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mattoslaraa: resultado de namorar um fanático por futebol. (ps: show do harry styles é logo ali.)
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- Lara Narrando -
Para o meu azar não consegui mais escapar e hoje eu iria assistir o jogo no Maracanã com o Gabriel, e com as palavras dele "Não tem jogo fácil e nem ganho na Libertadores, é uma guerra e precisamos vencer." Eu entendi algo? Não! Me pareceu na verdade chamada de série viking mas só fiz balançar a cabeça. Coloquei uma calça jeans clara, uma blusa preta, tênis e uma bolsinha para fechar o look. Simples e confortável, e assim acho difícil parecer que estou indo para outro lugar, né? Assim espero. Fiz uma maquiagem leve e após passar um pouco de perfume fui para o quarto dos meus pais.
- Eu estou descendo porque o Gabriel já está - entrei no quarto falando e fiquei quieta quando vi a minha mãe sentada na cama observando algo na palma da mão, ela fechou rapidamente quando entrei - Mãe, você estava chorando? - perguntei preocupada assim que vi o rosto vermelho dela
- Nada demais - fungou - O que estava dizendo?
- Por que você estava chorando? - perguntei baixo e ela limpou o rosto
- Bobagem - respirou fundo - É sério, meu amor! Me diz o que queria - balançou a cabeça e eu percebi que não adiantaria insistir
- O Gabriel está chegando e eu já vou descer - avisei e me aproximei da cama - Cadê o papai?
- Saiu com o Felipe e o Rhuan - falou e eu me sentei na cama
- Eu vou ao Maracanã - contei e ela riu baixo
- Você odeia - falou e eu acabei rindo - Das vezes que vai ao Nilton Santos come o jogo inteiro, não sai do celular e até cochila
- Privilégios do meu pai ter um camarote lá - dei de ombros e ela riu
- E vai ao Maracanã porquê? - perguntou curiosa
- O Gabriel é apaixonado pelo Flamengo - falei e ela assentiu
- E você é apaixonada pelo Gabriel - concluiu
- Também - concordei - Mas tem tempo que ele quer que eu vá, sabe? E vire e mexe ele aceita programas só porque eu gosto
- Tá certa! Relacionamento é uma via de mão dupla - falou me olhando
- Espero que não seja tão ruim - fiz careta
- A única coisa que vai te deixar feliz estando lá será a alegria dele - falou simples - Vai achar lindo a festa da torcida mas em cinco minutos sentirá vontade de voltar para casa
- Mas eu não posso - resmunguei e o meu celular fez barulho de mensagem, olhei e vi que era o Gabriel - Ele chegou
- Tenta se divertir - pediu e eu abracei-a
- Difícil - falei simples - Vai ficar bem mesmo?
- Vou sim - sorriu fraco e eu olhei-a por um tempo e só saí quando ela abriu outro sorriso
- Boa noite, flamenguista - sorri entrando no carro e ele me deu um selinho demorado
- Boa noite, bailarina - falou me olhando - Está linda
- De alguma maneira louca bermuda jeans e camisa de time te deixa uma loucura - falei e ele riu
- Efeitos do manto - falou simples e se esticou para o banco de trás - Mas seria legal ser o único usando o manto que atraia a sua atenção
- Aquele uruguaio atrai também - falei e ele arqueou a sobrancelha me olhando
- Muito engraçada - debochou - Pra você - entregou uma sacola e quando vi era da loja do Flamengo
- Sério? - perguntei ao abrir e ver uma blusa
- Muito sério - confirmou - Troca aí
- Eu devo ter cantado Glória Groove na santa ceia ou colado chiclete na cruz - triei a blusa que eu usava e ouvi a risada dele por causa dos resmungos
- Seria essa a história não contada da bíblia? O que realmente aconteceu? - perguntou e eu acabei rindo
- Idiota - neguei com a cabeça rindo e vesti a camisa
do Flamengo
- Caralho - xingou e quando olhei pra ele notei o olhar atento dele - Você conseguiu ficar mais perfeita
- Gabriel - sussurrei sentindo as minhas bochechas esquentarem e ele sorriu
- Perfeita, baby - me deu um selinho demorado que virou um rápido beijo
Duas coisas pairavam a minha mente agora e queria entender ao menos uma delas. O sentimento de um torcedor pelo seu time. É possível explicar? E onde é que estava o jogo difícil e a guerra que o Gabriel me disse? Estávamos em algum momento no segundo tempo e eu já perdi a conta do placar.
- CARALHO! GOL PORRA! VAI SE FUDER - tomei um susto com o grito do Gabriel e a torcida explodiu em felicidade, ele pulava, cantava e a essa altura ele já rodava a camisa no alto
- Meu deus - sussurrei incrédula quando direcionei os olhos para o placar e estava marcando 7x1, gritei de susto quando o Gabriel me abraçou apertado e me levantou
- Lara, caralho! Você deu sorte pro time, amor - me olhou animado e me deu um selinho demorado nos rodando em seguida
- Sorte? - ri incrédula - Esse placar parece até que só tem um time em campo
- Você é pé quente - apontou o dedo no meu rosto e eu revirei os olhos - Porra, você tem que vir em todos os jogos agora - terminou de falar e eu arregalei os olhos
- Olha o Arrascaeta que gostoso - apontei pra algum canto do campo e ele se distraiu novamente porém o jogo não demorou para acabar e eu quase surtei de tanta felicidade, não aguentava mais tanto barulho nos meus ouvidos - Vai se encontrar com o pessoal? - me referi aos amigos dele, o pai e o irmão que estão aqui mas assistiram no meio da torcida, caso eu não estivesse junto era lá que ele estaria
- Não, cada um vai pra um canto - explicou - Tá com fome, né?
- Muita - suspirei e ele riu - A sua voz está rouca em um nível
- Amanhã estará pior - falou simples e me colocou na frente dele quando começamos a andar - Mas porra é sem explicação viver isso
- Você mentiu - falei rindo
- Em quê? - perguntou confuso
- Disse que era um jogo difícil - falei e ele negou com a cabeça
- O grande lance do futebol é que nem sempre o time com o melhor elenco ou que joga melhor o jogo todo ganha - deu uma pausa - Muitos jogos o e até alguns campeonatos já foram decididos em lances ridículos pro time ruim
- Entendi - falei pensativa - E esse jogo era o quê?
- Segundo jogo das oitavas - contou - Agora estamos nas quartas
- Boa sorte pra vocês - falei e ele riu
- Com você vindo teremos toda sorte - falou e passou o braço pelo meu ombro
- Eu sou incrível - brinquei e ele apertou a minha cintura
- É sim, bailarina - concordou sorrindo
- Gabriel Narrando -
A minha noite ontem foi perfeita e mesmo dormindo pouco hoje eu acordei feliz da vida e ninguém tirou a minha paz após a noite mágica no Maraca. Saí mais cedo do escritório e fui com a minha mãe ver umas coisas do apartamento e realmente estava ficando a minha cara, assim que chegamos em casa encontrei a Lara sentada com o Lucas na varanda.
- Boa tarde - Lara falou e eu percebi que ela estava sem graça por conta da minha mãe
- Oi, querida - minha mãe sorriu - Já estava mesmo para mandar o Gabriel trazer você aqui
- Uma correria nos últimos tempos e acaba que nós ficamos mais lá - falei e não era tão mentira assim, exceto pela parte que a Lara morria de vergonha dos meus pais e eu preferia enfrentar os ciúmes loucos dos irmãos dela do que deixá-la desconfortável
- Eu e o Lara fomos na gráfica - Lucas contou e ela se levantou cumprimentando a minha mãe que a puxou pra um abraço - Era pra entregarem o protótipo hoje só que não ficou pronto
- Tem contrato? - perguntei e a Lara se aproximou, dei um selinho e ela me abraçou pela cintura
- Tem sim - Lucas confirmou - Mas foi problema na produção e atrasou um monte de gente
- Se ele não cumprir o contrato será uma ex-gráfica - falei simples e a minha mãe riu
- Sossega, tubarão - minha mãe falou me olhando
- A dona barraqueira aí colocou medo pra cima dele - apontou pra Lara e eu olhei surpreso pra ela
- O que você fez, querida? - minha mãe perguntou curiosa
- Nada demais - deu de ombros - Eu percebi que ele não estava muito contente em prestar conta pra dois adolescentes e eu apenas mostrei o meu segurança e expliquei calmante que se o protótipo não estiver em nossas mãos na próxima data ele terá uma conversa com o Marcos e com os meus advogados - falou e eu arqueei a sobrancelha escutando a risada da minha mãe - Ele não imaginava que advogados são pagos mensalmente pelo meu pai e que eu namoro com um
- É exatamente assim que tem que ser - minha mãe falou simples - Fiz muito isso com o meu pai e era incrível vê a cara que o povo fazia
- Ele ficou pálido - Lucas riu e me olhou - Agora diz pra Lara o que você me fala sempre
- O que? - Lara me olhou curiosa
- Desde que peguei a minha carteirinha ele diz para deus e o mundo que o advogado dele vai resolver a situação, cansou de usar o nosso avô e agora me usa pra essas coisas - falei explicando - E na maioria das vezes não é nada sério, viu? A amazon errou pedido? "o meu advogado vai falar agora"
- Lucas? Sério? - Lara riu incrédula - E o que você falava pra ele?
- Não trabalho de graça - falei simples e entramos em casa
- Aí ficava me explorando - meu irmão fez drama
- Arruma outra fala pra mim porque não vou pagar você - Lara brincou e a minha mãe riu
- Bota moral, querida - minha mãe falou e eu neguei com a cabeça - Vou subir pra tomar um banho mas espero que fique para o jantar, Lara
- Se não for incomodar - falou e a minha mãe abanou com a mão
- Não vai - garantiu e acabou que subimos todos mas obviamente cada um para um quarto
- Você vai me pagar, Lara - avisei ao entrarmos no quarto, fechei a porta e deixei a mochila na cadeira gamer
- Vou nada - falou e se sentou na cama
- Em favores sexuais ainda por cima - falei e ela riu
- Palhaço - falou rindo
- Vou tomar banho - abri a camisa - Fica a vontade, ok? Tv e computador, tem bebida e umas bobagens pra comer no frigobar
- Pode deixar - sorriu e eu entrei no banho
Acho que demorei uns 20 minutos no banho, a água estava quentinha e nem dava vontade de sair, enrolei a toalha na cintura, passei desodorante e fui direto para o closet, abri a gaveta e peguei uma bermuda de moletom vestindo em seguida. Após deixar a toalha no banheiro voltei pro quarto e ao me deitar a Lara abriu os olhos.
- Pensei que estivesse dormindo - falei e me cobri
- Estava pensando - falou baixo - Por que tubarão?
- Estava pensando nisso? - perguntei confuso e ela negou
- Mas fiquei curiosa - falou e eu assenti - E qual é o motivo? Se for piada interna e não quiser contar eu entendo
- O meu avô é conhecido como tubarão branco nos tribunais - contei e ela arqueou a sobrancelha - E o povo brinca me chamando de tubarão 2.0
- Que fofo - ironizou - O animal que além dos seres humanos só tem 1 predador natural
- Fofíssimo - ironizei e acabou que rimos
- E quem é a orca do seu avô? - questionou - Quem é o predador natural dele?
- Catarina Hartmann - falei direto e ela sorriu
- A sua avó? - perguntou e eu assenti - Ela então que manda em tudo?
- Com certeza - confirmei - Sabe levar o tubarão bem direitinho e como é esperto ele nem luta
- Acho que quero ser a sua predadora natural - falou e apertou o meu rosto de leve - Aí você vai fazer tudo que eu quiser
- Menos no sexo - pisquei e ela riu
- Aceito - brincou e me deu um selinho demorado
- Acordo perigoso - alertei e ela riu
- Se fosse com outro sim - concordou - Porém eu não sinto medo de você e sim outra coisa
- O que? - perguntei curioso
- Paixão - acariciou o meu rosto - E tesão também. É, eu estou apaixonada por você - sorriu de lado e eu segurei a mão dela dando um beijo
- Eu acho ótimo que estamos em pé de igualdade por aqui - falei sorrindo - Por que tem paixão e tesão por você
- Isso é maravilhoso - sorriu e se deitou de lado com a mão no meu peitoral e batucou os dedos
- É sim - falei sorrindo
- Amor? - chamou e eu me dei conta que essa era a primeira vez que ela me chamava dessa forma e ao pensar por alguns segundos me lembrei que também a chamei assim e nem tinha notado ou planejado
- Diga - falei e ela me olhou
- Curiosidade apenas - deu uma pausa - No pdf que nós mandamos para a gráfica notei que o nome do Lucas é Lucas Hartmann-Vieira e não tem Tavares igual o seu. Por que?
- Tavares é o sobrenome da minha mãe biológica - falei simples
- Que? - perguntou e eu vi a confusão nos olhos dela
- Ela se chamava Karina - falei e me levantei indo até a escrivaninha e passei os olhos pela prateleira que ficava acima, peguei a polaroid minha e dela - Era amiga de infância do meu pai e quando eles cresceram tiveram um rolo - voltei para a cama e entreguei a foto pra ela
- Ela é linda - passou o dedo na foto - E você fofo e bem gordinho
- O bebê mais bonito do hospital - falei e ela riu
- Você não tem um traço dela - me observou - Uma versão mais nova do seu pai
- Mais nova e mais bonita - pontuei - Ela morreu no dia seguinte dessa foto - falei e ela arregalou os olhos com a notícia - Teve uma hemorragia e os médicos não puderam fazer muita coisa
- Desculpa tocar nesse assunto - falou baixinho e eu ri fraco - Não queria te machucar
- Não me machuca, bailarina - falei sincero - A única mãe no meu coração e na minha cabeça é a Alice, e ela está em um quarto nesse corredor
- Não se incomodou com a pergunta? - perguntou e eu neguei
- Olha, não sou sem coração, tá? - falei olhando pra ela - Mas as únicas coisas que sei dela são coisas que os outros me contaram e até os meus 7 anos só sabia o que uma mãe fazia pra um filho vendo nos outros e desejando ter algo parecido um dia - dei uma pausa - Não foi culpa dela, ela não morreu porque quis, mas quando a minha mãe e o meu pai se conheceram eu logo comecei a experimentar algo que sempre quis e nunca tinha tido, né? A minha avó e a minha bisavó me deram todo amor mas era amor de vó, nem sei se estou conseguindo explicar direito, mas o que eu sempre sentia era que faltava algo e caralho, Lara, eu queria muito o que faltava
- Aí você ganhou uma mãe incrível - falou e percebi os olhos dela cheios de lágrimas
- Uma mãe incrível - falei sorrindo - Ela nunca quis apagar a imagem da Karina da minha vida ou forçou alguma coisa, sabe? Eu só me dei conta que tudo o que ela fazia por mim eram coisas que mãe faziam para os filhos, ela nem sabia disso, mas eu fui rápido e pedi pra ela ser a minha mãe
- Pediu? - perguntou surpresa
- Pedi sim - falei rindo - Na apresentação de dia das mães da escola
- Você soube conquistar - falou rindo
- Sempre tive esse dom - pisquei - Depois peço para ela o vídeo
- Só consigo pensar que a Karina onde quer que ela esteja está muito feliz pela mãe que você ganhou - falou e me entregou a foto
- Tenho certeza disso - falei e me levantei - O motivo deu nunca ter falado isso é simplesmente porque eu esqueço
- Esquece? - perguntou e eu coloquei a foto no lugar
- É pô, a Alice é a minha mãe - falei simples - Sei que não é justo com a Karina mas essa é a realidade, se não for citado por algum motivo realmente não me lembro que não saí do útero de uma loira doida
- Talvez seja porque ela nunca tratou você com uma vírgula de diferença do Lucas - opinou - Infelizmente em alguns casos a situação muda quando vem outro filho
- Sim - concordei - E nunca existiu essa diferença na nossa relação, acredita? Nem com qualquer outro da família dela que acabou virando minha família
- Isso é ótimo - falou e voltamos a nos deitar - E que bom que vocês se conheceram e formaram essa linda família
- Um verdadeiro encontro - falei pensativo e ela deitou a cabeça no meu peitoral
- Ou reencontro - falou baixo
- Talvez - falei e ficamos em silêncio por um tempo - Por que está tão pensativa?
- Acho que está acontecendo algo sério lá em casa e estou preocupada - falou baixinho
- Com quem? - perguntei e ela me olhou
- Os meus pais - falou me olhando - Ontem a minha mãe estava com cara de quem tinha chorado e hoje o meu pai saiu de casa mais cedo que o normal e nem o Vi que acordou às 06:00 viu ele
- Ele dormiu em casa? - perguntei e ela assentiu
- Chegou meia hora depois de mim - suspirou - Mas tem algo errado
- Casais têm momentos ruins, Lara - falei calmo - E em um relacionamento longo toda decisão é muito bem pensada
- Como assim? - perguntou e parecia com medo do que eu falaria
- Só se briga pelo que vale a pena ou por aquilo que deseja salvar - opinei - E são momentos ruins que eu acredito que todos passem e aos poucos se resolvem
- Tomara - falou baixinho e comecei a acariciar os cabelos dela
- Eu tô aqui, tá? - sussurrei e beijei a cabeça dela - É só gritar socorro que apareço com chocolate e muito cafuné
- Perfeito - me cutucou e eu ri baixo