Uma nova casa e uma nova rotina. Era estranho estar em um país totalmente oposto do seu país de nascença. Mas a Alemanha se enquadrava nisso.
O Brasil era quente. A Alemanha era fria.
O Brasil era o caos diariamente. A Alemanha era organizada e calma.
O Brasil tinha pessoas que eu conhecia. A Alemanha não tinha nada além de Amélia.
A rotina de uma pessoa rica era esquisita ao ponto de não saber o que fazer. Eu só tinha que trabalhar e ajudar minha família, simples e prático. E nesse momento, minha família já havia sido contemplada por uma ajuda dos irmãos Hoffmann e o que eu precisava fazer se resumia em olhar minha irmã grávida e conhecer as pessoas que um dia me afastariam dela de uma vez.
Eu sabia que ia voltar para o Brasil mais cedo ou mais tarde, meu tempo nessa casa se baseava em descobrir se Amélia estaria segura e com pessoas que se importassem com ela. Meus olhos e ouvidos estavam atentos a cada passo de Ronan e de Peter. Apesar de que Peter me irritava a cada encontro com ele, principalmente, da sua aparente super proteção. Conhecer a cidade me fez sentir que estava fazendo algo de errado.
Seguranças por toda a parte. Toda a parte mesmo.
Na casa, a cada cinco metros tinha algum homem monstruosamente malhado e fardado fazendo o trabalho de cão de guarda. Nas áreas externas não era diferente, só mudava a quantidade que se elevava. Sair da propriedade? Só acompanhada de no mínimo seis desses caras. Aquilo era um saco e viver vigiada estava tirando minha paciência. Ainda mais pelo fato de que eu não entendia o motivo daquilo.
- Que vontade de me jogar naquela piscina. - Mel falou, olhando pela janela a grande e planejada piscina.
- Se tiver coragem de sair nesse frio.
- Ronan disse que está quente ainda, as próximas semanas que serão bem frias.
- Se isso é quente, vamos virar picolé assim que ficar frio.
Amélia sorriu e se sentou ao meu lado na cama que ela dividia com Ronan. Afinal, um bebê já havia sido concebido. Qual problema teria em eles dividirem o quarto? Talvez para o meu pai tivesse problemas, mas comigo não. Só era chato saber que minha irmã mais nova tinha feito sexo antes de mim. Eu gargalhei com o pensamento.
- Você ainda não falou com a avó dos meninos. - ela me disse e eu revirei os olhos.
- Para que isso?
- Não disse que queria conhecer com quem estamos vivendo?
- Aqui não tem ninguém além de pessoas que trabalham para eles, quem me garante que essa mulher não é contratada para enganar a mim?
- Eu confio em Ronan. Confie nele por uns instantes, por favor. - pediu. - Minha vida mudou de uma hora para outra. Vou ser mãe e estou morando em um país diferente, dá uma força para mim?
- Tudo bem. - nos levantamos juntas e saímos do quarto.
A casa tinha espaço de sobra e minha curiosidade já havia conhecido parte dela. Algumas vezes fui impedida de olhar alguns cômodos, com a justificativa que não era local de uma mulher estar e eu não sabia se gritava com eles ou se simplesmente ignorava. Peter e Ronan passavam muito tempo fora e quando estavam em casa, queriam que ficássemos todos juntos.
Amélia me contou que a família de Ronan tinha seus problemas. Antes era um casal e três filhos e agora, essa analogia era um problema de difícil solução. Entrei acompanhada da minha irmã em uma sala que tinha várias roupas espalhadas, máquinas de costura de alta qualidade e desenhos na parede. Diria que estava indo falar com uma estilista de moda de inverno e seus desenhos eram de tirar o fôlego de qualquer mulher.
- Senhora Lancaster? - Amélia chamou.
- Lancaster? - eu sussurrei. - Saiu quase um Lacoste.
- Maturidade, Esther. - ela disse, mas não deixou de sorrir.
- Não dá para ter maturidade o tempo todo.
A cabeleira grisalha apareceu no meu campo de visão e a mulher idosa - e elegante - nos olhou de cima a baixo saindo de trás de um manequim preto. Ela ficou em silêncio e apenas encarou-me seriamente. Era a primeira vez que me via, já estava claro que já estava confortável com minha irmã.
Raika Lancaster, avó materna de Ronan e Peter Hoffmann.
- Quem é você? - perguntou com a voz fraca. - Grávida também?
Levantei as sobrancelhas surpresa e tive que rir de lado.
- Não, senhora. Apenas a irmã da grávida. - esclareci e ela estreitou os olhos.
- Imaginei. - resmungou enquanto andava devagar para perto dos desenhos na parede. - Você é muito bonita.
Amélia me fitou sorrindo como se eu tivesse recebido uma aprovação medonha da avó dos Hoffmann.
- Ficaria muito mais bonita usando os vestidos que produzo. - me estendeu a folha e eu peguei o desenho analisando-o.
Era deslumbrante. Longo com uma fenda lateral extensa, alças médias e um decote bem nítido. O desenho era delicado e provocativo, elegante e fogoso, era uma mistura de sabores excelentes.
- É estilista? - perguntei maravilhada.
- Apenas para a família. - disse e eu a olhei. - Quem sabe você tenha sorte.
A senhora Lacoste tomou-me seu desenho e me virou as costas.
- Oh, que senhora estranha. - resmunguei de volta e ouvimos três toques na porta.
O loiro que tinha meus pensamentos mais conflitantes nos olhou desconfiado e pediu licença para conversar com a avó. Não precisou de um segundo pedido, nós saímos depressa e a porta se trancou atrás de nós. Amélia e eu nos encaramos e demos de ombros. Não era da nossa conta.
Era esquisito ver Peter depois de tanto tempo. A sensação de excitação já estava presente nele em cada movimento que fazia. Para mim, ele era o símbolo vivo da tentação. Lindo e peculiar por fora e por dentro, misterioso e instigante.
A cada momento que ele passava por mim, meu corpo todo se acendia na mesma hora, sem que eu pudesse controlar.
Ele era a gasolina que incendiava todo meu ser, era o lobo fantasiado de ovelha, a pessoa que me fazia desejar me tocar e me aliviar para poder segurar a barra que era vê-lo dominante todos os dias.
Ele me dava tesão sem se esforçar.
Ele conseguia me fazer desejá-lo mesmo sabendo que era errado.
Errado em todos os sentidos.
Tanto no nosso passado como na situação presente.
Ele era responsável pelo suporte a minha irmã e seu filho, mas, no meu íntimo, eu o queria para muito mais.
- Devo me preocupar com ele?
Ronan negou e se sentou no sofá.
- Estão vigiando-o, se aparecer qualquer diferença na contabilidade, saberemos que foi ele e poderá vir ter uma conversa com você. - meu irmão riu e eu o acompanhei.
Tinha muito prazer em punir quem me roubava.
E a vida desse cara estava por um fio se ousasse me trair.
Meu irmão estava radiante desde que sua mulher chegou na nossa casa, literalmente apaixonado. Gostava de vê-lo assim e estava internamente contente com a vinda de um bebê na nossa família. Minha irmã não quis casar ainda e dar a nós sobrinhos, então Ronan decidiu fazer ele mesmo.
- Vou sair hoje com Amélia. - comentou enquanto eu assinava a conclusão de um caso burocrático. - Tente não esfaquear a irmã dela, vocês não conseguem ficar em um ambiente sem discutir.
- Ela que age como uma criança. - resmunguei e o olhei entediado. - Seria tão mais fácil se ela fosse muda.
Ele gargalhou.
- Não vai me dizer onde a conheceu? - ele perguntou e estalou a língua. - A reação dela foi bem clara. Vocês já tiveram algum encontro antes. Já fodeu com ela?
- Infelizmente não.
- Então você queria. - ele constatou.
Dei de ombros.
- Ela também queria.
- E por que não aconteceu? Vai me dizer que a raiva dela por você é porque você se negou a ela?
Revirei os olhos com tamanha bobagem que saia da boca de Ronan.
- Diferente de você, eu não fodo menores de idade. - cuspi na sua direção. - E ela era, na época.
Ele concordou entendendo a situação.
- E ainda tentou roubar minha carteira.
A segunda gargalhada do meu irmão me irritou profundamente, não era engraçado.
- Por que a deixou viva? - indagou sorrindo. - Apesar de que agradeço por não enfiar uma bala nela. Por que não fez?
Não respondi e ele riu outra vez.
- Queria muito comê-la para poder ter deixado ela livre.
- Eu não ia matá-la no meio de um restaurante.
- Se realmente quisesse, Esther já estava só os ossos. - constatou.
Passei as mãos no rosto e concordei.
- Não interessa mais.
- Só cuidado para ela não roubar o controle do seu pau. - se esquivou quando eu lhe joguei o copo de vidro que estava na mesa.
Eu sorri, divertido. Isso nunca aconteceria.
- Nenhuma outra conseguiu.
- As brasileiras são as melhores. - disse sacana e passou pela porta a fora.
Eu acenei não dando importância ao que disse. Eu não era tolo a ponto de me apaixonar ou me iludir por alguém. Não confiava em deitar-me com uma mulher sem imaginar que ela me trairia enquanto dormia. Não me arriscava com algo que eu não tinha o controle.
Me levantei e saí do escritório, pronto para tomar um banho e começar a treinar. A correria da rotina não me afetava a muito tempo, porém os últimos dias estavam sendo exaustivos. O casamento de Ronan aconteceria logo e os preparativos foram deixados nas mãos de Kimberly. A ideia do caçula se casar a animou a vir e em breve, todos estariam juntos nessa casa.
A chegada das duas mulheres foi exatamente no dia da reunião de escolha da frota que transportaria drogas para Rússia e EUA. Eu não queria duas garotas curiosas e intrometidas entrando numa sala cheia de homens armados e que adorariam saber quem eram elas, muito menos ficar aturando perguntas idiotas feitas por elas. Ficar algumas horas trancadas não as matariam.
A reclamação de Esther nem me incomodou.
Subi as escadas e me direcionei ao meu quarto concentrado no meu caminho, no entanto, o som de um grunhido me alertou da presença inconveniente que havia naquele andar. A garota curiosa batia na porta mais afastada do corredor, buscando abri-la incessantemente. Teoricamente, não havia nada naquela sala, apenas alguns cômodos para descanso, não tinha nada de importante para esconder ou limitar a entrada dela. Só estava fechada.
Porém, não seria eu que diria esse detalhe a ela.
Ela resmungou algo no seu idioma e eu ignorei por não entender nada que dizia. Me aproximei sorrateiramente e sorri de lado pela inspeção rápida que meus olhos fizeram no seu corpo. Esther estava belíssima, madura e sensual. Os três anos que se passaram a deixaram mais atraente que antes e não era pouco. Era uma mulher que qualquer homem colocaria os olhos facilmente e eu era o homem da vez.
Esther era deliciosa e perfeita. Uma boca carnuda e seios empinados que desejei por as mãos e a boca assim que os vi inicialmente. Cintura e quadris desenhados e uma bunda redonda de fazer inveja a qualquer mulher.
E puta que pariu, suas pernas eram espetaculares. Torneadas, grossas e aparentemente macias e bem cuidadas. Eu era doido por pernas. Elas eram o caminho até o meu destino final e eu apreciava muito cada centímetro da pele gostosa de cada uma.
A garota na minha frente já me fascinava, suas pernas me faziam vibrar em antecipação ao pensar no que eu faria com ela.
- Não entre aí. - falei com voz rouca e grossa, e Esther se virou assustada apoiando-se na parede colocando a mão no peito e respirando com rapidez.
- Está ficando louco? Que merda de susto. - falou exasperada em inglês, parecendo irritada com minha chegada. - Não tem nada para fazer?
- Tenho mais do que você, aparentemente. - apontei para porta trancada. - Não entre aí.
- O que tem ali? - perguntou. - Porque está fechada?
Franzi o cenho com seu interesse.
- É possível que eu encontre algo perigoso? - ela riu e se afastou dois passos de mim. - Arsenal de armas de fogo?
- Ficaria satisfeita se eu dissesse que sim?
- Provavelmente, não.
Estreitei os olhos e me inclinei na sua direção, notando sua tentativa intensa de se esquivar por pura crise moral. Observei seu lado devasso no instante que lhe pus os olhos e a sua moral a impedia que colocasse para fora tudo que pensava e sentia.
- Não mexa com o que não entende, criança. - sussurrei soprando no seu rosto.
Ela reagiu imediatamente, abrindo a boca gostosa e puxando o ar agilmente. Aproveitei sua atitude e me aproximei mais ficando a poucos centímetros do seu ouvido notando seu corpo paralisar.
- Pode não aguentar o que lhe espera. - ela tremeu levemente. - Na verdade, farei você aguentar tudo o que te espera.
Terminei a frase com o tom malicioso e me distanciei, deixando-a imaginar o que quisesse. Suas bochechas estavam avermelhadas e a respiração ofegante, uma reação clara de que ela sentia o mesmo desejo que eu. Uma certeza que ela sequer queria admitir. Era o desejo pelo sujo, pelo obsceno, pelo sexo que nós poderíamos ter. O sexo que a três anos eu me neguei a ter.
Esther se afastou da porta, respondendo ao comando e tentando resistir à curiosidade. Ali, olhando para aquela parede, eu tive a ideia mais insana que podia imaginar, mas eu faria. Eu aproveitaria cada segundo que tivesse no tempo de sua estadia aqui. Nem que precisasse reclamar de certos hábitos.
Me virei e voltei meu caminho até o quarto, ciente do que queria.
Ela.
Se antes sendo apenas uma adolescente do caralho, ela me atraia. Agora com o corpo totalmente formado e uma beleza exorbitante, ela me prendia ainda mais. Eu queria fodê-la a três anos atrás e me controlei.
Mas agora, ela não era menor de idade e minha vontade de tê-la ao redor do meu pau havia triplicado. Ela seria minha. De quatro, de frente, de todos os jeitos que eu fantasiei desde que a vi pela primeira vez.
Ela iria me engolir, me aceitar e me deixar entrar nela com tudo.
Ela era perfeita para isso.
Perfeita para foder.