenas seguir o conselho de Jimin.

Jeongguk se despediu dele e dos filhos. Uma carruagem já o esperava na frente da hospedaria, e ele não demorou a subir a colina que dava acesso ao palácio. Passaram pelo jardim e por uma fonte de água, que tinha a escultura de uma náiade no centro. Jeongguk desceu, deu uma gorjeta para o cocheiros e caminhou até a entrada.

Lá, ele mostrou o seu convite. Também na entrada, Jeongguk foi obrigado a tomar um líquido vermelho que era servido em um cálice de vidro. Era a poção que faria sua essência sumir, e por isso ele relutou antes de dar o primeiro gole. O gosto era de chá amargo e causava um formigamento em toda a sua pele.

— Vai funcionar só por algumas horas — a mulher que estava servindo tentou lhe acalmar, vendo a desconfiança no olhar de Jeongguk.

Ele devolveu o cálice para a bandeja com um sorriso de lábios comprimidos. Ajeitando a máscara, passou pelos guardas enfileirados e entrou no salão, não sabendo o que esperar do restante do evento, já que Ealathia não tinha o costume de fazer bailes de essências.

Não ter o olfato bombardeado com vários aromas diferentes era… Estranho. Ele torceu o nariz. Precisando se livrar do gosto amargo da poção na língua, ele pegou uma taça de vinho branco.

Jeongguk parou e estudou os seus arredores. Não havia muita decoração, mas porque o salão já era esplendoroso por si só. Era tão largo que precisava ser iluminado por cinco lustres. As paredes eram revestidas de cerâmicas pintadas que retratavam um céu azul estrelado. Três enormes janelas iam do teto alto ao chão, e traziam a brisa da noite para dentro do salão. Ao lado da escadaria, havia a pintura de uma grande lua cheia dourada.

O lugar já estava cheio, mesmo que ainda houvesse muitos convidados chegando. O som de conversas e risadas criava um burburinho à sua volta. Jeongguk já deveria ter negociado com metade dos nobres ali, mas conseguia reconhecer poucos, já que alguns dos rostos estavam completamente tomados pelo disfarce e, de fato, não podia sentir o cheiro de mais ninguém. Seu olfato preciso de alfa captava cheiros normais, como o da comida e até das bebidas que eram servidas, mas não registrava nenhuma das essências dos lobos.

Jeongguk daria esse crédito a Arslan: o príncipe havia encontrado uma maneira poética de apresentar Taehyung à corte.

Ele sentiu um estremecimento parecido com a antecipação. Começou a olhar ansiosamente para os lados, falhando em ser discreto em sua busca. Ele conseguia ouvir as batidas do próprio coração ressoarem até seus tímpanos.

Jeongguk não o viu… Mas então ele sentiu.

Era claro. Os betas não teriam tomado a poção para participar do baile. Porque o fariam, já que não tinham nenhum cheiro que precisavam mascarar?

Só era incrivelmente irônico como, num salão tomado por ômegas e alfas, ele só podia sentir o cheiro de seu beta.

Jeongguk virou o pescoço na direção das escadarias e ali o encontrou, de pé no último degrau da escada que dava para o salão. Era uma escada de mármore polido com um corrimão banhado a ouro, onde a mão elegante dele repousava, mas perto dele ela perdia a grandiosidade e tornava-se só mais um ornamento do ambiente.

Tudo ao redor dele ficava turvo, insosso, pálido. Ele, que carregava a beleza capaz de fazer milhões de reinos sucumbirem, era danação de sua razão.

Taehyung ainda era o centro de seu mundo.

***

Música: Hallelujah - Lindsey Stirling.

Taehyung estava impaciente.

Ele não conseguia entender o que tanto faziam em seu olho, e nem compreendia a razão para a quantidade de pó escuro que aplicavam em suas pálpebras. A beta que estava fazendo sua maquiagem não gastava tempo com explicações.

Pelas pálpebras entreabertas, ele a viu molhar o pincel em um pó dourado, aplicando-o logo abaixo da sombra preta.

— O que é isso? — Taehyung não resistiu a tentação de questionar.

A mulher pareceu sair de um transe. Ela pausou os movimentos circulares que fazia com o pincel.

— São pequenas folhas de ouro, Vossa Alteza.

Vossa?... Taehyung engasgou na própria saliva. Ele tossiu uma vez, estatelando a criada. Com olhos arregalados, ela afastou os pincéis do rosto dele.

— Por Luna, será que os produtos causaram alguma reação? —  ela especulou.

Taehyung negou com veemência, levando a mão para a garganta. Ele respirou fundo, enchendo o pulmão de ar.

— Eu não- o título- — Taehyung pigarreou, — eu não sou um príncipe.

Ela só inclinou a cabeça para o lado.

— Mas Vossa Alteza não é noivo do príncipe Arslan?

Ele deu uma resposta hesitante, que mais soava como outra pergunta:

— Sim?

A beta lhe deu um sorriso simpático. Pegou um lenço e limpou a umidade que tinha se acumulado no canto dos olhos dele depois da pequena crise de tosse.

— O certo é estender o mesmo título que é dado a ele.

Taehyung se calou. Não se lembrava daquilo, ou talvez estava tendo dificuldades para processar informações depois do choque que tivera ao ouvir o vocativo direcionado a ele pela primeira vez.

A maquiadora voltou ao trabalho, e Taehyung ficou quieto para que ela terminasse. Ela deu mais alguns retoques e, contente com o resultado, deu a maquiagem por terminada.

Taehyung levantou-se da poltrona. Ele vestia parte da roupa que usaria no baile: uma peça preta, composta por uma calça que era costurada no colete da parte de cima. O colete tinha a fronte bordada com fios dourados e deixava os seus braços à mostra, enquanto a calça era um item todo liso. Era desenhada por Senome, e era justamente ele quem entrava no quarto para trazer a outra parte do traje de Taehyung.

A maquiadora pediu licença e os deixou sozinhos. Senome desenrolou a peça e mostrou-a para Taehyung. Era uma capa preta translúcida, também adornada com fios de ouro nas barras.

— Venha até o espelho comigo — Senome chamou.

Taehyung postou-se na frente do espelho, finalmente vendo os resultados da maquiagem. A sombra em seus olhos afunilava nos cantos e o deixava com um olhar mais intenso. As partículas de folhas douradas começavam no canto externo dos seus olhos e desciam até sua bochecha, dando a impressão que ele havia chorado ouro. Sua boca estava mais vermelha que naturalmente era.

Enquanto ele tentava se reconhecer no reflexo, Senome apensou a capa aos seus ombros. A semi-transparência do tecido não cobria os braços de Taehyung, mas trazia um toque insinuante ao lembrar que a norma para bailes de gala era cobri-los, mas o estilista escolhera não fazê-lo.

Erguendo as mãos, Senome então amarrou uma máscara sobre os olhos dele, também de ouro, feita em uma finíssima espessura para não pesar no rosto de Taehyung. A máscara casava perfeitamente com a maquiagem.

Taehyung alisou a capa, que mais lembrava um véu, e depois correu dedos trêmulos pelos arabescos da máscara. Ele piscou várias vezes, tentando afugentar uma emoção estranha que subia para seu peito.

— Sua Alteza pediu para que eu o guiasse até o salão — Senome falou com gentileza.

Taehyung saiu de seu estupor, assentindo, não confiando sem si mesmo para falar.

Senome levou Taehyung até o mezanino do salão, deixando-o sozinho então. Lá de cima, era possível ouvir o burburinho de conversas. O beta de aproximou da borda e inclinou o corpo, mirando os convidados que ocupavam o salão. O lugar estava cheio, e as roupas e máscaras estravagantes só faziam o espaço parecer mais lotado. Taehyung avistou uma máscara com tantas plumas brancas que mal era possível ver o rosto de quem usava.

Ele respirou fundo. Borboletas estavam voando agitadas em seu estômago, e ele tentava em vão apaziguá-las. Ele deu uma última olhada para a multidão, e então começou a descer as escadas com cuidado, com receio de tropeçar no véu que passava de seus pés.

Banhado em ouro, Taehyung entrou no Baile de Essências.

Ele parou no fim da escada, correndo a visão em busca de um rosto familiar… Procurou por Arslan ou outro integrante da família — pela irmã dele, Alma, de preferência, mas não conseguiu encontrá-los.

Ele de fato não conseguia sentir o cheiro de ninguém, e só então se dava conta do quanto usava o olfato para se guiar. E do quanto era… Libertador, saber que ninguém ali reconhecia o ranking de ninguém.

Taehyung pegou uma taça de vinho de uma bandeja e bebericou. De repente, a sua nuca formigou, mas a sensação não era atribuída ao álcool. Ele levantou o olhar, deparando-se com algumas cabeças viradas em sua direção. Seu rosto ficou vermelho, e Taehyung subconscientemente ajustou a máscara no rosto, buscando alento na cobertura que ela dava.

Um dos convidados, um homem idoso que usava uma máscara de pavão, o estudou com mais intensidade. Taehyung tentou oferecer um sorriso, mas foi recebido com uma carranca. O sorriso dele morreu. Ele tomou um gole maior do vinho na esperança de controlar os nervos.

Ele estava sendo observado por muitos, podia sentir… Mas havia algo mais. Taehyung tentou captar o que era, dando mais um olhar analítico para seus arredores.

Precisando se recompor, Taehyung escolheu um canto ao lado da escadaria para esconder-se um pouco — o que ia contra toda a ideia do baile, já que o objetivo era apresentá-lo para a corte. Ele entrou no papel de observador de novo. Um criado passou por ele, oferecendo-lhe alguns canapés. Taehyung engatou em uma conversa com ele ao perguntar quais eram os ingredientes, e pôde relaxar novamente.

Uma mão em seu ombro o estatelou. Taehyung virou-se.

O disfarce de Arslan era mínimo. Ele se vestia como um príncipe, se Taehyung pudesse resumir. Trajava um conjunto branco de poucos detalhes e usava máscara prateada era fina que cobria muito pouco de seus olhos. Todos saberiam com que Taehyung estava se os vissem juntos, e talvez essa fosse a intenção.

— Por que você está escondido na sua própria festa? — Arslan perguntou, também pescando um canapé da bandeja. O criado que os servia pediu licença com palavras atropeladas: só então se dava conta com quem estivera conversando.

Taehyung deu a Arslan um olhar exasperado.

— Eu não estaria me escondendo se eu conhecesse alguém — ele murmurou. — Vossa Alteza praticamente me jogou aos lobos.

— Ora, fala como se não fosse um lobo também. — Taehyung segurou um sorriso. Arslan soou genuíno quando pediu: — Mas peço desculpas. Eu pretendia lhe encontrar nas escadas, mas meu pai quis me apresentar um dos novos conselheiros...

Aquilo fez Taehyung voltar a pensar que ele também deveria estar fazendo conexões.

— Eu vou precisar… Me apresentar a todos? Fazer algum discurso, eu quero dizer? — Taehyung deu-se conta, então, que deveria ter preparado algo antes.

Ele não sabia como se comportar nesse papel que assumia. Não haviam livros-texto ensinando todos os pormenores de ser um príncipe. Era o tipo de coisa que vinha de berço, ou que era aprendido por quem frequentava muitos bailes e eventos na corte. Taehyung não tinha nenhuma das suas experiências.

— Não será preciso — Arslan esclareceu, seu olhar gentil. — A magia da coisa, Traducere, é deixar que todos conheçam você de forma natural. Não precisa se intimidar, converse como você estava fazendo agora. Você tem um charme natural, confie em mim.

Taehyung arqueou as duas sobrancelhas.

— Certo. Porque você sabe tudo sobre charme, não é?

— Oh, que bom que você percebeu —  Arslan brincou, e Taehyung lhe deu um olhar afiado. O semblante de Arslan voltou a ficar mais sério — Vamos conversando com pequenos grupos de cada vez, parece melhor?

— Acho que sim. — Taehyung movimentou a cabeça, assentindo mais para si mesmo que para o outro. Ele abaixou a guarda. Se ele havia escolhido fazer parte daquilo, tinha que fazer direito.

— Vamos, então — Arslan o tomou pelo pulso, guiando-o gentilmente para os olhos de todos novamente. E haviam mais olhos, dessa vez, mas Taehyung apenas plantou o sorriso mais diplomático que podia e seguiu o noivo.

Os dois transitaram pelo salão. Taehyung descobriu que era infinitamente mais fácil quando estava ao lado de Arslan, que fazia as apresentações devidas. Taehyung percebia que ele não mencionava seu ranking para ninguém, mesmo que os boatos dele ser um beta já estivessem correndo.

Encontraram Alma e Alaric. Enquanto Alaric vestia uma variação pouco diferente das roupas de Arslan, Alma estava em uma paleta de cor completamente oposta. O seu vestido bufante era em um tom de verde chamativo — a mesma cor estava também em sua máscara. Ela rodopiou para mostrar o movimento da saia.

— O que achou?

Taehyung sorriu.

— Você está linda, Alma.

Ela sorriu de volta, orgulhosa.

— Preciso estar no meu melhor! — Ela levou as duas mãos ao coração. —  Eu acabei de ver o homem mais lindo de todos os reinos... Preciso impressioná-lo!

— Você está muito jovem pra se preocupar com essas coisas — Alaric murmurou. — E como você sabe que ele é bonito? A máscara está tampando boa parte do rosto de todos.

Alma desmereceu a preocupação dele.

— Uma garota sabe certas coisas. A gente consegue ver só pela postura.

Arslan e Taehyung riram.

— E quem seria o felizardo, irmã? — Arslan perguntou, ainda com um resquício de sorriso.

— Eu não sei o nome dele ainda, mas tenho certeza que é estrangeiro. Descobrirei até o fim da noite.

Taehyung sentiu um novo arrepio em sua nuca. Ele resistiu a urgência de virar-se. Alheio à inquietação dele, Arslan o puxou para outra roda de pessoas.

Os dois estavam em uma conversa com um duque e duas duquesas sobre a próxima safra do trigo quando Taehyung sentiu a sensação de novo, dessa vez mais forte, como se houvesse um campo magnético lhe puxando. Confuso, Taehyung olhou por cima do ombro, buscando com mais afinco a origem daquela sensação.

Naquele mesmo instante, Arslan rodeou o braço pelo seu ombro, abaixando o rosto para cochichar perto de seu ouvido.

— Está tudo bem?

Taehyung só assentiu, mas não estava. Sem nenhuma razão, o seu coração estava errático em seu peito e suas mãos estavam suando. Arslan o encarou por um longo momento. Então, parecendo ter uma ideia, o príncipe afastou-se um pouco e fez uma mesura exagerada.

Aquilo moveu o foco de Taehyung. O beta olhou a mão estendida de Arslan por uma breve batida antes de oferecer a sua. Retribuiu a reverência, da forma que havia aprendido que deveria fazer. Taehyung tinha tomado algumas aulas de dança no palácio no último mês, apenas um número suficiente para não envergonhar-se na frente de todos.

Arslan o guiou para o centro do salão. Ele postou a mão direita na escápula de Taehyung, atraiu-o para perto do corpo, e ergueu a mão que estava unida à de Taehyung até a altura do ombro. Os dois iniciaram uma valsa com passos fluídos.

Em primeiro momento, a preocupação de Taehyung foi em não trocar os pés e acertar os passos, e toda a sua atenção ficou voltada para a plateia que se formara ao redor. Aos poucos, porém, a rigidez foi deixando seu corpo, e ele se envolveu mais na dança.

— Você caiu nas graças de muitos nobres, Traducere.

Taehyung juntou as sobrancelhas.

— Mas você que conduziu quase todas as conversas.

Arslan o girou, esperando ele ficar de frente novamente para responder.

— Isso porque você só diz algo quando acha que fará uma contribuição valiosa. Muitos apreciam isso.

Os dois deslizaram pelo salão mais algumas vezes. A capa de Taehyung esvoaçava a cada passo que ele fazia, trazendo uma aura mística para sua figura.

Aos poucos, outros pares foram se juntando na valsa.

— Mas não é apenas o seu carisma — Arslan continuou e, pela primeira vez, seu tom não carregava qualquer toque de humor. O seu olhar intenso pareceu que iria ultrapassar a barreira da máscara que estava no rosto de Taehyung. — Você está estonteante, Traducere.

Uma mulher tocou no ombro de Arslan, chamando-o para dançar, quebrando a bolha temporária entre os dois. Somente então Taehyung deu-se conta que estivera imerso em Arslan, enquanto as outras duplas estavam trocando de parceiro à medida que as músicas progrediam. Ele deu um passo para trás, e logo ele também estava sendo puxado para um outro par.

Era um senhor acima dos setenta anos, falador e risonho, que começou a contar anedotas da corte de Arlandria em meio a valsa.

— Certa vez, falei tanto sobre a colheita com o Rei Argard, que quando eu perguntei como eu deveria pagar os impostos ele me respondeu: "de maneira silenciosa".

Taehyung não segurou as risadas, ligeiramente impressionado com o tanto de histórias que o homem conseguia engatar em um período tão curto de tempo.

Ele girou Taehyung para longe, trocando-o por outro parceiro. Ainda havia um eco remanescente de um riso no rosto do beta quando ele se virou para o próximo par. A sua mão conectou-se com uma mais larga, mas ele imediatamente sentiu que o toque era diferente.

Ele virou o rosto para ver quem o puxava para a valsa, e tudo ao seu redor cessou de importar.

Taehyung não precisava sentir a sua essência para lhe reconhecer. Ele não precisava ver seu rosto por completo ou sequer ouvir sua voz.

O coração de Taehyung sempre saberia.

— Concede-me uma dança, Taehyung?

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