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Meu ouvido fazia um zumbido baixo. Deve ser por causa da explosão.

– Você está bem Vivian? – Nicolau pergunta e me analisa um pouco, preocupado.

– Acredito que sim, somente o susto. Mas não estou machucada nem nada.

– Vem, vamos ficar de pé – ele diz se erguendo e me estendendo a mão para me ajudar a levantar.

E o cenário que eu vi era um completo caos. A explosão tinha criado uma enorme confusão para dizer o mínimo. Pessoas correndo para se afastar dali. Pessoas no chão, tentando se proteger das chamas, tentando se proteger das pessoas que corriam desgovernadas.

Tudo o que eu via eram chamas e desespero.

Não tinha como ficar sem fazer nada ali, então fiquei de pé e tentei ajudar o máximo que podia. Tentando guiar rotas menos perigosas para que as pessoas escapassem dali. Tentei manter uma pequena ordem, para que não houvesse mais problemas do que já haviam.

E minhas tentativas foram em vão. Os gritos e o desespero fizeram muito bem os seus papéis e cegaram todos ali e a grande maioria só pensava em si. Os pais abraçavam e protegiam como podiam os seus filhos.

Ponho a mão em cima da minha barriga, lembrando que eu também tenho uma vida aqui para proteger.

Nicolau pensa mais rápido e passa suas mãos com firmeza ao redor da minha cintura e me ergue ao lado do seu corpo. Vai correndo rapidamente e evitando com dificuldade as pessoas que não sabiam para onde correr.

Perdi as contas de quantas pessoas esbarraram em nós. Mas finalmente conseguimos nos afastar consideravelmente dessa confusão. Nem sabia que o meu pulmão estava reclamando pela falta de ar. Tossi um pouco e respirei fundo algumas vezes, e comecei a me sentir melhor.

Mas essa sensação boa durou muito pouco tempo.

Nem me pergunte como eu consegui enxergar isso em meio à fumaçae loucura, mas eu vi com uma clareza que me fez ficar totalmente alerta.

Lá estava ela.

Aquela mulher odiosa, a mulher que tirou a vida do prefeito, olhando para o fogo com um sorriso branco e assustador em seus lábios. Ela está segurando a mão de uma pessoa.

Pessoa essa que eu ainda não consigo ver o rosto, mas pelas costas, altura e jeito, só consigo concluir que esse rapaz é o homem que estava no vídeo. O homem que retirou a pele. Um dos assassino.

Os pêlos da minha nuca eriçam e minha boca fica seca.

Ela aponta para algum ponto na frente dela, e fala alguma coisa com o homem ao seu lado. O homem se move com habilidade e facilidade entre escombros e pessoas caídas no chão, sem se alterar nada com ambos.

Vejo quando ele vai fazendo o seu caminho até o palco principal, onde até poucos minutos atrás o prefeito dava o seu discurso falso. Mas porque esse maldito não virava para mim? Queria ver o rosto dele...

Estava a cada segundo mais curiosa e nervosa para saber quem era aquela pessoa que estava acompanhando aquela assassina. Então, mesmo ainda me sentindo estranha, fico de pé e começo a me mover atrás deles, voltando para o núcleo da confusão.

Mesmo naquele caos, eu vou devagar, sempre tomando um cuidado para que eles não possam me ver. O que torna o meu trabalho ainda mais difícil, já que para mantê-los no meu alcance naquela confusão era uma tarefa quase impossível.

Nicolau até que tentava me parar, mas tudo o que ele conseguia naquele momento era me seguir. Conseguia escutar sua voz me chamando, quase me implorando para parar.

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