Consciência Viajante

By evanc2000

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(Classificação +14) Ele despertou na beirada de um prédio, prestes a cair. E após enfrentar momentos de tensã... More

Aviso e Epígrafe
Capítulo 1 - Acordado ( ... )
Capítulo 2 - Cantada ( ... )
Capítulo 3 - Amiga ( ... )
Capítulo 4 - Vestido ( ... )
Capítulo 5 - Irmão ( ... )
Capítulo 6 - Bombonas ( ... )
Capítulo 7 - Aparências ( ... )
Capítulo 8 - Amnesiasinha ( ... )
Capítulo 9 - Chamada ( ... )
Capítulo 10 - Habilidades ( ... )
Capítulo 11 - Confiança ( ... )
Capítulo 12 - Paraquedista ( ... )
Capítulo 13 - Trejeitos ( ... )
Capítulo 14 - Mendigo ( ... )
Capítulo 15 - Vaca ( Miguel )
Capítulo 16 - Luz ( Miguel )
Capítulo 17 - Presidente ( Miguel )
Capítulo 18 - Nathan ( Miguel )
Capítulo 19 - Garoto ( Miguel )
Capítulo 20 - Telepatia ( Miguel )
Capítulo 21 - Prove ( Miguel )
Capítulo 22 - Cocada ( Miguel )
Capítulo 23 - Juntos ( Miguel )
Capítulo 24 - Obrigado ( Miguel )
Capítulo 25 - Mudança ( Tainara )
Capítulo 26 - A Nota ( Tainara )
Capítulo 27 - Aluguel ( Tainara )
Capítulo 28 - Substituta ( Miguel )
Capítulo 29 - Esforço ( Miguel )
Capítulo 30 - Paraíso ( Miguel )
Capítulo 31 - Segredo ( Tainara )
Capítulo 32 - Pai ( Miguel )
Capítulo 33 - Terezinha ( Miguel )
Capítulo 34 - Heimlich ( Miguel )
Capítulo 35 - Super ( Tainara )
Capítulo 36 - Presente ( Tainara )
Capítulo 37 - William ( Miguel )
Capítulo 38 - Pata ( Miguel )
Capítulo 39 - Manipuladora ( Miguel )
Capítulo 40 - Relógio ( Miguel )
Capítulo 41 - Sozinho ( Miguel )
Capítulo 42 - Apuros ( Vanna )
Capítulo 43 - Heroina ( Miguel )
Capítulo 44 - Admita ( Miguel )
Capítulo 45 - Plano ( Miguel )
Capítulo 46 - Surpresa ( Miguel )
Capítulo 47 - Pagamento ( Miguel )
Capítulo 48 - Mensagem ( Miguel )
Capítulo 49 - Abraço ( Miguel )
Capítulo 50 - Boicote (Miguel)
Capítulo 51 - Angústia (Miguel)
Capítulo 52 - Herói (Miguel)
Capítulo 53 - Adeus (Miguel)
Capítulo 54 - Visita (Miguel)
Capítulo 56 - Memórias ( Miguel )
Capítulo 57 - Teorias ( Miguel )
Capítulo 58 - Conexão (Miguel)
Capítulo 59 - Carta (Suzana)

Capítulo 55 - Sentimentos ( Miguel)

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By evanc2000

As duas se viraram para mim no mesmo instante, mas com reações diferentes. Enquanto a mulher se limitou a me cumprimentar com um boa noite automático e voltou sua atenção para o túmulo, a garota ao seu lado me fitava com um olhar tenso e arregalado. E fiquei com medo que ela tivesse um treco. Seus olhos logo começaram a sondar os arredores, preocupados, na busca de outras pessoas além de mim, mas eu a tranquilizei:

— Não se preocupe. Só estou eu aqui. — Foi então que me lembrei do meu pai postiço. — Bom, tem meu pai lá atrás, mas não se preocupe. Ele também não vai contar que te viu aqui.

Ela pareceu ficar um pouco mais tranquila.

Mas só um pouco, pois ainda me encarava com os olhos assustados, como se sua alma ainda não tivesse retornado completamente para o corpo após o flagra.

Afinal de contas isso poderia manchar sua reputação de filha desnaturada; uma coisa da qual sua irmã gêmea parecia se orgulhar.

Mas algo me dizia que não era exatamente a mesma coisa com ela. E sua presença ali já era uma prova disso.

Antes que eu dissesse mais alguma coisa, Lola me pegou pela mão e me puxou para mais longe, até uma distância onde poderíamos conversar sem que ninguém nos ouvisse.

— Quem é ela? — perguntei, apontando com o queixo na direção da mulher que permaneceu junto ao túmulo.

— Minha tia — foi a resposta que ouvi. — Ela veio visitar o túmulo e pediu para que eu viesse junto.

— Você não foi para a casa de praia — constatei.

— Não. Eu... fiquei na casa da minha tia — continuou respondendo ela, bem pouco à vontade com minhas perguntas. E enquanto ela torcia para que eu mudasse de assunto, insisti:

— Por que não viajou junto com sua mãe e sua irmã?

— Isso não é da sua conta! — rebateu ela, agora de forma mais ríspida. E após a resposta atravessada, tentou manter um olhar frio na minha direção, mas acabou baixando o rosto momentos depois, ficando em silêncio.

— Por que não deixava ele saber, Lola? — questionei, após sua tentativa fracassada de me intimidar.

— Do que está falando? Saber o quê?

— Que se importava tanto com ele. Ele gostaria muito de saber isso. Faz ideia do quanto isso o deixaria feliz?

— Do que você está falando? Quem disse que eu me importava com ele?

Olhei na direção do túmulo. E depois, nos olhos dela. Nem precisei explicar o óbvio.

— Eu não vim aqui para visitar o túmulo dele! — bradou ela, cada vez mais incomodada com minha presença. — Eu já te falei! Vim acompanhar minha tia! Só isso! Ela era a única da nossa família que se importava com ele.

— Claro, claro. A única. Eesses seus olhos vermelhos é porque caiu um cisco neles, né? —alfinetei.

Houve mais uma tentativa de me intimidar com um olhar mais agressivo, mas ela novamente falhou.

Quanto a mim, baixei totalmente as armas e resolvi tentar romper aquela muralha que ela tentava criar em volta de si.

— Ele te amava muito, Lola — afirmei, com uma voz terna.

Seu rosto se voltou para o túmulo e os olhos se fecharam por um segundo. Em seguida, ela ergueu o queixo, tentando assumir uma postura indiferente, como se nada daquilo importasse.

Então, me aproximei dela e a abracei forte.

No início ela tentou se desvencilhar de mim após meu gesto um tanto brusco e inesperado. Senti alguns tapas nas minhas costelas e uma tentativa de me empurrar para longe, enquanto ela me chamava de maluca com uma voz irritada.

Até que eu a apertei mais forte e segurei gentilmente sua cabeça por trás, deitando seu rosto no meu ombro, ao mesmo tempo em que sussurrei ao seu ouvido:

— Ele também te amava muito, Lola...! E o que ele fez pela sua irmã naquele dia, ele faria mil vezes por você. Ele se entregaria mil vezes por você. Porque ele sabia que você o amava, ao contrário do que Lorelei sentia.

Minhas palavras, então, calaram fundo dentro dela e encontraram um solo fértil na sua alma, fazendo finalmente aquela garota admitir seus sentimentos e se render.

Suas pernas fraquejaram e ela teria ido ao chão se eu não a estivesse segurando. E, com sua frágil muralha desfeita em pedaços, ela se entregou totalmente ao choro; um choro desesperado que vinha do fundo da alma.

O senhor Douglas tinha razão. Ela era diferente da irmã. Mas vivia em um ambiente em que a forçavam a odiá-lo, sem permitir que ela expressasse seus sentimentos.

Até que todo amor que ela reprimiu durante tanto tempo se tornou insuportável de segurar. Então, a saudade e a culpa explodiram naquele momento, onde ela extravasou toda a dor acumulada.

— Shhh... está tudo bem... ele sabia que você se importava. — E repeti a expressão que ela mais queria ouvir, mas que também mais a machucava: — Ele a amava muito... — Ela me apertou mais forte junto a si, com o corpo inteiro tremendo enquanto as lágrimas continuavam descendo em soluços fortes.

Depois de vários minutos extravasando aquela dor, seu corpo relaxou um pouco mais. Apesar do choro quase findado, eu ainda a mantive segura em meus braços.

Queria deixar claro que ali ela tinha uma amiga em quem poderia confiar.

— Eu devia ter procurado ele... Meu Deus, eu queria...! — desabafou ela, precisando expor aquilo tudo em palavras. — Mas eu não conseguia...!

— Está tudo bem, Lola — prossegui dizendo, esfregando as suas costas suavemente com as mãos. — Ele compreendia isso. Ela sabia.

— Desculpa, Tainara — pediu ela em seguida. — Eu... não queria ser grossa com você.

— Está tudo bem, não se preocupe. É preciso bem mais do que isso para me ofender — brinquei.

Ela assentiu e abaixou os braços, desfazendo o abraço. Mas se manteve perto de mim. Um tímido sorriso de agradecimento surgiu no seu rosto enquanto eu retribuía.

Com ela se sentindo mais calma, lhe fiz uma pergunta:

— Por que você não muda? Por que não tenta ser você mesma?

— Minha irmã... — respondeu ela, com a voz ainda contida. — Nós sempre fomos muito unidas. Sempre tentando ser iguais, como... sei lá, todas as gêmeas. Ela seguiu por um caminho e eu acabei... acompanhando. — E deu de ombros, sem sentir orgulho nenhum do que acabara de admitir.

— Sua irmã é uma imbecil que é odiada por todo mundo — afirmei. — E você, por tabela, se tornou também uma imbecil que é odiada por todo mundo.

Lola se limitou a manter o silêncio diante do que ouviu.

Porque ela sabia que era uma verdade.

— Eu posso te dar um bom motivo para querer mudar — prossegui, tentando convencê-la a deixar de agir como a sombra da irmã.

— E qual seria esse motivo?

— É que eu ainda vou quebrar a cara da sua irmã. Vou arrebentar com ela. Estive me segurando até hoje, mas eu sei que ela ainda vai cruzar a linha e me fazer explodir. E quando esse dia chegar, a mesada dela vai ser toda gasta para implantar dentes novos. Aliás, isso que ela fez com você, te corrompendo desse jeito, só me dá mais vontade de acabar com ela — admiti.

Lola me olhou assustada, quase sem acreditar que ouvia aquela ameaça.

— E quando eu quebrar a cara dela, não quero ter que fazer o mesmo com você — prossegui. — Então, saia da sombra dela. Não seja uma Vaca Vaca 2, porque seu destino pode ser o mesmo.

— Vaca Vaca 2? — indagou ela, sem entender.

— É como eu chamava vocês. Vaca Vaca e Vaca Vaca 2. Mas a partir de hoje, você será apenas Lola.

Ela sorriu discretamente ao ouvir a explicação e o fato de ter perdido um apelido tão desagradável.

— Mas pode voltar a ser a Vaca Vaca 2 — avisei. — Tudo depende de você.

Ela assentiu outra vez. Em seguida, me fez um pedido:

— Não provoca ela. Por favor.

— Está dizendo que eu devo ter medo da sua irmã?

— Se está com raiva dela, deixa isso para lá. Não vale a pena — continuou pedindo, mas sem responder a pergunta que fiz.

Provavelmente, porque ela sabia que eu não gostaria da sua resposta.

— Você não faz ideia do que ela é capaz — complementou Lola, num tom de advertência, como se estivesse se referindo a pessoa mais perigosa do mundo. — Ela pode fazer coisas horríveis quando está com raiva de alguém. Você nem faz ideia, Tainara!

— Medo — aleguei. — Então, é isso o que te obriga a obedecer ela, não é? Simples e puro medo. E é por isso que você faz tudo o que ela quer. Você tem medo de contradizê-la. Não tem nada a ver com terem sido muito unidas desde a infância por serem gêmeas. Você apenas tem medo dela. E ela se aproveita disso para te usar.

— Do que está falando? — questionou ela, desconfortável com minhas afirmações.

— Estou falando, por exemplo, de vocês trocarem de lugar durante algumas provas. A mesma cara, a mesma roupa. Ficava praticamente impossível notar a diferença. E você fazia as provas dela. Está aí o motivo de serem gêmeas tão unidas, mas escolherem classes diferentes. Porque estando em salas diferentes, os horários das provas não seriam os mesmos. Então, você não é tão prejudicada e suas notas ainda são boas.

— O-o que você está querendo insinuar? — E seu gaguejar nervoso apenas dava mais crédito à minha acusação.

— Era um bom plano, devo admitir. E, à primeira vista, quase ninguém percebia. Mas ela sempre fica quieta e calma demais durante as provas mais complicadas — continuei expondo os detalhes do que acontecia. — E sempre sai para o banheiro exatamente antes dessas provas começarem. A velha desculpa da ansiedade pré-teste. E todos os professores caíam nessa. E depois de terminar a prova, ela usava a mesma desculpa para mais uma saída rápida. E já que tudo era combinado e você fazia o mesmo, o plano funcionava.

— Isso tudo é besteira! E-eu nunca fiz isso, Tainara! Nós não fazemos isso!

— Eu sei que ela te forçava a fazer isso — reiterei. — E é só por esse motivo que não vou abrir o bico. Porque se eu fizesse isso, você também seria prejudicada, já que o colégio não é muito tolerante com fraudes desse tipo. Vocês duas seriam expulsas e eu não quero isso para você. Eu quero destruir apenas a sua irmã. Mas essa brincadeira acabou. Você não vai mais ajudar ela desse jeito.

Esperei que ela dissesse algo, mas Lola se manteve calada. Não parecia muito segura em deixar de ajudar a irmã.

E o motivo disso era apenas por medo dela.

— Não se preocupe, Lola. Sua irmã não vai fazer nada contra você quando se negar a ajudá-la na próxima prova. Você é inteligente e vai manter suas boas notas. Ela é burra e vai ter que conviver com isso.

— Você não entende...

— Vou conversar com ela sobre isso. E ela não vai insistir. Ela é burra para estudar, mas não será burra em me desobedecer. Porque não será uma conversa amigável se ela decidir bancar a valentona. As coisas vão mudar a partir de agora. Confie em mim. Não precisará mais ter medo dela. Nunca mais.

— Tainara, me escuta, por favor — pediu Lola, preocupada comigo. — Faz o que eu te pedi. Não provoque ela. Se ela te disser algo que te ofenda, apenas ignore. E... não revide.

— Sua irmã me odeia muito, né?

— Sim. Ela te odeia.

— E o motivo é só porque eu me tornei amiga do seu pai e ela tinha medo que eu descobrisse a verdade sobre ela ser filha dele?

— Também — confirmou ela. — Mas tem uma outra razão para ela te odiar tanto.

— E o que seria?

Lola hesitou um pouco antes de dizer, mas acabou revelando — Ela tem inveja de você por ser a melhor jogadora do time e ter conquistado todo mundo.

— Sério? — Sorri satisfeito. — Que ótimo!

— Tainara... — murmurou ela, cada vez mais preocupada com minha ideia de enfrentar sua irmã. — Por favor... não provoque ela. Você não sabe com quem está lidando.

— Obrigada por se preocupar comigo, Lola — agradeci. — Mas quero que dê um recado para sua irmã. Pode fazer isso para mim?

— Sim — respondeu ela, hesitante.

— Diga para sua maninha ficar longe do meu caminho. Para nem olhar para a minha cara. Para cruzar a esquina quando me ver passando na rua. E baixar a cabeça quando eu decidir falar com ela e dar as ordens. E também diga para ela desistir do time. Não quero mais ver ela naquele campo. Porque se ela aparecer para treinar, aquele campo se tronará um ambiente hostil para ela.

— Se eu falar isso, ela vai fazer questão de te provocar!

Não consegui conter meu sorriso antes de lhe dizer: — É exatamente por isso que eu quero que diga a ela.

Após terminar a frase, me virei na direção do túmulo e baixei a cabeça, iniciando uma breve prece. E com a voz da alma, conversei com meu velho amigo, reforçando a promessa de que lutaríamos com todas as forças no importante jogo que se aproximava e venceríamos por ele.

Em seguida, me despedi de Lola com um longo abraço e retornei para onde estava meu pai.

E voltamos para casa.

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