𝐓𝐇𝐄 π–πˆπ“π‚π‡'𝐒 𝐂𝐔𝐑𝐒...

By wolfsgiv

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By wolfsgiv


͋《̊➳  ︒﹆》⊠⊠⊠   01. 📺"𝘛𝘏𝘌 𝘝𝘈𝘕𝘐𝘚𝘏𝘐𝘕𝘎 𝘖𝘍 𝘞𝘐𝘓𝘓 𝘉𝘠𝘌𝘙𝘚 "📺
📰—————[CAPÍTULO UM!]

📽


— Will? Na escuta?—tudo que se ouvia era o chiado de mal contato do Walkie-Talkie, que significava que ninguém se encontrava do outro lado da frequência, após o episódio de mal pressentimento na noite anterior, decidi ver se o Byers se encontrava no canal do Walkie-Talkie, para me certificar de que ele tinha chegado em casa, e após algumas tentativas falhas, a única opção que me restou foi desistir de comunicar-me com ele, talvez ele estivesse no colégio, isso não significava que algo teria acontecido com ele. Pelo menos eu queria que não.

𝐄𝐔 𝐀𝐌𝐀𝐑𝐑𝐀𝐕𝐀 𝐎𝐒 𝐂𝐀𝐃𝐀𝐑𝐂𝐎𝐒 do meu all star velho e surrado, faltava pouco tempo para que os portões do colégio se abrissem, eu não podia chegar atrasada desta vez, ontem teria sido o quarto atraso consecutivo na semana, mais um e eu estava completamente e totalmente ferrada, isso significava o fim da linha para mim, baixei a antena do Walkie-Talkie e larguei o artefato na cama, puxando as orelhas de coelho do cadarço, colocando a alça da mochila nas costas e me direcionando rapidamente para a mesa de café da manhã. Lá estava meu pai, minha mãe e Steve, com sua cara ridícula e topete ridículos, eu certamente odiava Steve, assim como ele me odiava, era recíproco e disso eu não tinha dúvidas, ele sempre foi o favorito da mamãe, pois sabia cozinhar e cumpria todas as tarefas domésticas, o favorito do papai, afinal sempre arrasou o coração de todas as garotas no colégio, malhava e praticava esportes, ele nunca teve que se esforçar para ser adorado como um Deus, já a Cindy tinha que tirar o lixo, manter notas acima de C+, fazer todas as lições de casa e nunca, em hipótese alguma, jamais faltar uma única vez no clube de xadrez, muito menos no de Audiovisual, apesar de odiar profundamente o boçal, quando mamãe e papai brigavam, ele me chamava pro quarto dele para escutar música alta, enquanto eu encarava os posters de mulheres com biquínis em sua parede, a gente também assistia filmes, clássicos cinematográficos do gênero de ação, ou filmes de romance terrivelmente toscos, tudo pra que eu não ouvisse nossos pais se fuzilando com palavras, eles até se amavam, mas eram o tipo de pais que apesar de se amarem eram agressivos demais e tinham personalidades muito distintas para continuar e estavam a beira de um divórcio, mas tinham filhos.

—Bom dia, Cindy!—falou mamãe, que colocava cereal e leite na mesa.

—Bom dia mãe, bom dia pai—disse eu, ignorei a existência de Steve ali por um tempo e me sentei à mesa que estava farta de comida, o que era estranho de se notar afinal, o costumeiro era que cada um pegasse uma torrada queimada como café da manhã e fosse correndo para a escola ou o trabalho.

—Bom dia pra você também Cindy—exclamou Steve.

— Ah! Bom dia criatura insolente, eu tava simplesmente ignorando sua existência, obrigada por me fazer lembrar— disse enquanto dava umas boas garfadas no ovo mexido, papai lia o jornal como sempre, e ignorava todos os presentes no recinto, apenas retribuiu o bom dia que eu tinha lhe dado.

— A princesinha resolveu abrir a matraca—quando o infeliz soltou aquela frase, senti uma vontade avassaladora de lhe puxar pelos cabelos, mas assim que me pus a levantar com um semblante flamejante, mamãe e papai foram os primeiros a intervir na briga.

— Ei, ei! Plena sete horas da manhã e vocês decidem abrir um ringue de luta na mesa de café da manhã—meu pai disse, fazendo com que eu me sentasse na cadeira suspirando e murmurando palavrões baixo.

—Espero que aquela bola de basquete do seu jogo infernal caia bem na sua fuça de pateta—exclamei, aquela frase foi completamente tomada por ódio e raiva que eu tinha dele e de seu topete ridículo.

— Pelo menos eu não me pareço com o pato donald versão punk—cada frase que o rapazinho soltava fazia eu querer que ele explodisse em milhões de pedacinhos microscópicos, ou que ele fosse pulverizado, ou desintegrado de toda a existência.

—Já deu crianças!—pontuou minha mãe na discussão.—Bom, se não se importam, eu e seu pai queríamos dar duas notícias, a primeira é que o pai de vocês foi promovido no trabalho, a segunda é que vamos viajar e por isso vocês tem que se dar bem, pois vamos ficar uma semana fora e você Steve vai ser o responsável por cuidar de Cindy.—aquelas frases foram como facas perfurando todos os meus órgãos em uma morte lenta e agonizante, uma semana da qual eu estaria refém aos cuidados da criatura mais negligente da existência.

—É piada isso né?—falei em indignação.

— Claro que não, isso vai ser bom pra vocês terem um tempo juntos—dizia minha mãe, com um sorriso reconfortante no rosto em uma situação nada reconfortante.

—Eu não vou passar 100% do meu tempo com essa pirralha—exclamou o Harrington, que fez o meu sangue ferver ao me chamar de pirralha.

—Quer saber eu tô indo pro colégio, tchau mãe, tchau pai e tchau babaca Harrington—disse, e me direcionei a porta, me retirei da residência e nem me dei ao luxo de ouvir as despedidas e tentativas de explicações falhas, peguei a bicicleta e pedalei até o colégio sem olhar para trás.
Chegando no colégio avistei as bicicletas de Mike, Dustin e Lucas as carregando, mas faltava alguém... onde estava Will?

—Bom dia, Cindy—disseram os três garotos em uníssono.—Você viu o Will?

—Bom dia e na verdade não, eu esperava que vocês tivessem visto ele.—aquela situação estava começando a deixar meus nervos agitados, então ao ouvi-los perguntar por Will, engoli seco, completamente atônita.

—Que estranho. Não estou vendo ele.—falou Lucas.—eu tô dizendo a mãe dele tá certa, ele deve ter ido mais cedo pra aula.

— Ontem a noite eu tive um pressentimento ruim, ele chegou a me levar até em casa e logo depois foi sozinho—disse, enquanto caminhávamos até o colégio depois de estacionarmos nossas bicicletas.

—Não se preocupe, deve ter sido só um mal pressentimento, ele é sempre paranoico, vive achando que vai ter uma prova surpresa—tranquilizou Dustin.

—Aproximem-se, senhoras e senhores—a tão temida voz alcançou nossos ouvidos, Troy e seu capacho burro se aproximavam, é sempre assim, gados andam em rebanho.—Comprem seus ingressos para o show de aberrações, quem você acha que ganharia mais em um show de aberrações? Meia-noite, cara de sapo, sem dentes ou a bruxa azarada?—falou apontando respectivamente para cada um que correspondia a cada apelido, me chamavam de bruxa desde que pude ter convívio social, eu sempre era uma irmã pra desgraças, a sequência de infortúnios que me aconteciam era assustadora, e um deles foi um dos motivos para que eu tivesse me mudado, o acidente.

— Eu aposto que o sem dentes—falou o capanga de Troy, imitando as limitações de fala que Dustin tinha por não ter os dentes frontais.

—Já falei um milhão de vezes, meus dentes estão crescendo.—pontuou Dustin, eu não aguentava mais aqueles malas sem alça.—Chama-se displasia cleidocraniana.

—"Já falei um milhão de vezes"—repetiu imitando as limitações de fala, o capanga, o qual eu nem me dava o trabalho de saber o nome.

— Faça o lance do braço—ordenou Troy.

—Parem de ser patéticos e vão encher o saco dos pais de vocês, eles devem aguentar vocês—arrisquei, eu definitivamente não tinha medo deles, se fossem maiores e ameaçadores, talvez, mas eram só malucos irracionais vítimas de mal criação dos pais.

— Calada bruxinha, ou você quer que queimemos você viva? O seu namoradinho não tá aqui pra te defender—revirei os olhos em resposta a Troy, ah como meu namorado ele se referia à Norman, filho de pais mexicanos e trabalhava na padaria de seu avô de ajudante, ele costumava defender a mim e meus amigos de tais babacas, mas não passava disto, eu acreditava que ele era apenas alguém com empatia o suficiente pra enfrentar os bobalhões.—faça o lance do braço.—Troy não parecia ter paciência.

—Faça, aberração!—pediu o capacho, obrigando Dustin a fazê-lo, suspirei ao ver a situação, eu não podia acreditar que um dos meus melhores amigos passaria por essa humilhação. Então Dustin retirou o casaco e a mochila e o fez, ele tinha a capacidade de deslocar os ombros, pelo fato de não possuir clavícula, por isso realizava o ato com tal facilidade. Os paspalhos fizeram caras de nojo, como se estivessem assistindo um filme de terror slasher.

Até que Norman apareceu ao longe com sua bicicleta, avistando a cena, ele se aproximou e propositalmente passou por Troy e lhe deu uma rasteira, fazendo com que ele caísse em nossa frente e nos oferecesse boas gargalhadas, Norman acenou gentilmente para mim, Troy levantou com sangue nos olhos, ele parecia tão furioso que ficou vermelho como um tomate, talvez de vergonha e raiva, até seu próprio amigo riu feito um condenado, o mesmo levou um tapa tão grande na nuca que quase gritou em dor.

—Vocês vão ver seus nojentos—gritou Troy—isso vale para todos!—o garoto retirou-se envergonhado, finalmente nos deixando em paz.

— Babacas.—murmurou Lucas.

—São tão idiotas—falei.

—Argh, o Norman, aquele garoto só quer se aparecer—disse Mike, ele definitivamente não gostava de Norman, ele dizia que o garoto era atrevido e queria fazer de tudo para chamar minha atenção, eu discordava, mas nunca puxei uma discussão por causa disso.—mas Dustin, eu ainda acho bacana, é como se você tivesse super poderes, ou coisa assim, como o sr. Fantástico

— É, só que não posso combater o mal com isso.—concluiu Dustin, ele não estava redondamente enganado, mas era triste vê-lo ser alvo de babacas como Troy e seus amigos simplesmente por ter algumas anomalias corporais, não era nada que o tornasse um esquisitão ou uma aberração como costumavam dizer, ao menos aos nossos olhos, isso nunca fez diferença. Então decidimos apenas nos aprontar para as aulas e adentrar o colégio.
Era por volta do último horário de aula e o sinal estridente tocou rápido como um relâmpago, o dia todo teria sido terrivelmente entediante, ao contrário do que pensávamos, Will não teria comparecido na aula, não estava no refeitório, secretaria e muito menos na quadra de basquete, meu estômago revirava todas as vezes em que eu me pegava pensando na noite passada, o constante pensamento de culpa atravessava minha cabeça como uma flecha, eu como uma admiradora da área da física quântica e simpatizante nas ciências em geral, adorava a aula do sr. Clark, era como um tipo de tônico para todas as aulas terrivelmente enfadonhas, mas eu só conseguia me amaldiçoar por não tê-lo acompanhado até em casa, e se algo tivesse lhe acontecido? E se ele foi sequestrado? E se lhe aconteceu algo que não devia?

—Lembrem-se, terminem o capítulo 12 e respondam a 12.3 sobre a diferença entre um experimento e outras formas de investigação científica. Isso estará na prova, que abrangerá os capítulos de dez a doze, será múltipla escolha com uma redação.—exclamou sr. Clarke, me tirando de meus pensamentos, suas falas eram atropeladas pelas centenas de passos apressados dos alunos que pareciam mentalmente e fisicamente exaustos. Logo eu, Mike, Dustin e Lucas estávamos plantados como espantalhos na mesa do professor, carregando as mentes curiosas e famintas por conhecimento.

— Chegou?— questionou Mike, que estava tão ansioso como nós.

— Desculpe, crianças.— lamentou sr. Clarke, fazendo uma feição de tristeza imediatamente se estampar em nossos rostos.—Odeio dar más notícias, mas...chegou!—corremos afobados até a sala de jornalismo, Dustin abriu a porta e quase caímos sobre ele, o artefato que parecia um tesouro, ali brilhando sob a luz, limpinho e completamente novo, aquele objeto fazia nossos olhos brilharem como besourinhos na chuva, Mike logo se sentou, sem esperar o consentimento do professor, tínhamos o vislumbre da projeção do futuro. A estação de radioamador.

— Estação de radioamador Heathkit. Não é linda?— disse sr. Clarke enquanto assistia a euforia e êxtase em que nós nos encontrávamos.

— Aposto que dá pra falar com Nova York nisso.—falou Lucas, Mike colocava os fones e Dustin ajustava os botões.

— Pense mais longe—encorajou sr. Clarke.

— California?—tentei.

—Mais longe.

— Austrália?—questionou Mike, seu palpite parecia ousado, mas não duvidava de que o aparelho fosse capaz de transmitir mensagens a esta distância.

—Caramba!—exclamamos, estávamos completamente maravilhados ao ver aquela belezura e ainda poder ter acesso direto a ela.

—Quando o Will ver isso, ele vai se cagar!—disse Lucas, fazendo-me ter recordações de Will, eu me sentia podre e terrível por dentro ainda, mas eu não podia fazer muitos esforços, afinal só a polícia local podia fazer.

— Lucas!—repreendeu sr. Clarke.

— Desculpe...—murmurou Lucas, porém ele estava entretido demais no artefato para se arrepender.

— Olá, aqui é Mike Wheeler, presidente do Clube de Audiovisual da Escola de Hawkins.—falava Mike no microfone, rapidamente interrompido, tendo seus fones tirados de si por Dustin.—O que você tá fazendo?—perguntou entre gargalhadas.

—Olá, aqui é Dustin, secretário e tesoureiro do Clube. Comem cangurús no café da manhã.—afirmou Dustin. Mas era a minha vez de ter a posse do fone e ter a permissão de falar no rádio, rapidamente apanhei o fone, mas fomos interrompidos pela visita do diretor e dois policiais logo atrás. Ao ter o vislumbre daqueles policiais um calafrio percorreu por todo meu corpo, definitivamente coisa boa não era.

—Desculpe interromper. Posso falar com Micheal, Cindy, Lucas e Dustin?—interrompeu o diretor, ao ouvir o diretor mencionar o meu nome e de meus amigos, especificamente, logo presumi que o assunto a tratar deveria ser sobre Will, que rapidamente fez minha carne estremecer e meus olhos marejarem, todos nós parecíamos estarrecidos diante da situação, rapidamente as feições de felicidade desapareceram e foram substituídas por semblantes preocupados e receosos, será que ele teria sido decretado desaparecido pela polícia local?
Na sala do diretor, todos falavam juntos, atropelando os depoimentos uns dos outros, eu permanecia em silêncio, estava tão angustiada que minhas pregas vocais eram incapazes de produzir um único som, eu ainda não tinha processado a situação a qual estávamos inseridos ali, mal sabia como começar a me pronunciar, só conseguia olhar para o chão, enquanto milhões de pensamentos bombardeavam minha cabeça e fuzilavam minha calma.

—Ok, ok, ok, um por vez, certo? Você—falou o policial, referindo-se à Mike.—Você disse que ele vai por onde?

—Pela Floresta das Trevas.—disse Mike, fazendo os policiais claramente ficarem confusos, afinal, nós havíamos apelidado a floresta assim.

— Já ouviu falar nisso?—perguntou o policial de uniforme bege ao de uniforme azulado.

— Não. Parece um nome inventado.—respondeu.

— Não, é de O senhor dos anéis. — disse Lucas.

— Bem, de O Hobbit— pronunciei-me, todos atraíram a atenção para mim, eu odiava olhares sobre mim, olhares que me fuzilavam, mas desta vez eu estava angustiada demais para me preocupar com este detalhe.

— Você, garota, você não disse nada, qual foi a última vez que o viu?— pediu o policial com uniforme bege.

— Nós estávamos apostando corrida com Dustin. Quando eu perguntei pra ele se ele queria que eu lhe acompanhasse até em casa, ele mudou de assunto e perguntou se eu queria que ele me acompanhasse, eu neguei e nem insisti, porque ele odeia que tratem ele como um bebê que precisa de cuidados, então ele me levou até em casa, a gente se despediu, e ele pegou o caminho de volta pra casa, o mesmo que ele sempre percorre, pela Floresta das Trevas, eu senti que algo não tava certo, tinha algo errado, era como um pressentimento ruim, mas eu não queria me deixar levar por esse sentimento, eu podia ter acompanhado ele, eu devia ter insistido, a culpa é minha.— desabafei, era como se o ocorrido estivesse entalado na garganta, eu não queria ter sido a responsável por mais um acidente, justamente com meu melhor amigo.

— Não, não, a culpa não foi sua, se você tivesse ido, talvez fossem duas crianças desaparecidas—tranquilizou o policial.

— Bom, a Floresta das Trevas é uma estrada real. Só o nome é inventado. É a junção da Cornwalls e Kerley.—explicou Mike.

—Acho que conheço—disse o policial.

— Podemos lhe mostrar—falou Dustin confiante.

—Eu disse que conheço!

— Podemos ajudar a procurar— tentei, mas o policial parecia negar.

— Não. Depois da aula, vão para suas casas. Imediatamente. Nada de dar voltas de bicicletas procurando o amigo de vocês, investigando, não façam besteiras. Não é o livro de O senhor dos Anéis.

O Hobbit.— exclamou Dustin.

— Cale a boca!— falou Lucas, batendo no peito de Dustin. Dustin retribuiu a agressão, minha posição não era favorável na briga muito menos a de Mike, que pedia interminavelmente para pararem.

— Fui claro?—o policial se aproximou e engolimos seco—fui...claro?

—Sim, senhor.—dissemos em uníssono.

Ao sair do colégio, estava quase que deserto, desta vez eu não iria acompanhada de Dustin, já que morávamos perto, muito menos de Mike e Lucas, eu iria sozinha e o sentimento de angústia me assolava, ia no encalce do meu pé, sussurrando na minha cabeça, como uma praga, era decisão minha, eles ainda se encontravam prestando depoimento para os policiais e eu me retirei dando uma desculpa esfarrapada de que precisava ir ao banheiro, não podia permanecer ali, remoendo o acontecido, precisava apenas ir para a casa, cair de cara na cama e ler todos os gibis que conseguisse. Apenas um grupo de garotas parecia próximo, escoradas em uma árvore próxima, elas me fitavam como se eu fosse um rato apavorado e nojento, era costumeiro receber esses olhares, mas por estar completamente sozinha eu senti o pavor percorrer o meu sangue, sem muita demora subi na bicicleta, mas antes que pudesse acelerar na corrida até em casa, as nojentas se aproximaram, carregando seus rabos de cavalos no centro da cabeça, roupinhas rosas reluzentes como glitter na luz do sol, e sapatos ridículos e então elas já estavam muito próximas para correr, fugir ou se esconder, como gatos que caçavam um rato.

— Está sem seus guarda-costas Cindy? Ou devo dizer bruxa?— começou Molly, uma ridícula que era líder do bando.

— Me deixe em paz, eu estou só indo pra casa, não vou incomodar vocês— implorei, elas eram cruéis, e eu sabia seu nível de maldade, eram cruéis a nível de afogar crianças pequenas no lago e depois falar para os professores que eram apenas brincadeirinhas, eram cruéis a ponto de jogar latas de lixo em garotas que entravam desavisadas nos banheiros, ser alvo delas, era como cavar uma cova para si próprio.

— Não se preocupe azarada, só vamos lhe dar uma lição, bruxas não devem correr por aí soltas, não é?—continuou Molly, e as garotas apenas riam como hienas. Patéticas. Logo uma das coleguinhas nojentas de Molly, retirou um pedaço de corda da mochila, aquilo me fez estremecer e engolir seco, o que iriam fazer com aquela corda? Por mais que eu tivesse tentado escapar, foi inevitável, duas de suas capangas, pegaram meus braços e Molly e sua quarta capanga amarraram meus punhos com o pedaço de corda, me empurraram até a árvore a qual estavam escoradas e por mais que eu clamasse por ajuda e tentasse gritar elas tapavam minha boca com suas mãos sujas de arrogância e maldade. Ergueram-me e penduraram-me em um galho forte da árvore, meus punhos estavam suspensos pelo galho e era alto demais para que meus pés conseguissem alcançar, eu choramingava e implorava por ajuda, mas eram tentativas falhas, elas ficaram lá, rindo como paspalhas, rindo como se eu fosse uma atração de circo, o tempo ali parecia interminável, não importava o quanto eu me debatesse, gritasse e chorasse, ninguém viria.
O pavor foi se transformando em uma raiva crescente e em um momento rápido, o qual meus olhos foram quase que incapazes de ver e meu cérebro quase não raciocinara, as garotas foram lançadas para trás como um campo de força, umas foram lançadas com tamanha agressividade que praticamente fizeram cambalhotas para trás, algo me dizia que aquela força teria vindo de mim, eu sabia que tinha, eu definitivamente sabia.
As garotas pareciam embasbacadas com a situação, suas bundas estavam sujas de grama e suas trancinhas ridículas tinham galhos e folhas presas, as garotas rapidamente colocaram-se a corrida, em um piscar de olhos alcançaram o horizonte e desapareceram como mágica do meu campo de visão, eu sorri em vitória, mas eu ainda permanecia presa, meu nariz sangrava, meus pulmões ardiam e eu parecia exausta, minha cabeça latejava e estava tão pesada que parecia uma bigorna sendo lançada da torre de pisa, era como se o meu cérebro estivesse sendo comprimido, lágrimas quentes ainda escorriam de meu rosto o suficiente para causar marcas avermelhadas debaixo dos meus olhos. O tempo passou, e eu tentava arranjar um jeito em que eu conseguisse me soltar dos nós da corda, pude avistar ao longe Mike, Lucas e Dustin saindo a procura de suas bicicletas, assim que os vi, era como ter visto água em um deserto, um milagre. Gritei a plenos pulmões seus nomes respectivamente, e então suas visões se voltaram para mim, que sem hesitar correram rápido até mim.

— Meu Deus o que fizeram com você Cindy?— questionou Mike.

— Puta merda, você tá aí a quanto tempo?— perguntou também Dustin com as mãos nas têmporas.

— Aquelas garotas, aquelas garotas, elas me amarraram aqui— falei com algumas pausas na fala, afinal eu precisava recuperar o fôlego.

—Vamos acabar com a raça delas—disse Lucas, numa tentativa de me confortar, embora o estrago já tivesse sido feito, sem muita demora, os garotos largaram as mochilas e começaram a pensar, não tinham estatura o suficiente para alcançar o galho, então Mike teve a ideia de subir nos ombros de Lucas e assim o garoto desatou o nó e eu caí como uma jaca madura no solo de grama, que pinicava, mas era apenas um detalhe em toda a situação, cai aos prantos, Mike desceu dos ombros do Sinclair e me consolou, abracei os garotos e ficamos lá por minutos intermináveis, eu definitivamente não queria que aquele momento acabasse, eu me sentia segura, eles eram os únicos capazes de me fazer sentir segura.

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