O sol já estava partindo e junto, a paciência de Jimin. O ruivo se perdia nas voltas que já tinha feito no chão da sala, sendo acompanhado pelo olhar cerrado de Stella.
Nem Taehyung, Jungkook e muito menos Hoseok tinham aparecido, e tanto Jimin como Stella estava entrando em um desespero interno à cada minuto que se passava. A única diferença, era que apenas Jimin sabia o que realmente estava acontecendo, já Stella, se agoniava por não saber de nada e por não ter notícias dos três desaparecidos.
― Vai fazer o buraco no chão da sala, Jiminne. ― Stella disse.
― Como a senhora parece tão calma? ― ele finalmente parou de andar e olhou para Stella.
― Bom, de desesperado já basta você, o meu desespero eu guardo para mim. O caos seria maior se fosse nós dois enlouquecendo, e outra, eu não sei a gravidade do problema, eu não sei de nada. Não sei o quanto devo me preocupar, não sei se dou a louca e saio daqui para ir atrás de notícias por não saber de porra nenhuma. E justamente por não saber de nada, eu fico quieta, confiando que uma hora ou outra aqueles meninos vão passar por esta porta e me explicar o caralhos está acontecendo.
― A senhora está bem estressada.
― Bem notado.
Jimin suspirou, foi até onde estava Stella e sentou-se ao lado da mulher. Ao reparar com atenção, notou que Stella apertava a barra da blusa que usava. Era algo que já tinha visto Jungkook fazer quando estava nervoso e por isso, não conseguiu evitar um sorrisinho. Era adorável a forma que Jungkook e Stella eram parecidos em certas coisas.
Após mais alguns minutos, foi o estopim para Stella. A mulher suspirou e levantou-se do sofá, caminhando até a porta de maneira rápida e mais decidida do que nunca.
― Onde a senhora vai?! ― Jimin não perdeu tempo e foi atrás de Stella.
― Vou atrás de notícias, se elas não vem até mim, eu vou até elas.
A lua já era visível no céu escuro e com pouquíssimas estrelas. Porém no foi motivo para fazer Stella desistir, e Jimin não teve coragem de ir contra a decisão da mulher, afinal, com o tempo que tinha se passado, até ele estava ansioso por notícias.
― Entra, Ji. ― Stella destrancou o carro com a chave, enquanto abria o portão.
Jimin assentiu e entrou no carro, ficando no banco da frente e logo observando Stella entrar também um tanto séria.
O som de notificação do celular de Jimin restrugiu e o ruivo não deixou passar mais nenhum segundo quando pegou o aparelho de maneira afobada, pensando ser alguma notícia de Jungkook ou dos meninos.
Bom, era Hoseok. Isso acabou tranquilizando uma boa parte da preocupação de Jimin.
||Hobinho🎭☀️: Ei Ji [19:54]
||Hobinho🎭☀️: Só queria te avisar que eu e o Tae estamos vivos [19:54]
||Hobinho🎭☀️: Tae está reclamando de uma dor no braço, a gente vai ver se está tudo certinho no médico depois [19:54]
||Hobinho🎭☀️: Mudando de assunto, estamos em casa já, mas o Jungkook ainda não voltou, ele pode aparecer na praia a qualquer momento, de acordo com a avó maluquinha do Tae [19:55]
||Hobinho🎭☀️: Fica de olho por favor, ele não está bem... e me dê notícias depois [19:55]
||Hobinho🎭☀️: Amo você [19:55]
As últimas mensagem arrancou um suspiro pesado de Jimin. Ele respondeu a mensagem, reparando que suas mãos tremiam tanto que mal conseguia apertar nas teclas. Com a mensagem respondida, a tela do celular foi bloqueada de novo e o aparelho foi jogado na abertura da lateral da porta.
― O Hoseok e o Tae já estão em casa, mas disseram que o Jungkook ainda está... para chegar. ― parecia difícil conversar com alguém que ainda não sabia 100% do assunto, mas que iria saber logo mais. Mas ainda sim, Jimin tentava ser cuidadoso com as palavras que usava.
― Chegar? Da onde? ― ela perguntou, sem olhar de fato para o ruivo ali ao lado, já que sua atenção estava focada na rua parada pela qual passavam.
― Do mar.
― Do mar? Essa hora? Por quê?
Jimin não soube o que responder e isso já bastou para fazer Stella afirmar e não insistir mais.
Quando chegaram na praia, Jimin desceu primeiro e correu para a região que normalmente esperava Jungkook retornar de algum passeio no mar. Stella foi atrás só que de maneira mais calma, reparando a certa bagunça na praia por conta do evento de mais cedo ― que não chegou a ser concretizado devido a uma tempestade totalmente inesperada. As ondas tinham ficado violentas demais, nenhum surfista em sã consciência se arriscaria.
Jimin agora passava as mãos entre os fios alaranjados enquanto mantinha-se concentrado no mar e nas ondas. Stella se intrigou com o ruivo olhando especificamente para o mar, mas depois de ver e ouvir tantas coisas fora do comum naquele dia, aquilo não era nada.
Ela olhou para os lados e se sentou em uma das pedras ali próximas, abraçando o próprio corpo por causa do vento gelado. Stella se poupou de tentar organizar a zona que estava seus pensamentos, do contrário, ela só teria mais perguntas então focou em tentar se distrair daquele momento caótico e preocupante, focando nas ondas também.
Apesar do desespero por falta de notícias do filho, Stella permitiu-se esvaziar um pouco a mente daquele caos, fechando os olhos e desfrutando do barulho das ondas, que de certa forma lhe traziam tranquilidades e memórias muito boas, como de sua infância correndo na beira do mar pulando as ondas, de sua adolescência sentada na areia fazendo desenhos, do primeiro amor, os incontáveis momentos que passou ao lado de Jungkook naquele lugar.
Não estaria mentindo se dissesse que os melhores momentos de sua vida foram naquela praia.
Ela abriu os olhos, sentindo-se bem melhor do antes, claro que isso não anulava a preocupação que estava sentindo em relação á Jungkook, mas durante aquele curto tempo em silêncio, já tinha ajudado em algo e evitado um possível surto no futuro.
E foi reparando as ondas quando seus olhos capturaram bem brevemente uma movimentação estranha entre as águas. Stella se levantou com calma e caminhou para perto de Jimin, ainda prestando atenção no mar. Tinha total certeza de que não era sua mente lhe pregando uma peça quando Jungkook saiu da água dando menos de três passos antes de cair novamente e afundar, quase próximo da praia.
Stella arregalou os olhos, expulsou os chinelos dos pés antes de entrar no mar sem nem pensar duas vezes. Jimin seguiu logo atrás da mulher, também desesperado e em busca do namorado. Stella foi quem encontrou o loiro quando mergulhou e agarrou o corpo do último citado, o puxando para saírem dali.
Jimin se aproximou passando seus braços para poder abraçar Jungkook também, ajudando Stella a tirar o aloirado dali enquanto este resmungava coisas indecifráveis.
― Jungkook?! Fala comigo meu bem! Está respirando?! ― Stella ajudava Jimin a repousar o corpo de Jungkook sobre a areia, escorado em uma das pedras ali.
― Estou respirando... só não aperta, está doendo muito... ― respondeu em um timbre fraco. Suas expressões deixavam visíveis que suas palavras não mentiam em relação as dores.
― O que está doendo?! ― Jimin perguntou.
― Tudo... dói tudo.
Stella tremia pelo frio assim como Jimin, mas aquilo era o de menos naquele momento, ambos se concentravam em Jungkook, em tentar ajudar o loiro de certa forma.
Jungkook respirou fundo e esforçou-se para conseguir se ajeitar sentado na areia e escorar na pedra. Ele finalmente abriu os olhos, e um alívio tomou conta de si ao ver os rostos de Stella e Jimin.
― Pode não parecer, mas estou tão feliz em ver vocês... ― Jungkook disse, em meio as caretas doloridas.
― Também estamos felizes em ver você, e vivo. ― Jimin respondeu com um sorrisinho e deixou um carinho no queixo do namorado, reparando este soltar um simples e enfraquecido sorriso.
Jungkook encarou sua mãe, notando que a mulher parecia aflita por muitos motivos ao mesmo tempo, por isso suspirou, decido que era preciso contar a verdade.
― Você deve estar esperando muitas explicações minhas, não é dona Stella? ― perguntou com o mesmo sorriso fraco.
― Não precisa me dizer nada agora, eu só quero que você fique bem. É só isso que importa agora. ― ela gesticulou rápido, expondo sua preocupação ao passar as duas mãos sobre o rosto de Jungkook.
― Eu vou ficar bem, pode não ser de imediato agora, mas vou ficar. Eu preciso te contar isso agora, então senta porque o baque é grande.
Stella fez como foi pedido e sentou-se no chão, pouco se importando com a areia grudando em sua pele e nas vestes molhadas. Ela se encolheu, abraçando o próprio corpo por conta do frio.
― Não seria melhor vocês conversarem sobre isso... sozinhos? Eu posso ir embora. ―Jimin disse, um pouco incerto.
― Não, fica pequena praga, por favor. ― Jungkook pediu, segurando uma das mãos do ruivo e logo se arrependendo do movimento brusco. ― Eu te quero aqui e está tarde, eu nunca te deixaria ir embora sozinho numa hora dessas, enlouqueceu?
― Mesmo sem condições de fazer algo, você ainda se preocupa com isso, sendo que quem claramente precisa de ajuda é você? ― Jimin acabou rindo.
― Mesmo se eu estivesse morrendo, eu me preocuparia com você, eu te amo oras!
Jimin afirmou e beijou a bochecha de Jungkook antes de sentar-se ali ao lado. Stella estava sorrindo sem mostrar os dentes enquanto analisava os dois. A atenção de Jungkook retornou para Stella e um silêncio instalou-se durante breves segundos antes do loiro soltar um riso soprado.
― Lembra de que te disse que envolvia algo sobrenatural? ― ele não sabia bem por onde começar, mas precisava começar de algum lugar.
― Sim, eu me lembro.
― E se não fosse apenas modo de dizer? Tipo, sem metáforas.
― Envolvendo algo sobrenatural mesmo? ― ela perguntou confusa.
― Uhum... Você acreditaria em mim?
― Seria mentira?
― De forma alguma.
― Então tentaria acreditar, mesmo não tendo muita crença em coisas sobrenaturais.
Jungkook sorriu e afirmou antes de prosseguir:
― Então acreditaria se eu dissesse que no dia que descobri de você e da Annie, eu sai de casa e vim para esta praia, entrei no mar, fui atingido por um raio vermelho, me afoguei e não morri?
Stella piscou após alguns segundos imóvel. Ela estava tão perdida.
Notando isto, Jungkook sorriu e ergueu uma de suas mãos, a repousando sobre o braço de sua mãe. Automaticamente a água nas roupas e na pele da mulher, foram evaporando em segundos, até que Stella estivesse igual antes de entrar no mar; completamente seca, desde os fios de cabelos até suas roupas.
Ela abriu a boca, totalmente pasma. Jungkook ficou receoso de alguma reação negativa, mas ela não veio. Stella tateava seus próprios braços, seus cabelos e seu rosto, ainda em choque, incapaz de conseguir dizer algo quando olhou novamente para Jungkook.
― Não é feitiçaria, antes que pergunte. ― Jungkook apressou-se, rindo com a suposta pergunta de sua mãe. ― É algo meu, é parte de mim... Eu só fui de fato descobrir e notar isso hoje. ― suspirou. ― Bom, vamos do começo: Sereias e tritões existem e eu sei que parece absurdo dizer isso, mas é a verdade. Um pouco distante daqui, tem uma ilha, onde o cardume mora, eles não costumam vir muito para cá para não se arriscarem e alguém acabar descobrindo, mas acaba acontecendo. E bem, adivinha? Meu-... o Bruce foi o mais bonito que os outros que fez o favor de sair do cardume para vir para cá. O porquê e como isso aconteceu, eu ainda vou descobrir, mas é questão é que: Ele é um tritão e você se envolveu com ele.
― O Bruce-... O QUÊ?! ― Stella sentia que sua mente tinha dado bug.
― Você se envolveu com um tritão sem saber e teve um filho com ele. Um filho metade humano e metade tritão, mestiço. Ele mentiu para você sobre isso, mentiu para mim e de alguma forma, conseguiu me esconder isso. Eu ainda estou buscando outras respostas para questões que estão em aberto, então eu talvez não saiba responder muito sobre a questão do Bruce ser um tritão e de como ele veio parar aqui e porquê.
― Meu Deus... eu não sei o que dizer.. E-eu estou muito-... eu não sei como estou! ― ela expressou impaciente com si mesma. ― Sereias e tritões existem... e me casei com uma dessas criaturas que eu jurava que só existiam em lendas, e tive um filho com poderes de sereia... okay, eu devo ter engolido água do mar.
― No dia em que a gente brigou, eu vim para a praia e como eu disse anteriormente, acabei me envolvendo em uma tempestade e fui atingido por um maldito raio vermelho. Eu não sei ainda, mas antes eu achava que isso que tinha me dado uma cauda e poderes, mas agora... eu não tenho essa certeza. Desde aquele dia, eu venho lidando com situações agitadas, eu mudei muitas coisas por causa desse ocorrido, minha forma de pensar, hábitos, rotina...eu conheci pessoas... ― olhou para Jimin, e o ruivo sorriu. ― No fim, teve seu lado positivo. Eu não quis te contar no começo porque... eu não queria te envolver e te complicar do mesmo jeito que eu já sentia que eu estava.
― Então... sua aproximação com o Jimin...? Foi depois da nossa briga, tem ligação?
― Óbvio, essa praga acabou descobrindo e fez chantagem. ― Jungkook respondeu e escutou uma risadinha da parte de Jimin.
Jungkook aproveitou para puxar o corpo de Jimin para perto do seu, enquanto secava a água presa nas roupas, na pele e nos cabelos do ruivo. Jimin fechou os olhos, aproveitando o calor quente, abraçando cuidadosamente o namorado.
― Então era isso que estava te incomodando... ― Stella finalmente parecia começar a compreender. ― Isso explica as atitudes estranhas e as mentiras do seu pai.
― Aquele homem não é mais o meu pai...
― Hm? ― Stella tombou a cabeça para o lado.
― O meu pai, aquele que se importava comigo e que parecia ser alguém com um pouco de juízo, ficou lá no passado, ele morreu lá. O de agora, não é o meu pai. Eu não aceito mais chamar aquele homem assim depois dele quase me matar incontáveis vezes, tirar vidas de vários tritões e sereias e ser um puta desgraçado que quase matou o meu melhor amigo.
― COMO É?! O sumiço do Hoseok-...
― Exato, foi esse infeliz. Lembra daquela vez que estava chovendo, a Annie e o Taehy dormiram lá em casa e eu tive uma crise? ― Stella afirmou em concordância, e então Jungkook prosseguiu: ― Culpa daquele homem. O raio que eu disse que me atingiu, foi ele e de quebra me deixou uma maldição que me infernizava só de escutar um simples trovão. Ele mentiu 'pra mim, me enganou, me traiu da maneira mais cruel...
Os olhos de Jungkook brilhavam por causa das lágrimas, mas nenhuma chegava a cair.
― Ele prejudicou o mar também, e as coisas só se resolveriam se a alguém parasse ele. Então foi ai que eu conheci o Tae, e sim, o Taehyung é um tritão.
― O Taehyung-... na verdade isso explica muito sobre o comportamento dele. ― Stella disse um pouco pensativa.
― O pai do Tae morreu por culpa do desgraçado assassino. Todo mundo do cardume estava com medo e o Taehyung foi o único que de fato tomou uma iniciativa para tentar reverter as coisas. Ele veio para terra e eu, o Hoseok e depois o Ji, aceitamos entrar nessa e ir procurar as peças de um tridente que ajudaria a parar o Bruce, ou como achávamos que ele se chamava: Storm.
― Eu estou tão horrorizada com o nível de crueldade desse... como ele teve a coragem de fazer essas coisas?! De te prejudicar, te machucar... eu sabia, eu sabia que ele não era confiável! Nossa que ódio! Sorte dele que ele não está aqui, se não eu o mataria com as minhas próprias mãos, desgraçado, infeliz e podre!
― Fomos atrás dele hoje, por isso demoramos, o Hoseok estava preso em uma caverna enchendo de água e ele estava a solta querendo o tridente que a gente montou. O Tae foi ajudar o Hoseok e eu fui atrás do Bruce. A gente brigou muito feio, fui atingido pelo raio umas duas vezes e por isso não consigo nem sequer me virar sem sentir todo meu corpo queimar. Com muito custo, eu felizmente não morri e consegui tirar o tridente das mãos dele e os poderes. Se tudo saiu como planejado, ele está preso em uma das cavernas apropriadas da ilha.
Stella encarava as próprias mãos, em silêncio.
― Mãe? ― Jungkook chamou, um pouco preocupado.
― Hm? ― ela voltou a olhar para os olhos do filho.
― Pode parecer uma pergunta boba, muito boba na verdade, mas é que... ― Jungkook apertou os lábios, prensando os piercings. ― sabendo de tudo agora, sabendo o que eu sou... você-...
― Se eu amo você? ― ela perguntou e soltou um riso soprado assim que teve a confirmação de Jungkook. ― Jun, eu te amaria mesmo se você fosse um unicórnio, uma fada, um elfo, enfim... você é o meu filho! Foram noves meses carregando você no meu ventre, sofrendo com os chutes nada leves que você me dava, agora me pergunto se não era uma cauda... ― os três riram. ― Você é o meu garotinho, que eu amei desde o segundo que soube da sua existência e chorei de alegria. Eu te disse a mesma coisa quando você se assumiu gay e volto a repetir: eu amo você do jeito que você é, vou estar do seu lado independentemente das suas escolhas.
Jungkook afirmou ainda apertando lábios contendo um sorriso e apertando os olhos quando uma lágrima caiu. Stella se aproximou e abraçou o loiro também, sentindo os braços deste rodearem sua cintura, enquanto grunhidos de dor escapavam dos lábios de Jungkook.
― Eu amo você, muitão também. ― ele respondeu após alguns segundos.
― Vamos para casa agora? Você vai contando os detalhes depois, precisamos sair desse frio. ― ela disse.
― Antes, eu quero ir ver o Hoseok, não dá para esperar até a amanhã. ― Jungkook devolveu decido.
― Nem adianta ir contra ele, vai ser perca de tempo, e evitaremos uma cena de drama se atendermos o pedido desse peixinho logo. ― Jimin disse.
― Agora sei o porquê chama ele de peixinho... ― Stella comentou sorridente, na medida que ajudava Jungkook a se colocar de pé. ― Podemos passar na casa do Hoseok então.
― Depois me deixem na minha, por favor. ― o ruivo pediu e Jungkook o encarou rápido.
― Você não vai dormir comigo?!
― Vida, você está todo... complicado. Precisa de mais espaço, sem ter alguém te apertando em um abraço. Fora que o dia foi cheio, você precisa descansar.
― Que espaço o quê! Eu preciso é de você! Sério, eu não acredito que você vai me abandonar agora, quando eu mais preciso de você!
― Jungkook, eu não vou-...
― Então vai dormir comigo?
― Eu não disse isso.
― Então vai me abandonar.
Jimin passou a mão livre no rosto, respirando fundo e escutando a risada de Stella.
― Sério Jungkook, por que você é assim? ― suspirou, contendo uma risada.
― Isso seria um "sim, vida, eu vou dormir com você"?
― Parece que sim...
― Eu amo você. ― Jungkook sorriu fraco por causa das dores e esticou-se para beijar a bochecha do ruivo.
Jimin encarou o namorado, tentando manter a expressão séria mas logo falhou miseravelmente quando sorriu e sussurrou um "eu também amo você".
🌴🌴🌴
― Inferno!
Hoseok surpreendeu-se ao ouvir tal palavra sair da boca de Taehyung, mas não repreendeu o avermelhado. Julgando pelas expressões de Taehyung, a situação do braço parecia realmente complicada.
― Eu acho que a coisa é mais séria do que pensei, vou chamar o painho para irmos ao médico. ― Hoseok disse, ao se levantar para ir até a porta.
― Agora?! Já está de noite! ― Taehyung proferiu, um tanto de mau humorado.
― Hospitais ficam abertos vinte e quatro horas, Tae. E eu realmente estou preocupado, é melhor vermos isso depressa. Você pode ter tido alguma fratura no braço, isso é sério.
― E se cortarem meu braço?! Eu sei que médicos fazem isso, eu vi em "Grey's Anatomy"!
Hoseok riu.
― Tae, as vezes é necessário, e como você mesmo viu na série, o paciente está sempre inconsciente, não sente nada... com algumas exceções, mas o ponto é: Eu não acho que seu caso seja algo que leve a uma cirurgia, é apenas um palpite, só vamos saber realmente quando formos ao médico e outra, se for caso de cirurgia, é melhor encarar isso do que viver com algo sério no braço que acabe te prejudicando ainda mais no futuro.
Taehyung se ajeitou sobre a cama com dificuldade, fazendo um bico nos lábios.
― Eu tenho medo... várias pessoas morrem na sala quando o médico vai cortar elas...
― Você não vai morrer, meu amor! Nem sabemos o que de fato aconteceu com o seu braço, sem pensamentos negativos, hm? Vai dar tudo certo, você vai ver.
― Você não vai sair do meu ladinho, não é?
Hoseok apertou os lábios e fechou os olhos, contendo uma risadinha e um possível ataque de amor. Poxa, que tritão fofo!
― Não, eu não vou sair do seu ladinho. ― assegurou e deu uma breve pausa antes de prosseguir dizendo: ― Sabe, você todo fofo assim, com medo de ir ao médico, nem parece o mesmo tritão que empurrou 'pra longe uma rocha enorme, ou o tritão foda que é líder de um cardume.
― Eu não tenho medo de ir ao médico!
― Medo de morrer?
― Muito menos.
― Mas você disse que tem medo oras! Eu não ouvi errado. ― Hoseok cruzou os braços.
― Sim, eu disse. Mas o contexto é outro, eu tenho medo de não ver você de novo. ― explicou. ― Você é a melhor coisa que já me aconteceu, e eu acredito que a gente ainda tem muita coisa 'pra viver juntos. Ainda tem muitas coisas nesse mundo que eu pretendo descobrir e aprender com você.
― A gente vai viver muitas coisas juntos, acredite, meu bem. ― Hoseok sorriu, sentindo seu coração palpitar forte. ― E a gente vai ao médico, se quiete ai que eu já volto!
Hoseok saiu do quarto, escutando os resmungos de Taehyung. Ele caminhou pelo pequeno corredor até chegar nas escadas, por onde desceu enquanto analisava os machucados das próprias mãos. Estavam feios, não dava para discordar, mas pelo menos não doíam mais como antes.
― Painho? ― Hoseok chamou por Julian, assim que se aproximou do sofá da sala.
Julian rapidamente deixou de dar atenção para o programa da TV, para olhar o filho que estava atrás do sofá lhe encarando.
― Está tudo bem, filhote? ― ele perguntou.
― Não muito, o Tae está reclamando muito da dor no braço, eu acho que pode ser mais sério do que a gente pensou. Não podemos ir ao médico agora? Me preocupo que acabe sendo tarde depois...
― Claro, vamos agora. ― Julian pegou o controle, desligando a TV e se colocando de pé logo em seguida. ― Eu vou chamar a sua mãe no quarto, ela com certeza vai querer ir.
Hoseok afirmou e sorriu murmurando um "obrigado", na medida que assistia seu pai subir as escadas com pressa. Ao se virar para voltar para o quarto e ajudar Taehyung a se preparar, escutou o barulho da campainha ressoar pela residência.
Ele caminhou rápido até a porta e a abriu. Não teve tempo de formular algo para dizer, pois foi totalmente pego de surpresa quando sentiu um impacto de outro corpo contra o seu e os braços alheios lhe apertarem em um abraço forte.
― Jun... ― Hoseok finalmente conseguiu dizer e sorriu, abraçando o amigo.
― Meu Deus, você está bem... ― Jungkook sorriu alegre e afundou o rosto na curva do pescoço de Hoseok. ― Eu precisava te ver, te abraçar. Eu fiquei tão aflito com tudo aquilo, eu achei que iria te perder para sempre.
― Ei, calma, está tudo bem agora. ― Hoseok emitiu em um tom mais calmo e acariciou as costas de Jungkook, com a ponta de seus dedos.
― Me desculpa... ― Jungkook se afastou para encarar o melhor amigo. ― Nada disso teria acontecido se eu tivesse notado antes quem de fato era o... você sabe. Você não tinha que ter passado por nada disso.
― Você não tem que se desculpar, Jun! Não foi sua culpa, está bem? ― Hoseok segurou os dois ombros de Jungkook. ― E pare de pensar essas coisas negativas, você salvou todo mundo, porra! Você é foda! Então nem pense em ficar carregando uma culpa que não te pertence.
― Mas você está bem mesmo? Não se machucou? Quebrou algo? ― Jungkook analisava Hoseok.
― Só minhas mãos que estão um pouco esfoladas, mas já sara, hm? Não se preocupe. Mas você não me parece bem...
― É só dor no corpo, a coisa foi feia, mas estou inteiro. ― Jungkook sorriu fraco. ― E o Tae?
― Estamos de saída para ir ao médico agora, ele está reclamando de uma dor no braço incômoda. Eu fico preocupado de ser algo sério, então pedi para meu pai levar a gente lá agora.
― Meu Deus, o que aconteceu?!
― É complicado explicar agora, acredito que você também tem muita coisa para contar, mas vamos ter que deixar para depois mesmo. Amanhã se der certo, vou na sua casa para te ver, tudo bem?
― Está certo, diz ao Tae que mandei um abraço e que desejei melhoras. Eu vou indo, minha mãe e o Ji estão esperando no carro.
― Oh... ― Hoseok se esticou para o lado e acenou para os outros dois no carro. ― Diz que mandei um beijo. Eu te mando mensagem mais tarde quando chegarmos no médico, okay?
― Faça isso!
Os dois se abraçaram mais uma vez e Jungkook puxou o rosto do amigo para deixar um beijo na bochecha do Jung. Hoseok não reclamou como era de costume, apenas riu e acariciou os fios loiros do amigo.
🌴🌴🌴
O caminho até em casa foi tranquilo, com exceção das reclamações constantes de Jungkook. Mas era compreensível. Stella questionou com insistência sobre irem no médico também, mas Jungkook alegava que não era necessário, afinal, o médico iria conseguir resolver uma dor causada por um fenômeno sobrenatural?
― Meu amor, você quer comer alguma coisa? ― Stella perguntou assim que abriu a porta e deu espaço para Jimin passar com Jungkook em suas costas, parecendo um coala abraçando o ruivo.
― Só não tem tamanho, mas força... ― Jungkook disse para o namorado e em troca recebendo uma cotovelada fraca, mas que já foi o suficiente para arrancar um gemido dolorido. ― Não quero nada não, mãe, obrigado.
― Vou fazer mesmo assim, você parece acabado, me diz algo que você queira se não escolho eu mesma.
― Está bem, então pode fazer algo fácil e rápido, que não dê muito trabalho 'pra você.
― Vou ver se acho um peito de frango no congelador. ― ela disse na medida que se afastava indo para a cozinha.
― Peito de frango? Eu disse algo fácil! ― as reclamações de Jungkook foram simplesmente ignoradas quando Stella passou a cantarolar uma música enquanto pegava algumas panelas no armário da cozinha. ― Eu posso subir as escadas, pequena praga, me coloca no chão.
― Não. ― respondeu antes de começar a subir as escadas com tranquilidade.
― Mas eu também não estou reclamando. ― Jungkook riu e abraçou mais o ruivo. ― Quero tomar banho, mas também quero deitar para ver se essa dor infernal passa, mas então lembro que também preciso comer.
― Sem problemas, vou te ajudar, você me fez vir ficar com você, agora vai ter que me aguentar.
― Repito, eu não estou reclamando, lindão.
Jimin colocou Jungkook no chão assim que chegaram na porta do banheiro, onde Jungkook se apoiou nas paredes para poder entrar no cômodo fazendo as mesmas sequências de caretas. Jimin foi rápido quando correu para o quarto de Jungkook pegando a toalha do namorado e voltando para ajudar o loiro que prosseguia nas reclamações.
― Não doeu tanto assim quando eu levei um raio pela primeira vez. O pior é eu falando como se isso fosse comum, puta merda! ― Jungkook riu com a própria fala. ― Mas levando em consideração que da primeira vez só foi um, o de agora foi uns dois se eu não me engano...
― Você é tão forte. ― Jimin disse, admirando o namorado com um sorrisinho. ― Quero ver você dizendo que é uma mera sardinha agora.
― Eu mesmo me bato se eu dizer tal coisa! Quase morri hoje, se eu não me orgulhar de mim mesmo depois dessa, é falta de uns tapas na cara.
― Vem cá, deixa eu te ajudar a tirar a roupa para você tomar um banho.
― Tira o colar que está no bolso da minha bermuda, eu coloquei ele ai na pressa 'pra não perder. Eu sabia que na transformação as roupas somem não sei 'pra onde, então achei melhor deixar ele ai. Não sei como não perdi nas transformações que fiz para fugir do... Bruce, e mesmo se perdesse, eu iria revirar todo esse mar para encontrar.
― Bobão, se você perdesse, eu faria outro 'pra você, mais rápido e fácil.
― Mas não iria ser esse! Esse nasceu para fazer par com esse ai no seu pescoço, não pode ter substitutos! Fora que ele tem um valor enorme 'pra mim... Eu olho para ele e lembro de você, do pedido de namoro, entre outras coisas. Enfim, esse é único.
Jimin afirmou sorridente e colocou o colar pendurado no suporte da parede junto com a toalha. Em seguida, se aproximou de Jungkook novamente, pegando na barra da regata do namorado e puxando com cuidado para cima, escutando o loiro soltar outro grunhido dolorido.
― Você está vermelho, como se tivesse pegado sol além da conta. ― Jimin comentou.
― Vê se não tem nenhuma marca que vai me amaldiçoar depois. ― Jungkook se virou para que o namorado examinasse suas costas.
― Hm... aparentemente, não tem nada. Como eu disse, você só está parecendo um camarãozinho.
― Será que eu devo me preocupar com isso?
― Acho que você só se queimou um pouco com o raio, não morreu tostado, mas saiu vermelho. Provável que fique descascando o nariz depois, acontecia muito comigo quando eu era criança. ― Jimin riu
― Ainda bem que disse "criança" no lugar de "pequeno".
― Vai se foder, eu aceitei vir ficar com você e você me humilhando?
― Poxa, não posso zuar sua altura, meu bebê?
― Não... e não me chama assim quando estou tentando ficar sério com você, me quebra muito. ― disse e Jungkook riu. ― Vem 'pra cá, preciso tirar a bermuda.
― Uepá!
― Como se você estivesse em condições de fazer alguma coisa. ― Jimin rolou os olhos, rindo, e terminou de tirar as roupas do namorado. ― Vai, entra no box.
Jungkook fez como foi pedido, esperando o ruivo entrar também.
― Tira sua roupa também, você vai tomar banho mesmo, toma agora então.
― Não, acho melhor não, em todas as vezes que já tomamos banho juntos, não teve um que não aconteceu algo por mais simples que seja, e adivinha? Iniciado por você.
― Ei! Eu vou me comportar, como você mesmo disse, eu não estou em condições de fazer nada.
Jimin suspirou, pensou um pouco e no fim acabou cedendo. Foi rápido ao retirar suas próprias roupas com facilidade, sentindo o olhar de Jungkook acompanhar cada movimento seu com atenção.
― Gostoso 'pra caralho, que homem! ― Jungkook proferiu assim que Jimin retornou ao box e fechou a porta de vidro.
― Agradeço os elogios que fazem minha autoestima subir lá 'pra cima, mas agora deixa eu dar um banho em você logo.
Jungkook repousou as suas mãos cautelosamente na cintura do ruivo, o puxando para perto de seu corpo. Riu fraco ao reparar uma das sobrancelhas de Jimin arqueadas.
― Jeon Jungkook...
― Eu não vou fazer nada, eu só gosto de ter você pertinho de mim.
― Pelado?
― Pelado, com roupa, tanto faz, o que importa é você perto de mim. ― ele deu uma breve pausa antes de voltar a dizer: ― Não estou em condições de fazer muita coisa realmente, mas um beijo não mata ninguém.
― Mata, você não se contenta só com um beijo.
― Porra, falando assim parece que sou um descontrolado. Eu juro que vou me comportar, eu só quero te beijar... ― pediu esperançoso. ― Me beija, por favor, me beija.
Jimin apertou os próprios lábios para segurar uma risadinha, mas aproximou seu rosto o suficiente para juntar seus lábios com os de Jungkook.
O loiro, sentindo falta das mãozinhas do namorado, tateou os braços do ruivo até chegar nas mãos, onde as segurou e as levou para repousarem em seus ombros.
― Eu não quero acabar sendo mais um motivo das suas caretas de dor. ― Jimin sussurrou entre o beijo, tentando retirar suas mãos dos ombros de Jungkook, para evitar tocar demais o loiro e acabar apertando sem querer, mas foi impedido por Jungkook.
― Você não é o motivo das minhas caretas, você é a cura delas e o motivo dos meus sorrisos. ― respondeu antes de prensar seus lábios contra os de Jimin, dando início ao beijo.
Ainda sim, Jimin tentou não apertar muito os ombros de Jungkook, para não acabar causando mais alguma dor incômoda.
― Eu te amo, eu te amo, meu Deus como eu te amo... ― Jungkook emitiu grave ainda próximo do rosto de Jimin, com suas testas unidas e os olhos fechados. ― Hoje eu pensei e tive medo tantas vezes de não conseguir te dizer isso mais...
― Mas você está aqui, e vai poder me dizer isso muitas e muitas vezes ainda, e escutar muitas vezes que eu também te amo demais.
Jungkook sorriu e apoiou seu rosto no ombro de Jimin, sentindo a água do chuveiro cair sobre suas costas.
Com o banho tomado, ambos foram para o quarto de Jungkook, onde Jimin ajudou o loiro a vestir o pijama azul e pegou um outro conjunto de pijama na cor verde, que ficava um pouco mais folgado em si do que em Jungkook.
― Vida... ― Jimin chamou assim que entrou no quarto novamente. ― Sua mãe me deu esse hidratante para passar na sua pele, tira a blusa de novo, melhor... fica só de cueca logo.
― Você acabou de me ajudar a vestir o pijama!
― Eu te ajudo a tirar então, oras! ― se aproximou pacientemente, deixando o frasco de hidrante em cima da cama antes de levar suas mãos até a barra do pijama de Jungkook, para ajuda-lo.
― Quem garante que um hidratante vai ajudar em algo causado por um raio sobrenatural?
― Melhor do que nada, pensa por esse lado.
Jungkook não respondeu, apenas aceitou a ajuda para retirar as vestimentas novamente, até ficar apenas de cueca, como foi pedido pelo ruivo.
― Senta, vou passar em você. ― Jimin avisou, enquanto abria o frasco de hidratante.
― Eu me sinto um neném, com você cuidando assim de mim.
― Osh, você é meu neném. ― riu antes de sentar-se sobre o colchão e colocar um pouco do creme na mão.
― Pequena praga, eu andei pensando-... Caralho! Está gelado! ― proferiu após o susto ao sentir o creme em contato com sua pele.
― O que você iria dizendo? ― ignorou a reclamação do namorado e prosseguiu espalhando o creme nas costas nuas do loiro.
― Bom, eu estava dizendo que, ainda preciso de respostas e olha que droga, acho que só o Bruce tem elas.
― Você está pensando em ir falar com ele?
― Não sei, honestamente? Eu não estou fazendo muita questão de ver ele de novo não, mas eu não posso continuar com essas dúvidas. Eu sinto que não me conheço mais. Ji, você tem noção de que o meu... de que ele é um tritão de verdade? Tipo, de nascença! Logo, eu também sou metade disso, certo?
― É o que parece.
― Mas tem muitas coisas que não se encaixam, sabe? Por exemplo: Como ele veio parar aqui? Por quê? Por que a minha transformação não veio com os meus três anos de idade igual a do carinha do outro time da competição? Eu quero saber porque ele mentiu, eu sei que ele pode muito bem mentir de novo, mas poxa... eu só quero conhecer esse meu lado que foi ocultado de mim.
― Eu entendo perfeitamente, eu também iria querer saber se descobrisse algo do tipo.
― Qual a sua opinião sobre ir ver ele para tentar cessar essas dúvidas infernais?
― Essa decisão deve partir de você, mas na minha humilde opinião, você deveria tirar essa história á limpo. Ele já perdeu tudo mesmo, você é foda, um tritão poderosíssimo e inteligente, eu confio em você e nas suas decisões.
― Eu vou ver isso com calma, no momento, tenho que me recuperar dessas queimaduras e dores e-... poxa... ― fechou os olhos ao sentir as mãozinhas de Jimin massagearem seus ombros.
― Está bom? ― Jimin riu.
― Uhum...
Jimin riu nasal, pegando mais um pouco do hidratante e descendo para o peitoral de Jungkook, espalhando o creme ali também.
― Você ainda não me contou como foi tudo lá com o seu-... com o Bruce. Quero detalhe!
― Oh, certo! ― Jungkook se ajeitou no colchão, preparando-se para começar a relatar o ocorrido para Jimin. ― Encontramos ele na ilha onde o cardume mora, ele estava na parte terrestre esperando a gente. Quando eu vi ele, meu sangue ferveu, eu queria...
― Queria?
― Eu queria matar ele. ― deu uma pausa, seguida por um suspiro. ― Ele só disse onde estava o Hoseok quando o Taehyung entregou o tridente para ele. Depois o Tae foi atrás do Hobi e eu fui atrás do Bruce. Aliás, quando começou a coisa toda do raio, vocês não viram da praia?
― O céu fechou como se uma chuvona estivesse vindo, dava para ouvir apenas trovões distantes, sabe? O Summer Waves foi cancelado quando as ondas começaram a ficar perigosas, ninguém entendeu absolutamente nada porque não tinha nenhuma chuva prevista, se você for ver nas redes sociais depois, o pessoal da faculdade que estava na praia estava falando disso. ― Jimin respondeu.
― O Bruce provocou isso. Inicialmente, eu planejava distrair ele e pegar o tridente fazendo algumas ondas, mas depois que fui pego pelo raio, eu afundei na água e fiquei lá refletindo sobre algumas coisas. Eu não estava com muitas forças mais, meu corpo doía 'pra caralho e foi então que eu percebi que vocês estavam certos; eu sou o peixinho diferente.
― O que você fez? ― uma risada escapou dos lábios de Jimin após sua pergunta.
― Eu realmente sei fazer algumas coisas que, aparentemente outros tritões não fazem. Eu simplesmente aceitei isso e foi ai que tive uma ideia quando olhei para as tatuagens do meu braço. O dragão... ― ergueu o braço, indicando o dragão tatuado. ― ele foi a minha esperança. Juro, Ji... foi surreal ver todas aquelas ondas tomando forma de um dragão de água enorme.
― Você fez um dragão de água?! UM DRAGÃO DE ÁGUA?! PUTA QUE PARIU!
― Eu era tipo o coração dele sabe? Ele obedecia meus comandos e foi assim que eu consegui pegar o tridente de volta. Eu tirei os poderes do Bruce, tanto os do tridente quanto os de nascença. Mas por um momento eu quase perdi o controle, quase matei ele... eu estava com tanto ódio...
― Mas deu tudo certo depois, não é?
― Uhum, ele está preso em uma das cavernas, e vai ficar lá pelo resto da vida.
― E o tridente?
― Está seguro agora, nenhum maluco vai achar ele.
― Você escondeu?
― Eu não, mas um amigo escondeu. ― riu da maneira que se referiu ao mar, igual Helga fez uma vez.
― Você é incrível, sabia? Eu tenho muito orgulho de você. ― Jimin emitiu com um sorriso bobo.
― Os devidos créditos para minha âncora. ― tombou a cabeça para trás para poder encarar o ruivo e sorriu.
Jimin deixou um selinho rápido nos lábios de Jungkook, antes de pedir para o loiro ajeitar novamente a postura e voltar a passar o creme pelo corpo do namorado.
Os dois desceram para a cozinha minutos depois, assim que Jimin terminou de ajudar Jungkook a passar o hidratante. Stella terminava de colocar a mesa e assim que notou a presença dos outros dois no local, sorriu alegre e caminhou rápido até o filho.
― Meu amor... ― ela tocou o rosto de Jungkook. ― como você está se sentindo?
― Bem melhor, eu tenho um namorado e uma mamãe que cuidam muito bem de mim. ― sorriu, puxando a mulher para um abraço junto com Jimin. ― Eu amo vocês!
― Bom, sentem-se! ― Stella beijou o rosto de Jungkook antes de se afastar indo para mesa. ― Eu fiz escondidinho de frango, peguei a receita com a Nina, o que ela faz é maravilhoso, eu espero que o meu tenha ficado pelo menos aceitável.
― Além de uma empresária famosa, uma artista incrível, você também é ótima na cozinha, dona Stella. ― Jungkook não poupou os elogios.
― Obrigada, obrigada! ― ela fez uma reverência de forma brincalhona antes de se sentar. ― Bom, Jun... eu ainda estou digerindo... toda essa coisa... ― ela deu uma pausa ao ver a jarra de suco se movendo sozinha com simples movimento de Jungkook. ― uau!
― A senhora deve ter muitas perguntas ainda, não é? ― Jimin perguntou e pegou a jarra que vinha em sua direção.
― Sim, na verdade eu tenho muitas perguntas, é t-tipo... inacreditável! Você tem poderes e uma... cauda! Aliás, como é sua cauda?! É igual das sereias dos filmes?!
― Sim, e é muito bonita! ― foi Jimin que respondeu. ― Ela é azul, um espetáculo quando o Jungkook está nadando, e tem um brilho lindo na luz, as escamas parecem cristais! Oh, já disse que os olhos dele muda de cor as vezes quando está usando os poderes?
― Fica mais forte dependendo como estou usando os meus poderes, aprendi a controlar isso com o tempo também, afinal, não dá pra ficar andando com olhos azuis reluzentes.
― Você faz coisas levitar? ― ela perguntou, e como resposta teve seu copo levantado junto com a jarra, enquanto o suco era despejado dentro do copo. ― Novamente: Uau! Isso é incrível!
― Bom, a gente ainda tem muito o que conversar... ― Jungkook sorriu fraco. ― O jantar vai ser longo, então acomode-se bem na cadeira, porque vou explicar com detalhes.
― Pois pode começar! ― ela pegou o copo de suco no ar e deu um gole.
🌴🌴🌴
― Eu vou ter que ficar com isso no braço até quando? ― Taehyung resmungou assim que passou pela porta de casa.
― A tipoia vai ajudar na sua recuperação, meu anjo. ― Hoseok explicou. ― Vai ter que usar ela por algum tempinho.
Eles tinham acabado de voltar de hospital e o relógio já marcava 01:20. Tinham levado um pouco mais de tempo por conta de algumas complicações pela falta de documentos de Taehyung. Era outra questão que Hoseok tinha que resolver caso Tae fosse continuar a viver na vida humana também.
Mas para isso, teria que contar com a ajuda de seu pai, e logo, teria que dizer toda a verdade.
― Eu vou para o meu ninho, 'tô mortinha de sono! ― Nina bocejou e se aproximou deixando um beijo na testa de Hoseok e Taehyung. ― Você vem, Julian?
― Estou indo, boa noite meninos! Melhoras Taetae. ― Julian beijou a testa de Hoseok e bagunçou os cabelos de Taehyung.
― Isso incomoda, imagina para dormir?! ― Taehyung suspirou.
― É, mas você deveria parar de reclamar e começar a agradecer. ― Hoseok passou um de seus braços para a cintura de Taehyung, antes de começar a caminhar em direção as escadas. ― Conseguimos sua consulta com o médico com muito custo e seu braço não está quebrado ou com algo mais grave. Você só vai ter que usar essa tipoia por mais algum tempinho para ficar com o bracinho 100% okay, hm?
― Está bem...
Assim que entraram no quarto, Taehyung fechou a porta com um dos pés e puxou Hoseok pela cintura, com sua outra mão livre. O Jung parecia surpreso, mas não dispensou o contato e retribuiu passando seus braços para os ombros do avermelhado.
― Me desculpa por reclamar tanto hoje, é que tudo isso tem mexido com a minha cabeça. ― Taehyung justificou um pouco acanhado. ― Desculpa e, obrigado por ter conseguido resolver a coisa toda do médico com o seu pai.
― Não foi nada. ― sorriu. ― Mas aproveitando que entrou nesse assunto, precisamos ver isso com calma Tae... não vai ser sempre que teremos a sorte de hoje, atualmente para fazer algumas coisas, precisamos de alguns documentos e você não os tem. Se você quiser continuar aqui em terra também e construir uma vida aqui, teremos que resolver isso, o que nos leva a contar toda a verdade para os meus pais.
― Toda a verdade?!
― Sim...
― Mas... e se eles não gostarem?! ― inquiriu preocupado. ― E se passarem a me olhar diferente ou começarem a ter medo de mim? Eu já estou aqui tempo o suficiente para estar ciente de que uma descoberta dessa pode muito bem assustar uma pessoa ao ponto dela levar o caso para as autoridades e eu vou acabar em um laboratório ou um tanque, sendo o centro das atenções de muitas pessoas que tirariam fotos minhas, compartilhariam nas redes sociais, e-...
― Shii.. ― Hoseok colocou um de seus dedos sobre os lábios de Taehyung com cuidado. ― Você precisa parar de ver esses filmes, está mexendo com o seu psicológico. E não, meus pais nunca fariam algo do tipo, certo que seria uma baita surpresa, mas eles gostam demais de você, não te fariam mal algum.
― A gente pode conversar sobre isso depois? Eu preciso pensar...
― Tudo bem, leve o tempo que precisar. ― Hoseok sorriu e beijou Taehyung brevemente. ― Eu vou mandar uma mensagem para Jungkook, acabei me esquecendo de mandar no hospital.
― Uhum, posso dormir aqui com você, não é?
― Claro que pode, desde quando precisa me pedir algo do tipo?
― É que eu posso incomodar, agora que estou com o bracinho ruim...
Hoseok riu pela forma que o outro disse. Não importava o quanto o tempo passasse, Taehyung sempre conseguia surpreender o Jung, sendo o tritão mais adorável do mundo.
― Você não me incomoda, jamais! E eu faço questão de cuidar do meu herói. Eu vou te dar muitos beijos, muito carinho e amor, você vai sarar rapidinho! ― abraçou o namorado, escutando este rir fraco.
― E o cardume? Eu não vou poder voltar por agora, como as coisas vão ficar?
― Eu peço para o Jungkook, quando ele estiver melhor é claro, ir avisar sobre suas condições, para não deixar ninguém preocupado, hm?
― Está bem, obrigado mais um a vez.
Hoseok beijou o pescoço de Taehyung, deixando seu rosto apoiado no ombro do avermelhado enquanto sentia o braço que estava em sua cintura, lhe apertar mais e os dedos longos começarem a acariciar a região de sua cintura.
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#peixinhosurfista
Atrasou, mas chegou! Como vcs estão?? Eu estava com saudades <3
O que acharam do capítulo? Qualquer coisa podem me corrigir se necessário ou fazer críticas construtivas, hm?
Usem a hashtag da fic no twitter para interagirmos lá também, e falando em twitter, quero dizer que algumas peixinhas fizeram um squad para ODT!🥺💙 ainda tem algumas vagas abertas para quem quiser entrar, é só falar com elas na dm do twitter que tá tudo certo, o @ é @/SquadODT.
Eu não vou prometer nada que a próxima atualização apareça no sábado, porque ando um pouco ocupada, hm? Mas vou me esforçar para que aconteça, então até a próxima atualização, tchauu!!💭