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- Lara Narrando -
Conversar com o Luan estava sendo bom porque ele conseguiu me distrair totalmente e cada hora que o assunto morria e a minha cabeça parecia pensar nos problemas ele dava um jeito de contornar. Ficamos o dia inteiro assistindo filme e comendo besteira, fazia tempo que eu não ficava assim.
- O meu treinador vai me matar - entrou na sala com duas caixas de pizza
- Diz que foi a Lara que te convenceu - brinquei e ele colocou as caixas na mesinha de centro
- Ele é seu sogro, né? - falou e eu assenti - Porra, ele é foda
- Você gosta dele? - perguntei curiosa - Como pessoa e não como atleta
- Gosto - falou e saiu da sala voltando dois minutos depois com guardanapo, copos e refrigerante - Ele é super de boa, sabe? É maneiro e agrega as pessoas
- Como assim? - perguntei curiosa
- Ele costuma dizer que somos todos família e acaba criando um laço, né? Não existe aquela distância de aluno e mestre - explicou - Fora que a convivência se torna leve
- Entendi - falei pensativa e ele abriu a caixa, peguei o guardanapo e peguei um pedaço de pizza - E você? Já está readaptado ao Brasil e a nova equipe?
- Não é fácil - suspirou e eu comi um pouco - Foram 10 anos morando fora e começar numa nova equipe é o mesmo que ser o aluno novo em uma turma que está no terceiro ano e estudou a vida inteira juntos
- O estranho no ninho - falei e ele concordou - E você conseguiu fazer amigos?
- Colegas sim - falou e comeu um pouco - Mas com o tempo acredito que vire amizade real
- Tomara - falei e bebi um pouco - Ficar em um lugar deslocado é péssimo e humilhante as vezes
- Já ligou pra casa? - perguntou de repente mudando de assunto e eu assenti
- Só disse que estava aqui e que iria dormir por aqui mesmo - falei e limpei a boca - Eles estão ocupados com outra coisa
- Mesmo assim - deu de ombros - A sua parte você tá fazendo e é comunicar aonde está
- Pode ser - falei baixo - Você poderia me ajudar
- Com o quê? - perguntou curioso
- Me dando um emprego - falei simples
- Emprego? - pegou outro pedaço de pizza - De que?
- Como sua assistente - falei e ele riu - Ei, do que está rindo? Você mesmo disse que precisa de alguém pra organizar a sua vida
- Você nunca trabalhou com isso e você também não precisa de trabalho - falou óbvio
- Todo mundo tem que começar por um lugar, né? - falei e terminei de comer - E seria incrível você me ajudar
- Você continua não precisando de um emprego - me olhou e eu percebi que ele queria rir
- O que foi, Luan? - perguntei e enchi o meu copo
- Você acha que uma assistente ganha quanto? Me diz um valor - pediu e eu encolhi os ombros
- Não faço ideia - falei sincera
- Lara, a roupa, a sandália, a bolsa e as joias que você chegou é o salário anual de uma assistente - falou e eu fiz careta
- Eu estou cansada de ser atoa - suspirei - Vai que eu encontre o meu talento como assistente?
- Difícil - falou rindo - Podendo estudar o que quiser e se bobear podendo não estudar você vai escolher a função mais chata? Organizar e tomar conta da vida de outra pessoa?
- Um período de experiência que seja - fiz bico - Eu irei me esforçar e você não vai se arrepender - falei e ele ficou em silêncio - Por favor, Luan
- Tudo bem - se deu por vencido - Mas se vai fazer isso preciso que realmente se dedique porque se os meus compromissos estiverem bagunçados significa que a minha vida também estará
- Você não vai se arrepender - falei animada - Você me dá a sua agenda e assim que eu chegar em casa vou sentar e reorganizar de uma forma que consigo entender e também vou - disparei a falar e ele riu alto
- Calma - me interrompeu - Primeiro vamos comer a pizza e depois conversamos sobre isso
- Ta bom - falei rindo e ele entrou em outro assunto
- Gabriel Narrando -
O dia hoje foi agitado e eu não tive tempo para nada além do trabalho, nem almoçar consegui, porém foi bom porque eu amava o que eu fazia. Cheguei já era 19:30 e tomei um banho rápido, coloquei uma calça de moletom e antes de sair do quarto peguei o meu celular e o carregador portátil.
- Aí eu vi esse curso e vou me matricular na próxima turma - ouvi o Lucas falando ao entrar na sala de tv e me sentei no chão
- Você está gostando mesmo de dar vida a histórias - minha mãe comentou e ele sorriu - É outra história da Lara?
- Ela contou tudo sobre um personagem mas não era pra alguma história, saca? Só veio na cabeça dela e ela expôs - falou e ela assentiu - Aí tô tentando dar um rosto pra ele
- Bela dupla - minha mãe falou sorrindo e assim que o meu celular ligou entrei no whatsapp, tinha várias mensagens em grupos e algumas aleatórias de coisas do trabalho, desci todas as conversas e estranhei não ter mensagem da Lara
- Não é, Biel? - saí dos meus pensamentos ao ouvir a voz do Lucas
- O que? - perguntei confuso e abri a nossa conversa, mandei uma mensagem porém nem chegou
- Você e a Lara são diferentes - falou e eu assenti
- Alguns gostos em comum mas no geral somos bem diferentes - dei de ombros - Por que?
- A mamãe disse que é difícil dar certo duas pessoas diferentes - Lucas explicou - Logo ela que chama o senhor Renan de marido
- Mundos e criações diferentes - corrigiu - Agora em relação a gostos temos muito em comum e óbvio que facilita numa relação, né? Chega uma fase que o ser humano só quer tranquilidade e como consegue se a pessoa que você escolheu casar tem por diversão ir em uma balada toda hora enquanto o seu modelo de diversão é algo mais tranquilo? Os gostos precisam ser próximos ou tem que ter um belo equilíbrio. Essa
é a minha opinião e não significa que esteja certo, na verdade não existe certo ou errado nisso
- Concordo - falei pensativo - A Lara é bem caseira e totalmente alheia a esporte porém ela abre mão em alguns momentos
- E isso faz com que você fique mais em casa - minha mãe sorriu - Continue firme nesse namoro
- Claro - ri alto - Tudo que você queria, né?
- O meu bebê longe das bebedeiras e do sexo infinito com dezenas de mulheres? - debochou - Claro que sim
- Exagerada - falei rindo
- Essa minha fase de bebedeira e sexo infinito com dezenas de mulheres vai chegar - Lucas falou e na hora levou uma almofadada o que me fez rir
- Só fala besteira - minha mãe resmungou e eu senti o meu celular vibrar, peguei achando ser a Lara mas era apenas a Estela
- A Estela voltou - contei e eles ficaram em silêncio
- Voltou? - minha mãe perguntou surpresa
- Pois é - ri baixo - Estava saindo shopping quando a reencontrei
- O coração disparou? - Lucas perguntou me olhando - Ou outro membro teve efeito?
- Babaca - dei dedo pra ele
- Como está? - minha mãe perguntou e eu olhei um tanto confuso pra ela
- Normal - falou simples
- Certeza? - perguntou desconfiada
- Por que? - perguntei e ela suspirou
- O cérebro é traiçoeiro, Biel - falou baixo - Vai dizer que nunca se perguntou o que poderia ter acontecido se ela tivesse ficado no Brasil e vocês vivessem todo o amor que sentiam?
- Isso tem anos - falei simples - Com o tempo passou a ser apenas passado e sem vontade de ser presente ou futuro
- Se o pensamento mudar está tudo certo - deu uma pausa - Desde que você se lembre que namora e que antes de fazer qualquer coisa precisa terminar
- Eu não vou trair a Lara - ri incrédulo
- E como foi revê-la? - perguntou me observando
- Estranho - confessei - Não esperava por aquilo e foi surpreendente
- Entendi - falou e negou com a cabeça
- Lara Narrando -
Passar a noite no Luan foi ótimo e cheguei em casa bem melhor, me arrumei e fui direto para o curso de alemão, e ao sair do curso fui para a casa da Elisa e fiquei lá até o início da noite colocando o papo em dia. Quando cheguei em casa tomei banho e quando estava descendo para jantar ouvi a voz alta da minha mãe.
- É isso que você quer, Marcelo? - perguntou alto e o silêncio se fez presente - Olha nos meus olhos, abre a porra da boca e me diz se é isso que você quer
- Brenda, você está nervosa e é melhor conversarmos depois - meu pai falou e fechei as minhas mãos ao sentir os tremores - Não adianta brigar porque nada vai se resolver com briga
- Nervosa? - riu irritada - Vai se fuder, Marcelo, você ainda não me viu nervosa
- Belo jeito de levar tudo isso - meu pai falou sério - E depois se irrita quando eu digo que não sabe ter uma conversa sem brigar
- Tudo bem - ficou quieta por alguns segundos - Se você não tomar uma decisão eu vou tomar porque já cansei
- Brenda - chamou e eu voltei rápido pro quarto, me sentei na cama e as minhas mãos não paravam de tremer
- Se acalma, Lara - pedi baixinho mas não consegui segurar o choro e isso me dava mais raiva ainda por ser tão fraca
Senti a minha cabeça girar e o meu coração disparar o que me fez suar frio, me levantei ao sentir um forte enjoo e fui para o banheiro, abria a tampa do vaso e simplesmente comecei a vomitar. Não tinha nada no estômago mas a vontade não passava e fiquei mais nervosa ainda.
- Cunhada do meu coração - escutei uma voz alta e com o tom animado - Vim contar fofoca do povo que estudou com a gente e...LARA? - gritou nervosa e quando me dei conta ela estava agachada ao meu lado - Amiga? O que houve? - perguntou porém eu não conseguia falar nada, a minha respiração estava descontrolada e eu não parava suar - Ei, concentra na minha voz e tenta respirar fundo - pediu e eu fiz o que ela falou mas não adiantou - Só na minha voz e nada mais - reforçou o pedido e após alguns minutos a minha respiração foi se acalmando, ela me ajudou a levantar e fomos até a pia, segurou o meu cabelo e lavou o meu rosto - Consegue escovar os dentes? - perguntou baixo
- Consigo - sussurrei e ela prendeu o meu cabelo em um coque, molhou a mão e colocou na minha nuca
- Toma um banho frio - aconselhou - Vou deixar o quarto bem geladinho pra você
- Não precisa - neguei - Você tem as suas coisas
- Calada, amiga - sorriu fraco - Faz o que eu falei que será sucesso
- Tá bom - falei baixo. Escovei os dentes e assim que tomei o banho ela me levou para o quarto, me deitou na cama e se deitou ao meu lado de frente pra mim
- Quer me falar o que aconteceu? - perguntou baixo
- Os meus pais estão em uma situação ruim e eu não sei ao certo o que está acontecendo, mas é ruim, e as brigas deixaram de ser escondidas - sussurrei e meus olhos se encheram de lágrimas - Estava ruim ver as feições tristes, o clima pesado e o afastamento, mas ouvir a briga foi tão ruim - funguei - Quando eu vi já estava daquele jeito e eu nem sei o que me deu
- Acho que você teve uma crise de ansiedade - falou e limpou o meu rosto - E é normal, amiga, chega uma hora que o nosso emocional joga a toalha
- Foi horrível - falei baixinho - Muito ruim
- Calma - segurou a minha mão - Seria ótimo agora mudarmos de assunto
- Por favor - suspirei fechando os olhos
- Gabriel Narrando -
Alguma coisa tinha acontecido ou a Lara estava com raiva de mim por algum motivo, a opção correta não sabia e nem sabia se eram as duas juntas, né? Mas o fato é que estou no escuro e sem consegui falar com ela. Saí cedo de casa e um pouco depois que cheguei no escritório entrei em reunião e só encerrou quase no horário do almoço, comi rapidamente porque a minha secretária pediu o meu almoço e assim que acabei escovei os dentes.
- Merda - resmunguei irritado quando vi que a Lara não tinha respondido as mensagens, iniciei a ligação e deu que estava desligado - Qual foi, Lara? - falei e cliquei para ligar novamente
- Os meus relatórios, Hartmann - Andrade entrou na minha sala e eu peguei uma pasta na mesa
- Não sou mais o seu estagiário - falei e tirei o celular do ouvido - Sabe disso, né?
- Enquanto você não assumir o lugar do seu avô eu continuo no comando na ausência dele e acima de você mesmo com a presença dele - debochou e eu dei dedo pra ele o que fez ele rir
- Você não vai me dar o prazer de mandar em ti? Só por meses? - questionei e ele negou
- Nem por meio segundo - falou simples - Encerro a minha bela carreira em breve
- Uma pena - falei sincero
- Não chora - falou e eu ri saindo da sala com ele
- O seu sonho - falei e ele seguiu o caminho dele - Dona Carla - chamei a minha secretária
- Diga, menino - falou e eu peguei uma caneta que estava na mesa dela e um post-it, anotei o número da Lara e entreguei pra ela
- Tenta ligar pra esse número, por favor - falei e colei o post it no computador, não para até conseguir e ao conseguir me chama imediatamente
- Você entra em uma série de reuniões daqui a 10 minutos - falou e eu assenti
- Pode me chamar - falei simples - Não para de ligar
- Eu tenho mais o que fazer, menino - falou e eu ri baixo
- Você dá conta - falei e ela revirou os olhos
- Lógico que sim - falou sorrindo e quando ia entrar na minha sala novamente ouvi me chamarem
- Estela? - arqueei a sobrancelha - Tá fazendo o que por aqui?
- Uma reunião com o Moraes - falou me olhando - O meu cliente está tentando montar uma banca com diversos advogados
- E ele quer o Moraes? - perguntei e ela assentiu - E você?
- E mais alguns do escritório do papai - falou e eu ri - Tá rindo de quê?
- Isso não vai acontecer - falei simples - O escritório não permite que advogados formem time junto com advogados de outro escritório
- Por que o meu escritório defende uma empresa e esse o rival - falou entediada - Me ajuda com o seu avô? Se ele liberar o Moraes será incrível porque ele é perfeito para fechar o acordo da forma que o meu cliente quer
- A sua única chance de ganhar é com ele? É isso? A única chance real é o Moraes? - perguntei e isso fez ela revirar os olhos
- Seria uma boa adição ao time - falou simples - E só porque o seu cliente representa um rival de negócios que nada tem relação com o caso não podemos unir forças? Isso é bobo
- São regras - falei simples
- O Moraes seria - tentou falar mas eu não deixei
- Diga ao seu cliente que os seus advogados não são capazes de fazê-lo vencer - falei sorrindo
- Isso não é verdade - falou irritada e eu ri - Ele sabe que podemos ganhar
- Não acredito - falei incrédulo - Quebrou a primeira regra, Estela, você falou para o seu cliente que iria ganhar o caso - neguei com a cabeça - Ficou louca?
- Regra do seu avô - pontuou - Não fiz nada demais
- É, não fez - concordei - Apenas aceitou um caso que sabia que não era capaz dando a cartada que possuía a estratégia perfeita - falei dando de ombros - É, não fez nada demais, né? Só se enfiou num beco que não tem saída
- Eu odeio você - falou e eu ri
- Odeia sim - debochei
- Almoça comigo? - perguntou e eu neguei - Não?
- Tenho compromisso - falei olhando pra ela - Enfim, boa sorte no seu belo caso
- Para - choramingou - Não vai me ajudar?
- Claro que não - falei rindo - Tchau, Estela
- Tchau - acenei com a cabeça e ela me olhava com os braços cruzados mas só fiz rir