Stay With Me - Cartas Esqueci...

Autorstwa Mai-Santos

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Durante um casamento, Miranda, editora de uma revista em Paris, tem uma discussão com seu namorado e acaba en... Więcej

1 - Azuis frios
2 - Castanhos quentes
3 - Escuro fumegante
4 - Gota transparente
5 - Delírios rubros
6 - Azul avelã
7 - Boca rosada
8 - Sob o céu escuro
9 - Véu branco
10 - Luz vermelha
11 - Branca por fora, rosada por dentro
12 - Cristais brilhantes
13 - Envelope azul
14 - Seda preta
15 - Flor do campo rosa
16 - Botão de rosa
17 - Tons de ouro e rosa
18 - Aura flavescente
19 - Rastros vermelhos
20 - Proeminência avermelhada
21 - Memórias cinzas
22 - Lábio avermelhado
23 - Macia e branquinha
24 - Rosas vermelhas
25 - Noite escura
26 - Nada além da espera escura
27 - Devaneios com vinho tinto
28 - Subconsciente obscuro
29 - Traço rosa intenso
30 - Barriga pálida
31 - Lembranças rubras
32 - Despedida preto no branco
33 - Reflexo avermelhado
34 - Choque entre castanho e azul
35 - Lágrimas no rosto vermelho
36 - Rosas dele e dela
37 - Lábios carmesim
38 - Bandeira branca
39 - Ouro sobre azul
40 - Um azul e outro branco
41 - Mamilos cor de coral
42 - Pequeno anjo prateado
43 - A luz da calmaria
45 - Brilhante solitário
46 - Azul da prússia lhe cai bem
47 - Manhã alaranjada

44 - Vestido grego branco

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Autorstwa Mai-Santos

𝕄iranda sentiu um aperto constante brotando de seu útero. Sua barriga parecia endurecida e não era capaz de perceber nenhum movimento interno.

Não conseguia se mover, estava assustada e paralisada.

Andrea sentou-se ao seu lado e tentou parecer calma.

"Você sente dor?" Perguntou a jovem, segurando-lhe as mãos.

"Não. Não é dor. Acho que é uma contração de Braxton Hicks."

"Contração de Brax-... O quê?"

"Braxton Hicks. São contrações falsas. É como se meu útero estivesse treinando para o trabalho de parto. Acho que já senti antes, mas não dessa forma." Ela fez uma pausa, e então disse: "Parece-me que passou."

"Tem certeza?" Andrea a fitou com olhos intensamente preocupados.

"Parece que sim. É algo natural, não significa nenhum risco, mas..."

"Você quer ter certeza." Andrea concluiu e Miranda assentiu. "Eu também. Vamos fazer da seguinte forma, você fica aqui sentadinha e eu vou buscar o carro. Em cinco minutos você vai lá para fora e eu vou estar te esperando, tudo bem?"

"Tudo bem."

Andrea a beijou carinhosamente e partiu muito apressada.

°°⊙°°

Abriu os olhos e tentou se habituar com a semiescuridão que preenchia o quarto frio do hospital. Sentia que havia dormido muito, mas não tinha certeza.

Moveu lentamente a cabeça e Andrea estava sentada na poltrona perto da cama com os olhos fitos no chão. Remexeu-se um pouco, o quanto era possível se mover com a proeminência de sua barriga.

Andrea levantou os olhos de súbito e a viu acordada. Correu logo para perto dela.

"Ei... volte a dormir."

"Eu quero ir para casa." Disse irritada, parecendo muito desconfortável naquela cama.

"Eu sei, mas os médicos estão preocupados com a sua pressão."

"Ela já está estável. O que mais querem de mim? Eu cheguei aqui muito nervosa e com medo, é natural que minha pressão se eleve um pouco."

"É só uma precaução." Andrea penetrou os dedos no cabelo dela e massageou carinhosamente. "Você sabe que os médicos ficam loucos quando vêem uma grávida com a pressão alta. Só precisa ser paciente até o amanhecer, não vale a pena ter certeza pelas nossas meninas?"

"Falando dessa forma..." Ela pareceu ceder, mas os lábios permaneciam torcidos.

"Estou aqui com você, não vou sair do seu lado."

Miranda suspirou pesadamente e olhou para a poltrona onde Andrea estava há um minuto.

"Essa cadeira parece desconfortável."

"Tudo bem, é só uma noite. Eu aguento."

"Você pode dormir aqui comigo."

"Tem certeza? Não quero que fique desconfortável."

"Venha logo, criança." Ordenou, com um revirar de olhos.

Andrea soltou um riso, já acostumada àquele jeito dela. Deu a volta na cama e deitou no espaço que Miranda abriu. Sua frente se colou nas costas da outra, um de seus braços serviram de apoio para a cabeça de Miranda e o outro envolveu a barriga sinuosa.

"Estou feliz que esteja bem." Andrea sussurrou bem perto de seu ouvido, deixando por fim um beijo em seu pescoço.

"Hum... Por que você parou de mexer no meu cabelo?" Perguntou Miranda, e Andrea sorriu, voltando a massagear as madeixas grisalhas.

"Tem certeza que vai conseguir dormir comigo aqui tão colada? Você sempre diz que não gosta." Preocupou-se, mas Miranda nada disse. "Mira?" Insistiu, e percebeu então que ela já dormia.

Remexeu-se, encaixando mais em seu corpo, e suspirou. Era agradável em demasia poder dormir com Miranda presa em seus braços.

°°⊙°°

Era quinta-feira, embora ela desejasse que fosse uma noite de sexta para que pudesse ir para casa descansar. Suas pernas doíam de tanto transitar pela cidade, atendendo aos pedidos de Miranda. Sua cabeça latejava de dor e ela se sentia um pouco queimada pelo sol.

Mas o dia estava chegando ao fim e ela poderia finalmente encerrar seu expediente. Entrou no escritório pronta para arrumar suas coisas e, como de costume, deparou-se com a carranca sempre irritada de Emily.

"Onde você estava?" Perguntou a ruiva.

"Trabalhando, obviamente. Miranda me encheu de tarefas hoje."

"E você tem mais tarefas. Ela disse para ligar assim que chegasse ao escritório. Perguntou-me onde diabos você enfiou o celular."

"Ela disse dessa forma?"

"Não. Mas eu também me pergunto isso. Essas coisas são caras, você precisa ficar comunicável todo o tempo."

"A bateria descarregou... de novo."

"Ótimo! Eu só estava esperando você chegar para dar o recado. Agora, adeus."

Andrea pegou o telefone para ligar. Emily juntou suas coisas e já ia saindo quando parou perto de Andrea.

"Você sabe o motivo dela estar trabalhando em casa a semana inteira?" Perguntou, num tom de confidência. O único momento em que ela podia ser amigável, era quando se tratava de compartilhar informações.

"O médico pediu para ela descansar e evitar o estresse. E ela disse que olhar para nossa cara todos os dias já é estressante o suficiente."

"Compreensível." Sacudiu a cabeça em concordância. Depois saiu da sala, sem mais nada dizer.

Andrea meneou a cabeça e soltou um riso, então ligou para Miranda.

"Ei, como vai o isolamento, bela dama?"

"Terrível, não param de surgir problemas. Onde você esteve? Tentei ligar a tarde inteira." Disse duramente.

"Desculpe, o celular descarregou. Mas eu consegui fazer tudo o que você pediu."

"Eu preciso que você preste atenção às minhas instruções e seja muito rápida. O escritório do executivo fecha em breve, preciso que corra até lá e pegue um envelope que James deixou com a secretária."

"Envelope, secretaria, escritório..." Andrea repetiu, enquanto anotava em um bloco de notas.

"Você precisa pegar nossos vestidos, sapatos e acessórios no departamento de figurino, que também fechará em alguns minutos. E por último, e mais importante, eu estou faminta e não tem nada pronto para comer aqui, compre nosso jantar e não demore, ou devorarei você inteira quando chegar."

"Tudo bem." Andrea riu sonoramente.

"Por que está rindo? Eu estou sendo literal." Disse séria. E a próxima coisa que Andrea ouviu foi o som da ligação encerrada.

"Alguém vai dar trabalho hoje." Murmurou Andrea, depois fez mais uma ligação para encomendar uma refeição.

Quando já estava com os sacos compridos que protegiam seus vestidos e as sacolas com o restante dos adereços, Andrea pegou o elevador até o andar executivo.

Os corredores pareceram muito vazios e silenciosos. O receio de ter chegado tarde começou a apavorá-la. Mas, para seu alívio, logo encontrou a secretária atrás do balcão.

"Boa noite, eu me chamo Andrea. Miranda disse que você tem algo para ela."

"Eu só estava esperando você chegar." Disse a mulher, empurrando um envelope pardo sobre o balcão. "O Sr. Hamilton disse que em hipótese alguma eu deveria deixar de entregar isso a você."

"Obrigada, muito obrigada. E eu sinto muito pela demora."

"Não tem problema." Disse ela, já colocando o casaco para sair.

Andrea colocou todos os sacos no sofá e foi até o balcão, guardou o envelope cuidadosamente na bolsa e voltou para suas coisas. Haviam sacos demais para apenas dois braços. Ela tentou como pôde voltar a segurá-los.

Foi então que ela escutou vozes distantes vindo de uma das salas. Sua intenção não era ouvir a conversa alheia, mas aquele assunto parecia ser de seu interesse.

"Ela acabou de chegar e já a enchemos de privilégios e regalias..." Uma voz masculina dizia. Parecia uma voz conhecida, mas ela ainda não havia identificado seu dono. "Um milhão de exigências não justificam o trabalho dela."

"O trabalho dela tem sido muito rentável, isso é inquestionável. " Disse a outra voz, e Andrea reconheceu no mesmo instante como sendo de Oskar Lewis. "Sabemos que ela tem grandes planos, só precisamos dar um pouco de espaço para ver se vai prosperar."

"Mais espaço? Os gastos dela são absurdos. O que acha que vai acontecer quando ela estiver de licença? Por falar nisso, você sabe que ela nos enganou, não é? Já estava grávida quando assinou aquele contrato e omitiu isso intencionalmente. Pensando bem, deve ser por isso que ela fez tantas alterações antes de assinar."

"Não vamos tocar nesse assunto, é delicado demais."

"E você ouve todos esses rumores? Ela não tem uma boa reputação, ninguém sequer sabe quem é o pai do filho dela. Primeiro especulavam ser James, o que faz muito sentido, depois ela apareceu com um advogado..."

"Irving, isso não é de nossa alçada. É muito grave insinuar que um membro da diretoria tem um romance com uma subordinada. Sabemos que, se fosse verdade, as consequências seriam terríveis para James. Quanto ao resto, é muito mais barato mantê-la aqui do que demiti-la nesse momento. A revista não resistiria e teríamos que pagar uma indenização obscena. Não vamos nos colocar em risco, a menos que você tenha provas de que ela cometeu um ato grave que justifique uma intervenção."

"Mas..."

"E eu não quero que as pessoas ouçam você falando essas coisas. Vai acabar nos arrumando um grande problema."

Andrea ouviu um barulho estranho e a voz de Oskar parecia ficar mais alta. Foi então que ela correu de volta para os elevadores antes que fosse pega.

Enquanto era levada para a casa de Miranda, não conseguia parar de pensar no que ouvira. Não tinha dúvidas de que Miranda era o alvo da conversa. Irving parecia realmente incomodado com ela.

Quando chegou no apartamento, colocou a comida na ilha da cozinha e guardou os vestidos no armário atrás da escada. Podia ouvir a voz suave de Miranda vir do andar de cima. Ela parecia falar em francês, mas Andrea não compreendia muito bem o quê.

Encaminhou-se para a escada, e, enquanto subia, percebia a voz de Miranda cada vez mais clara. A mulher olhou para trás como se pressentisse que ela estava ali. Sorriu intimamente para Andrea e levantou-se.

Sem abandonar o telefone, aproximou-se da jovem e deu um rápido beijo em seus lábios.

Andrea ficou ali, esperando que ela terminasse. E quando terminou, Miranda suspirou parecendo muito cansada.

"Tudo bem?"

"Sim. Só estou confirmando algumas presenças."

"Você parecia brava mais cedo."

"Eu só estou muito sobrecarregada, espero que nenhum outro problema me irrite hoje."

Andrea lembrou imediatamente da conversa que ouvira. Ela ponderou se realmente era um bom momento para falar sobre isso com Miranda.

"Você trouxe o jantar?" Perguntou Miranda.

"Sim, sim. É claro."

"Eu ainda tenho que fazer algumas ligações, mas pode pôr a mesa."

"Tudo bem." Andrea tirou o envelope e uma agenda da bolsa e entregou a ela. "Emily anotou alguns recados."

Miranda leu rapidamente as anotações do dia. E então disse: "Não tem nada muito importante. Apenas ligue para Stephen, diga a ele que se for urgente eu ligo amanhã, mas se puder esperar nós conversaremos no fim de semana."

"Eu tenho mesmo que fazer isso?"

Miranda a encarou, com a fronte franzida. Não parecia nem um pouco feliz.

"O que você acha?"

"Eu não me sinto confortável em falar com ele."

"Mas estou pedindo para você fazer. Deixe seus caprichos de lado e faça." Deu as costas para ela e foi para o sofá.

Andrea ficou em silêncio por um momento. Estava acostumada às mudanças de humor e tentava não reagir de modo igualmente agressivo.

"Eu pensei que tínhamos planos para o fim de semana."

"Nós temos, mas se surgir algo importante que eu precise fazer, eu farei. Qual o seu problema?"

Andrea se assustou ligeiramente com o tom e pensou por um segundo antes de responder.

"Você sabe que eu não gosto dele, nem dessa aproximação que vocês têm. Ele gosta de você, é estranho que ainda trabalhe para você."

"E o que você espera que eu faça? Que eu demita um bom advogado só porque você não está contente?" Disse ela, sem olhar para Andrea, folheando alguns papéis no sofá.

"Na verdade, sim."

"Já tivemos essa conversa. Isso não vai acontecer." Lançou os olhos azuis para a jovem, cheia de determinação. "Então pare com essa infantilidade e vá fazer o que eu pedi."

"Não gosto que me chame de infantil, parece que você acha que eu sou uma estúpida só porque sou mais jovem."

"Não tem a ver com a sua idade, tem a ver com uma atitude imatura. Quer saber, eu não tenho tempo para isso, tenho muito o que fazer, não quero perder tempo com discussões frívolas. Ligue para Stephen."

Andrea sentiu um nó na garganta que não podia engolir. Teve vontade de chorar, mas não faria isso na frente de Miranda.

Em vez disso, ela desceu as escadas e foi para longe. Odiava sentir-se assim. Toda vez que essas emoções dolorosas a consumia, sentia vontade de explodir em prantos e dizer coisas que sabia que se arrependeria mais tarde.

Minutos depois, estava na cozinha, arrumando os pratos na ilha de mármore. Miranda entrou silenciosa e sentou-se em uma das banquetas. Uma atmosfera de tensão pairava no ambiente.

"Tudo bem, vamos conversar. Qual o seu problema com o Stephen?" Miranda perguntou, calmamente. "Além de odiá-lo por um dia flertar comigo."

Andrea olhou para ela, mas não disse nada. Os olhos castanhos rebrilhando molhados. Ela usou todas as suas forças para não deixar as lágrimas escaparem.

"Você não confia em mim? Acha que vou dormir com ele?"

"Não. Eu confio em você. Eu só não gosto dele perto de você. Ele a ama... ele... você é diferente com ele."

"Eu não sei o que isso significa."

"Significa que você o trata diferente. Quando estamos na Runway, eu mal posso tocá-la ou até mesmo chegar perto de você. Mas quando ele ia visitá-la, vocês ficavam trancados na sala fazendo... coisas." Uma expressão de entojo moldou seu rosto.

"Se por coisas você quiser dizer conversar, realmente fazíamos isso."

"Não. Quero dizer... coisas íntimas."

Miranda piscou rapidamente, assustada com aquela suposição.

"Eu nunca fiz isso na minha sala. Eu respeito o meu ambiente de trabalho, não tenho esse tipo de fantasia idiota. O que quer que você pense que aconteceu, não aconteceu."

"Então por que na minha primeira semana na Runway vocês estavam trancados na sala e, quando entrei, você estava toda brilhante, rosada e nervosa?" Perguntou com um tom acusatório. "E você tinha aquele cheiro."

"Que cheiro?" Os olhos de Miranda arregalaram-se.

"Aquele cheiro que você exala quando chega lá. Eu o conheço bem, sei que não foi outra coisa."

"As pessoas podem perceber isso?" Perguntou assustada. Suas maçãs corando de constrangimento.

"Não. É uma coisa que eu tenho com você. Só com você."

"Está enganada." Suspirou. "Tenho alguma ideia do dia que está se referindo. Você sabe que com a gravidez às vezes eu fico... muito acesa."

"Eu sei bem."

"Acontece enquanto estou trabalhando também. Meu corpo aquece e eu começo a sentir uma pulsação... lá. Eu não me orgulho disso, mas certa vez não resisti, entrei no banheiro e busquei algum alívio. Sozinha!" Enfatizou. "Stephen chegou em seguida e eu saí apressada do banheiro para atendê-lo. Se eu fiquei nervosa quando você chegou, foi porque, mesmo odiando você naquela época, às vezes você aparecia na minha mente enquanto eu... você sabe. Só por isso."

"Pensava em mim quando se tocava?" Seu tom de voz começou a suavizar.

"Esse não é o foco da conversa. Eu já expliquei que temos que ser muito discretas enquanto você trabalha para mim, uma escolha que você mesma fez. Sabe que terei problemas se um dia alguém flagrar uma demonstração de afeto."

Andrea passou as mãos no rosto e soprou o ar intensamente. Ela se sentia aliviada por uma de suas memórias traumáticas ser um mal-entendido, ao mesmo tempo que se sentia estúpida pela confusão.

"Desculpe... eu sou tão boba." A jovem fez uma voz envergonhada.

"Você é." Assentiu, ainda séria.

"Eu ainda o acho repugnante. E odeio que ele tenha qualquer contato com você. Mas não é justo brigar por uma invenção da minha mente insegura. Desculpe-me, linda."

Miranda nada disse. Então Andrea se aproximou dela e afastou os cabelos de sua face com as duas mãos, acolhendo seu rosto entre as palmas.

"Eu odeio brigar com você. Sempre faço de tudo para você não se sobrecarregar nem ficar estressada, então chego aqui como uma verdadeira idiota e brigo com você."

"Você precisa se decidir."

"Do que está falando?"

"Você cobra que eu te trato diferente, mas não percebe que é exatamente onde você ganha de todos os outros. É claro que eu te trato diferente, porque o que sinto por você é diferente de tudo o que já senti. O que eu cedo para você, eu nunca cedi a ninguém. Eu sei o que sinto, sei o que quero desse relacionamento, sei o que estou disposta a doar. Mas e você? Você sabe o que sente ou ainda mente para si mesma?"

"Eu sinto muito. Mas não acho que posso falar disso agora."

"É importante para mim ouvir. Quando você disser, eu vou sentir que finalmente estamos indo para algum lugar. Mas tenha seu tempo. Eu quero estar com você do mesmo modo, porque eu nunca me senti assim, não quero desperdiçar isso por inseguranças."

"Desculpe." Andrea não resistiu. Seu rosto avermelhou-se e as lágrimas começaram a rolar. Aquele era um terreno difícil de pisar.

Miranda a abraçou, e Andrea encontrou conforto em seus braços macios.

O estômago de Miranda começou a murmurar e elas então se desvencilharam.

"E isso é culpa sua." Reclamou Miranda.

"Tudo bem. A comida está no forno." Ela foi até o forno pegar a tigela.

"Diga-me que comprou massa."

"Eu comprei massa."

Miranda cantarolou de ansiedade. E o cheiro invadindo seu nariz a fez esquecer tudo momentaneamente.

°°⊙°°

Andrea transitava sem rumo pelo gigantesco foyer do Salão Jardine. Todas aquelas pessoas não passavam de nomes que ela decorara em um dossiê de convidados. Miranda queria entrosá-la naquele universo, mas a jovem não fazia ideia do como.

Em vez de interagir com as pessoas ao seu redor, ela ocupava seus vigilantes olhos castanhos observando Miranda. A mulher estava linda aos seus olhos, com um vestido grego todo branco, justo nos seios e fluido em camadas de tecido leve do alto da barriga até os tornozelos.

Parecia realmente a rainha de um império, de um simples movimentar elegante das mãos, ao caloroso sorriso social que ofertava a todos que recepcionava.

Ela viu quando James chegou ao recinto e abraçou Miranda intimamente. Talvez aquela cena tenha lhe despertado um certo incômodo. Ele desfez o enlace e passou o braço pelas costas dela, segurando na curva de sua cintura enquanto um grupo se aproximava para falar com eles.

Aquilo definitivamente a incomodava.

Ela cerrou os punhos com força e começou a avermelhar-se de raiva. Por que Miranda tinha que ser tão permissiva com ele? Perguntou-se.

"Bambi!" Nigel surgiu ao lado dela de repente. "Não sabia que estaria aqui."

"Há uma semana eu também não sabia." Disse ela, tentando dissipar os sentimentos caóticos.

Eles se cumprimentaram amigavelmente. E ela descobriu que Nigel podia ser muito mais tranquilo e sociável quando não estava na Runway.

Momentos mais tarde, Miranda estava sendo fotografada com os convidados na frente de um cenário montado. Seus olhos azuis brilhando com a luminosidade dos flashes encontraram a carranca de Andrea, e ela soube naquele segundo que havia algo errado.

Fez um sinal com a cabeça para Andrea ir até ela e logo a jovem estava à sua frente. Não disse nada, puxou-a pelo braço e a colocou ao seu lado para serem fotografadas.

Ela envolveu a cintura de Andrea com o braço e pousou uma mão em sua barriga mantendo-a bem perto. Andrea olhou para ela enquanto uma imagem era capturada.

"Pensei que tínhamos que ser discretas." Sussurrou a jovem.

"Estou tirando fotos com todos os convidados, por que não tiraria com você?"

"E se isso for publicado com alguma legenda maldosa?"

"O fotógrafo foi contratado por mim, as fotos são de minha propriedade. Serão publicadas onde e se eu desejar e com a legenda que eu escolher." Miranda olhou no fundo dos olhos dela, com um leve sorriso acalentador. "Acho que é a nossa primeira foto juntas. Você e eu. Na verdade, você e eu e nossos anjinhos."

A respiração de Andrea estremeceu. Ela deslizou discretamente o polegar na pele macia do braço de Miranda e balançou a cabeça assentindo. Seus olhos brilhavam cheios de água e emoção.

Miranda sabia como mexer com ela.

Depois dali, Andrea se isolou em uma das grandes sacadas do salão. Ela refletia quieta enquanto observava a movimentação da rua. Atrás dela, o burburinho dos convidados misturado ao som instrumental desaparecia gradativamente.

Ela sentiu alguém se aproximar, e quando olhou, James estava ao lado dela, com as mãos nos bolsos da calça.

"Você está bem?" Perguntou ele, sempre muito gentil, e ela odiava isso naquele momento.

"Estou sim, obrigada." Disse ela.

"Não a encontro mais chorando pelos corredores, nem recebo ligações desesperadas. Devo supor que você tenha se saído bem com Miranda."

"Não se engane, as demandas dela são sobre-humanas."

"Mas você está dando conta, não é? Ela não teria conseguido ficar uma semana fora se a equipe não desse o seu melhor."

"Isso é verdade. Ela tem uma boa equipe, embora eles trabalhem movidos pelo medo."

James riu e olhou para a rua abaixo do parapeito. Andrea ficou encarando ele, pensando.

"Você a conhece há muito tempo?" Perguntou ela.

"Oh, sim. Há muitos anos. Desde que ela não cobria as sardas."

"Se você soubesse que alguém quer prejudicá-la, você diria, não é?"

Ele apertou os olhos para ela, começando a desconfiar do rumo daquela conversa.

"Por quê? O que você sabe?"

"Eu posso ter ouvido algo sem querer e não sei o que fazer sobre isso. Você é a pessoa mais próxima a ela que eu conheço, talvez possa me dizer se ela deve ou não se preocupar com o Sr. Ravitz."

"Irving? Não. Ele só está inconformado porque a pessoa que ele queria fazer chefe da Runway não teve voto unânime, Miranda sim teve, exceto pelo voto dele. Mas ele não é uma ameaça."

"Você tem certeza?"

"Ela tem um contrato seguro por cinco anos. A menos que infrinja alguma regra muito grave. Seja lá o que tenha ouvido, eu não contaria para ela. Eu sempre a preveni sobre essas coisas, sei que mesmo que não esteja efetivamente sob ameaça, ela se defende atacando com todas as armas que conseguir. Não acho que nesse momento seja bom para ela ter esse tipo de estresse. Por isso tenho filtrado muito bem tudo o que digo."

Andrea assentiu, meneando a cabeça. Olhou para trás, para o salão que se esvaziava aos poucos, e viu Miranda rodeada de atenção. Ela estava passando por muita coisa, não deveria ter tantas preocupações no estado em que se encontrava, pensou Andrea.

Miranda olhou para o lado e viu que a jovem já a fitava. Olhou então para James e percebeu quando ele seguiu a direção do olhar de Andrea e encontrou o azul dos olhos de Miranda sobre ele.

Ele olhou mais uma vez para Andrea, esta ainda a encarar Miranda, e voltou a olhar para a amiga. Franziu o cenho, parecendo fazer cálculos mentais complicados, até se dar conta de algo que não havia notado antes.

Miranda percebeu no mesmo instante que ele sabia o que estava acontecendo. Os dois ficaram se encarando, um olhar que somente eles compreendiam. E agora era Andrea quem observava a interação entre eles.

Desviando discretamente o olhar, Miranda sorriu para as pessoas perto dela e as instruiu para que fossem ao salão de jantar, depois caminhou na direção dos dois.

"Andrea, eu preciso de um pouco de água." Disse Miranda, olhando fixamente para James.

Mesmo descontente com isso, Andrea os deixou a sós. E no momento em que se afastou, James disse:

"Diga-me que isso não está acontecendo."

"Isso não está acontecendo." Repetiu, cinicamente.

"Não, não... você só pode ter perdido o juízo. É a única explicação."

"Não pode me julgar, você estava flertando com ela agora há pouco." Sussurrou, parecendo indignada. "Na verdade, você tem feito isso há algum tempo."

"Eu não..." Ele pensou por um segundo. "Tudo bem, eu admito. Não sabia que algo estava acontecendo entre vocês. E eu estou saindo do Grupo, não será mais contra as regras muito em breve. Já você, tem um contrato de cinco anos para cumprir. Você sabe o quanto isso é arriscado?

"Estamos sendo discretas. Ninguém vai saber até ela sair da Runway, e isso acontecerá em breve. Ninguém sequer vai lembrar que ela foi minha assistente. Nunca lembram dos assistentes."

"Oh, Deus!" Ele apertou o osso nasal entre os dedos. "Isso vai sair nos jornais. Ela é sua assistente, Miranda!"

"Isso está acontecendo há algum tempo, antes mesmo de ela ser minha assistente, não é como se eu... é uma longa história que eu não quero contar."

"Isso torna tudo ainda pior. Você a contratou sabendo que tinha uma história com ela? Precisa ser muito cuidadosa. Sabe que pode acabar se metendo em uma encrenca, você, mais do que ninguém, sabe o quanto isso é sério. Acha que vale o risco?"

"Não é como você pensa. Isso entre nós... não é uma aventura frívola, é real. Eu a escolhi, James... nós vamos ter esses bebês juntas. Você pode não dizer nada a ninguém sobre isso?" Pediu, com olhos suplicantes.

Ele ficou olhando para ela, absorvendo as informações. Em seguida, puxou-a para um abraço cuidadoso e beijou-lhe no topo da cabeleireira macia.

"É claro, minha rainha. Mas tenha cuidado. Você sabe que infelizmente as coisas têm um peso diferente para você, não é."

"Eu sei. Mas estamos cuidando disso." Ela suspirou. "Você definitivamente tem um tipo. Deveria experimentar cortejar mulheres heterossexuais, talvez assim você tenha alguma chance."

James riu, ainda abraçado a ela.

"Não tem jeito, eu vou morrer sozinho."

Miranda riu a isso.

Andrea pigarreou atrás deles para chamar-lhes a atenção, e eles logo se desvencilharam.

"Senhoritas, vou procurar meu lugar à mesa." Disse James. "Com licença." Ele deixou a sacada em seguida.

Miranda pegou o copo na mão de Andrea e começou a beber, encarando a carranca mal humorada da jovem.

"Por que fica fazendo esse bico quando eu não posso desmanchá-lo com meus beijos?" Provocou Miranda.

"Mas você pode ficar grudada com seu chefe."

Colocando o copo sobre o parapeito, Miranda respirou calmamente, depois olhou para ela, em silêncio.

"Tudo bem, eu sou ciumenta! Fico mordida de ciúmes de você." Confessou a jovem.

"Mesmo? Eu não teria notado se não me dissesse." Ergueu as sobrancelhas com uma expressão irônica.

"Por que ele tem que ficar tocando você dessa forma, como se você fosse dele? Você não é dele!"

"Ele é meu amigo, Andrea. Nos conhecemos há muitos anos e nunca houve nenhum tipo de insinuação."

"Eu acho difícil. Olhe para você."

"Fico lisonjeada, mas está enganada. Se prestasse um pouco mais de atenção, saberia que era a você quem ele queria."

"Impossível! Ele não disse nada desse tipo."

"Eu sei. James é terrível nesse campo, ele não sabe falar com mulheres, então ele é gentil e fofo. Acha que ele se aproximou de você sem interesses? Homens não fazem isso."

"E como você saberia?"

"Eu o conheço. Ele foi apaixonado por Delphine até saber que ela tem uma namorada."

Andrea franziu o cenho, ponderando.

"Agora estou muito confusa."

"Você vai sentir ciúme de qualquer pessoa que se aproxime de mim?"

"Não... só daquelas que ficam tocando você como só eu deveria tocar." Disse ela. Miranda fechou os olhos e deslizou a ponta dos dedos na testa, impacientemente. "Desculpe." Mudou o tom de voz, as lágrimas começando a brotar de seus olhos grandes. "Eu fico louca só de imaginar que você pode se apaixonar por outra pessoa e me deixar. Vocês têm tantas coisas em comum, têm o vínculo da fotografia, ele te conhece há anos, sabe muitas coisas sobre você, e vocês ficam lindos juntos. Todo mundo fica comentando."

Miranda se aproximou e segurou-lhe a mão suavemente, olhando bem no fundo de seus olhos.

"Querida, eu não estou procurando alguém que tenha coisas em comum comigo. Na verdade, eu não estou procurando ninguém. Porque eu escolhi estar com você, escolhi a criança jovem e emocionalmente instável que me faz experimentar um universo de coisas novas. Você precisa parar de ficar se diminuindo para qualquer pessoa. Você é a minha prioridade, minha parceira, vamos ter duas filhas juntas, construir uma família. Por que uma amizade longa e um abraço de amigos causam tanto incômodo?"

"Desculpe. Acho que não tenho sido boa para você ultimamente, não é?" Fungou, com o rosto cada vez mais vermelho. "Algo acontece aqui dentro e eu acabo perdendo o controle, não consigo conter meus impulsos, os pensamentos impostores, meus sentimentos confusos... desculpe."

"Nós temos problemas. Problemas sérios." Disse Miranda, enxugando-lhe o rosto com os dedos macios. "Mas agora eu tenho um jantar para anunciar, então vá ao banheiro e recomponha-se. Estarei no salão esperando por você para começar o jantar."

"Tudo bem."

Ela olhou para o foyer e viu que não tinha ninguém, então deixou um beijo casto na bochecha de Andrea e olhou nos olhos dela, dizendo: "Sabe, você teria sido minha acompanhante hoje se já tivesse saído da Runway. Esse era o meu desejo."

Ainda com o peito apertado, Andrea a viu atravessar o salão. Ficou um tempo na sacada, pensando, antes de encaminhar-se para o banheiro.

°°⊙°°

A volta para casa foi silenciosa. Cada uma olhava para a rua através da janela ao seu lado.

Os chutes que Miranda sentia indicavam que gêmeas recém despertas dificilmente a deixariam dormir nessa noite. Mas não era com isso que ela estava preocupada naquele momento.

Quando chegou em casa, tirou logo os sapatos que apertavam seus pés inchados. Enquanto isso, Andrea acendia as luzes e abria as cortinas, deixando o brilho da noite enfeitar as janelas de vidro.

Não trocaram nenhuma palavra até então.

Miranda subiu a escada e parou diante do toca discos na sala superior. Escolheu um disco e colocou para reproduzir baixinho. Fechou os olhos e suspirou, tentando pôr os pensamentos em ordem.

Sentiu então os braços de Andrea em sua cintura, envolvendo-a por trás e balançando seu corpo no ritmo da música. Ela se entregou, sorrindo e deixando-se levar.

Ergueu a mão e tocou o rosto de Andrea, pressionando contra sua face.

"Eu gosto de dançar." Revelou Miranda, com a voz baixa e suave.

"Eu me lembro. Você fica sexy dançando."

Miranda riu nasalado.

"Eu não consigo mais ser sexy fazendo qualquer coisa."

"Isso não é verdade." Assegurou. "Você sempre me deixa sem fôlego."

Miranda virou dentro de seus braços e cingiu seu pescoço, com um sorriso quente e tranquilo. Olhou em seus olhos e suspirou, cantarolando.

"Eu sinto muito por hoje." Disse Andrea. "E por ontem. Tenho andado muito emotiva e impulsiva ultimamente. Olhe só para mim, já estou com vontade de chorar de novo." Seus olhos encheram-se de água.

"Sabe o motivo de estar assim? Você tem guardado coisas demais, está sufocando seus sentimentos. Precisa colocar para fora, superar esse bloqueio."

"Eu não quero te chatear, Mira. Eu sei o que eu sinto, só não quero falar sobre isso."

Miranda fechou os olhos com frustração. Uniu sua testa a de Andrea e começou a dizer:

"Sabe o que você me ensinou quando chegou tão impetuosa em minha vida? Ensinou-me a sentir, a experimentar a vida de uma maneira que nunca antes imaginei. A sensação de que algo me faltava se foi com a sua chegada, mesmo quando estava sofrendo, sabia que jamais seria a mesma. E sabe o que eu vim ensinar a você? Ensinar que você pode sim ser amada, pode ser aceita em sua unicidade. Você está segura agora, então do que tem medo?"

"Tenho medo de perder você."

"E como dizer o que sente fará você me perder? Querida, apenas deixe sair. Bom ou mau, eu posso tentar aliviar seu coração aflito."

"Eu não consigo." Andrea apertou os olhos em prantos, os soluços começando a dominar o seu corpo. "Não posso fazer isso. Toda vez que fiz, estraguei tudo e terminei machucada. E eu não posso estragar tudo com você, não suportaria perdê-la."

"Não vai me perder. Eu prometo. Em nada sou como suas ex, querida. Se você disser, não vai doer, eu não vou deixar."

Miranda desceu a mão para o peito agitado de Andrea e beijou suas lágrimas com fiel adoração.

Andrea inspirou o ar e soltou uma exalação trêmula. Seus olhos se abriram e encontraram um afago nos azuis intensos dos olhos de Miranda.

"Eu a amo." Disse a jovem. E Miranda estremeceu visivelmente à declaração. "Antes eu me perguntava se eu sabia o que era isso, enganei-me tantas vezes... mas eu sei agora. Eu sei que a amo porque não consigo imaginar minha vida ou um futuro em que você não esteja. A ideia de perder você me aterroriza, porque eu sou muito melhor desde que te conheci. Eu sei que a amo porque tudo o que quero é ver você bem, feliz e satisfeita. É claro que cometo erros e acabo te atingindo, mas quando me dou conta disso, começo a me odiar. Você me acolheu, deu-me esperança e não me chutou quando percebeu o quão quebrada eu sou."

Um emocionado sorriso brilhou entre as lágrimas no rosto de Miranda. Ela apertou o enlace de seu pescoço e começou a encher de beijos os lábios de Andrea.

"Veja, nada de mau aconteceu, ainda estou aqui." Disse Miranda, beijando-a mais e mais, cheia de exultante felicidade.

"É claro, você não pode ir embora de sua própria casa."

Miranda riu e deitou sobre o ombro dela.

"Diga-me mais uma vez." Pediu.

"Eu te amo, bela dama." Disse Andrea, abraçando-a mais firmemente e embalando-a em harmonia com a canção. Seus tremores começaram a passar, dissipando-se e dando lugar à placidez.

°°°°°°°°

Foto de capa: https://instagram.com/_d.r.mary

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