2/4.
Abro os meus olhos tentando me acostumar com a pouca claridade que invade o meu quarto. Espreguiço e olho para o lado com um sorriso curto em meus lábios, mas ele se desfaz quando não vejo o meliante que dormiu ao meu lado.
Me apoio em meus cotovelos e abri por completo os meus olhos. Encontrei-me completamente confusa, eu realmente esperava acordar e ele ainda estar dormindo já que não faz nada da vida e não tem do porquê sair tão cedo.
Pego o meu celular sobre a cômoda e confiro a hora.
Quinze pras dez da manhã.
Estou completamente atrasada.
Levanto correndo e indo direto para banheiro fazer a minha higiene. Quando saio, arrumo o meu quarto, trocando os lençóis e fronhas, colocando as sujas para lavar; depois coloco o café pra passar e preparo duas torradas com ovos mexidos. Arrumo a sala e lavo as louças sujas; tomo o meu café da manhã e finalmente vou tomar banho para ir trabalhar.
Recapitulando a noite de ontem - madrugada de hoje -, foi incrível... saiu melhor do que eu esperava. Diferente da outra, dessa vez o Vinnie estava mais atencioso e cuidadoso.
Seus toques, beijos, palavras... tudo completamente diferente. Tudo incrível e inesquecível. E eu me sinto uma idiota, uma boba, por pensar nisso e esboçar um sorriso.
Vinnie realmente conseguiu me fazer sentir especial, ter o sentimento de ser única, e, não apenas de um pedaço de carne e feita apenas para saciar as vontades de um homem. Ele explorou cada canto do meu corpo, me fez desfazer sobre ele... de primeira!
Só de pensar em como foi, me faz ficar úmida. Porra, ein!
Eu confesso, baixinho, que adoraria que acontecesse de novo...
mas não sei se ele iria querer, já que saiu "foragido" da minha casa. Já vi isso em filmes, quando o cara o faz, é porque não está interessado em repetir. E tá tudo bem!
ele pode ter tido uma emergência... a voz positiva surge. Ou ele é daqueles que só querem uma foda e tchau. Ele conseguiu o que queria, não é!? a negativa contraí.
ai, meu Deus! E se eu fosse só mais um desafio?
Ok, calma, não pense nisso... mas e se? Mas por que ele foi embora tão cedo? e se ele esperou eu dormir pra ir embora? por que, por que e por que?
não surta, Elle. não surta!
Ignoro os meus pensamentos e minha insegurança. Termino de me arrumar, colocando as restantes das coisas em seus devidos lugares e depois pego a minha bolsa, confiro as coisas dentro e volto pra cozinha.
Pego um pedaço do bolo que comprei para Vinnie e guardo em um potinho, colocando dentro da bolsa junto com a minha garrafinha de água - que hoje é de suco.
ele lembrou até de levar o seu porquinho de pelúcia...
Pego as minhas chaves e saio para fora, trancando a minha porta e indo em direção às escadas. Passando pela porta do Vinnie, escuto zero ruídos. Ignoro meus pensamentos novamente e desço as escadas rapidamente.
Estou atrasada pra cacete.
Cheguei ao meu trabalho com dois minutos de atraso, no meu lugar estava a Angel. Sorrio para ela e agradeço por me cobrir, ela sorri de volta e vai para dentro.
O movimento está fraquíssimo e eu odeio, porque assim os meus pensamentos tomam conta da minha cabeça e levando-os para o Vinnie.
Meu Deus, por que eu estou me importando tanto por ele ter ido embora cedo? Ok, foda-se o Hacker.
Encaro a rua, as pessoas indo e voltando, igualmente aos carros. Que tédio!
Arrumo a minha postura quando aquela mesma mulher de cabelos médios, castanhos e ondulados, da casa do Jordan, aparece no meu campo de visão.
Meu coração acelera. Aí, Senhor!
- Boa tarde! - sorrio simpática e nervosa quando ela se aproximou do balcão. Ela continua sem nenhuma expressão. - O que deseja?
- Ração para o meu cachorro. - continua seria. - Cinco quilos, por favor.
Assinto, saindo de trás da bancada e indo até as rações. Ela continua no mesmo local.
Volto com a sua ração e ela me entrega o cartão, passo na máquina com o valor e entrego para ela colocar a senha. Desvio o meu olhar enquanto isso, com os braços cruzados e balançando a perna, levemente nervosa.
Ela me entrega a maquininha e crava o seu olhar no meu.
- Eu sei quem você é. - ela diz e eu tremo. - Fique longe do meu marido, você está me entendendo?
- Você deveria pedir pra ele ficar longe de mim e não ao contrário. - respondo brevemente e ela se aproxima mais, se apoiando no balcão.
- Temos uma filha, e não será nenhuma vagabunda que vai destruir a nossa família. - relatou, e eu me seguro para não esboçar um sorriso totalmente irônico.
Respiro fundo, passando a língua entre os meus lábios olhando rapidamente para o lado.
- Você sabe que já está destruída, não é? O Jordan não vale nada e você só está perdendo tempo bancando a família perfeita. - argumento.
- Esquece o meu marido, garota!
- Boa tarde, está tudo bem, senhora? - o dono da loja e o meu chefe, aparece ao meu lado. Ele me dá uma olhada repressiva e olha para a mulher à minha frente. - Está sendo bem atendida?
A de cabelos ondulados pega a sacola de ração e olha diretamente para o meu chefe.
- Não para as duas perguntas. - respondeu. - O atendimento deste estabelecimento é péssimo, essa garota é uma mal educada - me olhou e eu arregalei os olhos. Puta merda! - e eu nunca mais volto aqui. - é a última coisa que diz antes de sair da loja.
O senhor Watson vira o seu corpo para mim, me olhando repressivo e com as mãos na cintura. Ele se aproxima lentamente.
- Precisamos conversar. Venha na minha sala. - ele pede, andando para o seu escritório. Antes de adentrar, pediu para Angel assumir o meu posto.
Aí Deus, por favor, me ajuda.
Apreensiva e com medo, me direciono até a sua sala depois que a Angel surge. Quando eu entro, ele pede pra eu fechar a porta, assim que faço, permaneço em pé e pedindo a Deus que o Watson não me demita.
- Não é a primeira vez que recebemos esse tipo de reclamação. Não tem condições de seguir assim, Elle. Não podemos perder clientes por sua causa. - ele fala sem ser rude.
Aí, meu Deus...
- Eu não fiz nada com aquela mulher. Eu juro. Eu sempre tratei todos bem e com educação... até quem me assedi-
Ele me interrompe: - Sem desculpas, Electra. Não temos mais condições e infelizmente terei que te demitir. - tento argumentar, mas ele começa a ficar sem paciência. - Termine o seu expediente e não precisa voltar amanhã. - olhou para os papéis sobre a sua mesa e eu continuo parada. - Pode ir terminar o seu último dia. - me olhou apontando em direção a porta.
- Vai se foder! - digo, saindo de sala e indo em direção a área de descanso. Abro o meu armário e pego a minha bolsa.
O caralho que vou continuar hoje. Já fui demitida mesmo, então irei descansar e aproveitar esse tempo para mandar currículos para outros lugares.
Estou quase terminando a minha faculdade, eu não mereço ser atendente de pet shop. Eu curso para cuidar dos animais e não pra ser assediada, tratada mal, vender ração e agendar banho e tosa.
eu mereço mais, não mereço? Que inferno!
Conferindo a minha bolsa, saio da loja e acabo esbarrando em um outro corpo, olho pra cima e é o Vinnie.
- Oi. - sorri envergonhada, sentindo o meu coração ganhar velocidade aos poucos.
- Oi. - sorriu também e olhou pra loja. - Saindo cedo? Achei que você me atenderia. - rio curto e eu encarei o chão, voltando a olhá-lo depois.
- Fui demitida mesmo. - expiro e passo a mão na testa, tirando os fios de cabelos que grudaram em meu rosto. - Mas a Angel é uma ótima atendente.
- Caramba, que merda. Por que isso aconteceu? - ele perguntou preocupado.
- Ainda estou tentando entender... mas enfim. Só quero chegar em casa e me jogar na cama. - cruzo os meus braços na frente dos meus seios.
Ele ficou em silêncio. Olhou para o lado e depois pra mim.
- Tchau, Vinn. - quebro o silêncio, acenando e saindo do seu campo de visão, sem deixá-lo responder.
Faz tempo que não passo por essa situação estranha pós sexo.
- Elle. - sua voz chama a minha atenção de volta e eu me viro. - Me espera? Vou com você.
Assinto e encosto na parede depois que ele entrou no estabelecimento. Olho para o céu azulado e admiro alguns passarinhos sobrevoando, sorri e prendi os meus lábios.
Que merda! Como vou pagar o aluguel e as minhas contas se eu não conseguir outro emprego até lá? O dinheiro que irei receber dessa demissão, não vai servir pra quase nada.
Que grande bosta.
Respiro fundo, totalmente frustada e nem consigo esboçar um sorriso quando o Hacker surge na minha frente.
ele também está me confundindo e não queria me sentir assim... preocupada com esse pequeno detalhe. É tão bobo!
Seguimos andando e em um completo silêncio até o prédio. Subimos as escadas do mesmo jeito.
- Elle. - viro o meu corpo para ele quando abro a porta do meu apartamento. Espero ele continuar. - Eu não queria te acordar pra avisar que teria que alimentar a minha gata. Então, desculpa por sair tão cedo e parecer que fugi de você. - explica e se aproxima.
Suspiro aliviada e mordo a minha bochecha.
- Está tudo bem. - esboço um sorriso. Até uns minutos atrás eu estava surtando e não estava nada bem, mas ele não precisa saber disso.
- Queria te fazer um convite. - desviou o seu olhar, continuo em silêncio. - Topa jantar comigo esse final de semana?
Um minuto sem dizer uma palavra. Um silêncio ensurdecedor surgiu e é notável o quão incomodado e nervoso ele ficou. Mas eu fui pega de surpresa. Porra!
- Aí, meu Deus, você odiou passar a noite comigo? - interpelou e neguei com a cabeça imediatamente.
- O que? Não, pelo amor de Deus. - ri nervosa e apressada. - É claro que eu topo, Hacker. - coloco a mão em seu peitoral e umedeço os meus lábios. - Que horas?
- Às sete tá bom pra você? - assinto e ele balança a cabeça sorrindo.
- Quer entrar? - aponto para a minha porta e ele confirma, acrescentando que só vai guardar a ração da gata.
Entro em meu apartamento, fechando a porta. Guardo o bolo e o suco que não bebi, indo para o meu quarto, tirando as minhas roupas e pegando outras limpas.
Preciso de um bom banho.
Deixo uma mensagem para o Vinnie que a porta estará aberta e só vou tomar um banho, mas que ele pode ficar à vontade.
Sigo para o banheiro, entrando no box e ligando o registro, deixando a água morna cair sobre mim, levando todo o meu estresse e frustração ralo a baixo. Encosto a minha testa na parede e a água cai sobre as minhas costas, fecho os meus olhos e tento me manter positiva.
eu vou arrumar um trabalho melhor.
Depois de meia hora, desligo o chuveiro e saio do box, me enrolando em uma toalha após tirar o excesso da água do meu cabelo. Me seco por completo e visto as minhas roupas confortáveis, saindo do cômodo e indo direto para a cozinha.
Vinnie já estava sentando no sofá.
- Desculpa a demora. - digo, me sentando perto dele.
- Tá de boa. - sorriu gentil. - Como você está?
- Péssima. Eu gostava do trabalho, mesmo com as coisas ruins que aconteciam, mas eu gostava. - suspiro e encaro a televisão desligada.
O loiro me surpreende me puxando para ele, fazendo-me deitar em seu peitoral e abraçando o meu corpo.
É disso que eu estou precisando.
- Vai dar tudo certo. - alisa o meu braço. - No meu ponto de vista, isso foi bom porque você merece muito mais do que ser uma simples atendente de uma loja nesse bairro. - incentiva e eu continuo olhando para a televisão. - Foque no que você está cursando. Mesmo sendo um pouquinho difícil, mas é isso que você merece... ser uma grande veterinária e ter a sua própria clínica.
Finalmente o olhei. Os seus olhos estavam grudados sobre mim com um brilho incrível. Fecho os meus olhos recebendo o seu beijo em minha testa e os abro novamente, admirando o seu belo sorriso e esboçando um também.
- Obrigada pelas palavras. - continuo o olhando. - Mas eu temo de não conseguir terminar de pagar o restante das mensalidades, o aluguel desse apartamento e todas as minhas outras contas. Eu precisava desse emprego, por mais que merecesse mais. As minhas economias acabaram.
- Vou te ajudar nessa. Fique tranquila. - coloca uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha. Ele deixa um beijo no topo da minha cabeça.
Não imaginava que estaria nessa posição com o Vinnie. Meu Deus, que universo bizarro.
- Chega de depre. - disse agitado, me tirando do seu peitoral e levantando. Ele esticou a sua mão para eu segurei e eu o fiz. - Gosta de dançar tanto quanto gosta de arrumar a casa? - pergunta com a sobrancelha levantada. Rolei os olhos com um sorriso fechado em meus lábios.
- Não sei dançar. - digo e ele gira o meu corpo, me deixando de costas para ele. Me girou de volta, afastando os nossos corpos e deixando novamente de frente para ele.
- Sabe sim, já vi várias vezes. - confessa, eu nego rindo.
- Eu estava bêbada. Isso nem se deve chamar de dança.
- Mesmo assim dança bem. - ele me puxa para ele, soltando a minha mão e segurando a minha cintura. - O que você acha dos meus movimentos? - se afasta, movendo o seu corpo de uma lado para o outro e girando lentamente.
Eu ri, cruzando os braços.
- Nota sete. - digo e ele volta a me olhar um pouquinho indignado. - Ok, sete e meio pelo esforço.
- E... - se aproximou, segurando a minha cintura de volta e puxando-me contra ele. Arfei pela rapidez. - qual nota daria pelos meus movimentos de ontem? - sussurrou, olhando fundo para os meus olhos.
Meu coração erra as batidas e minha respiração desregula. Não estava preparada pra isso.
- Está com fome? Vou fazer a comida. - desvio do assunto, nervosa, e me livrando do seu agarre.
- Estou morrendo. - responde sorridente. - Ótima maneira de fugir da minha pergunta. - comenta e eu ignoro novamente.
- Qual a sua comida favorita? - questina, pegando as panelas.
- Americanas. De preferência que começa com E e termina com lle. - eu rolo os olhos com a sua audácia. - Brincadeira. Eu como de tudo, acho que não tenho uma preferida.
- Você só come besteira, né. - virei para ele. - Macarronada ao molho branco, está bom pra você, senhor Hacker?
- Ótimo, senhorita Rivera. - se apoiou na bancada depois de se sentar no banco e observou cada movimento meu.
eu o odeio, eu juro.
#viellevive ✨🗑️🐷
e clica na estrelinha putas 😡
ps: os outros dois cap dessa mini
maratona não serão postados hoje.
eu sou ansiosa e não consigo guardar
capítulos, ainda mais por estar sem att
por muito tempo <3