the lovers | zylie II

By fuckmalik_

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Segundo livro de The Opposites [Disponível no meu perfil] ___________________________________________________... More

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By fuckmalik_

Amo esse cap do Zayn com o sogro 🥺❤️

Próximo com 70 votos e 170 comentários...

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Zayn Malik

- Estou feliz por você ter aceitado fazer isso comigo, Zayn. Eu precisava mesmo falar com você - o pai da Kylie diz.

Ele me chamou para pescar e eu vim. Jamais negaria um pedido do meu sogro. Estamos um barco, no meio do mar calmo.

- Estou feliz que tenha me chamado. Só peço desculpas por eu não saber fazer isso muito bem. Nunca tentei, então... - faço careta e ele ri.

Sou um fracasso na pesca.

Achei, finalmente, algo que eu não sei fazer. Eu simplesmente não sei pescar.

- Não se preocupe, eu vou te ajudar com isso - ele ri pegando uma das varas - coloca a isca ali na ponta e joga a linha na água.

Mordo o lábio e pego a isca na vasilha que ele me estende. Prendo a isca no anzol e me preparo pra lançar na água.

Me levanto no barco e olho para o homem ao meu lado.

- Posso jogar?

- Pode sim. Joga o mais longe que você conseguir e segura o cabo - ele diz.

Assinto.

Dou impulso pra jogar o anzol com a isca o mais longe que posso na água e prendo a vara no mesmo lugar onde a dele está.

- Posso deixar aqui ou preciso ficar segurando?

- Pode deixar aí mesmo. Se algo morder a isca, vamos saber - ele diz e eu assinto me sentando. Ele me olha - que dia você vai se mudar?

A mudança repentina de assunto.

- Essa semana ainda, acho. Só estou finalizando algumas negociações e assuntos inacabados que tenho pendente - limpo o suor da minha testa.

O sol está um pouco forte hoje. Ou eu que estou muito nervoso por estar sozinho com o pai da minha mulher.

- Como você teve essa ideia de construir hotéis?

Então, sogrão, preciso prestar minhas contas ao mundo pra não colocar sua filha em perigo.

- A Kylie quem sugeriu. Falei que queria investir em algumas coisas e ela deu a ideia de construir hotéis. Não foi fácil achar lugares bem localizados, mas consegui fazer isso - dou um sorriso - vamos começar a construção.

Ele me analisa.

- Você parece que vai estar tão ocupado... você não vai deixar a minha filha se sentir sozinha por lá, né? - ele pergunta sério.

- Sei que vou precisar me ausentar bastante, pelo menos agora no começo onde ainda não tiramos o projeto do papel, mas eu prometo dedicar todo o meu tempo livre a Kylie.

- Vem aqui, coloca um boné. O sol está muito quente - ele diz aleatoriamente se inclinando pra pegar um boné e levanta pra colocar na minha cabeça - já passou protetor?

Paraliso por uns segundos.

É tão estranho ter mais alguém se preocupando comigo ao ponto de fazer esses tipos de perguntas. Coisas que são tão simples e normais, mas eu não tive contato.

- Já sim. O senhor passou também?

- Passei - ele assente - mas voltando ao assunto... vocês vão ficar bem lá? É um outro país, não vão ter a família por perto.

- Vamos ficar bem sim. Combinei com a Ky que vamos vir pra cá todos os fins de semana que pudermos. Vamos tentar nos adaptar aos poucos - falo.

Ele abre a boca mas um barulho chama a nossa atenção. Está vindo da vara de pesca.

- Acho que algo mordeu a isca! Pega a vara e gira a manivela pra puxar o peixe - meu sogro diz e eu o obedeço.

Meio nervoso por nunca ter feito isso, giro a manivela puxando a linha com o suposto peixe pra nós.

Quando finalmente conseguimos ver o que pegamos, sorrio feliz ao ver que é realmente um peixe e não um lixo qualquer.

- Pegamos um peixe! - falo animado trazendo o anzol pra perto.

- Bom trabalho, Zayn! - meu sogro tira o peixe do anzol, joga num balde e põe mais uma isca - joga pra água de novo.

Faço o que ele pede e prendo a vara no barco novamente.

Peguei um peixe!

- O calor hoje está demais. Não imaginei que faria tanto sol - meu sogro passa a mão pelos longos cabelos - já não aguento mais esse cabelo.

- Quer que eu corte? - me ofereço.

- Que? - ele faz careta.

- Posso não ser bom em pesca mas garanto que cortar cabelo é uma das minhas habilidades - lhe pisco o olho e ele ri.

- Posso confiar mesmo em você?

- Claro que sim. O senhor vai ficar gatão, eu garanto - brinco fazendo ele rir mais.

- Tudo bem, tudo bem. Vou confiar em você pra isso, espero não me arrepender - ele assente pegando uma garrafa de água e dando um gole.

- Não vai. Falei serio quando disse que pescar é a única coisa que é o meu ponto fraco - sorrio.

- Você não sabe pescar porque não teve ninguém pra te ensinar, mas eu vou fazer isso com você - ele me observa - meu pai me ensinou a fazer isso e eu vou te ensinar. Em breve, talvez você possa ensinar a um filho seu. Pais são pra essas coisas.

Fico totalmente sem reação.

Pais quem ensinam a pescar e ele está fazendo isso comigo agora. Ele está me ensinando, então isso quer dizer que... ele me considera um filho?

- Você está com sede? Beba um pouco de água - ele me estende uma outra garrafa.

Incapaz de falar algo, pego a garrafa e bebo um pouco de água.

Ouvimos novamente barulhos e meu olhar desvia para as varas de pescar. As duas estão balançando.

- Pegamos mais? Vem, puxa a sua! - meu sogro diz.

Pego a vara e puxo a manivela até que o peixe pescado por mim esteja diante dos meus olhos. William também pegou um.

- Pegamos mais dois - sorrio tirando o peixe do anzol e jogando junto com os outros.

- Você está me dando sorte hoje, já percebi isso. Mas como não temos muito tempo, vamos jogar a rede agora - ele avisa - depois vamos pra casa.

Sigo as suas instruções e jogamos a rede na água. Me sento novamente quando o pai da minha mulher liga o motor do barco e começamos a navegar.

- Sabe, eu amo isso aqui - ele diz chamando a minha atenção - água. Amava vir pescar todos os dias quando a Kylie era menor. Sempre trazia ela, mas ela não gostou muito de ficar fedendo a peixe toda vez - ele dá risada e eu rio junto - mas eu gosto. Lembro que teve uma vez que ela ficou tão chateada que prometeu me dar um iate com pescadores profissionais, assim poderíamos ficar longe da água e não íamos precisar pescar os peixes nós mesmos.

- Não imagino a Kylie falando isso - falo rindo.

- Ela amadureceu muito rápido, mas era uma criança de imaginação fértil. Quando ela ia pra fazenda da avó, ela gostava de fingir que era uma fazendeira, mas tentou tirar leite de um boi ao invés de uma vaca. Depois correu para os meus braços porque o boi correu atrás dela - ele fala e eu rio ainda mais.

Por que ela não me conta essas coisas? São ótimas histórias.

- Ela parece ter sido uma criança sapeca - mordo o lábio.

- E foi. Se envolveu em muitas intrigas mas nunca me deu trabalho. Sempre foi uma ótima filha - ele olha para o mar em volta - e você?

- Eu o que? - pergunto confuso.

- Já amadureceu ou agora você é o filho que vai me dar trabalho?

Dou um sorriso de lado.

- Acho que também já amadureci, mas vou dar trabalho mesmo assim. Sabendo disso, você ainda está disposto a me ter na família?

Ele faz uma cara pensativa.

- Claro que sim! A minha vida estava muito calma, de qualquer maneira.

Dou risada. Gosto muito dele.

- Não vamos levar pra casa? - pergunto quando vejo meu sogro voltar para o carro sem nada nas mãos.

- Se eu chegar com isso em casa, minha esposa me mata - ele ri - e a você também.

Acabo por rir também.

- Por que?

- Ela não gosta muito que eu venha pescar porque a casa fica fedendo o dia inteiro - ele entra no carro e eu ligo o veículo - ela vai me colocar pra fora de casa.

Já vimos que a mulher dele também manda na relação.

- Então não vamos poder entrar em casa agora?

- Exatamente. Vamos tomar banho do lado de fora e depois entramos. Acho que até a Kylie te mata se te ver nesse estado.

Ela já gosta de falar do meu cheiro. Se me ver assim, vai mandar eu tomar banho umas cinco vezes seguidas.

Dirijo de volta pra casa da família da minha mulher e estaciono o carro do meu sogro no mesmo lugar de antes. Nós dois saímos do mesmo.

- Acho que é melhor cortar logo o cabelo antes do banho, o que acha? - sugiro.

- E quem vai pegar a máquina e a tesoura lá dentro?

Realmente.

- Será que a Kylie não traz? Posso pedir pra ela isso - pergunto.

- Se ela não deixar a mãe dela saber, ótimo.

Rio pegando meu celular na minha mochila e ligo pra Kylie. Ela atende depois de um tempinho.

- Oi?

- Amor, faz um favor para o seu pai? - mordo o lábio - pega uma tesoura e a máquina de cortar cabelo dele, por favor.

- Tudo bem, mas porque vocês não pegam?

- Ele disse que se entrar assim, vai ser expulso de casa.

- Vocês foram pescar, não é?

Sorrio de lado.

- Sim.

- Vou procurar e te entrego aí fora.

- Obrigado, gatinha - desligo a ligação.

- Por isso que eu amo a minha filhinha! - ele sorri - você gostou de pescar hoje?

- Gostei sim - assinto - é melhor do que eu imaginava. O senhor vai lá sempre?

- Não, eu parei porque não tenho mais ninguém pra ir comigo. Me aproveitei que você veio nos visitar hoje e te arrastei pra lá - ele ri.

- Foi uma ótima experiência. Sempre que eu puder ir, pode contar comigo. Vou adorar fazer isso mais vezes - sorrio pra ele.

- Vocês estão horríveis - ouço a voz feminina e vejo a minha mulher sair de dentro da casa.

- É assim que você fala com seu pai e seu marido? - o pai dela cruza os braços.

Marido.

- Estou apenas citando fatos - ela se aproxima e me entrega uma caixa - vai cortar o cabelo, pai?

- Vou sim, Zayn deu a ideia e eu confiei nele pra isso - ele se senta em uma das cadeiras que tem aqui fora.

- Qual corte você vai fazer, amor? - Kylie me olha.

- Ainda não sei, mas vou deixar baixo. Esse cabelo longo faz muito calor - pego a tesoura na caixa e me aproximo do meu sogro.

- Vocês estão fedendo tanto... - ela faz careta e eu dou risada.

- Quer me dar um abraço?

- Claro que não! Mas vou assistir você cortando o cabelo dele enquanto mamãe dorme, estou curiosa - ela se senta em uma outra cadeira um pouco afastada de nós.

Pego um pente na caixa, deixo a caixa de lado e me aproximo do homem sentado. Seu cabelo está molhado por conta do mergulho que demos antes de vir pra casa.

Vamos ver no que vai dar.

Depois de alguns minutos, acabo de cortar. Fiz um corte moderno onde manti a parte de cima longa, já que ele gosta assim, e só raspei os lados. Prendi a parte longa do cabelo com um elástico, pra finalizar.

- Uau, ficou muito bom! - Kylie sorri.

- É mesmo? Quero ver, então - ele estende a mão.

Entrego meu celular com a câmera frontal aberta e ele vê o seu reflexo.

- Gostou?

- Ficou mesmo muito bom - ele assente - obrigado, Zayn.

- Por nada. O senhor ficou um gato - brinco e ele dá risada se levantando.

- Tomara que você fique assim bonito que nem eu quando tiver a minha idade - ele fala e eu dou risada também.

- Vão logo tomar banho, o fedor está insuportável - Kylie se levanta - vou esquentar a comida pra vocês comerem quando se trocarem.

- Obrigado, gatinha - lhe pisco um olho.

Minha namorada entra na casa e eu sigo o seu pai até a parte dos fundos, onde tem uma mangueira. Ele tira apenas a camisa.

Espero que ele "tome banho" antes de mim.

- Já deixo até um shampoo aqui fora porque ela sempre fala do meu cabelo também - ele diz se inclinando pra pegar um frasco - você também tem que aprender algumas técnicas assim, caso precise um dia. O melhor conselho que te dou, é que você evite qualquer tipo de briga. Ela odeia que eu vá pescar, mas eu vou, então depois eu limpo todos os rastros pra que ela não precise reclamar de nada.

Sorrio.

- Sou um pouco ruim em limpar rastros, mas faço de tudo pra evitar brigas também - mordo o lábio - não gosto de me desentender com ela.

- E você está certo - ele tira a espuma do cabelo com a água da mangueira - nós nascemos para sermos mandados por nossas mulheres. Quanto antes aceitarmos, melhor.

Dou mais risada.

- Concordo completamente. A vida fica muito mais fácil depois que a gente descobre isso.

- Com certeza. Agora vira pra trás, tenho que lavar minha bunda - ele fala e meus olhos arregalam. Viro de costas rapidamente e ouço seu riso - você é engraçado.

- Não é intencional - respondo olhando pro céu.

Depois de um tempo, ele fala pra eu me virar. Tiro a camisa e vejo sua cara se retrair ao olhar pro meu corpo.

Olho pro mesmo lugar e me bato mentalmente. Esqueci que tinha levado um tiro.

- Sua vida é meio agitada, não é?

- Um pouco. Confesso que só ando me machucando por aí - falo pegando a mangueira com ele.

- Agora eu sei porque a Kylie gosta tanto de você - ele analisa o meu corpo - minha mulher também gostava quando eu era assim musculoso. Agora ficou apenas as lembranças.

Não consigo evitar de rir.

- Mas você ainda está em forma, sabia?

- Claro que eu sei. Eu sou bonitão, você não precisa puxar saco - ele aponta pra mim, que continuo rindo - espero que você também fique em forma. Suas tatuagens vão ficar horríveis se você ficar todo mole e pelancudo.

Ele é um cara muito foda.

- Pode deixar, vou tentar evitar que isso acontença - trago a mangueira pra cima da minha cabeça e molho o meu corpo. Fecho os olhos sentindo a sensação maravilhosa de me refrescar.

- Não quero ficar te vendo tomando banho, está ferindo o meu ego. Vou lá dentro me trocar e vou te trazer uma toalha - ele avisa e eu assinto rindo - cuidado com a ferida.

Abro os olhos pra ver o meu sogro se afastar.

Não sei se consigo me acostumar com isso.

》》

- Vocês já conversaram sobre a morte do amigo dela?

Mordo o lábio e encaro o homem ao meu lado.

- Uhum, falamos um pouco sobre isso - assinto.

Kylie chorou mais do que conseguiu falar, mas eu sei tudo o que ela pensa. Ela é totalmente transparente aos meus olhos.

- Você sabe que eles eram amigos a muito tempo, não é?

Assinto.

- Sei sim.

- A minha filha nunca precisou lidar diretamente com nenhuma morte, já que a mãe dela morreu quando ela ainda era um bebê. Kylie é a mulher mais forte que conheço, não sei de onde ela tira tanta força, mas ela não vai saber lidar tão fácil com a perda do Turner - ele me explica e eu o ouço com atenção - desde o começo, Kylie teve apenas duas pessoas que confiaram cem porcento que ela ia chegar onde ela chegou. Eu e Turner. Então ela ainda vai sofrer muito e, talvez, ela nunca supere o que aconteceu. É difícil você perder alguém que foi tão importante e presente na sua vida. Você não acha?

- Sim - assinto outra vez.

- Então você vai ter que ser paciente com ela sobre isso. Ela vai se mudar, vai ter que se adaptar a uma nova equipe, um novo lugar, um novo parceiro... nada disso vai ser fácil. Sei que você vai estar ocupado com suas coisas, mas não negligencie o relacionamento de vocês. Não deixe de cuidar da minha filha.

Sinto o peso e a cobrança em suas palavras.

- Eu não vou.

Ele assente.

- Eu confio em você, Zayn. Sei que você vai cuidar bem dela, por isso não me oponho às decisões dela sobre você. Ela é uma adulta e maior de idade, sabe o que faz. Só espero que vocês dois cuidem bem do outro enquanto estiverem por lá, em um novo ambiente. Eu vou estar sempre aqui para os dois, no que precisarem. Só mantenham a promessa de que vocês vão se cuidar por lá, e eu vou poder ficar tranquilo daqui.

Suspiro.

- Vamos nos cuidar sim. Eu vou dar a minha vida pra cuidar dela, tenha a certeza. Ela é o que eu tenho de mais importante e eu jamais deixaria que algo lhe acontecesse. Vou fazer o impossível pra evitar todas e quais quer situações desagradáveis - falo pra ele - também vou me esforçar pra fazer ela se adaptar por lá. Prometo que vou fazer tudo o que posso e o que não posso pra fazer a Kylie feliz.

Ele me dá um sorriso.

- Estou muito feliz por ouvir isso, de verdade. Mas você também tem que cuidar de você. Sei que você vai proteger a minha filha por lá, mas quem vai te proteger? Você precisa se cuidar também. Cuide bem da sua ferida e da sua alimentação. A sua vida e saúde são tão importantes quanto as dela.

Meus olhos arregalam em surpresa.

"Tão importantes quanto as dela"?

Estou começando a me incomodar com isso. Minhas mãos começam a tremer, assim como meu corpo, e meus olhos marejam.

- Por que você cuida de mim? - pergunto, antes que eu me dê conta.

- O que? - ele pergunta confuso.

- Por que você pergunta se estou bem, se estou com sede, com fome, com dor... - falo com a voz trêmula e olhos cheios de lágrimas. Brinco com meu anel em um ato de nervosismo - por que você pede pra eu me cuidar? Fala que a minha saúde é importante? Por que você cuida tanto de mim?

Ele me observa, surpreso.

- Porque você também é muito importante, Zayn - ele diz normalmente.

Isso me incomoda ainda mais.

- Por que eu sou muito importante? - giro os anéis nos meus dedos e balanço minhas pernas em ansiedade - nem o meu pai ligava tanto pra como eu me sinto. Por você você se importa?

- O seu pai não soube te dar valor como filho, é por isso. Você é importante, Zayn. Você precisa comer bem, se alimentar bem, estar bem. Você é um ser humano, como qualquer outro, que precisa de cuidados. Eu quero que você se cuide porque saber que você está machucado ou doente vai me preocupar. Se você não comer bem, eu vou me preocupar. Se você sentir dor, eu vou me preocupar. Qualquer coisa que afetar você, vai me afetar também.

Respiro fundo tentando me acalmar.

- Por que isso vai te afetar?

- Porque você é da minha família e eu gosto de você - ele fala e eu sinto um aperto no peito - não sei como foi a sua criação e nem como você foi tratado até agora, mas aqui, comigo, na nossa família, vou tratar você da mesma forma que eu trato a minha filha. Você agora é meu filho também, eu sinto tudo o que você sente - ele dá um passo a frente e eu dou um pra trás - a partir de agora, você vai ter uma família pra te apoiar. Vai ter pessoas pra cuidar de você e te ajudar quando você precisar.

Não consigo lidar com isso. Simplesmente não consigo.

Sem conseguir falar nada, sinto o meu peito apertar mais e o ar me falta nos pulmões. Começo a tossir com a falta de ar e trago a mão pro meu pescoço.

- Zayn? O que está acontecendo? - ouço uma voz longe mas não consigo responder.

Minha cabeça gira e, de repente, não consigo pensar mais em nada. Só consigo tossir.

As dores no meu peito se mistura com a dor do tiro que tomei de raspão e eu sinto o meu corpo tremer. Minha cabeça dói demais.

Quando aceito o fato de que vou perder a minha consciência, braços rodeiam meus ombros em um abraço inesperado.

Uma mão massageia as minhas costas calmamente.

Uma tosse forte faz com que o meu corpo vibre ao recuperar a minha respiração e eu sinto o aperto em meu peito diminuir. Tento respirar fundo, aos poucos, tentando me recuperar.

- Vai ficar tudo bem, Zayn. Você vai ficar bem - escuto uma voz baixa - eu estou aqui por você.

Levo um tempo até finalmente me recuperar. Meu sogro se afasta de mim.

- Você está bem?

Estou envergonhado por ter tido uma crise na frente dele. Não queria expor essa vulnerabilidade minha.

- Estou sim, eu... me desculpe por isso - falo baixo.

- Não precisa se desculpar. Vou pegar um pouco de água pra você - ele levanta e sai da sala.

Ainda me sinto tonto com todas as coisas que ele me falou e sei que preciso de tempo pra digerir tudo.

Ele volta com um copo de água e me entrega. Agradeço e bebo tudo calmamente.

Quando finalmente coloco minhas ideias no lugar, olho para o homem que está olhando pra televisão.

- Eu... não sei o que falar. Não estou acostumado com... tudo isso.

- Não precisa falar nada - ele levanta do sofá - já está tarde e eu estou morrendo de sono. Vou dormir e amanhã a gente conversa mais, pode ser?

- Pode sim. Muito obrigado por ter me ajudado com... a crise e tal - mordo o lábio.

- Não agradeça por isso, não precisa. Você também deveria ir descansar, o nosso dia foi cheio - ele me dá um sorriso - até amanhã.

Sorrio de lado e me levanto.

- Até amanhã.

O acompanho para o andar de cima e nos separamos no corredor. Cada um segue pra um quarto.

Entro no quarto da Kylie, fecho a porta e vou até a cama. Me sento.

Respiro fundo tentando entender o dia de hoje e como as coisas estão acontecendo. Eu, obviamente, não estou acostumado com as pessoas cuidando de mim, então isso me incomoda.

Não no sentido negativo, só é difícil de acreditar.

Hoje eu tive alguém cuidando de mim o dia inteiro. Alguém que não tem obrigação nenhuma de me querer bem, e que quase não me vê.

É muito estranho a sensação de ter alguém me apoiando, me ensinando as coisas e preocupado comigo. Sei que ele estava agindo como um pai, e isso é o que me deixa mais confuso com toda a situação.

Eu nunca tive um pai de verdade, então não faço ideia de como é ter um. Não sei como é ter alguém me acompanhando, se preocupando comigo e com minha saúde... não sei como é ser filho de um pai. Não vivi essa experiência.

Ter o pai da Kylie agindo como um pai foi uma experiência nova e ainda estranha pra mim. Não estou dizendo que não gostei, só não sei como eu deveria me sentir diante disso.

- Cheguei, amor - a voz feminina me tira dos meus pensamentos.

Kylie entra no quarto e me dá um sorriso. Ela estava na casa da vizinha com a mãe.

- Oi, gatinha. Como foi lá?

- Muito bom, sentia saudades da galera - ela fecha a porta e começa a tirar a roupa - e como foi com o meu pai?

- Estranho - falo simplesmente.

Ela faz careta.

- Estranho? Como assim?

- O seu pai cuidou de mim hoje e eu não sei lidar com isso. Não estou acostumado, sabe? - mordo o lábio - ter mais alguém perguntando como estou, se estou com dor, se estou bem... eu não sei como lidar com isso.

- Você se sente desconfortável? - ela se aproxima e senta ao meu lado.

Mordo o lábio.

- Acho que sim. Quando estávamos conversando agora, eu meio que me senti sufocado. O seu pai falou que eu deveria me cuidar porque a minha saúde é tão importante quanto a sua. Que a minha vida é tão importante como a sua - me sinto ficar nervoso de novo - como ele pode achar que a merda da minha vida é comparada a sua?

Kylie faz careta.

- Amor, não é assim. A sua vida não é uma merda, não repita mais isso - ela fala séria - sei que pra você é difícil, mas agora você está rodeado de pessoas que te amam e querem o seu bem - ela pega a minha mão - sei que você acha que não é tão importante, e que não merece todo esse amor e cuidado, mas você merece sim. Você não está mais sozinho, Zee. Agora você tem uma família que te acolheu mais rápido do que achei possível.

Balanço minha perna em inquietação.

- Mas... por que?

- Por que você é uma pessoa incrível, meu amor. Eu amo muito você e meus pais sabem disso. Sendo assim, eles também te amam e vão cuidar de você da mesma forma que cuidam de mim porque você agora também é como um filho pra eles.

Um filho.

- Eu... não sei - suspiro.

Kylie percebe que estou nervoso e se inclina pra me dar um abraço. Lhe puxo para o meu colo e abraço o seu corpo.

- Sei que vai levar um tempo pra você se acostumar com isso, mas você precisa entender que você é muito amado. Você merece ser muito amado - ela fala baixo na minha orelha e o meu coração dá um pulo - nós todos vamos continuar cuidando de você, e eu sei que você também vai cuidar bem da gente. Te amo muito, gatinho.

Sorrio e lhe abraço mais apertado.

Amo muito quando ela me chama assim.

- Te amo, gatinha - beijo o seu ombro - obrigado por estar comigo. Já falei isso inúmeras vezes, mas eu nunca vou conseguir entender o que eu fiz pra te merecer. Nunca mesmo.

Kylie nos afasta um pouco e me dá um beijo calmo.

- Também não sei o que fiz pra te merecer - ela sussurra.

Beijo a ponta do seu nariz.

- Eu tive uma crise enquanto falava com o seu pai - falo deixando-a surpresa.

- Uma crise? Como foi? Você está bem?

- Seu pai me abraçou quando percebeu - dou um sorriso de lado - ele não se assustou e conseguiu me acalmar. Me abraçou até que eu me acalmasse.

- Que bom que ele estava com você, amor - ela me abraça outra vez - nunca presenciei nenhuma de suas crises e fico tão mal em saber que você ainda as têm.

Beijo o seu pescoço.

- Ainda bem que você nunca presenciou. Fico envergonhado só de pensar em você ver como eu sou um fraco. E as crises estão bem menos frequentes, não se preocupe.

- Ter crises não é sinal de fraqueza, Zayn. Não fale isso. E não sinta vergonha em compartilhar suas dores comigo, eu posso lidar com tudo junto com você.

Seguro o rosto da minha mulher e dou um beijo demorado em sua testa.

Amo minha gatinha mais que qualquer outra coisa no mundo.

- Tudo bem, meu amor. Me desculpe - roço nossos narizes - vou tentar ver as coisas de uma outra forma. Amo muito você.

Ela sorri e me abraça outra vez.

Depois de um tempo nos abraçando em silêncio, ouço a sua voz.

- Decidi que vou me despedir corretamente do Turner antes de ir pro Canadá.

Nos afasto e a olho. Como assim?

- Se despedir?

》Kylie Jenner

- Uhum. Preciso parar de chorar e finalmente deixar ele ir - ela respira fundo - vou visitar o túmulo que fizeram pra ele, e vou me despedir adequadamente do amigo que ele foi pra mim.

Zayn assente.

- Acho que é uma boa ideia, gatinha. Se vai te fazer se sentir melhor, você deveria ir mesmo.

Max e eu conversamos sobre isso e decidimos que íamos nos despedir. O Zayn ainda é tão assombrado com o seu passado porque nunca deixou seus pais e seus traumas irem, nós não queremos isso.

- Obrigada por me entender, Zee - sorrio de lado - estou precisando mesmo tirar esse peso das minhas costas.

- Vou te apoiar em qualquer coisa que você queira fazer, meu amor. Vou apoiar ainda mais se você quiser deitar aqui e dormir agarradinha comigo.

Sorrio mais ainda.

O amo tanto

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