Network of Secrets

By Lin-huan

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Wang Yibo, nascido à sombra da criminalidade, possuía um futuro brilhante traçado por seu tio: o comando da m... More

prólogo
Cap1
cap 2
Cap 3
Cap 4
Cap 5
Cap 6
Cap 7
Cap 8
Cap 9
Cap 10
cap 11
Cap 12
Cap 13
Cap 14
cap 15
Cap 16
Cap17
Cap 18
Cap 19
Cap 20
Ca 21
cap 23
Cap 24
cap 25
cap 26
Cap 27
Cap 28
cap 29
Cap 30
cap 31
Cap 32
Cap 33
Cap 34
Cap 35
Cap 36
Cap 37
Cap 38
Cap 39
Cap 40

Cap 22

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By Lin-huan

Contem;  GATILHO ✖️

BOA LEITURA ❤️

— Irmão — A voz foi tomada por soluços profundos – Me ajude...

Desligue o telefone, desligue. Desligue! A mente do mafioso mandava, mas o celular permanecia colado em sua orelha. Ele não poderia ter atendido. Sabia, que não deveria! Mas que merda! Seu tio tinha agido finalmente.

— Eles estão batendo no meu carro... — A voz chorosa disse do outro lado.

NÃO INTERFIRA!

— XIAO PORRA, FALA ALGUMA COISA!

— Não... – A voz de Yibo estava seca. – Não é o Xiao.- A menina chorou mais alto do outro lado.

— Onde está o meu irmão? Eu pre... preciso de ajuda.

Ouviu os soluços do outro lado. Que sentimento era esse que se instalara em seu peito?

— Eu estou sendo per-perseguida. — Repetiu a menina – Me ajude...

Não! Pensou Yibo. Eram as ordens do seu tio. Ele deveria deixar que aquilo acontecesse, deveria deixar.

Seu tio queria que o federal sofresse, era obvio. E ele tinha que deixar que aquilo acontecesse. Não poderia interferir.

— Eu estou com tanto medo.

Mas o federal ia sofrer. Por que aquela constatação o perturbava daquela maneira?

Merda!

— Onde você está? — Não acreditou na própria voz.

— Eu... Eu não sei. É um bairro pobre e afastado, e eu estou na rua três... tem uma loja de bebidas, e os prédios não são pintados. Eu não sei.

Yibo sorriu amargamente. Realmente, se Deus existisse, ele não simpatizava nem um pouquinho com ele. Yibo conhecia perfeitamente aquela descrição. A tal rua era no bairro onde ele estava.

— Arranque o carro e não pare, mesmo que eles batam em você.

Yibo revirou os olhos assim que percebeu o que disse. Não estava falando com um profissional. Era uma menina do outro lado, como conseguiria dirigir e controlar o volante quando batessem nela?

Porra!

— Eles me fecharam, eu não tenho passagem.

A mente de Yibo nessa hora começou a trabalha a milhão, a luta interna sendo travada. Não interfira! Por que ele deveria interferir?

Xiao. O sofrimento de Xiao...

A máfia.

A decepção do tio...

De que lado ele deveria ficar? Por que tinha que escolher? Quais seriam as consequências disso? Ele não conseguia. Estava confuso demais. Yibo apoiou-se na parede, a tontura passando pelo seu corpo, sua cabeça fervia, não conseguia pensar corretamente. Não conseguia raciocinar. Aquilo chegava a lhe infligir dor física. Algo apertado em seu peito. Ele não sabia o que fazer.

— Charlotte, presta atenção! Você vai ter que sair do carro. Quando sair, corra. Corra para acima! O mais rápido que puder, mas não saia do bairro.

— Eu estou com medo... — A menina repetiu do outro lado.

Yibo puxou os cabelos negros, e rumou para o quarto, calçando a bota e colocando um sobretudo.

— Eu sei. Eu sei — Yibo falou, eloquentemente. — Mas correr é sua única chance, agora. Vai criar tempo até que eu possa achá-la. Eu estou indo atrás de você.

— Eles são dois.

— Só corra! E se eles a pegaram, grite! Grite muito! Assim eu vou achar você. Você precisa ser corajosa agora, eu prometo que vou achar você.

— Tá... Tá bom.

Então Yibo desligou o telefone. Tinha que ligar para Xiao! Pegou o celular depois que colocou as luvas negras.

Não deixem que a peguem Yibo! Seu subconsciente o alertava. Discou o número com os dedos quase trêmulos.

— Yibo, o que foi? — A voz dele saiu preocupada pelo telefone, afinal, para Yibo ligar para ele era obvio que alguma coisa havia acontecido.

— Xiao, onde você está?

Então teve a confirmação, algo realmente acontecera. Ela não estava usando o irônico Federal, nem o raivoso agente.

— Eu estou quase chegando ao baile, mas estou preso em um pequeno engarrafamento, houve um acidente na pista...

— É melhor você voltar — Ele o interrompeu. — É a Charlotte. Sua irmã está aqui. Tem gente a perseguindo. Gente da minha máfia.

Todo o corpo de Xiao congelou. Não! NÃO!

— Xiao?

A voz de Yibo o despertou. O agente deu uma guinada no volante, acelerando o Impala.

— Eu estou indo, Yibo.

O mafioso carregou a arma e guardou os outros cartuchos no bolso do sobretudo.

— Estou saindo de casa para procurá-la. — Yibo digitou a senha da porta apressadamente.

— Yibo...

— Quando a encontrar, eu entro em contanto. Até lá, fique rondando a rua três. Foi onde começou a perseguição.

Xiao passou a mão pelos fios, em um dilema interno. O provável sequestro foi ordenado por Ricardo Wang. Ele poderia confiar em Yibo? No primeiro sobrinho? Ele era tão cego quando se tratava das decisões do tio. Não seria aquilo uma cilada? A culpa era dele. Era inteiramente dele. Seria sensato colocar a vida de sua irmã nas mãos de Yibo? Xiao não sabia, mas algo lhe dizia que talvez...

— Yibo...

— O que foi, Xiao?

— Eu confio em você! — Algo no fundo do peito do homem dizia que aquilo era verdade. - Salve a minha irmã, por favor.

¥¥¥

Charlotte correu com todas as forças que possuía, mas parecia que de nada adiantava. Quanto mais velocidade aplicava nas pernas mais ouvia os homens atrás dela.

—Não sair do bairro, não sair do bairro, ele vai te acha... ele prometeu. — Ela dizia como um mantra, mesmo que as batidas do seu coração praticamente era de ensurdecesse.

Embolando-se com a barra do vestido caiu no chão, ouvindo as risadas atrás dela começou a engatinhar antes de se levantar, voltando a correr. Virou em uma nova rua, úmida, estreita e mal iluminada. Levantou o rosto, olhando para frente, aturdida. Alguns metros adiante, impunha-se uma alta grade de aço, barrando-lhe o caminho. Seu coração falhou uma batida e seus pés viraram rapidamente para trás, apressando-se em sair depressa daquele beco.

Porém, virando a esquina estavam seus dois perseguidores. Todo o corpo da menina congelou, e ela olhou a sua volta buscando uma saída.

— Olha só, Giovanni... Ficou encurralada, a pobrezinha — O negro falou e sorriu maldosamente. O tal Giovanni, que era pálido como uma folha de papel, simplesmente manteve seus olhos cravados na figura feminina.

Gritar... Se eles a pegassem tinha que gritar. Charlotte abriu a boca, gritando por socorro o mais forte que conseguia, mas rapidamente o loiro estava atrás dela, tampando-lhe a boca com força, tentou desvencilhar-se, mas não conseguia.

Charlotte fechou os lábios com dureza da mesma forma que juntava as duas coxas, colando-as. Um instinto primário de sobrevivência... Sentiu o tal Giovanni lhe agarrar pela cintura, e passar o nariz fortemente pelo seu ombro e pescoço. O estômago da menina revirou, os olhos queimaram denunciando as novas lágrimas.

— Nossa, como é cheirosa — Eles riram, as risadas ecoando pelo beco. A cabeça dela girava.

Sentiu o outro homem inclinando-se para ela, um cheiro forte de cigarro invadindo suas narinas. Ele pegou uma mecha de seu cabelo, brincando com os cachos.

— O chefe disse que poderíamos nos divertir com você no cativeiro, docinho. Mas quem está com pressa de ir para lá?

— Eu sempre quis comer uma riquinha! — Giovanni disse, rindo perto do ouvido de Charlotte, ela se contorceu e tentou sair dali, ganhando uma bofetada de Enrico. Sua face ardeu e lágrimas grossas desceram pelas bochechas.

— Quietinha, docinho — Giovanni disse ao seu ouvido — Não quer desfigurar esse rostinho de boneca, quer?

Mais risadas.

O negro a olhou de cima em baixo, absorvendo todos os detalhes do corpo, passando a língua pelos lábios. Os olhos famintos.

— Vamos ver se é tão gostosa quanto parece. — Enrico disse, levando as mãos para o decote do vestido.

Charlotte tentou lutar contra ele, desferindo tapas, mas tudo em vão. Sentia seu colo ser arranhado pelas mãos do homem, ouviu o som de tecido rasgado, e seus seios pulando para fora e ficando expostos aos olhos negros.

Suas mãos foram puxadas para trás, seus braços presos por um forte aperto no pulso.

— Belas tetas — Enrico disse, apertando os seios de Charly com ambas mãos.

Ela soltou um grito desesperado, mas os homens apenas riram. Então Charlotte sentiu com extremo nojo, o negro cair de boca em seus seios.

— SOCORRO! — Charlotte gritava – Eu estou aqui, por favor, aparece logo.

— Ninguém vai vir! — Ouviu em seu ouvido, era Giovanni.

Enrico ainda marcava seus seios quando Charlotte sentiu as mãos de Giovanni em suas coxas, subindo o tecido de seu vestido, deixando sua bunda a mostra.

— Que traseiro mais bonitinho.

— NÃO! — Ela se contorceu, tentando tirar as mãos dele, mas apenas ganhou um tapa estalado em seu glúteo direito. O grito de dor passando pela sua garganta.

— Quietinha.

Enrico a pegou pelo queixo, com a outra mão sacou a arma.

— Abra o fecho da minha calça, gracinha.

— Não — Ela negou com a cabeça. Sentia Giovanni brincar com sua calcinha agora, e sabia que estava prestes a vomitar. Sentia-se imunda. Tinha vontade de arrancar a própria pele fora.

— ABRA! — Enrico mandou, colocando a arma na cabeça de Charlotte.

Chorando ela levou as mãos trêmulas até a calça do homem, e fechando os olhos, a abrindo.

— Bom, bom... Agora abaixe a minha cueca.

— Por favor... — Charlotte implorou, a arma desceu pelo seu pescoço, sua garganta, o vão dos seios.

— Abaixe a minha cueca — Enrico mandou novamente e mais uma vez Charlotte o fez, com as mãos trêmulas.

— Agora, incline-se até meu pau.

¥¥¥

Yibo finalmente encontrou a rua de onde vinham os gritos abafados. Chegou a tempo de ouvir um de seus subordinados, com o membro exposto.

As imagens que preencheram a cabeça do mafioso foram inevitáveis.

James entrava e saia de dentro dele, mordendo seu pescoço e seus lábios já machucados.

— Olha só o que temos aqui... Você está molhadinho ou isso é ainda mais sangue? “

Saindo das sombras e adentrando de vez o beco, Yibo deixou que sua figura fosse revelada.

— Larguem a menina agora.

Os dois homens olharam assustados reconhecendo o homem a sua frente, e trataram de se recompor rapidamente.

— Senhor Wang?

— Está surdo? Larguem a menina.

Giovanni soltou lentamente uma Charlotte que esperneava. Mas assim que ela deu alguns passos na direção de Yibo, Enrico a pegou pelos cabelos, puxando para trás, e colocando a arma contra a sua cabeça.

— Não! — O negro disse, despertando a ira de Yibo enquanto uma Charlie sem forças choramingava.

— Como? — Disse entre dentes, dando um passo a frente, a mão encostada no cano da arma que estava no cós da calça.

— Enrico, ficou maluco? É o Senhor Wang! — O outro sussurrou, aterrorizado.

— Seu tio me incumbiu de levar a putinha até o cativeiro, Senhor — Enrico começou.

— Ricardo passou a tarefa para mim, e não poderia estar mais certo. Estuprar menina no meio da rua no lugar de levá-la ao cativeiro? Desperdício de tempo, e muito ousadia. — Yibo estreitou os olhos felinamente — Vai que alguém chega tentando salvá-la?

Giovanni deu um passo a frente, tentando trazer o amigo para a realidade.

— Você ouviu, Enrico. O chefe passou a tarefa para o  senhor Wang! Vamos embora daqui.

— Não — O negro falou mais uma vez, dançando com o cano da arma pelo rosto da menina Charlotte.

— Eu estou começando a perder a paciência, Enrico — Yibo avisou.

— O chefe ligaria. Essa missão é importante para ele. Eu tenho ordens para levar essa garota até o cativeiro, custe o que custar... Talvez, ele se referisse a você.

— Eu vou fala pela última vez... solte a menina, ou vai receber algo que não quer. A escolha é sua.

Enrico sorriu.

— Se você não percebeu, senhor, eu também tenho uma arma.

Yibo apenas levantou as sobrancelhas em desafio.

— Pois eu aposto que seus miolos estarão esparramados pelo chão antes que pense em puxar esse gatilho! Quer fazer o teste? Eu não tenho nada a perder. Já você...

E então finalmente Yibo viu Enrico soltando Charlotte, que estava completamente assustada e com os olhos arregalados, o rosto inundado pelas lágrimas. Seu cérebro registrou quando ela correu para trás de si, ficando encostada na parede úmida de cimento que rodeava aquele beco.

— Bom... – Yibo disse. Agora, sumam daqui. AGORA!

— Desculpe senhor, Wang! — O loiro murmurou, rapidamente, enquanto se encaminhava para longe.

Enrico foi praticamente empurrado por Giovanni para sair daquela rua. Quanto viraram a esquina, Yibo pode finalmente soltar a respiração que estava contida em seu peito. Pegou o celular rapidamente e mandou uma mensagem para Xiao com as coordenadas do beco. Não dava para chegar ali de carro.

Yibo olhou para menina encolhida no chão, os braços finos tentando proteger o colo descoberto, os olhos castanhos encaravam o nada, assustados. Ela era tão parecida com Xiao! No entanto o brilho do olhar estava desfocado.

Yibo conhecia aquele olhar. Já viu ele nele mesmo.

— Você... Você conhecia eles? — Ela murmurou trêmula.

— Sim – Yibo afirmou com cuidado, dando um passo para frente. Mas a menina se encolheu ainda mais e ele cessou a aproximação.

— Co...como?

Yibo soltou um suspiro cansado.

— Digamos que eu trabalho na mesma “empresa” que eles.

A menina arregalou ainda mais as orbes e começou a choramingar. Não tinha acabado então? Ela não aguentaria. Não aguentaria ser levada... Preferia a morte.

— Eu não vou te fazer mal, Charlotte – Yibo assegurou, olhando diretamente para ela. Quase fez uma careta quando continuou – Eu estou com o seu irmão.

— Onde ele está?

— Ele estará aqui a qualquer momento — Yibo garantiu, tentando tranquiliza-la.

Deu mais um passo em direção a ela, vendo que dessa vez seu avanço não fora mal recebido.

— AFASTE-SE DELA! Quem é você?

Yibo olhou para o começo do beco vendo uma figura masculina vestida em um terno e portando uma arma na mão.

Reconhecendo de quem se tratava. Já tinha visto várias fotos dele quando estudara o arquivo de Xiao. Scott também os reconheceu assim que Yibo se virou para ele, mas olhava incrédulo mesmo assim. Aquele era Wang Yibo? O Yibo do Xiao?

Olhou para a garota que o encarava encolhida no chão, o rosto sujo, o vestido em frangalhos.

— Charly? — Ele tentou chamar em vão. Ela simplesmente virou a cabeça para a direção dele, mas não o olhou nos olhos. Scott deu um passo para frente, mas foi parado por Yibo que agora apontava sua própria arma para ele.

— Não se aproxime! — Ele sibilou.

Scott olhava dele para uma Charlotte acuada na parede fria. Queria tomá-la nos braços... Queria tentar consolá-la.

— Eu tenho que vê-la – Ele disse, seu semblante esbanjava sofrimento.

Yibo negou com a cabeça, indo depressa para a frente de Charlotte. Nem ele mesmo sabia o porquê da atitude quase protetora, mas Ricardo possuía alguns infiltrados em vários órgãos do governo. Claro que com o FBI não seria diferente. O agente Scott Turner tinha chegando ali rápido demais.

— Está tudo... tudo bem – Charlotte murmurou atrás dele — Ele é amigo do Xiao.

Yibo manteve seus olhos no homem.

— Como chegou aqui? Como sabia que Charlotte estava correndo perigo?

Scott balançou a cabeça.

— Eu simplesmente soube.

— Soube? Simplesmente soube que ela precisava de ajuda? É adivinha nas horas vagas? Yibo arqueou as belas sobrancelhas ironizando a fala – Você estava no baile.

— Sim... Por favor, Yibo, deixe-me vê-la.

Tentou chegar mais perto.

— Nem mais um passo — Yibo avisou, os olhos mortíferos.

Scott andou de um lado para o outro, irritado com a sua incapacidade. Poderia chegar a força até ela, se levasse um tiro pelo menos teria tentado... Mas qualquer ação bruta que tivesse poderia assustar ainda mais Charlotte, e ele não queria isso. Não poderia conviver com isso.

— Me responda! Como chegou aqui?

— Eu... — Ele tentou pensar com clareza — Ela sumiu do baile, e eu percebi que tinha ido embora. Então eu ativei o GPS que instalei no carro quando Xiao me pediu para tomar conta dela e cheguei até a rua principal, e ouvi os gritos e...

— Xiao pediu para que olhasse por ela? — Yibo perguntou simplesmente para alfinetar. Já estava mais tranquilo. Talvez tivesse sido desconfiado em demasiado – Belo trabalho que vem realizando, agente Scott Turner!

Ele não teve tempo de se surpreender pelo homem saber o seu nome completo. Mais Aquela declaração caiu como uma bomba em seus braços. Era tudo culpa dele. Ele fora um completo idiota no baile. Se tivesse ficado com ela, aquilo nunca teria acontecido. Nunca.

Yibo deu as costas para o homem que estava em completa confusão. Tirou o sobretudo e o estendeu para que Charlotte passasse pelos ombros. Tanto para tampar o colo exposto e machucado como para aplacar o frio que deveria estar sentindo. Ajoelhou-se na frente dela.

— Vista — Disse, e a menina pegou a peça de roupa um tanto quanto trêmula. Ela estava com medo, Yibo pode perceber, ajoelhado bem a sua frente. — Charlotte? — Ele disse, fazendo um enorme esforço para conter a sua mão que queria afagar os cabelos castanhos, eram mais claros que o de Xiao, seu sistema treinado processou rapidamente – Vai ficar tudo bem.

Aquilo não pareceu melhorar o estado da pequena que, mesmo meneando a cabeça, fechou os lábios em uma linha firme, enquanto mais lágrimas silenciosas desciam pela sua face.

— Charlie? — Ambos ouviram a voz de Scott, que agora se aproximava.

Olhando rapidamente para a menina Yibo viu que ela não o encarava. Estava com vergonha. Ele conhecia aquele sentimento.

Scott também se ajoelhou, ficando ao lado de Yibo que, desconfortável com a proximidade, se levantou, conferindo o celular. Xiao não respondeu a mensagem, mas tinha a certeza que ele estava chegando.

Muito menos contido que Yibo, Scott chegou a levar a mão até a cabeça de Charlotte, mas ela se encolheu na parede, virando o rosto de lado, e choramingando um “não” baixinho.

O Turner recolheu a mão rapidamente, odiando a si mesmo.

— Não precisa ter medo de mim, Charly. Eu nunca te faria mal. Nunca!

Yibo ficou com o coração pesado, observando a cena.

— Ela não está com medo de você.

Ele olhou para Yibo, confuso.

— Ela só não quer ser tocada. É isso. — Respondeu, dando de ombros.

E então Yibo viu Xiao apontando na curva do beco, sem que pudesse se conter seus pés andaram até ele, como se fosse atraído. Pela primeira vez na noite, enquanto caminhava em direção à figura alta e máscula ele não se sentiu bombardeado pelos questionamentos internos. Não havia uma voz interior gritando para honrar a máfia, ou a seu tio.

Yibo teve que admitir, era uma sensação boa.

— Charlotte? – Ele perguntou, os olhos castanhos transtornados.

Apontou com a cabeça para o canto do beco onde Scott ainda encontrava-se ajoelhado. Xiao fez menção de ir até lá, mas Yibo o deteve com uma mão espalmada no peito masculino.

— Xiao... Eu cheguei a tempo, mas, ela quase foi estuprada e... – Os olhos do federal arregalaram-se, um pequeno rugido saindo de seu peito.

— Eu vou matar aquele filho da puta! — Bradou. A raiva subiu pelo peito de Yibo.

— Ah, é mesmo, Agente? E quem seria esse filho da puta?

— Não se finja de bobo porque você está longe de ser isso. Sabe muito bem de quem estou falando.

— Meu tio, Agente. — O tom dele era de aviso. — Ele é meu tio.

— Eu não me interesso pelo seu parentesco com ele! Eu não me interesso pelo que pensa sobre isso – Xiao olhou firmemente para Yibo. A raiva saindo por seus poros, nem sequer media as palavras... Muito menos pensava no que dizia. – O que me interessa é que ele é o homem que mandou estuprar e sequestrar a minha irmã, ele é o homem que fez de você a criatura fria e sem sentimentos que é.

Yibo engoliu em seco. Essa era ele, não é mesmo? Alguns dias atrás ele não poderia concordar mais com ele. Mas, se era tão frio e sem sentimentos o que estava fazendo ali, salvando a irmã dele e não ganhando nem um aceno de cabeça como agradecimento? Ele escolhera o lado errado, e estava saindo dos trilhos.

Assumindo a postura rígida novamente, simplesmente falou:

— O que eu queria dizer é que talvez ela não queira muito contato ainda e é melhor que vá com calma.

— E quem é você para saber o que a minha irmã quer ou não em uma situação dessas? Porra de uma psicólogo? Agora saia da minha frente.

Yibo arregalou os olhos, levemente atingido e deu um passo para o lado. Em sua mente ele gritava que talvez fosse um homem que foi estuprado várias vezes de forma cruel e impiedosa. Mas simplesmente calou-se.

Virou-se a tempo de assistir o federal ajoelhando-se do lado da irmã.

— Charlie?

— Xiao?

— Sim, Charlie... Sou eu – Xiao a pegou pelos braços trazendo-a para um abraço, Charlotte debateu-se murmurando vários ‘nãos’, e Xiao simplesmente a balançava, prensando-a mais em seus braços, acalentando-a.

— Sou eu, Charlie... Xiao... Seu irmão.

Yibo estava pronto para dar ar um olhar convencido, quando, para seu espanto, Charlotte se entregou aquele abraço. Apertando o irmão o mais forte que conseguia com os braços finos.

— Filho?

Ele encolheu-se mais ainda contra a cabeceira da cama quando viu a porta se mexer. Mas era apenas a sua avó.

Tentou respirar mais calmamente, abraçando as pernas contra o peito.

— Meu bem – Lorensa murmurou aterrorizada. – O que aquele homem fez com você, não irá mais acontece, ok?

Yibo sentiu a bile subindo só pela menção ao homem. O menino estava abraçando o corpo nu cheio de hematomas, as pernas e a boca sujas de sangue.

— Oh meu lindo filho – Lorensa  se aproximou chorando – Vem, vamos lavar você sim? Quando estiver limpo, vou chamar um médico da minha confiança para examiná-lo — Levou as mãos afáveis para o cabelo de Yibo.

— Não! – O menino alertou, afastando-se do toque.

— Querido – Lorensa tentou novamente tocá-lo.

— Não me toque! — Yibo praticamente gritou. — Eu quero ficar sozinho. Me deixa.

Lorenza afastou-se pesarosa da cama.

— Meu amor, quando você precisar eu estarei logo na porta. E só me chamar.

E então foi embora, deixando Yibo sozinho.

Yibo olhou mais uma vez para a cena a sua frente.

— Foi horrível, Xiao... Horrível. – Charlotte falou, a voz abafada pelo terno dele. — Eu pensei... Eu pensei que eles fossem... que fossem...

— Vai ficar tudo bem, pequena. Agora está tudo bem. Ninguém nunca mais vai tentar algo contra você – Xiao passava as mãos pelo cabelo dela. – Eu prometo.

Ele tinha razão, Yibo pensou. Ele não sabia o que era melhor para a irmã dele. E talvez, nem para ele mesmo.

¥¥¥

Eles andavam bem devagar em direção a rua três, em respeito a Charlotte que vinha agarrada ao irmão, embolada no sobretudo de Yibo. O criminoso vinha à frente, perdida em seus próprios pensamentos, no modo como traíra a máfia essa noite.

Uma coisa era falhar em suas próprias missões, outra era atrapalhar uma missão praticamente bem sucedida de outros membros. Ele apunhalou a instituição e agora sentia o punhal cravado em suas próprias costas. Ele era a própria máfia, toda sua vida era voltada para a instituição. E, mesmo assim, tinha a traído hoje para salvar a honra de uma menininha que nem conhecia. Para ajudar um policial, um agente federal. E pela reação que ele teve quando chegou ao local, Ricardo estava certíssimo... Ele só estava colhendo mais informações sobre ele... Como poderia pensar outra coisa? Aliás, o que pensara antes? Confiar nele? Yibo teve que se controlar para não bater a cabeça na primeira superfície sólida. Queria sofrer. Tinha que sofrer pelo que fez hoje.

Sentiu uma figura grande, que antes andava atrás de Xiao e Charlotte, que passara caminhar ao seu lado. Ele se inclinou e murmurou.

— Ele foi grosso comigo também, se serve de consolo — Scott murmurou.

— E eu lá sou homem de ficar sentido por grosserias? — Ironizou.

Scott riu brevemente, mas era um som melancólico.

— Eu ouvi o que ele disse, Yibo. E eu vi o seu olhar. Aquilo te afetou, eu sei. Yibo olhou para ele com desdém. Mas não se permitiu falar nada. — Ele tinha razão de ser rude comigo. Eu mereço, não cuidei da Charly como deveria – Yibo arriscou um olhar para ele, os olhos tristonhos mirando a calçada – Mas não com você. A única razão de Charly estar aqui conosco, e de não ter acontecido alguma coisa pior, é você.

Aquilo não fez o efeito que o homem esperava. Scott pensou que um reconhecimento faria bem para Yibo, mas não foi muito bem o que aconteceu. Assim que as palavras saíram de sua boca a única coisa que Yibo conseguiu pensar foi que, em primeiro lugar, Charlotte só tinha sido perseguida por culpa dele.

Se conseguisse fazer a porra do seu trabalho direito, Ricardo nem mexeria com a caçula porque Xiao estaria morto.

A palavra lhe trouxe calafrios, aos quais ele ignorou. Xiao era nada para ele, e deveria continuar permanecendo assim. Seu corpo ele já entregara e isso não tinha mais volta. Mas, sua alma, jamais revelaria para Xiao, ou para qualquer outra pessoa.

— Obrigado, Yibo — As palavras o despertaram e ele olhou surpreso para o Scott — Obrigado por ter salvado Charlotte. Sei que deve ter sido muito difícil para você ir contra a máfia, nem posso imaginar o conflito que passou, por isso, muito obrigado.

Yibo olhou para ele incrédulo, como ele entendia o que estava pensando apenas o olhando? Algo em seu peito aqueceu, aquelas eram as palavras que ele esperava de Xiao, aquilo era o que ela esperava ouvir quando foi de encontro a ele no beco.

O agradecimento saiu antes que pudesse conter, e era extremamente sincero.

— Obrigado, agente Turner... – Yibo franziu as sobrancelhas, sem saber como articular as palavras – Pelo... reconhecimento.

O agente balançou a cabeça.

— Quanto o Xiao, não se preocupe. Do jeito que ele está olhando para você não vai demorara pedir desculpas. Ele só estava nervoso por Charlotte, com a possibilidade do que poderia ter acontecido.

Yibo cerrou os dentes.

— Eu não estou preocupado. — Sibilou.

— Aham. Tá bom. – Scott murmurou, fazendo o mafioso grunhir de irritação. Ele parecia o Vitor quando o irritava dessa maneira, era só o que faltava para encerrar a noite.

— Scott? — Yibo ouviu a voz de Xiao chamando atrás de si. O federal se desgrudou da irmã apenas para tirar a manga do paletó – Dê para o Yibo, ele deve estar com frio.

Xiao estendeu o paletó para Scott, que antes de aceitar olhou brevemente para Yibo.

— Não estou — Ele assegurou olhando para Turner. Por que a porra do federal não tinha se dirigido diretamente à ele?

Scott deu de ombros simplesmente e voltou a caminhar.

— Yibo?

Ele  simplesmente virou o rosto para o lado, dando a entender que estava escutando.

— Eu gostaria de levar Charlotte para ficar com a gente. Pelo menos por hoje. Tudo bem?

Yibo demorou um pouco e depois simplesmente balançou a cabeça em afirmativo.

O Federal se condenou. Alguma coisa estava errada com ele. Yibo não era homem de gestos. Era um homem de frases de efeito que simplesmente o deixava sem respostas. E ele ainda tinha sido um completo idiota no beco. Por que falara aquilo? Por quê? Queria se desculpar, mas não o faria na frente de Scott e Charlotte. Não por vergonha, era que aquela conversa deveria ser só deles.

Mas ele parecia já tão distante.

— Muito obrigado por hoje, Yibo. — O Mafioso sentiu o olhar de Scott pairando sobre ele, cheio de si. — Eu serei eternamente grato pelo que fez.-  Xiao completou. Mas, para desespero do Federal, Yibo simplesmente riu.

— Eu não preciso da sua gratidão eterna, agente.

Será que Yibo já tinha reposto todos os muros que ele conseguira derrubar? Não poderia acreditar nisso. Não queria. E iria retrucar quando viu algo que o alarmou, Yibo e Scott tirando as armas ao mesmo tempo, e olhando para a rua 3.

Por um breve momento Xiao soube que nem tudo com Yibo estava perdido, porque, assim que ele virou seu rosto para em sua direção, seus olhos conversaram como haviam aprendido durante todos aqueles dias. E aquele brevíssimo momento o encheu de esperança.

— Xiao! — Ele falou, e apontou para o Impala estacionado logo acima – Leve sua irmã para o carro! AGORA!

Yibo virou-se para a rua, não acreditando no que os seus olhos mostravam. Eram Enrico e Giovanni, sentados dentro do carro. Mas, como? Ele ordenou que fossem embora, teria Ricardo dito que a missão deveria continuar, mesmo que para isso tivessem que passar por cima dele? Bom, depois do que ele tinha feito, não duvidaria.

Olhou melhor então, e percebeu dois orifícios perfeitos na testa de ambos.

— Porra! — Ele sussurrou e saiu correndo em direção ao carro.

— Yibo! — Seu sistema percebeu que Scott o gritava, mas não ligou. Tinha que ver de perto.

Tinha que ter certeza. Parou do lado da porta do motorista, onde Enrico se encontrava. Os olhos sem vida encarando o nada a frente.

— Assassinados... – Yibo murmurou, levando as mãos a cabeça. Mas por quê?

Scott parou ao seu lado.

— Puta merda... Mas, o quê? — Falou, confuso.

Xiao colocava Charlotte no carro, dizendo que tudo daria certo. Mas em nenhum momento deixou de notar o que acontecia com o homem logo à frente.

Então, os dois agentes federais e o criminoso ouviram um barulho de motor, e viram, instantaneamente, uma moto preta sair de uma rua um pouco abaixo deles, distante quase trinta metros. O motorista também estava todo de preto, e com uma arma que apontava em direção a eles.

— Maldito. – Yibo sibilou, e deu um passo a frente. Mas Scott o puxou com o braço livre, colocando ambos atrás do carro de Enrico, como proteção. Empunhou a arma para o motoqueiro.

— FBI! Desça da moto, largue a arma e coloque as mãos onde eu possa vê-las! – Scott gritou e Yibo olhou para ele com fúria desacreditada.

Xiao queria ir até eles, mas Charlotte choramingava agarrada ao seu braço.

— Ele não vai te ouvir – Yibo disse, saindo de trás do carro e mirando. Mas, antes que o mafioso pudesse disparar, o motoqueiro misterioso já puxava o gatilho. Em sua direção.

— NÃO! – Xiao gritou aterrorizado – YIBO!!!

E agora José?👀

So vou posta cap agora quando o número de visualização for o mesmo número de votos 😉

Então só depende de vocês.☺️
Fui, até o próximo Cap, amor vocês ❤️bebam água

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