JORDAN HENDERSON
A noite estava cheia de estrelas, pontilhando céus com as luzes longevas e brilhantes. O vento frio corria ao redor do meu corpo, porém aquilo não era problema, porque parecia que meu sistema tinha se acostumado com a baixa temperatura.
Deixei o salão onde todos estavam e decidi observar o céu que pendia sobre nós, naquele dia importante na vida do irmão de Autumn. Ela demonstrava estar feliz e realizada por ver o irmão construindo sua própria família. Naquela noite, eu presenciei seus sorrisos sinceros e libertos, sem a armadura que ela vestia quase que o tempo todo.
Durante o tempo que ficamos sentados para o jantar, ela mostrou seu lado sensível e se abrindo verdadeiramente pela primeira vez. Tinha que confessar que gostava muito mais daquela versão de Autumn Larsen.
— Fugindo da sua namorada, Jordan? — sorri anasalado, me virando para ver Autumn de aproximar, esfregando os braços.
— Não. — respondi, umedecendo os lábios. — Apenas quis observar o céu. — ergui os olhos para o alto.
Autumn apoiou a mão sobre o parapeito da varanda e olhou na mesma direção.
— Em Helsinque, o céu não é tão incrível como no norte do país. — ele comentou fitando-me. — As auroras boreais são um espetáculo à parte, assim como o Sol da meia noite. — levantei minhas sobrancelhas.
— Você já viu esses eventos de perto? — ela assentiu e olhou para frente.
— Meus pais sempre viajavam conosco, uma vez eu e Dawson dissemos que queríamos ver a Aurora Boreal. — comentou de forma nostálgica. — Enquanto não fomos para o norte e ficamos horas passando um frio mortal para ver o espetáculo de luzes, não paramos de falar. — balançou a cabeça. — Com o Sol da meia noite também. Ficamos horas acordados para ver a maior estrela ficar iluminando o planeta. — assenti devagar. — E tem também nossa visita a vila do Papai Noel. — ri dela.
— Vocês foram crianças que viveram bastante. — constatei. — Eu nunca presenciei nenhum desses fenômenos e nem fui a Lapônia. — disse olhando para ela. — Minha infância se resumiu em futebol.
— Algo muito inútil para mim. — mexeu nas sobrancelhas.
— Aposto que até o fim desse namoro, você será uma red como a Grace. — provoquei, vendo-a rolar os olhos.
— Um dia eu posso fazer o esforço de te levar até o norte. — comentou sem notar como aquilo havia soado. — Quer dizer, quando nós não estivemos mais nesse acordo… — gesticulou nervosa, apontando para nós dois.
— Vai ser legal. — falei apertando os lábios e olhando para frente.
Ela riu em seguida.
Porra, aquilo tinha se tornando tão estranho. Pensar que em meses não estaríamos naquele acordo idiota, soava como se nunca fôssemos nos ver mais. E por mais que eu e Autumn não tivéssemos naquela troca de favores, eu queria mantê-la como minha amiga, afinal por mais que fosse cedo ou repentino, nós estávamos construindo uma amizade.
— Sua família é muito carinhosa. — comentei quebrando o silêncio que instalou entre nós. — Tirando a Gemma, é claro. — vi ela soltar uma gargalhada sonora.
— Você aprendeu rápido. — me empurrou pelo ombro e lançou uma piscadela. — Ela ficou de boca aberta com o namorado gostosão que tenho. — disse sem pensar.
— Então eu sou um gostosão? — arqueei a sobrancelha para ela, vendo seu rosto ficar vermelho.
Aquela era a primeira vez que via Autumn daquela forma, toda envergonhada. Suas bochechas estavam coradas e ela se encolhia em seu próprio corpo, enquanto mordia o canto interno da boca. Ela estava linda daquela forma.
— É, vamos dizer que você não é nenhum feio. — soltei uma gargalhada. — Não posso te elogiar, se não seu ego extrapola. — bufou, olhando para o outro lado.
Prendi a gargalhada e me aproximei mais um pouco.
— Você pode me elogiar sempre que quiser, Autumn. — sussurrei próximo de seu ouvido.
Caramba, o que eu estava fazendo?
Ela virou seu rosto para mim e eu pude enxergar suas írises verdes brilharem, enquanto me analisava detalhadamente.
Levei minha mão até seus fios loiros e afastei-os colocando atrás de sua orelha, percebendo que seus lábios se abriram e seus olhos se fecharam.
Respirei calmo e coloquei a outra mão em sua cintura, sentindo sua musculatura endurecer debaixo do tecido preto.
Me aproximei, esfregando meu polegar sobre sua face, assistindo que a cada toque, ela se derretia um pouco mais. Subi minha mão por suas costas, tocando sua pele exposta.
Ela fechou os olhos mais uma vez e eu avancei um pouco mais, pronto para beijá-la. Uma parte de mim me reprimia, no entanto, meu outro lado dizia que eu deveria continuar.
Eu estava prestes a sentir seus lábios nos meus novamente, só que dessa vez como queria, mas uma voz rompeu o silêncio, fazendo com que nos afastássemos abruptamente.
Autumn olhou para o outro lado e eu passei a língua sobre os lábios, enfiando as mãos no bolso da calça.
— Dawson e Yohana estão chamando para dizer algumas palavras para todos. — Gemma disse olhando para mim. Achei que ela arrancaria um pedaço de mim, com os olhos.
— Okay. Obrigado. — eu falei. — Vamos, amor? — estendi a mão para Autumn, vendo-a segurar, enquanto olhava para a prima.
⚽
Eu e Autumn estávamos estranhos. E não era para menos, já que, quase nos beijamos pra valer antes que Gemma nos interrompesse.
Ela passou o resto da noite sem me direcionar uma palavra sequer, causando uma puta dor na consciência por ter tomado a iniciativa de beijá-la.
Vez ou outra, eu notava seus olhares para mim, mas quando olhava, ela desviava suas írises verdes.
Voltamos para casa junto com seus pais, sentados no banco de trás, em silêncio, apenas ouvindo Margareth comentar sobre o jantar.
Quando chegamos em casa, seguimos como dois desconhecidos, andando lado a lado em direção ao quarto. Autumn passou pela porta primeiro e em seguida eu entrei, tirando o sobretudo e os tênis.
A loira sentou-se na cama, ficando de costas para mim, evitando qualquer tipo de contato visual.
Fitei suave silhueta de costas e umedeci os lábios, sentando-me na cama, assim como ela tinha feito.
Era hora de ter coragem e fazer um pedido de desculpas, porque eu tinha plena consciência de que era minha culpa.
— Autumn… — chamei-a sem me virar. — Eu preciso te pedir desculpas. — percebi de soslaio, quando ela virou-se.
Engoli todo meu medo de olhar em seus olhos e me virei também.
Ela estava com os lábios abertos e os olhos atentos para mim.
— Eu cruzei uma linha proibida por duas vezes. Uma para mostrar que convencer de verdade. — Fiz uma pausa. — E outra porque achei que era você queria. — confessei, tocando sua mão sobre o colchão. — Eu errei e espero que você possa me perdoar.
Ela mexeu a mandíbula para dizer alguma coisa, mas não conseguiu. Autumn abaixou a cabeça, olhando para minha mão sobre a sua e suspirou. Seus olhos se ergueram e ela me observou.
— Eu te desculpo, Jordan. — ela deu um sorriso fraco, apertando os lábios. — Foi um momento impensado, sem qualquer senso das consequências que isso poderia nos dar. — sacudi a cabeça. — Você ainda é meu namorado de mentira. — deu um sorriso fraco.
Não havia sido algo impensado, pelo menos para mim. Eu desejei beijá-la de verdade, senti-la derreter em meus braços. Eu tinha que admitir que queria seus lábios nos meus.
— Obrigado. — agradeci, sorrindo levemente. — Obrigado por ainda me deixar ser seu namorado de mentira. — ela riu anasalado e tirou sua mão de debaixo da minha.
Limpei a garganta e me afastei me ajeitando para ir ao banheiro, trocar de roupa e ir dormir.
Deitei-me de um lado da cama, vendo Autumn fazer o mesmo. Ela puxou as cobertas e virou o rosto para mim.
— Boa noite, Jordan. — desejou e virou-se para seu lado.
— Boa noite, Autumn. — repeti sua fala.
Oi, oi, galerinha! Como estamos por aqui?
A Autumn tá tão fofinha falando sobre as auroras boreais pro Jordan, nem parece que é mal educada as vezes hihihi.
Quero que vocês me digam o que estão achando, porque se vocês lerem os capítulos que estou escrevendo vocês surtam.
Por último, vou deixar uma observação para a música da mídia, que foi o próprio Jordan que me apresentou, ouçam Ella Mai 🙏🏻.
É isso, espero vocês no próximo capítulo, talvez não demore, porque tô conseguindo escrever bastante sobre os namorados falsos.
Um beijo e até mais!