É que o seu costume de ser perfeição
Me faz crer que estar só é viver em vão
Porque é só te olhar pra lembrar que amar
É se compreender, se deixar levar
(Seu costume — Canção de Bruno Gadiol)
Já se passaram mais de 24 horas desde que tudo aconteceu, mas ainda não consigo acreditar que fiz aquilo. Eu não acredito que deixei o loirinho me tocar daquele jeito. Santo amado, eu me masturbei na frente dele!
Achei que ficaria um clima estranho entre nós, porém, Jimin consegue lidar muito bem com esse tipo de situação. Para mim isso tudo é muito novo, mas ele age naturalmente como se fosse algo normal, e pensando bem, isso é natural dos seres humanos mesmo. Tenho que aprender a me acostumar com isso, ainda assim, como vou olhar na cara dele hoje? O que aconteceu é tão recente, a vergonha ainda faz morada em mim.
E se eu não for pra escola? É uma boa opção, mas não posso faltar hoje, tenho atividades extras pra entregar. E nem se a escola tivesse desaparecido do mapa eu evitaria esse encontro, porque hoje tem a festa no Ho'omau, e ele vai estar lá! O loirinho vai estar na festa, e tenho certeza que ele vai ser o mais lindo e arrumado. Não sei se meu coração vai aguentar tanta emoção. Acho que vou infartar a qualquer momento.
Respiro fundo antes de finalmente criar coragem para finalmente levantar da cama.
— Vai dar tudo certo, Jk vamos lá, você consegue! — me alto incentivo enquanto analiso meu reflexo no espelho.
Pego o celular em cima da cama. — E se eu mandasse mensagem para o loirinho? Não, acho melhor não, são 7:30 da manhã ele vai achar que eu sou muito grudento. — largo o celular e corro para tomar um banho, afinal eu nem sei que mensagem mandaria para ele mesmo.
Ontem quando Jimin foi para o Ho'omau, vi a bicicleta dele e lembrei automaticamente daquela foto. Minha e do garotinho, agora eu sei de onde conheço aquela criança.
Ele é o garoto dos meus sonhos.
Ou pelo menos ambos são muito semelhantes. Já li uma vez em um site que nosso cérebro não tem a capacidade de criar rostos e que todas as pessoas que sonhamos são pessoas que já tivemos contato visual alguma vez na vida, e apesar de não nos recordarmos da aparência delas, o cérebro guarda essa informação no subconsciente. Sendo assim, isso aumenta a probabilidade daquele garoto da foto ser o mesmo garotinho dos meus sonhos. Mas porque não consigo lembrar de ter o conhecido antes?
Faz alguns dias que não sonho com ele, sinto até falta as vezes, acho que acostumei a dormir e ver ele quase sempre. Afinal ele foi o meu primeiro amor, quando eu era criança, não tem como esquecer algo assim tão rápido. Toda a paz que sentia quando sonhava com ele eu também sinto quando estou com Jimin, se aquele garoto saísse dos meus sonhos tenho quase certeza que seria tão lindo quanto Jimin é.
Não fiz tantas perguntas sobre a bicicleta, afinal é só uma bicicleta, deve haver milhares igual aquela espalhadas por aí.
Quando termino de me arrumar pra ir à escola, desço as escadas e encontro minha mãe tomando café na cozinha.
— Quer carona para escola, filho?
— Não precisa. — mordo meu lábio inferior enquanto balanço a perna esquerda, fico a encarando por um tempo.
— Diz logo o que você quer. — como ela sabe que eu quero algo?
— Não é nada não, eu só… a senhora pode me emprestar um dinheiro? Prometo que quando eu me formar e tiver trabalhado eu pago o dobro de volta!
— E para que seria esse dinheiro?
— Vai ter uma festa hoje e eu e meus amigos combinamos de comprar roupa depois que sairmos da escola.
Ela franze as sobrancelhas. — Que amigos são esses? O seu primo e aquele outro que veio aqui aquele dia?
— Também, mas tenho outros amigos agora além deles.
Nunca achei que dizer isso faria uma pessoa tão feliz como a minha mãe está nesse momento, ela sorri de orelha a orelha.
— Que coisa boa ouvir isso, filho. E onde vai ser essa festa?
— Vai ser lá no cyber-cafe da senhora Choi. Então, a senhora pode emprestar o dinheiro?
— Leva meu cartão, ele tá ali dentro da bolsa. — diz apontando para a bolsa de couro sintético vermelha em cima do balcão. — Só não vai gastar todo o meu dinheiro, viu? Você ainda lembra da senha?
— Eu anotei no celular. E relaxa mãe, a senhora sabe que economia é comigo mesmo. — aproximo de sua cadeira e passo os braços envolta dos seus ombros e deixo um beijo rápido em sua bochecha. — Obrigada, mãe. Prometo pagar tudo depois.
— Acho bom mesmo, vou cobrar.
Me afasto dela indo em direção à porta, no entanto, paro na divisa da cozinha para sala quando ouço sua voz.
— Jungkook, você não tem outra coisa para me contar?
Engulo em seco. — Eu? Não, por quê?
Ela semicerra os olhos e pergunta: — Você comeu pizza esses dias? Achei uma caixa jogada no lixo.
Assinto com a cabeça.
— Sozinho?
— E-eu. — Credo, será que essa mulher tem poderes para adivinhar as coisas? Não é possível que ela esteja desconfiando de algo. Ela não pode nem sonhar com o que aconteceu no sofá caro dela.
— Você?… — incentiva que eu continue a falar.
— É... eu estou atrasado pra escola, mãe. Até mais tarde. — Não deixo que ela tenha tempo de dizer algo, apenas saio correndo pela porta. — Ufa, espero que ela não tenha notado que eu fiquei nervoso.
Respiro fundo e passo a mão pelas roupas, e enfim inicio meu trajeto até a escola.
Quando chego no portão da escola a maioria dos alunos já estão entrando por ele, tem um carro preto parado ao meu lado. Os faróis estão apagados, então acho que não tem ninguém dentro. Me aproximo da janela de vidro e fico olhando meu reflexo.
Meu cabelo até que tá bem bonito hoje, ninguém nunca saberá, mas passei um hidratante labial que deixa a boca mais rosada. Troquei o perfume também, será que Jimin vai perceber? Bom, isso não importa, não é como se eu tivesse me arrumando pra ver ele.
Continuo encarando meu reflexo, fazendo algumas caretas, não me pergunte o porquê disso, eu também não sei.
Lembram quando eu disse que não tinha ninguém dentro do carro? Então eu me enganei, mas, poxa universo tinha que ser logo ele?
Abro meus olhos em espanto quando a janela de vidro preta desce lentamente. Engulo em seco vendo que Jimin estava esse tempo todo me observando. Pode abrir chão, é agora que eu me uno a você e a gente se torna um só. Afinal de contas, no fim esse será meu abrigo mesmo, né? Não faz diferença ir antes.
— Já tá lindo assim, não precisa arrumar mais nada. — ela fala sorrindo, deve tá me achando o maior idiota do mundo.
— A-ah, Jimin? — Senhor, o dia mal começou e eu já tô passando vergonha.
— Eu mesmo! — como ele consegue ser tão lindo uma hora dessas de manhã? — Diz aí Hobi, meu namorado é ou não é um lindão? — pergunta olhando para seu lado direito. E só agora percebo que ele não está sozinho dentro do carro. E ele novamente usou a palavra com "N". Ainda não somos isso.
— Ele não é um lindão. — Eu sou sim. — Agora deixa de enrolação e vamos logo entrar na escola porque o sinal já bateu.
Os dois saem do carro, Jimin vem até mim.
— Vou indo pra sala Ji, depois a gente se fala. Tchau pra vocês. — O foguinho se despede de nós e entra pelo portão.
Olho para frente e encontro o sorriso mais lindo do mundo.
— Bom dia, Jungkook.
Solto um pigarro. — Bom dia, Jimin. E-eu, quer dizer, você. Você.
— Eu o que?
— Você não viu eu me olhando na janela do carro não, né?
— Eu não, imagina. — ufa. — E eu também não tirei uma foto sua enquanto você estava fazendo careta. — Mas que droga. Ele começa a rir da minha cara de idiota.
— Da pra parar de rir? Já não basta a vergonha, agora vou ter que ser motivo de piada? — O loirinho para o riso e entrelaça o seu braço ao meu. Começa a me puxar para entrarmos na escola.
— Você não é motivo de piada, mas foi o motivo do meu primeiro sorriso do dia.
Olho de canto para ele e pergunto: — Fui?
— Foi.
Um dos coordenadores passa por nós com um olhar de reprovação, ele ordena para irmos logo para as salas. Jimin avisa que já estamos indo. Apenas aceno com a cabeça. Antes de chegarmos no corredor que separa nossas salas, o loirinho me leva para uma sala de produtos de limpeza. Já estive aqui antes com ele.
— Estamos atrasados pra aula.
— Eu sei, mas isso não significa que não temos tempo para dar uns beijinhos. — diz ele trancando a porta. — Você mudou o perfume? — pergunta se aproximando, seu corpo fica a menos de um metro de distância do meu, devido ao lugar ser muito estreito e ocupado por utensílios de limpeza.
— Sim. — falo baixo.
— Hum, amei esse cheiro. — ele apoia sua mão sobre minha cintura em seguida aproxima nossos corpos mais ainda
— Combina com você.
— C-como assim?
— É um cheiro doce e suave, a sua cara.
— Eu sou uma pessoa doce? — pergunto realmente surpreso com a visão que ele tem em relação a mim.
— Não sei, você vai ter que deixar eu provar pra saber.
Abro a boca para tentar dizer algo, mas nada sai. Ele ri e aproxima os lábios dos meus, fecho os olhos aguardando o que vem a seguir, mas bufo irritado quando ele beija minha bochecha. O infeliz me atiça e depois se afasta fingindo que vai abrir a porta, seguro em seu pulso e viro seu corpo de frente para o meu. Ele ri novamente como se tivesse planejado tudo isso.
— A gente entrou aqui porque você disse que queria me beijar, não foi? — questiono.
— Sim, e eu acabei de beijar sua bochecha coelhinho. — Esqueçam tudo que eu já disse sobre Jimin ter uma carinha inocente, ele não vale nada. — Por que? Quer outro beijo na bochecha?
Ele deve amar me provocar dessa maneira, mas o loirinho esqueceu que quando o assunto é jogar eu sou sempre o melhor jogador.
— Sim. — falo com uma voz fraca, — Beija minha outra bochecha Minnie, por favor, só um beijinho. — ele pisca atônito com o que acabei de falar, mas não demora e faz o que eu pedi. Quando seus lábios ainda estão grudados a minha pele, levo minhas mãos até sua cintura e junto seu peito ao meu.
Jimin se afasta, mas não totalmente porque meus braços ainda o seguram. Nossos olhares se tornam intensos um no outro, passo a língua pelo os lábios, e Jimin me observa, chego mais perto do seu rosto e ele suspira entreabrindo os lábios, mas ao invés de fazer o que ele tanto esperava deixo um beijo lento no canto de sua boca. Depois me distancio abrindo a porta de vez. Saio da salinha e olho para dentro onde ele está parado com uma cara emburrada.
— Você não vai sair daí? — pergunto, segurando ao máximo o riso.
— Jeon Jungkook, você não sabe com quem tá brincando. — ele aponta para mim enquanto sai da sala.
— Eu não fiz nada.
— Você sabe muito bem o que fez! — acusa.
— Sabemos que não fui eu quem começou.
— Retiro o que eu disse na sua casa aquele dia, eu não gosto do Jungkook atrevido!
— E porque não?
Jimin cruza os braços e faz um bico emburrado. — Ele é mau demais comigo.
O riso que eu segurava até agora é solto de vez, inclino meu corpo para frente rindo, sinto ele dando um tapa leve em meu ombro.
— Anda seu coelhinho trapaceiro, vamos pra sala logo, antes que o coordenador volte e expulse a gente da escola de vez.
Cesso o riso e juntos vamos até o corredor, nos separamos, e cada um vai para sua sala.
[•••]
Quando soube que a irmã da Leia, era dona de uma loja de roupas de grife, não imaginei que seria uma loja tão chique assim. O lugar aqui é enorme, são três andares, e em cada um deles possuem coleções de roupas diferentes. Ainda tem uma grande área com as araras de roupas expostas. Nas vitrines os manequins exibem algumas pessoas de luxo. Não entendo nada de moda, então não levem minha opinião a sério, mas nossa, aqui tem umas roupas feias demais. Parecem que foram desenhadas por uma criança de três anos. A moda é realmente algo divertido de se apreciar.
Estamos aqui há quase vinte minutos, Leia nos apresentou para sua tia e ela nos deixou à vontade. Yoongi, Hoseok, Taehyung e Leia estão no andar de cima, eu e Jimin estamos no primeiro andar na seção de camisas.
— O que você acha dessa? — ele pergunta, mostrando uma camisa social na cor azul escuro.
— Se você for pra um casamento, talvez combine.
— Droga, nosso casamento ainda vai demorar, então essa não vai dar.
Eu apenas balanço a cabeça negativamente, sorrindo, ficaria surpreso com o que ele disse, mas é Jimin. Aos poucos estou me acostumando com o seu jeito de ser.
Enfio as mãos entre as camisas e pego uma preta que me chamou bastante atenção, olho na etiqueta e percebo que o tecido é de algodão.
— O que acha dessa? — levanto da altura da minha cabeça para que ele possa ver.
— Igual a maioria das que você usa. A gente vai pra uma festa, Kookie, porque não tenta usar algo diferente?
— Diferente como? — ele sai de onde está e vem até mim.
— Vamos fazer assim, que tal você escolher a roupa que eu vou vestir hoje e eu escolho a sua?
— Não sei se confio no seu mau gosto pra roupa, não. — falo brincando.
— Ah, então você tá dizendo que as roupas que eu uso são feias?
Acho que ele não entendeu a ironia do que eu disse. Acabo sorrindo, mas não respondo sua pergunta.
— Tá bom, vai. Mas olha, não escolhe algo que seja muito exagerado, não gosto de chamar tanta atenção.
— Deixa comigo. Você vai ser o motivo de pararem a festa hoje! E escolha algo bem bonito pra mim também, já que você acha que meu gosto pra moda é ruim quero ver fazer melhor. — ele nem ao menos espera que eu diga algo, apenas saí andando em direção às outras seções de roupa.
Começo a procurar algo que combine com o loirinho. Uma moça que trabalha na loja se oferece para me ajudar eu acabo aceitando, depois de alguns minutos consigo achar algumas roupas que tenho quase certeza que Jimin irá gostar.
Como já tinha encontrado tudo que eu queria, fiquei sentado no sofá em frente ao provador, Jimin passou por mim escondendo o que tinha escolhido atrás das costas. Ele entrou no provador e logo em seguida saiu sem nada nas mãos.
Um garçom apareceu oferecendo água para nós, mas recusamos, Jimin parou de frente a mim e disse:
— Você primeiro, depois é minha vez.
— Por que não deixou eu ver as roupas? Sou curioso, sabia? As suas estão aqui em cima do sofá.
— Então mate sua curiosidade e vá provar as roupas logo.
Nem imagino que tipo de roupa ele escolheu pra mim. Entro no provador, tem um grande espelho na parede esquerda que vai até o teto. Uma luminária num tom mais amarelado de luz, e um lugar para colocar as roupas. Chique.
Pego as roupas que Jimin escolheu e fico desacreditado que entre elas há uma jaqueta de couro preta. Eu nunca usei uma jaqueta antes. Junto dela a também uma calça jeans na cor preta, com rasgos nos joelhos, e uma camisa de tecido fino preta também. Ele sabe que gosto do preto, então resolveu exagerar. Ponto pra ele. Miro meu olhar para o chão e encontro uma bota coturno preta. Meus olhos brilham olhando para o sapato, ele é realmente lindo.
Coloco as roupas em frente ao meu corpo imaginando como vou ficar com elas. Suspiro fundo e trato de me vestir logo.
Me olho no espelho, e nossa, eu fiquei muito lindo! Não é exagero da minha parte, eu realmente estou lindo. A calça é um pouco justa demais para o meu corpo, mas ela é confortável. O único problema em toda a roupa é a camisa, por ter um tecido mais fino ela chega a ser quase transparente, que bom que é preta, mas ainda assim se olhar bem dá pra ver meus peitos por debaixo do tecido, felizmente tenho essa jaqueta por cima.
— Nunca colocou essa roupa Jungkook? Eu quero ver como ficou. — o apressado Park Jimin fala, dou uma última olhada no espelho e depois abro a porta. Quando saio para fora, seus olhos atentos admiram meu corpo de cima a baixo.
— Uau. — ele diz, sinto minhas bochechas esquentarem.
— Ficou ruim? — questiono.
— Pelo contrário, você ficou mais gostoso do que o normal. Você tá tão tão sexy nessa roupa que dá vontade de arrancar ela inteira de você.
— Jimin! — repreendo ele com o olhar
— O que? Estou sendo sincero.
— Você tá me deixando com vergonha, isso sim. Cuida, vai lá provar a sua roupa. — ordeno.
Ele virá pegando as peças de roupas em cima do sofá.
— Você não quer entrar comigo? — diz apontando para o provador. — Você ainda precisa colocar suas roupas normais de volta.
— Não tem problema, eu uso a cabine aqui do lado.
— Você que sabe. — Ele recolhe minhas roupas e me entrega. Em seguida fecha a porta.
— Sei muito bem o que você queria, Park Jimin. — Antes que ele termine de se vestir vou até o provador ao lado e troco de roupa.
Sento no sofá, esperando que ele saia.
— Kookie. — Minnie aparece com a cabeça para fora da porta entreaberta.
— Oi.
— Você pode entrar aqui rapidinho pra me ajudar com uma coisa?
Levanto do sofá e vou até a porta.
— Ajudar com o que? — acompanho ele observar ambos os lados da loja, me surpreendo quando sou puxado pela camisa para dentro do provador. Nem tenho tempo de questionar o porquê de ter feito isso, meus olhos são capturados para o seu corpo, seminu, coberto apenas por uma cueca box. Repito ele está praticamente nu — J-Jimin, é, você quer que eu ajude com o que?
— Então, você lembra o que a gente fez na salinha de limpeza hoje na escola? — pergunta dando passos lentos em minha direção, tão sorrateiramente que quase não percebo que estou sendo encurralado contra a parede. Meus olhos focam em seu peito, Jimin leva o dedo indicador até o meu queixo e usa para levantar minha cabeça me obrigando a olhar em seus olhos. — Que tal a gente repetir a dose?
— A-ah, eu acho melhor n- — Jimin não deixa que eu termine de falar, seus lábios tocam os meus. Por ser completamente apaixonado por cada parte sua, me perco em seus encantos que a cada dia mais me ganham por inteiro. Logo ele abandona minha boca e passa a distribuir beijos por toda a região do meu pescoço. Mordo o lábio inferior, quando ele ousa chupar meu pescoço.
— O que você estava dizendo mesmo? — ele pergunta, sabendo que não tenho mais nada a dizer.
Como se meu corpo gritasse por ele, unimos nossas bocas novamente em um beijo mais lento e molhado. Suas mãos apressadas seguram em minha nuca, ele se afasta por alguns centímetros mordendo meu lábio inferior levemente. Como no dia de nosso primeiro beijo, Jimin chupa o lóbulo da minha orelha. Deixo um gemido baixo escapar, ele se afasta do meu ponto sensível e nossos olhares apaixonados se encontram.
Meu peito sobe e desce com a respiração acelerada, olho para sua boca e em seguida para os seus lábios, e não demora muito para que nossas bocas voltem a se atacar, em meio a toques provocadores ele se afasta minimamente, e após sorrir, tenta colar seus lábios aos meus mais uma vez, porém, sou mais rápido em desviar, fazendo seu beijo pegar no canto da minha boca, levo minha mão até sua nuca, ele olha para mim e pergunta:
— O que foi?
— Vou ativar o meu modo atrevido se você continuar fazendo isso. — Jimin sorri novamente, e dessa vez sou eu quem dá inicio ao beijo.
Seus lábios se entreabrem dando passagem para minha língua, ainda seguro sua nuca com a mão direita, mas a outra desce para sua cintura. Na alternância de nossas cabeças e barulhos de beijos, ele leva suas mãos de encontro a minha bunda. Me afasto por centímetros puxando seu lábio entre meus dentes, volto a beijá-lo novamente aproveitando o prazer de ter suas mãos apressadas apertando minha bunda com força. Por que isso é tão bom?
Logo nos separamos por falta de ar, observo com a respiração descompassada seu corpo seminu.
— Me dê sua mão. — Ele pede, meu corpo inteiro treme ao lembrar da última vez em que escutei essa frase. Faço o que ele pede. Jimin encosta a palma da minha mão em seu abdômen, prendo a respiração por um segundo ao sentir o calor de sua pele.
— Sou todo seu, pode tocar.
Senhor, como vou raciocinar direito com ele falando desse jeito?
Com sua permissão concedida, agora sou eu quem o pressiona contra a parede. Jimin deixa seu pescoço livre para que eu possa me deliciar, dou vários beijos lentos ouvindo ele suspirar. Meus dedos tocam seus peitos levemente rígidos, ouço um gemido baixo sair de sua boca. E aquilo me faz sorrir.
Subo meus beijos para seus lábios e fico mais excitado à medida em que percebo o quanto Jimin está entregue a mim. Faço movimentos circulares contra o bico do peito ainda o beijando ferozmente. Jimin enfia as mãos por dentro da minha camisa e com facilidade ele a tira.
Seus lábios avermelhados roubam toda minha atenção, nossas bocas voltam a se torturarem. Quando nossos pênis se encostam, deixo outro gemido escapar, Jimin está apenas de cueca, o que faz toda a tensão ser maior ainda, seguro firme em sua coxa e a levanto, fazendo cada vez mais contato de nossas partes íntimas.
Sua mão desliza por meu abdômen até o botão da minha calça, mas ele não tem tempo de fazer nada, porque nossa atenção é roubada por sons de batidas na porta.
Jimin bufa irritado e vai até ela, ele não a abre por completo.
— Jimin, por acaso você viu o Jk por aí? Não tô achando ele. — quando reconheço a voz de Taehyung dou um jeito de me esconder atrás da porta.
— A-ah, o Jungkook? — o loirinho olha rapidamente para dentro da sala e depois volta sua atenção para Taehyung.
Pelo espaço entre a porta e a parede, consigo ver Taehyung olhar atentamente o estado caótico de Jimin, seu cabelo está uma bagunça e sua boca mais vermelha que o normal sem falar nas marcas suavemente avermelhadas que eu deixei em seu pescoço.
— Esquece eu já sei onde ele tá, diz pra ele que o Yoongi mandou avisar que vai comprar roupa na conta dele. — fico aliviado quando ele se vira pronto pra sair. — Não esqueçam que estamos em uma loja, hein. — é a última coisa que ele diz antes de sair de vez.
Aquele bunda mole do Yoongi pensa que eu sou uma árvore de dinheiro?
Jimin volta para dentro rindo.
— Isso não tem graça. — Falo saindo de trás da porta, me abaixo e pego minha camisa que estava jogando no chão.
— Foi engraçado sim. Por que você tá colocando a camisa?
— Não é óbvio? — ele me olha desentendido. — Você sabe que se a gente continuar nisso, provavelmente não vamos parar. — Eu já estou muito excitado e ele não precisa saber disso.
— Está admitindo que estava pronto para transar comigo aqui dentro, Jeon Jungkook?
— Não. Não é isso, ah Jimin não me faça perguntas difíceis. — me direciono para porta. — Vista logo essa roupa, antes que os meninos apareçam.
— Pode deixar. — o bobão faz continência.
Dou um sorriso de canto, observando pela última vez seu corpo, antes de sair do provador. Volto a sentar no sofá, passo a mão pelo meu cabelo tentando amenizar a bagunça, pego meu celular no bolso, abro na câmera verificando na imagem se não tem marcas de chupões em meu pescoço. Por sorte há apenas uma mancha pequena e dá pra esconder com a camisa. Olho para os lados também para conferir se não estou sendo observado. Cerca de uns sete minutos depois o loirinho sai do provador.
Tenho quase certeza de que morri por um segundo, porque tenho a sensação de estar admirando o ser mais lindo da face da terra, Jimin está perfeito. A roupa que eu escolhi para ele, é uma calça jeans azul claro, e uma camisa branca escrita " You can be your light" Ele colocou uma boa parte da frente da camisa por dentro da calça deixando à mostra os detalhes de estrelas no botão da calça. Também escolhi um sapato branco com umas correntes pratas penduradas nele.
— Eu amei. — diz ele, olhando para o próprio corpo.
— Eu também. — falo olhando para ele. — Você ficou muito bonito.
Ele sorri e diz: — Obrigado coelhinho, até que o seu gosto pra roupa é razoável.
— Melhor que o seu eu diria.
— Olha aqui se-
— E aí, casal já escolheram as roupas de vocês? — Leia aparece junto aos meninos.
— Ficou gatão com essa roupa, hein Ji.
— Um pedaço de mal caminho. — Comenta Yoongi, olho para ele de imediato. — O que foi primo não posso elogiar?
— Mas eu não disse nada.
— Não foi preciso meu caro amigo, seus olhos falaram por você. — reviro os olhos.
— A gente já escolheu sim. — disse Jimin.
— Bom então vamos? — Hoseok pergunta.
Todos concordamos, Jimin volta ao provador para trocar de roupa, vamos para o balcão da atendente e logo ele também aparece.
A atendente pega nossas roupas para empacotar.
— Sabe Jungkook, eu acabei de lembrar de uma coisinha interessante. — Yoongi fala, passando os polegares pelo queixo.
— O que? — pergunto curioso, mas fico arrependido no mesmo instante quando o filhote de abutre diz:
— Chupa filh- — o palhaço não consegue finalizar a frase porque acaba rindo.
Eu ainda te mato Yoongi.
Assim como eu todos os outros olham pra ele sem entender nada, a diferença é que eu sei o motivo desse cara de bunda tá rindo tanto.
— O que é tão engraçado assim Yoongi? Compartilha com os amigos, quero rir também. — Taehyung questiona.
— O Jungkook não te contou? — Não se atreva Yoongi. Fuzilei ele com o olhar. — Ai, minha barriga tá doendo, acho que nunca vou esquecer disso. É que o Jk ele te-
— Eu nada!— me aproximo e belisco sua cintura discretamente. O dramático dá um grito de dor. — Cala a boca Yoongi — sussurro para ele.
— Aí, primo, que maldade eu não ia falar nada. — ele sussurra de volta.
— Aqui estão as roupas de vocês. — diz a atendente nos entregando umas cinco sacolas enormes, pra que tanto exagero? Colocava tudo em uma sacola que caberia de boa. Ela nos entrega um papel com o valor da comprar e pede para que a levamos até o caixa de pagamento, mas antes de recebermos tudo a irmã de Leia aparece.
— Não precisa pagar, podem levar como um presente meu. — Nós obviamente agradecemos profundamente, eu mais ainda pois não terei que usar o dinheiro da dona Ji-woo. A irmã da Leia é tão legal quanto ela.
Finalmente saímos da loja.
Leia não nos acompanhou disse que ficaria mais um tempo na loja, Taehyung se despede avisando que precisa ir logo para casa, seguimos pela calçada, apenas eu, Jimin, Hoseok e Yoongi.
— Se eu soubesse que ela ia dar a roupa de graça tinha pegado muito mais. — Diz Yoongi.
— Falando assim até parece que não tem roupa Yoongi. — falo.
— Roupa nova nunca é demais, primo, ainda mais quando é de graça.
Paramos de frente a rua movimentada de carro.
— Hobi. — Jimin chama. — Posso ir pra sua casa hoje? Não posso voltar pra minha, você sabe que se eu pisar lá meu pai não vai deixar eu sair de novo.
— Tá bom.
Fico curioso para saber o porquê exatamente dele não poder sair de casa, mas com o pai que ele tem, já consigo imaginar o quão rigoroso ele deve ser com horários.
— Então é isso. A gente se encontra a noite na festa. — diz Jimin, olhando para mim.
— Ok, se cuida.
— Você também, Kookie, tchau. — Hoseok também se despede de Yoongi. Logo o motorista dele aparece e os dois vão embora juntos.
— É primo, ficou só a gente agora, vamos embora também?
— Vamos, você vai me levar nas costas meus pés estão doendo de tanto que eu andei naquela loja gigante.
— Nem vem, com esse seu tamanho é capaz de eu dar um passo e cair igual merda no chão.
— E ainda diz que me ama. — uso o efeito Yoongi dramático contra o mestre, ele me dá as costas e começa a andar. Acompanho ele.
— Eu até te amo um pouquinho, mas amo muito mais minhas costas, meu caro jovem. — ele pisca o olho para mim. — Falando em amar, o pessoal do Hospital já entrou em contato com você?
O que hospital tem a ver com amar?— Ainda não, o jeito vai ser esperar o tempo que for pra conseguir uma resposta.
— Você já pensou no que vai fazer depois disso? — o olho confuso. — Tipo, se for algo ruim do seu passado, sei lá, sua mãe não quer que você descubra por algum motivo. Não deve ser coisa boa.
Yoongi tem razão, mas o que de tão ruim pode ter acontecido para minha mãe manter esse segredo guardado? E o pior de tudo, porque não consigo lembrar de nada que aconteceu? O meu nome estava naqueles papéis eu deveria saber do que se trata. Mesmo que eu force minha mente ao máximo não dá! Não consigo lembrar.
— Eu não sei, não sei o que vou fazer quando descobrir a verdade.
[•••]
Estou neste momento parado em frente ao Ho'omau, um pouco distante da entrada observando alguns adolescentes parados na porta.
Acabei me atrasando um pouco para chegar, então não consegui vir mais cedo quando Jimin me mandou mensagem avisando que já estava pronto. Ele parecia muito confiante de que tudo daria certo, antes eu tinha minhas dúvidas, mas agora estou tentando ser otimista por ele.
Dou um jeito de me enfiar no meio daqueles adolescentes e consigo passar pela porta, o segurança que Jimin arranjou ainda achou que eu era um adolescente qualquer querendo invadir a festa. Mas consegui provar que eu também era um dos organizadores graça a Yoongi que apareceu na hora exata, o engraçado é que o segurança pareceu bem íntimo do Yoongi falaram até umas piadas sem graça, já comigo o cara foi um pouco rude. Não fui com a cara desse homem.
A decoração do Ho'omau está incrível. O ambiente inteiro está num tom de luz roxo, as cortinas que colocamos na parede está bem destacada com o nome do cyber café fluorescente, algumas pessoas estão fazendo vídeo de frente para ela. Tem decoração dos papéis que Leia cortou espalhadas por lugares aleatórios como se os planetas estivessem desalinhados, no teto tem várias estrelas brilhantes.
O balcão de atendimento foi mudado de lugar para dar mais espaço ao ambiente, está mais semelhante a um balcão de bebida de uma boate, nunca fui em uma, mas já vi pela televisão. Tem uma pista de dança, onde várias pessoas estão dançando, ou pulando, achando que estão arrasando na dança. O andar de cima também está todo decorado, até o corrimão da escada foi enfeitado com alguns desenhos. Por influência da Leia compramos vários acessórios, então imaginem que todos esses adolescentes ricos estão usando óculos, pulseiras, chapéus e pintura corporal nas cores néon.
Passo com dificuldade no meio deles até chegar ao balcão onde vejo Jimin servindo uma bebida. E meu santo Deus protetor dos animes, que beldade é essa na minha frente? Como ele consegue se superar tanto assim?
Eu escolhi a roupa que ele está vestindo, vi perfeitamente como ele ficou lindo na hora, mas agora, agora ele tá infinitas vezes mais belo. Além da roupa que eu escolhi Jimin acrescentou uma jaqueta Jeans com alguns rasgos nas mangas e algumas partes dela tem letras formando algum nome que não consigo identificar de primeira, e pra me matar de vez ele está com uma corrente bem delicada de prata rente ao pescoço.
Uau, ele está simplesmente Uau. Nem me atrevo a falar nada, tenho medo de abrir a boca e sair um latido em vez de palavras.
— Que bom que você chegou, Jung tava precisando de ajuda aqui mesmo. — balanço minha cabeça para voltar a realidade quando ele me chama. — Eu disse pra você que a festa ia ser um sucesso, eu disse! — Jimin parece tão feliz de ver que vai conseguir ajudar a senhora Choi. Ele é realmente uma pessoa incrível. — Você se atrasou demais, achei que não ia aparecer mais.
— Foi mal, minha mãe pediu que eu esperasse em casa até que ela chegasse.
— Por que, aconteceu alguma coisa?
— Não foi nada demais, ela disse que só precisava conversar comigo, conversa de mãe e filho, sabe? Você deve ter isso com a sua mãe. — Constatei o óbvio, mas me arrependi com o que disse, quando vi seu olhar morrer.
— Você pode ajudar a servir as bebidas aqui? Preciso ir trocar de roupa nossa apresentação já vai começar. — Apenas aceno de cabeça e Jimin sai. Será que falei alguma besteira?
Fiquei ajudando no balcão por um tempo, até a senhora Choi chegar e pedir para que eu deixasse ela trabalhar sozinha, ela disse que eu precisava me divertir junto com os outros.
A pista de dança foi liberada, os dançarinos se posicionaram no palco. As luzes se apagaram, logo um holofote foi ligado e direcionado para o centro do palco, onde um ser pequeno estava ajoelhado abraçado aos joelhos. Quase achei que ficaria surdo com os gritos das pessoas, a luz se apaga novamente e quando é ligada é voltada para o canto esquerdo onde o foguinho está ajoelhado, porém diferente do outro ele olha para frente com um olhar vazio e sem vida, a luz se apaga novamente e quando retorna a ligar ela é mirada mais atrás de Hoseok, onde Leia esta sentada com uma mão apoiada no chão olhando para cima enquanto o dorso da mão direita é apoiada na testa, a luz é apagada mais uma vez.
Quando volta a ser ligada ela vai de encontro a Lisa, que está posicionada um pouco atrás do loirinho. Julgando pelo estilo de suas roupas e expressões transmitidas, acho que eles vão dançar algo mais contemporâneo.
Todos usam roupas brancas de tecidos leves e soltos, eles também estão descalços, o que acredito ser uma forma de se sentir mais livre para dançar.
Nas mãos cada um possui uma faixa de tecido da mesma cor das roupas.
Essas que me lembram apenas retalhos de panos. A luz se apaga de novo, mas agora uma melodia pesada de piano se inicia. As bordas do chão que os cercam se iluminam em um tom de azul escuro, Jimin olha para frente simultaneamente junto com a primeira nota de piano. As notas são tão intensas que mesmo com a barulheira das pessoas, posso sentir como se cada som que elas produzem tocassem a fundo minha alma.
Me sinto hipnotizado por seu olhar intenso, não sei se ele consegue me ver de onde estou, mas tenho a certeza de que se pudesse estaria nesse momento vendo a transparência de todos meus pensamentos.
Os outros ao lado também começam a se movimentar, mas não consigo desviar o olhar do único que está arrebatando meu coração. Em um movimento rápido Jimin usa sua mão como apoio para levantar por completo do chão, todos jogam suas faixas simultaneamente para o alto e em meio a giros e pulos entre si, as pegam de volta. Seus corpos vão ao chão e cada expressão que eles demonstram parecem com um espetáculo de atuação.
Conforme a música se intensifica e novas batidas são adicionadas a melodia, Jimin se movimentado pelo palco, engulo em seco quando ele sua a força de seus braços fazendo seu tronco descer lentamente de encontro ao chão, até suas pernas encostarem no piso com tanta leveza que parece não pesar nada, sou obrigado a fechar as pernas com força ao imaginar sendo eu no lugar daquele chão.
Para com isso cérebro, sossega Jk Júnior aqui não é lugar e nem hora pra você dar as caras.
— O Jimin é um puta gostoso, né? — Ouço uma menina falar para a amiga ao meu lado.
— Gostoso é pouco. — a outra acrescenta.
Encaro as duas de imediato.
Não discordo, ele é sim muito lindo, e adivinhem quem é a pessoa que esse cara lindo gosta? Eu mesmo.
Reviro os olhos e volto minha atenção para o palco, afinal não estou com ciúmes o que é bonito pode sim ser elogiado.
Eu desconheço por completo essa seção de ciúmes, porque como todos sabem eu não estou com ciúmes.
Mas essas duas parecem que amam falar abobrinhas, elas continuaram falando o nome do meu loirinho.
— Eu fiquei sabendo que ele ta namorando com alguém lá do colégio. — a de chapéu laranja diz.
— Sério? Abençoada seja essa menina, viu. — a outra de óculos verde fala, e as duas acabam sorrindo.
— Pelo que parece não é uma menina não, fiquei sabendo que é um garoto do outro terceiro ano.
A de óculos arregala os olhos e pergunta: — Então o Jimin é esse tipo de gente?
Como assim, tipo de gente? Essas garotas perderam a noção?
— Pelo que parece o Jimin é bi, e esse garoto que ele tá namorando é gay.
Agora pronto eu virei assunto na escola e não estava sabendo. E desde quando sabem sobre minha sexualidade? Não que eu esconda ela, mas também nunca saí por aí falando sobre.
Elas continuam com as conversinhas bobas, mas solto um pigarro e acidentalmente meu ombro esbarra no ombro da menina de óculos.
— Ops, desculpa não vi você aí. — falo descaradamente para ela, ambas me olham e a de óculos revira os olhos, no entanto, a de chapéu sorri. Me analisando de cima a baixo
— Vem amiga, vamos sair daqui. — a de óculos sai puxando a amiga, essa que ainda piscou o olho pra mim antes de sair arrastada.
Acho que estou realmente lindo nessa roupa.
Paro de perder meu tempo com os outros e volto a focar na apresentação, continuo encantado com tudo que meus olhos veem. Não conheço muito da dança, mas tenho certeza que Jimin é um grande talento para esse ramo, não só ele como todos os outros também, e sim, até a Lisa, ela dança muito bem, isso eu tenho que admitir. Ver a forma como ele se entrega tanto ao que gosta de fazer me deixa feliz, a dança é para Jimin aquilo que a música é para mim.
Quando a apresentação acaba todos aplaudem eufóricos, bati tantas palmas que quase nem sinto os dedos, Yoongi que apareceu de repente ao meu lado aplaudiu e gritou como se sua vida dependesse disso.
As luzes se apagaram mais uma vez e quando acenderam tudo voltou ao que era antes, a luz roxa toma conta do ambiente junto com músicas pop que tocam ao fundo. E agora é só curtição de adolescente que não tem nada pra fazer.
Me distancio de todos e corro para o andar de cima, entro na salinha ao lado da biblioteca onde Jimin está com os outros, eles estão bastante suados devido ao esforço que fizeram dançado, Yoongi também me acompanhou então ele entra logo em seguida.
— Uau, vocês foram demais. — parabenizo, Jimin levanta da cadeira que estava sentado e me abraça de surpresa. Levo um tempo para raciocinar, mas dou duas batidinhas em suas costas.
— Obrigada, Jungkook.
— É, eu sei que isso vai parecer muito exagero, mas eu senti muito orgulho de você. — falo olhando diretamente nos olhos dele. — Você dança tão bem que deixa todo mundo hipnotizado.
Jimin sorri e em um piscar de olhos me dá um selinho, em seguida se afasta.
— Muito obrigada, Kookie. Bom, acho que é hora da gente voltar lá pra baixo, né? A senhora Choi está sobrecarregada com aquele tanto de adolescentes e apesar do meu irmão e o professor Namjoon estarem ajudando, ainda assim, é muita coisa pra ela fazer.
— Concordo. — fala Hoseok, só agora percebo que Yoongi está sentado em suas pernas. Coitado, o foguinho deve estar cansado e esse folgado ainda senta nas pernas dele.
Rapidamente observo ao redor e vejo Lisa com os olhos vidrados no chão, ela não parece tão feliz quanto os outros.
— Cadê a Leia? — pergunto ao perceber que ela é a única dos dançarinos que não está presente no cômodo.
— Ela disse que precisava falar com o Taehyung e saiu. — disse o loirinho.
Lisa se levanta bruscamente fazendo os pés da cadeira soar alto no chão. Todos olhamos para ela. — Vou pegar algo para beber. — diz ela antes de sair da sala.
— Ela tá bem? — pergunto.
— Tá sim, agora vem, vamos descer. — fala segurando na minha mão.
— Você não vai trocar de roupa?
Ele analisa o próprio corpo e depois sorri.
— Eu tinha esquecido desse detalhe.
Acabo sorrindo também.
Hoseok se troca primeiro e logo sai junto com Yoongi.
Fico sentado na cadeira esperando que Jimin apareça para podermos descer juntos.
— Todo mundo já foi? — ele pergunta passando por mim com uma bolsa de costas, enquanto enfia as roupas que usou para dançar lá dentro, depois fecha o zíper e joga ela em uma cadeira no canto.
— Sim, você demorou.
— Foi de propósito. — Jimin se vira caminhando na minha direção, quando seu joelho toca o meu, levanto minha cabeça para encará-lo e pergunto:
— De propósito?
Prendo a respiração quando ele senta em meu colo com ambas as pernas ao redor do meu corpo.
— Sim. Só queria te dar um beijo de verdade antes da gente descer lá pra baixo.
Finalmente deixo o ar pesado escapar pelas narinas.
— Eu vou beijar você agora. — Ele avisa. Apenas aceno levemente com a cabeça. Quando seu rosto se aproxima do meu, fecho os olhos involuntariamente, ouço Jimin dar uma risada fraca antes de unir de vez nossas bocas.
Nosso beijo se aprofunda rapidamente, mas não passa de algo gostoso e íntimo. Sabemos onde estamos e não podemos ultrapassar os limites. Quando sua boca se afasta da minha por culpa da falta de ar, Jimin ainda volta a dar um selinho antes de passar a me encarar de forma intensa como costuma fazer, às vezes.
— Eu gosto tanto de você, Jungkook, — ele pega minha mão e coloca sobre seu peito esquerdo. Seu coração está tão acelerado quanto o meu — Está sentindo? Meu coração bate mais rápido sempre quando estamos juntos, e você pode até achar que eu tenho mais experiência com relacionamentos. Mas antes de você eu nunca tinha sentido isso. Meu coração palpita por você, Jungkook.
Fico surpreso com sua declaração, já sabia que ele gostava de mim, afinal não acredito que ele seja o tipo de pessoa que brinca com os sentimentos alheios, mas não imaginava receber uma declaração sua em meio a uma festa.
— Eu… Eu também gosto muito de você Jimin, gosto tanto que tenho medo de me machucar por isso. — queria ter dito algo mais bonito e romântico, mas preferi ser sincero com os meus sentimentos. Amo estar com Jimin, mas me preocupo muito até onde esse amor pode me levar. É minha primeira vez nesse tipo de relacionamento, não quero parecer inexperiente, mas não tenho como evitar. E já que prezo muito pela sinceridade, acho melhor que ele saiba da minha boca sobre como me sinto.
Jimin nada diz, ele apenas fecha os olhos como se quisesse impedir o choro de sair. Seus braços me rodeiam em um abraço forte. Não ouço ele chorar, mas de algum modo posso sentir como se ele estivesse querendo dizer algo. Levo minha mão até seu cabelo e passo a palma por seus fios em um leve carinho.
— O que foi, Jimin? Eu disse algo de errado?
— Não foi nada, Jungkook eu só quero poder abraçar você. — escutei ele fungando e agora sim a preocupação me atinge.
— Você está chorando, Jimin? — sua cabeça repousa em meu ombro, ela não me olha, mas em meio a respiração pesada diz:
— Jungkook, você perdoaria uma pessoa que mentiu pra você?
— Por que essa pergunta?
— Só responde, por favor, você perdoaria?
— Talvez, eu não sei. Depende, se essa mentira fosse algo bobo eu perdoaria, mas se fosse um segredo sobre algo importante que afetaria minha vida de alguma forma, eu não sei se perdoaria assim tão fácil. — falo sorrindo, mas isso me faz lembrar que talvez minha mãe esteja escondendo algo sobre mim.
— E se essa pessoa escolheu mentir porque tem medo de perder você?
— Eu acho que se uma pessoa ama a outra de verdade ela tem que ser sincera desde sempre. Mas por que essas perguntas tão de repente?
Jimin me abraça de novo.
— Eu não quero perder você, Jungkook.
Não entendo suas palavras, e espero nunca precisar entender.
— Se depender de mim você não vai. — sussurro, mas tenho certeza que ele ouviu.
Ficamos mais alguns minutos abraçados ouvindo a música abafada que vinha lá de baixo. Jimin é um cara bem mais sensível do que eu, mas ainda assim fiquei muito surpreso com seu choro, será que aconteceu algo na casa dele que o deixou tão abalado assim? Só espero que não seja nada relacionado aquele pai homofóbico dele.
Quando ele se acalmou descemos de mãos dadas para a festa, ajudamos a senhora Choi. Jimin também me forçou a dançar com ele. Foi uma das maiores vergonhas da minha vida, eu não queria de jeito nenhum dançar, mas é quase impossível dizer um não quando ele faz aquela carinha de cachorro sem dono e de brinde vem aquela voz mansa. Jogo sujo isso.
O pessoal do andar de cima está jogando o famoso verdade ou desafio, Yoongi está no meio, mas parece que uma pessoa não gostou nada disso. Assim que Hoseok perguntou onde ele estava e apontamos para a rodinha cheia de pessoas no andar de cima. O foguinho fechou a cara e subiu as escadas pisando fundo.
Parece que alguém vai levar uma bronca hoje.
— Quer uma bebida? — Jimin pergunta sentando no banco atrás do balcão de atendimento. Estou do lado oposto com os braços cruzados em cima da superfície.
— A mais forte que você tiver, por favor. — falo forçando a voz para um tom mais grave e estranho, como um velho bêbado falaria.
— É pra já, meu chefe. — Jimin se vira pega uma garrafa de água mineral no frigobar e volta para minha direção, ele sacode a garrafa nas mãos como se tivesse misturando uma bebida, em seguida franze a testa colocando força para abrir a tampa, quando não consegue ele aponta para mim pedindo que eu abra, ele ainda mantém sua careta engraçada. Acabo saindo do personagem e dou risada enquanto abro a tampa da garrafa, ele agradece com um aceno de cabeça, depois pega um copo laranja neon e derrama o liquido dentro, Jimin desliza o copo sobre o balcão até pará-lo de frente a mim. — A bebida mais forte da casa, como o senhor pediu. Beba com moderação, certo? Essa é das fortes, é melhor não exagerar na dose.
— O cheiro da bicha é forte, então vejo que é da boa mesmo. — falo com a voz do personagem, o velho bêbado. Levo a água até a boca e quando finalizo bato com o copo em cima da mesa. — Eita, que me deu até tontura.
Quando falo isso ele explode em gargalhadas, o acompanho, ficamos por alguns segundos assim presos no nosso mundinho. Acho que esse se tornou um dos meus lugares favoritos, é sempre tão bom poder sorrir com ele.
Nossa atenção é roubada quando Hoseok passa por nós bufando. Jimin percebe que tem algo de errado e chama pelo amigo. Ele para, visivelmente chateado e com lágrimas nos olhos aponta para a escada.
Quando olho para onde foi indicado, vejo meu primo aos beijos com uma garota, que não consigo identificar quem seja.
— Hobi… — Jimin. Fala o nome do amigo com tanto pesar que até eu me sinto mal por ele.
Poxa Yoongi, você vacilou feio agora, cara.
— Acho melhor eu ir embora, Jimin. Desculpa, mas eu não tô mais no clima pra festa.
— Não, vamos conversar primeiro. — Jimin rodeia pelo balcão e vai até o amigo, ele me avisa que depois volta e os dois somem no meio das pessoas indo para parte de trás do Ho'omau.
Olho novamente para a escada e a cena só piora, agora Yoongi segura na bunda da menina enquanto um devora o outro.
É, Yoongi você se meteu em um grande problema.
[•••]
Jimin 🐥
Quando eu e Hoseok entramos na sala, ele cruza os braços se encostando em uma bancada que divide o cômodo.
— Eu já sei o que você vai falar, Ji, vai dizer que eu estou exagerando demais e que eu não tinha o direito de reagir dessa forma porque eu e o Yoon somos apenas amigos que se pegam, e a gente não tem nada sério.
— Você pode parar de atropelar as palavras e me escutar, por favor? — Hobi me olha e eu prossigo: — Isso tudo que você falou é verdade, mas eu sou seu amigo, conheço você muito melhor que o Yoongi, sei que você se apega demais às pessoas e que agora você não vê o Yoongi apenas como um amigo com benefício, você gosta dele Hoseok, gosta de verdade.
— E do que isso adianta, Jimin? Você viu o jeito que ele tava beijando aquela garota lá em cima? Ele sabia que eu estava por perto, mas ainda assim, não se importou porque para ele a única coisa que eu sou é um amigo que ele beija quando quer.
Nunca fui bom em dar conselhos, mas não posso simplesmente ouvir meu amigo falar tudo isso e ficar calado. Hoseok está sofrendo por amor, e disso eu entendo bem.
— Hobi, vocês já conversaram sobre isso? Já deixaram bem claro o sentimento que eu tem pelo outro? — ele negou com a cabeça. — Então não me leva a mal com o que eu vou dizer agora, mas o Yoongi tem todo o direito de pegar quem ele quiser, acho que ele foi um babaca por pegar aquela garota e não você? Com toda certeza. Mas se a única conversa que vocês tiveram foi sobre terem uma amizade com benefícios, ele está no direito dele. Entendo você ficar chateado, mas o Yoongi não sabe que você quer algo sério com ele, então vocês precisam conversar para resolver isso logo, antes que os dois acabem se machucando demais.
— Você tem razão, Jimin. Eu sou um idiota mesmo. — ele abaixa a cabeça, me aproximo abraçando ele de lado.
— Não diz isso você não é idiota é o meu sol lembra? O amor às vezes faz a gente fazer coisas idiotas.
— Se um dia eu fui seu sol essa noite eu estou sendo a lua. Fria e sem graça.
— Você está enganado, sabia? A lua reflete a luz do sol, e ela é tão linda quanto ele. Sem a lua muitas coisas ruins aconteceriam. Você não é frio e sem graça, você é uma das pessoas mais incríveis que eu já conheci. E se o Yoongi não souber valorizar isso pode deixar que eu mesmo quebro a cara dele.
— Não exagera, Jimin. — Ele sorri. — Você seria capaz de bater em alguém por mim?
— Eu seria capaz de ir até a lua por você meu amigo.
— Obrigado, Jimin.
— Obrigado, pelo o que?
— Por ter melado minha camisa com a sua meleca quando a gente era criança. Se não fosse por aquilo, talvez a gente não teria se conhecido.
— Aquela foi a meleca da amizade. — digo sorrindo.
— Foi. — Tenho muita sorte de ter conhecido Hoseok, mesmo ele achando isso brega eu sempre vou dizer. Ele foi o sol que iluminou minha vida.
Não sou de acreditar que o universo escreve nossos destinos, mas as vezes fico imaginando: será que se não tivéssemos nos conhecido naquela situação, hoje seríamos amigos? Ou mesmo que nossas vidas estivessem se encontrado de uma outra forma completamente diferente, ainda assim, seríamos melhores amigos porque o universo já tinha escrito que era pra ser dessa forma? Nunca saberei a resposta, e talvez seja melhor assim.
Chamo ele para curtir um pouco mais a festa, mas ele se nega dizendo que não está no clima para curtição e que prefere ir embora. Respeito sua decisão e o acompanho até o salão, onde estão os convidados e quando vou me despedir sou atraído por um som alto que vem de fora.
— Sai da frente seu imprestável, JIMIN, ONDE ESTÁ O JIMIN?
Meu corpo inteiro congela quando reconheço aquela voz, não demora para que o homem apareça em meio aos convidados procurando por mim, Rodolfo o motorista de Hoseok que se ofereceu para ser o segurança da festa, aparece logo em seguida tentando pedir para que o homem saia. Mas ele continua olhando para os lados à minha procura.
— Jimin. — Hobi chama, percebo a preocupação em seu tom de voz. — Ele tá aqui, acho melhor você se esconder antes que ele encontre você.
Escuto atentamente tudo que ele diz, porém, meu corpo não se move. Não quero ter que fugir do meu próprio pai, eu estou com muito medo do que ele pode fazer, no entanto, não quero ter que viver com esse medo para sempre. Suas palavras que guardarei eternamente ecoam em minha cabeça: "Você tem que ter medo de mim, Jimin"
Não é isso que um filho deve ter de um pai.
— Jimin. — Hoseok diz mais uma vez.
— ACHEI VOCÊ. — A medida que seus passos pesados vão se aproximando minha respiração vai aumentando, mas meus pés ainda não se movem. — POR QUANTO TEMPO VOCÊ ACHOU QUE IRIA ME ENGANAR SEU MOLEQUE?
Ele praticamente vomita as palavras na minha cara, com o olhar repleto de ódio, as pessoas ao redor vêem toda a situação em choque com a cena. O homem levanta a mão pronto para bater em meu rosto.
Não acredito que meu pai vai fazer isso de novo.
———————
Gostaram do capítulo?
Até o próximo capítulo, beijo pra vcs 💋