- Quem é viva sempre aparece não é? - atendo alegre.
- Oi pra você também...
- Oi Van, desculpa, é que eu passei muito tempo sem saber de você, pensava que tinha se esquecido da sua irmã...
- Nossa Viv, deixa de ser dramática, eu estava numa viagem rápida, não estava sumida...
- Eu sei Van... Mas espera um pouco... Estava como assim? Você está volta já pequena?
- Ah mana, já disse que não me chama de pequena, me sinto um anão da branca de neve quando você diz isso...
- Deixa disso Van, mas você não me respondeu, você já está de volta?
- Sim estou. Estava com uma saudade um pouco maior e resolvi diminuir um pouco o tempo da minha viagem.
- Ai que bom Van, e quando posso te ver?
- Exatamente sobre isso que eu gostaria de falar com você...
- Dia e hora e vou estar lá...
- Vivian, eu queria...
- Ih Van, sei que quando você me chama de Vivian é porque você quer alguma coisa... Só espero que não seja nada sério... - falo brincado.
- Não é, eu juro! - ela fala apressadamente.
- Estou só atormentando seu juízo Van, pode me pedir o que quiser coisa! - falo não segurando a gargalhada.
- Viv! Que susto mana, faz isso comigo não - quase consigo ver ela colocando a mão sobre o coração do outro lado da linha...
- Desculpa Van, não quis assustar, mas o que você queria mesmo?
- Queria saber se eu posso passar uns dias aí com você...
- Ué, claro que pode, mas posso saber o porque?
- Te falo quando chegar aí, prometo... Valeu mana, você é a melhor. E quanto a minha chegada também... Chegou hoje no voo de um da manhã... Me dá só o seu endereço que quando eu chegar vou de táxi mesmo...
- Tem certeza? Não prefere que eu vá te buscar?
- Isso não seria muito abuso da minha parte?
- Claro que não Van, eu quase nunca te vejo, seria uma alegria pra mim coisa, e outra, amanhã é sábado, só subo no batente mais tarde...
- Já disse que você é a melhor?
- Não o suficiente e só quando quer alguma coisa... - falo rindo.
- Viv! - minha irmã reclama, mas acaba rindo comigo também.
- Me dá as informações do seu voo Van, que eu vou procurar ainda o portão quando chegar no aeroporto...
- Certo. Tem papel e caneta aí?
- Pode falar...
Ela me passou direitinho o número a empresa e o horário de saída do voo. Ela disse que já estava no aeroporto e que daqui a poucas horas ia me ver.
Fiquei feliz em ver minha irmãzinha. Se bem que pra ela vir ficar aqui comigo deve ter alguma coisa bem errada com os meus velhos. E deve ser alguma coisa relativamente séria, já que não quis me falar pelo telefone...
Aquela dúvida não me sai da cabeça, então resolvo ligar para a minha mãe.
- Minha rainha - ela me chamava assim, e sempre disse que eu era a rainha e a Vanessa a princesa, Vanessa ficava possessa com isso, ela queria ser a rainha.
- Oi mãe. Como a senhora está?
- Muito bem Vivian, mas estou com saudades suas, quando é que você vai vir nos visitar filha? Você sabe que o seu pai não pode pegar mais avião e se for de carro ele...
- Calma mãe, eu vou visitar os dois, em breve eu prometo... Estou quase podendo tirar umas férias e vou passar um tempo com vocês...
Menti pra minha mãe, na verdade eu já tinha conseguido as minhas férias e daqui a pouco mais de um mês eu poderia viajar e relaxar um pouco. Só queria mesmo era surpreender os dois.
- Ai que bom minha filha, já estava pensando que teria que enfiar o seu pai em um carro e o levar desacordado toda a viagem...
- Deixa de ser assim mãe, a senhora sabe que sempre que posso eu visito vocês...
- Eu sei minha rainha, é que eu sempre tenho saudade de você e não sossego se não tenho notícias suas...
- A gente se fala quase todo dia...
- Sim, eu sei, mas bem que podia ser todo dia né? Não sei se você levou um tiro, e isso me corta o coração quando você não liga...
- A senhora sabe que também pode me ligar não é?
- Sei sim minha filha... E falando em filha, você tem notícias da Vanessa? Ela sumiu nessa última semana...
Ihhh, o problema era sério mesmo, se a Van cortou relações com a mamãe tinha alguma coisa bem esquisita. Odeio mentir pra mãe, mas tenho que escutar os dois lados da história...
- Aconteceu alguma coisa mãe?
Um soluço fraco dela me chama a atenção e eu fico preocupada com ela.
- Mãe, não fica assim. Ei...
- As duas brigaram Nane - meu pai me chama assim porque ele disse que meu nome era para ser Viviane, erro de cartório, sei lá o que, mas acabei me afeiçoando por ele, então decidi deixar meu nome assim mesmo.
- Ai pai, e qual foi o motivo agora?
- Você sabe como as duas são. Vanessa tem o mesmo temperamento que o seu, mas ela não sabe se expressar tão bem assim...
- E acabaram discutindo?
- Sim elas estavam conversando pelo Skype e quando fui ao banheiro elas começaram a discutir. Não sei bem porque...
- Pai e como a mãe está?
- Tristinha, você sabe como ela fica quando briga com a sua irmã - consigo escutar os soluços abafados da minha mãe ao fundo.
- Ai pai, não sei o que eu faço com essas duas..
- Você fez o certo filha - sei que o meu pai estava falando sobre sair e seguir meus próprios passos...
- Obrigada pai.
- Que é isso minha filha, você sabe que eu sempre te apoiei não sabe?
- Sei pai, mesmo o senhor ficando possesso quando descobriu que eu ia entrar para a polícia...
- Dá um desconto pro seu velho Nane, a notícia me pegou de surpresa, mas depois eu te ajudei não foi?
- Claro que sim pai. Vocês dois me apoiaram muito. Mas eu sei que vocês dois rezam secretamente para que eu largue tudo e tenha uma profissão mais calma...
- Um pai pode sonhar...
- Sei... - falo num tom acusatório e ele ri.
- Minha filha, se você tiver notícias da sua irmã, me avise por favor, sei que ela é orgulhosa de ligar para nós, mas eu tenho uma esperança que ela vai falar com você...
- Pai...
- Preciso de alguma coisa minha filha. Estou quase pegando um avião para o Sul com a sua mãe só para ela poder ver sua irmã...
- Não!
- Não o que filha?
- Pai, eu falei com a Vanessa sim. Só que ela me parecia tão chateada que eu quis saber o que aconteceu antes de tirar alguma conclusão...
- Sempre investigando não é Nane?
- Sempre pai.
- Mas fico mais tranquilo que ela tenha falado com você... Pelo menos isso...
- E outra, ela vai passar uns dias aqui comigo. Então diz pra mamãe não ficar muito chateada, vou conversar com a Van e tenho certeza que depois de escutar o lado dela posso dar um jeito de as duas se entenderem...
- Isso seria ótimo Nane.
- Que é isso pai, não tem problema nenhum... Mas agora tenho que ir. Tenho que terminar algumas coisas aqui e mais tarde vou buscar a Van.
- Tudo bem meu amor. Fica com Deus Nane.
- Amém pai. O senhor e a mamãe também. E tenta distrair a cabecinha dela. Leva ela pra sair um pouco, tomar um ar fresco..
- Sempre funciona minha filha, pode deixar.
- Certo pai. Vou indo aqui. Te amo. Manda um beijo pra mãe e diz o mesmo, certo? Vou ver vocês em breve. E pode deixar que eu cuido da Van.
- Nunca duvidei disso. Também te amo minha filha.
- Beijos pai.
Desligo a ligação e só preciso agora saber o motivo da briga. Deve ser um motivo bem besta... Certeza... As duas são bem dramáticas quando querem. Mas tenho que abstrair disso por enquanto. Me focar 100% no trabalho, não quero ter que fazer de novo.
Nem vi as horas passarem.
Quando dei por mim os policiais do turno já tinham chegado e a lua já brilhava no céu. Nove horas da noite.
- Merda! Já passou da minha hora... - falo fechando alguns poucos casos que eu tinha que olhar, mas fiquei impaciente e quis logo ir para casa.
Fecho minha sala e faço meu caminho para fora da delegacia, cumprimentando todos que encontrava. Um monte de gente se empoleirava na entrada da delegacia. Um monte de jornalista com suas câmeras e microfones estavam à postos.
- Mas o que é isso? - perguntei gentilmente para um policial que parecia vir de lá.
- Estão liberando o senhor Castilho agora. Vai ser notícia em todos os jornais...
- Ah...
Olho para a porta da delegacia e vejo Nicolau saindo de lá, solto de suas algemas e com um olhar baixo. Ele estava acompanhado de dois policiais e o que parecia ser dois seguranças. Os jornalistas lá fora entraram em ebulição tentando pegar alguma imagem boa dele.
Duvido muito. O estacionamento da delegacia era bem grande e algumas luzes pareciam ter sido estrategicamente apagadas.
Como se o olhar dele chamasse pelo meu ele ergueu seu olhar. Mesmo de tão longe a intensidade do seu olhar me atingiu em cheio. Ele parecia estar a poucos centímetros do meu rosto. Prendi a respiração.
E quanto mais ele me olhava, mais eu sentia os pelos do meu pescoço levantarem e um arrepio bom tomou conta de mim.
Ai que ódio de mim... Me derretendo inteira com um olhar. Não passei por provas da polícia, treinamento e recebi um monte de merda da vida pra me deixar derreter assim...
Praticamente corri pro meu carro e dei a partida. O ronco baixo e feroz do meu carro pôs a minha cabeça de volta no lugar. Dirijo para casa sem pressa e vou aproveitando a paisagem.
Estaciono na garagem da minha casa e fico alguns momentos dentro do carro. Entro e organizo mais ou menos o quarto de hóspedes para minha irmã. Esquento uma pizza congelada para mim vou tomar um banho.
Volto para a cozinha e checo a pizza, e ela está pronta. Desligo o forno e ponho num prato grande. Pego a pizza, com alguns guardanapos e uma caixa de suco. Tomaria vinho, mas tenho que buscar a Van mais tarde. Vou até a sala e me aconchego no sofá. Ligo num programa sobre sobrevivência e coloco o despertador do meu celular só por precaução, mas acho que não vou dormir.
Mas eu nem comi dois pedaços de pizza quando fui tomada pelo cansaço.
Boa tardee meus amores, continuando aqui com as apresentações do livro ^^ Esse gato na mídia do capítulo é o nosso Nicolau Castilho. Também não se deixem enganar por seus olhos, ele podem ser traiçoeiros. E essa carinha de bom moço? Huuuuum, sei não... :X
Mais uma vez, você podem imaginar o Nicolau como vocês quiserem, assim é somente como eu o imagino quando estou escrevendo :D Espero que gostem :D
E obrigada a todos que estão acompanhando o livro, votando, comentando e fazendo essa pessoa que vos escreve muito feliz. Se gostaram, não se esqueçam de votar, comentar e me deixar mais do que feliz :D
Beijos e até o próximo capítulo ;*