Labirinto (RABIA)

Da bark2020

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Esforço imaginativo e leitura ficcional de um evento importante no universo Rabia, essa pequena história foi... Altro

Eu
Você
Universo
[BÔNUS]: Fevereiro
[CENA BÔNUS]

[MIMO]

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Da bark2020


BÚ!

Tem alguém aí com saudade de fanficar com essa autora que vos fala?:)

Espero que sim, porque quando eu entrei nesse editor do wattpad, me dei conta do quanto eu estava morrendo de saudade de postar pra vocês.

Era o que eu previa postar? Não era.

Era o que vocês queriam muito essa semana? Não, porque nem deu tempo de eu me organizar ainda, né, minha gente?

É Acalento que eu continuo em dívida com vocês? Ainda não, mas tá vindo e pertinho.

Mas era o que eu tinha pronto no meu drive há algumas semanas, na espera de eu conseguir formar mais um arco consistente envolvendo os últimos acontecimentos desses meses.

Está no meu horizonte fazer isso se vocês ainda estiverem interessadas, mas por ora, eu vim postar esse (não tão) pequeno [MIMO] - que saudade! - em atenção a todos os pedidos que eu recebi nesses meses que passaram e, em especial, nessa última semana.

Depois de um tempo longe, eu voltei a acompanhar vocês no tt e tem sido incrível assistir a alegria das ratinhas com os avanços que tivemos no nosso universo Rabia.

Sendo assim, claro que eu não ia deixar de vir aqui droppar um mimozinho .

Como todo [MIMO], é um pedacinho de história só com #elas que se sustenta sozinho. Então podem ler porque não tem [CONTINUA] safado, não. kkkkkk

É isso, leiam, matem a saudade e espero que gostem!:)



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SÃO PAULO, 22 DE DEZEMBRO DE 2021:

O passo ansioso deslizava no porcelanato...

De um lado para o outro.

O olhar inebriado percorria até as dobras e reentrâncias do edredom...

De cima a baixo.

O gesto agoniado brincava com a tela de celular...

Bloqueia, desbloqueia.

A dúvida indissolúvel torturava impiedosamente...

Avança ou recua?

Recua.

E senta de volta na poltrona, continua encarando fixamente o ninho alvo todo desalinhado, lembra um pouco mais, anseia muito mais e resiste cada vez menos.

Tão pouco que talvez não reste resistência suficiente para concluir o próximo ciclo.

Felizmente, o movimento desordenado embaixo do edredom deu o indício de que talvez sequer houvesse "próximo ciclo"...

E seria fenomenal se não houvesse.

No limite da resistência e na margem da desistência, eis que aquele tantinho de castanho que tingiu o cenário imaculadamente branco neutralizou ansiedade, agonia e dúvida, poupando apenas a sensação inebriante, porque essa, sim, só avultava.

Melhor do que os olhos se abrindo só mesmo a expectativa com o que viria a seguir, e foi muito melhor do que o imaginado.

Completamente desnorteada, Bianca fechou imediatamente um dos olhos – como se só suportasse claridade em um deles – esfregou o rosto com a mão direita e tentou se situar.

Enxergou objetos ligeiramente familiares. Avistou janela e, pelo pouco que viu, percebeu que a manhã já estava avançada. E quando sua visão caiu finalmente na poltrona que não estava vazia, foi quando a carioca precisou liberar o outro olho para ter certeza mesmo.

B: Carái! – Ergueu rápido e parcialmente o tronco com a ajuda dos cotovelos – Eu não...

Não conseguiu concluir e deixou pairar no ar só o sutil tom de interrogação, que foi prontamente eliminado.

R: U-hum! – A risada ela travou cerrando os lábios, mas o olhar entregou sem qualquer dúvida o quanto se divertia.

B: Meu Deus, que vergonha! – Segurou com as duas mãos a borda do edredom e cobriu rápido a cabeça.

R: Ah, não, não, não e não! – Levantou da poltrona e despencou na cama – Eu não tô aqui um tempão acordada, esperando esse momento, pra você tirar de mim esse rostinho acordado, não.

B: Sai, Rafaella, eu não vou ter coragem de olhar pra tu nunca mais na vida, aceita! – Encolheu-se mais embaixo do edredom e tentou evitar que a mineira puxasse sua defesa.

R: Deixa de bobagem, tá tudo bem! – Continuou tentando.

B: Tá tudo bem nada. Me deixa, garota!

R: Ei, sério! – Deitou de bruços e resolveu reconfigurar a abordagem. Não puxou mais o tecido e tentou ganhar na conversa. – Um pouquinho frustrante? Não vou negar, um pouquinho frustrante. Engraçado? Bom, eu quase não segurei a risada, cê viu. Mas compreensível? É também, e muito. Olha a noite alucinada que a gente teve naquela festa... – Continuou forçando o raciocínio para melhorar sua argumentação – O dia cheio que cê teve, meu Deus! Eu acompanhei nos stories e cê festou manhã, tarde e noite. Viajou, enfim.

B: Meu Deus, para de soar perfeita porque tá piorando a minha humilhação! – Forçou o corpo para escapar por baixo do edredom e pela lateral da cama, pronta para se atirar no chão.

Rafaella não permitiu, porém.

R: Ok, agora deu! – Reconfigurou novamente e dessa vez ajoelhou na cama, puxou o edredom com firmeza, jogou-o de lado e segurou Bia um segundo antes de ela se lançar no chão.

B: Eu tinha esquecido o quanto tu é forte! – Debateu-se falsamente um pouco mais.

R: E se te interessa saber, naquela época eu nem treinava tanto quanto eu treino agora... – Colocou Bia de volta no colchão e finalizou – Então desiste!

Com Rafa apoiada de lado na lateral de seu corpo, a carioca não teria tido mesmo qualquer chance, nem se tivesse tentado, pois perdeu o fôlego instantaneamente quando enxergou o rosto lindo da mineira ali, tão pertinho do dela.

Percebendo o descompasso, Rafa tomou a dianteira:

– Agora sim, bom dia!

O sorriso que acompanhou as palavras irradiou tanto que, em uma virada inesperada, deixou Bianca mais tímida ainda.

B: Bom dia! – Sorriu com os lábios cerrados e não conseguiu sustentar o olhar.

R: Ihhh, que "tbt" mais louco é esse? Cê tá com vergonha de mim, Boca Rosa? – Puxou o queixo dela para realinhar os olhares.

B: Claro que eu tô, pô, foi a primeira coisa que eu falei. Como é que eu não ia estar?

R: Não por isso, mas vergonha daquelas que cê tinha antigamente, quando tinha gay panic comigo. – Divertiu-se.

B: Talvez eu esteja com vergonha assim também. – Tentou esconder o rosto, mas Rafa não autorizou.

R: Que trem mais fofo! Não dou conta, não! – Baixou o rosto para barrar o movimento de Bianca e levar seus lábios ao pescoço dela.

B: Para de falar com sotaque comigo! – Gargalhou com o arrepio que sentiu com Rafa em seu pescoço e segurou o rosto dela – Meu Deus, desde que eu abri os olhos eu tô sendo atacada de forma cruel e desumana. Eu gosto de mulher, Rafaella, colabora e para de ser irresistível!

R: E eu gosto de você! – Sussurrou bem pertinho do ouvido da carioca e não parou por aí – Muito. E senti saudade demais.

Bianca parou risada, parou de se debater e parou até de raciocinar. Só o que conseguiu fazer foi deslizar uma de suas mãos para as costas de Rafa, manter a outra na nuca dela, e a aconchegar mais ainda junto de seu corpo.

B: Eu também senti muito a sua falta, e achei que ia explodir de tanto amor que eu sentia por você sem poder te ter pertinho de mim assim.

R: Agora você tem... – Beijou docemente o pescoço de Bia, mas não resistiu em quebrar o clima – Se não dormir de novo, é claro.

Bianca riu voltando ao constrangimento.

B: Desculpa por esse mico. – Afastou o rosto para enxergar o de Rafa.

R: Eu já disse que tá tudo bem. Se formos refletir bem, era esse o desfecho esperado depois de um dia e uma noite tão cheios. – Afastou os cabelos revoltos do rosto de Bianca.

B: Eu quis tomar banho antes, pra tirar a sujeira daquela festa, e não considerei que minha bateria estava tão fraca ao ponto de eu nem conseguir esperar o seu banho terminar.

R: Cê chapou gostoso, nem mexer direito eu vi você mexer até agora a pouco, quando acordou.

B: E como é que não ia chapar se eu dormi enrolada no seu roupão, sentindo o seu cheirinho bom. – Puxou a coxa de Rafaella para ficar em cima de seu quadril e cheirou seu pescoço – Tu conseguiu dormir também?

R: Umas horinhas. Acordei tem um tempinho e fiquei morrendo de vontade de te acordar, com medo de perder mais do tempo que a gente podia passar juntas, mas sem coragem. Cê tava dormindo tão gostoso...

Bianca sorriu sem conseguir desviar o olhar dos contornos lindos do rosto de Rafa.

B: Tu não existe. Eu me convido pra vir pra sua casa, especificamente pra gente transar, durmo antes mesmo de te ver linda assim, nessa camisola... – Finalmente deixou claro que reparou – E tu ainda me espera acordar e me enche de carinho e compreensão?

R: Eu passei tantos dias e noites nesse quarto só lembrando de você... – Bia olhou em volta enquanto Rafa continuava a falar e beijar seu rosto e pescoço – Das nossas risadas aqui, do quanto a gente se divertiu e foi feliz nesse quarto... – Arrastou os lábios até o ouvido da carioca para sussurrar a sequência – Da nossa primeira vez.

Bianca sentiu seu corpo inteiro reagir e envolveu Rafaella ainda mais com seus braços e pernas. A mineira percebeu e sorriu de volta.

R: Então imagina só se, depois de passar tanto tempo só lembrando, eu ia desprezar a oportunidade de te ter aqui dormindo do meu lado, ao meu alcance e podendo vigiar seu sono tranquilo, como eu amava fazer? Já foi muito mais do que eu poderia ter sonhado antes de sair pra aquela festa da Virgínia.

B: Muito lindo e romântico isso, mas injusto também, não?

R: Não tem nada de injusto, eu já disse mil vezes que tá tudo bem, não foi...

B: Injusto comigo... – Interrompeu – Porque agora eu tenho horas e minutos perdidos em desvantagem pra recuperar, e que eu também poderia ter passado pelo menos olhando pra você... – Desconectou os olhares e deslizou uma bochecha na outra – E sentindo seu cheiro.

R: Não se preocupe, eu sou a maior interessada em você reparar essa injustiça... – Afastou o roupão de Bianca e liberou acesso para sua perna encaixar entre as dela.

A carioca recebeu o encaixe voltando a atar os olhares e sentindo sua pulsação acelerar. Levou a mão direita ao rosto de Rafa; deslizou seu polegar algumas vezes na bochecha dela, agora desviando o olhar no movimento rítmico entre os olhos verdes e os lábios convidativos; esperou o compasso certo de ansiedade e desejo que lhe potencializaria as sensações seguintes e, no momento exato ditado por seu corpo e instintos, avançou avidamente na boca de Rafaella.

Nos primeiros instantes do beijo que ela iniciou, Bia foi assimilando aos poucos o conforto de estar com Rafaella sendo restabelecido com o encaixe preciso dos lábios e o movimento harmônico das línguas, mas sentiu a desorientação quando as mãos de Rafa exploraram mais de seu corpo e a boca dela dominou a sua.

E como frequentemente ocorria, Bianca sentiu seu controle esvaindo e seu corpo passando a responder diretamente ao toque e urgência ditados por Rafa e, com isso e tal qual havia ocorrido no banheiro daquela festa, retornou também a inquietação que, mesmo em meio a uma descarga descomunal de excitação, lhe fazia questionar a potência de tudo e em certa medida se sentir insegura por não conseguir combater aquela intensidade.

Obviamente – e também tal qual já havia acontecido na noite anterior – esse conflito não foi ignorado pela sensibilidade que não descansava e que levou Rafaella a ir serenando o beijo até pará-lo por completo e intervir.

R: Tô sentindo seu peito disparado demais da conta. – Procurou o olhar de Bianca e posicionou a mão entre os seios dela.

A carioca sorriu derrotada, levou a mão esquerda aos cabelos e foi sincera:

– Tu me deixa nervosa, qual a novidade?

R: Mesmo? – Mordeu o lábio e ficou dividida entre achar adorável e tentar encontrar meios de deixar Bia à vontade – Quer ir mais devagar?

B: Não é isso. – Inquietou-se mais por não achar a resposta exata – Não sei explicar, mas é um querer tão grande que é como se ele não coubesse dentro de mim e toda vez que tu encosta em mim assim, parece que esse querer absurdo vai me arrebentar inteira, ao ponto de eu perder completamente a noção do que eu tô fazendo. E essa falta de controle me deixa quase paralisada.

Rafa nem precisou de tempo de processamento das palavras, porque em grande medida a descrição de Bia lhe era familiar. A diferença, talvez, é que ela – Rafaella – tinha conseguido contornar e entender isso antes.

E foi por isso que a resposta lhe veio fácil.

R: Esse "querer" só não cabe dentro de você por causa da barreira que você ergueu em volta e que te impede de abrir espaço pra ele. – Acariciou o rosto de Bianca, investindo-se em toda paciência e delicadeza que lhe estavam disponíveis – Olha pra mim e tenta lembrar só de nós duas e de todas as barreiras que a gente já derrubou, aqui nessa cama e no pouco tempo que tivemos juntas. Não pensa em qualquer outra coisa, não sente medo de nada e só me sente aqui com você.

Bia sorriu de lado, devolveu o carinho no rosto de Rafa e, em um lapso de lucidez, percebeu o tempo que estava perdendo vacilando assim e, pior do que isso, passou a temer as mensagens equivocadas que aquela pausa poderia estar enviando a Rafaella, por mais compreensiva que ela pudesse estar soando.

Por isso, a carioca respirou fundo e se preparou para seguir as palavras de Rafa que, curiosamente, soavam uma reedição de palavras que Bianca mesmo já havia pronunciado em outro contexto.

A mineira, por sua vez, aguardou respeitosamente o processo de Bia que, quando ordenou o necessário, lançou-se novamente nos lábios fartos, ainda mais voluptuosamente.

E a desorientação, que antes era de Bianca, pareceu ter passado para Rafaella que, quando se deu conta, estava com as costas no colchão e sentindo o peso da carioca escalando seu corpo e sentando em seu quadril.

Quando os olhares se encontraram novamente, com Bianca a encarando cheia de intenções, Rafa sorriu em paz, certa de que finalmente estavam só as duas ali.

Devolvendo o sorriso e adicionando malícia ao olhar, Bia levou as mãos à faixa de seu roupão e, sob a mirada cheia de ansiedade e desejo de Rafaella, desatou o nó e fez a peça única cair sensualmente por seus ombros e corpo, deixando-a completamente nua.

Sem pressa, Rafa contemplou cada pedacinho do corpo que ela não via há tempo demais, revisitando os contornos nunca esquecidos e anotando as sutis diferenças que mais cedo Bia havia insistido em ressaltar. Deslizou as mãos pela lateral das coxas; subiu pelo quadril e cintura; passou para o centro da barriga; e, por fim, ascendeu mais ainda em direção aos seios e os encaixou nas palmas de suas mãos.

Na primeira pressão que Rafa fez em seus seios, Bia reagiu ritmando seu corpo. Manteve o movimento por algum tempo, mas se incomodou com a barreira do tecido que cobria o corpo de Rafaella e passou a tirar a camisola dela.

No meio do caminho, a carioca precisou fazer uma pausa no ponto exato que inevitavelmente prenderia sua atenção. Deixou a visão estática ali por segundos que quase chegaram a ser constrangedores, até finalmente conseguir procurar o olhar de Rafaella para encontrá-lo cheio de travessura.

B: Tu se diverte, né?

R: Tô achando bem divertido mesmo confirmar que era real o que me disseram um tempo atrás?

B: E o que foi que te disseram? – Pronunciou as palavras voltando a forçar o tecido e inclinando o tronco para conseguir passar a camisola pela cabeça e braços de Rafaella.

R: Essa pessoa me disse que... – Esperou Bia se livrar da peça e realinhar os rostos para concluir em tom indecente:

– Ia perder o rumo de tudo se eu colocasse um brilhinho ali e tirasse a roupa pra ela.

B: Hum... – Deslizou os lábios para o pescoço de Rafaella – E tu acha que funcionou?

R: Não sei, mas senti que ela "bugou" gostoso, viu? – Mordeu o lábio e abriu as pernas para receber a de Bianca.

B: Acho que tu não lembra direito, isso sim.

R: Ah, não? – Ritmou o quadril e forçou a própria coxa no sexo de Bianca.

B: Não... – Desceu o corpo e parou na altura do umbigo de Rafaella – Porque as palavras exatas dessa pessoa devem ter sido que ela não saberia nem o próprio nome se tu colocasse um brilhinho nessa barriga deliciosa.

R: Tem razão, acho que foi isso mesmo.

B: Foi, né? – Levou os lábios ao umbigo de Rafa e lhe trouxe a onda de excitação que percorreu o corpo inteiro, beijando e passando a língua suavemente perto do piercing dela.

Do umbigo, a boca de Bianca subiu para os seios e se deliciou ali por instantes que foram reativando, uma a uma, todas as nuances do desejo de Rafaella que só se manifestava quando ela estava na cama com Bianca. E foi esse desejo descontrolado que, depois de ter o suficiente da carícia em seus seios, fez a mineira puxar a cabeça de Bia para se beijarem novamente.

O beijo incendiou ainda mais os corpos que atritaram e se agarraram muito mais, até Rafa forçar o tronco e erguê-lo para continuar o beijo com Bia no colo. A boca desejosa da mineira escapou do beijo para descer até os seios de Bianca e por ali também se perdeu deliciosamente.

Quando a excitação da carioca expandiu nos gemidos indisfarçáveis, movimento de quadril incontrolável e pernas que apertavam a cintura de Rafa cada vez mais, a mineira agiu impetuosamente e derrubou Bia de volta na cama.

A carioca sorriu sem reduzir o tesão e não resistiu:

– Tu sonha muito se acha que eu vou entrar nessa disputa contigo.

R: Que disputa? – Perguntou cínica e já deitando seu corpo sobre o de Bianca.

B: Aquela deliciosa... – Desceu a mão direita pelas costas de Rafa e apertou sua bunda – E que ninguém nesse mundo todinho disputa tão bem comigo.

R: "Deliciosa" e cê vai abrir mão?

B: Vou... – Deslocou a mão da bunda para o quadril de Rafa, e avançou mais para posicionar a carícia entre as pernas da mineira, fazendo-a se perder na contradição entre texto e gestos, e precisar da confirmação.

R: Vai?

Bianca atiçou pincelando suavemente as pontas dos dedos no clitóris de Rafaella, levou a boca pertinho do ouvido dela e esclareceu de uma vez por todas sua intenção:

– Sim, porque nesse momento eu não quero outra coisa no mundo a não ser dar gostoso pra você.

A combinação entre a carícia sutil entre suas pernas, o tom e significado indecente das palavras, inflamou Rafa ainda mais. Ela ergueu o tronco com as mãos espalmadas nas laterais do corpo de Bianca e não hesitou:

– Então vira, porque eu lembro bem como você gosta de dar.

A onda de excitação estremeceu o corpo inteiro de Bianca e a fez automaticamente virar de bruços, como havia sido comandado.

Rafa se posicionou ao lado, afastou os cabelos de Bia e contemplou longamente toda a extensão de pele alva descoberta. Não resistiu à distância quando seu olhar caiu no desenho impecável do bumbum e levou os lábios à nuca da carioca, beijando-a na região da tatuagem.

Posicionou-se melhor, arrastou os lábios pelas costas, e quando chegou na curva sinuosa que a levaria às nádegas levou as duas mãos à cintura de Bia, incentivando-a a erguer o quadril.

De joelhos atrás da carioca, Rafa deslizou a mão esquerda nas costas dela, beijou e mordeu o bumbum antes de levar a outra mão para estimular o sexo dela.

Combinou as carícias dessa forma por uns instantes e na sequência cuja precisão ela calibrou conforme o movimento do quadril de Bianca ditava, até ouvir os gemidos e súplicas que incentivaram a puxada na cintura que precedeu a entrada de seus dedos.

As primeiras estocadas foram avidamente correspondidas pela velocidade crescente do quadril de Bianca, mas Rafa foi surpreendida quando a carioca ergueu o tronco e a fez ter que recuar a mão.

R: Que foi? Não tava gostoso dando de quatro pra mim? – Insistiu em manter a excitação no mesmo patamar, grudou nas costas de Bianca e levou as mãos na frente do corpo dela para, com uma delas, apertar-lhe o seio e, com a outra, voltar a lhe estimular o clitóris.

B: Tava demais... – Virou o rosto de lado, beijou e mordeu o lábio de Rafaella antes de completar – Mas eu tô desesperada pra te ver!

A mineira sorriu envaidecida, beijou novamente a boca de Bia e, no meio do beijo e com pouca delicadeza, empurrou seu corpo para cair na cama.

Sem perder mais nenhum segundo, Rafa voltou a chupar os seios de Bianca e levou a mão entre as pernas dela. Estimulou um pouco mais e, prestes a penetrá-la novamente, sentiu seu movimento ser contido pela mão de Bia em seu pulso e ergueu o olhar para decifrar mais uma reação inesperada.

B: Eu tô com saudade de gozar junto e encaixada em você.

O olhar de Rafaella submergiu ainda mais em luxúria e ela não o desviou enquanto desceu os lábios e a língua pelo ventre da carioca, beijou a parte interna coxa de Bianca e seguiu se movimentando, até estar em posição de sentar na cama e promover o encaixe que atenderia ao desejo que instantaneamente passou a ser o seu também.

Já nos primeiros movimentos ritmados, a visão da mulher linda que ela tinha consigo na cama – e que ela quis tanto continuar vendo – impactou Bianca e acelerou ainda mais seu já avançado estágio de excitação.

Bia quis muito deixar isso só expandir, mas quis mais ainda dar e assistir o prazer crescente no rosto e todo o corpo de Rafaella e, por isso, concentrou-se e esmerou-se no movimento de seu quadril, na cadência que ela sabia que funcionava tão bem com elas, e sustentou isso até sentir o corpo de Rafa trepidar na frequência que traria o orgasmo, e só liberou o seu quando o dela veio...

E veio ainda mais intenso e muito melhor do que sua memória podia alcançar.

Ainda extasiada e sem querer perder nada que estivesse ao seu alcance para amplificar as sensações, Bianca ergueu o corpo e se colocou entre as pernas de Rafaella, beijando e mordendo suas coxas, passando o nariz e a língua no sexo ainda pulsante, e subindo beijos pelo corpo trêmulo, até chegar no rosto que, de olhos fechados, tentava administrar a descarga de prazer.

B: Deliciosa! – Puxou o rosto de Rafaella e lhe beijou os lábios.

Sem fôlego, Rafa não conseguiu sustentar muito o beijo e Bianca riu, saiu de cima dela e a envolveu, trazendo-a mais perto de seu corpo.

B: Juro, eu não sei como tu pode ter ficado ainda mais gostosa do que já era. – Insistiu e a mineira sorriu escondendo o rosto no peito de Bianca.

Relutando muito em sair dali, Rafaella ergueu o rosto só o suficiente a encontrar o olhar castanho para sua resposta:

– E você? Vai revelar quando que sua gravidez foi uma farsa?

B: Oi? – Apertou os olhos e deu uma risada nervosa, realmente sem entender.

R: É isso que cê ouviu mesmo... – Ajeitou-se melhor – Vai ficar até quando querendo que a gente acredite que cê pariu tem só cinco meses e já tá deliciosa assim?

B: Ah... – Riu mais em paz – Eu sou determinada, né? Isso ninguém pode negar... E um acompanhamento profissional eficiente e boa genética talvez expliquem também.

R: Você fica linda de todo jeito, mas eu tô mesmo chocada que tá mais linda ainda.

Um instante de silêncio se fez e, antes que Rafa se inquietasse ainda mais, Bia deixou claro que não tinha a menor intenção de dar sequência lógica ao diálogo:

– Meu Deus, que saudade que eu estava de você!

R: Do jeito que a gente tá falando, nem parece que umas horas atrás a gente tava se atracando naquele banheiro.

B: Ah, foi uma delícia, mas nada rala em poder ficar contigo assim... – Apertou mais Rafaella em seus braços – E te ter inteirinha nessa cama.

Encaixada e esmagada junto ao corpo de Bia, a mineira suspirou, percebeu carinho em suas costas sendo adicionado ao cenário e não conteve o fluxo de coisas boas que lhe acometeu.

Sentiu tudo de novo...

Aquele gostinho delicioso de novidade; a brisa entorpecente depois do orgasmo na configuração que ela já sabia que só atingia com Bianca; a proteção dos braços que sempre faziam questão de lhe envolver depois que elas transavam; os carinhos que desde o início sabiam ser a resposta perfeita para o seu dengo; sentiu o combo inteiro, enfim.

Mas sentiu também o quase desespero de se imaginar novamente sem tudo isso, e as incertezas inevitáveis que sempre ameaçariam a sintonia delas.

Sem se permitir ir por aí, Rafa se deu um tempo para só absorver os carinhos e reativar as coisas boas, e só saiu desse esforço quando sentiu Bianca inquieta.

R: Que foi? – Ergueu o rosto e percebeu a carioca olhando para o lado.

B: Desculpa, mas...

R: Cê tem que checar as coisas, né? – Completou por ela e afastou o corpo para liberar o braço de Bia para alcançar o móvel lateral.

B: Preciso. – Respondeu sem tirar o olhar das feições de Rafaella, querendo acompanhar as reações dela, e já pegando o celular.

R: Tá fazendo errado.

B: Eu sei, mas desculpa, é que...

R: O celular, trem lindo... – Interrompeu de novo para esclarecer com um sorriso gentil no rosto – Cê pegou o meu.

B: Ah... – Desconcertou-se mais e soltou o aparelho tentando descontrair – Me distraí olhando pra essa fuça linda e errei. – Puxou o rosto e estalou um beijo nos lábios de Rafaella.

R: A gente vai precisar dar um jeito no tanto que cê ainda tá nervosa na minha presença, hein? Retroceder assim não dá. – O tom foi gracioso, mas o conteúdo muito sério.

B: Eu ainda vou me atrapalhar um pouquinho, mas prometo me esforçar pra melhorar.

O olhar atencioso de Bianca voltou a ficar fixo em Rafaella e a mineira comprovou outra vez que esse esforço já estava em curso, e se manifestando a todo tempo. Por mais aliviada e em boa medida envaidecida que ficasse com essa disposição de Bia, a verdade é que podia ser mais natural do que isso, e Rafa também estava disposta a entregar a sua parte.

R: Eu te quero à vontade do meu lado de novo, só isso... – Beijou docemente os lábios de Bia e reconduziu – Mas agora pega o celular certo e confere se tá tudo bem com o seu neném lindo.

B: Obrigada por ser assim.

A resposta veio sucinta e os olhinhos de Bianca brilharam tanto que Rafaella soube instantaneamente que tinha escolhido as palavras certas, e sentiu-se vitoriosa por isso. Mas querendo dar à carioca ainda mais espaço, ela apenas sorriu e levantou da cama.

R: Vou aproveitar e ir ao banheiro. – Fez uma careta fofa.

B: Ah, pronto! E vai sair desfilando peladona na minha frente... Como é que concentra em outra coisa assim?

Rafaella gargalhou, parou o passo e virou novamente de frente.

R: Uai, e não é você a boss fodona, capaz de concentrar em mil coisas ao mesmo tempo? – Levou as duas mãos à cintura.

B: E sou... – Respondeu seríssima, sem tirar os olhos do corpo de Rafaella – Tanto sou que agora mesmo eu tô aqui, concentrada em duas coisas ao mesmo tempo.

Rafa franziu o cenho, sem entender e, com o sorriso com aquela puxadinha de lábio irresistível, Bia apontou, de um lado para o outro, mais de uma vez.

Seguindo a direção apontada, o olhar de Rafaella caiu nos próprios seios e ela voltou a encarar Bia ainda mais desacreditada. Pensou em mil respostas para reagir àquela infamidade, mas optou por continuar no jogo que, naquele momento, lhe pareceu absolutamente irresistível:

– Bom, foi você mesma que disse agora a pouco que determinada cê sempre foi, né? Então... Foca aí que eu sei que vai conseguir. – Pronunciou com cinismo, deixou um beijo no ar e, para incredulidade ainda maior de Bianca, girou o corpo, continuou o caminho que fazia mexendo charmosamente no cabelo solto e rebolando esplendorosamente.

E claro, desencadeou a reação que ela já esperava:

– Bicha otária!

Mordendo o lábio travessamente, Rafa nem respondeu. Apenas fez o que disse que faria e entrou no banheiro.


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Alguns minutos se passaram e Rafaella retornou ao quarto.

Encontrou Bianca ainda compenetrada na tela do celular, e agora vestindo só uma camiseta solta, jogou-se novamente na cama e se divertiu quando percebeu o susto da carioca.

R: Tô vendo que me superou rapidinho mesmo, né? Nem me viu chegar...

B: Náááá! – Deslizou o corpo antes apoiado na cabeceira da cama e deitou novamente para agarrar Rafa – Eu amo tu manhosinha assim, mas pode parar! Eu só estava focada vendo um vídeo mesmo.

R: Sei... – Esquivou-se falsamente dos beijos – E tá tudo bem? – Bia aquiesceu só com o gesto de cabeça e Rafa não se deu por satisfeita – Em tudo?

B: Graças a Deus! O nenéim passou a noite bem, já acordou, se alimentou, tomou o solzinho da manhã, brincou, enfim... Tudo certo! E minha mãe estava ocupada, mas ficou de me ligar daqui a pouco pra me dar detalhes de tudo.

R: Que bom! – Sorriu com o brilho no olhar castanho que enxergou enquanto Bia falava do filho – E que vídeo é esse que ocupou toda a sua atenção e valeu o sorriso que eu enxerguei em você quando entrei aqui?

B: Do nenéim! – O olhar brilhou mais – Minha mãe mandou e eu tava aqui babando.

R: E não vai me mostrar? – Perguntou com despojamento – Se valeu esse sorriso lindo, eu quero ver também.

B: Ah... – Desconcertou-se – Tu vai achar besteira e coisa de mãe babona. A gente não precisa perder nosso tempo juntas com isso agora.

R: Mas eu quero ver, uai!

B: É bobinho, Rafa. – Ainda não se sentia confortável.

Percebendo isso, a mineira ajeitou-se melhor na cama e se esforçou mais ainda.

R: Tá, vamos lá, Boca Rosa! – Sentou e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha – Já que cê não colabora e facilita pra mim, eu vou ser bem honesta.

B: Pode ser, ué! – Estranhou e temeu o tom cerimonioso.

R: A grande e imensa verdade é uma só... – Encarou os olhos castanhos – Nos últimos cinco meses eu não assisto seus stories mais por sua causa. Então faz favor de não regular e me mostra logo o vídeo da única pessoa que importa pra quem te segue ultimamente, vai!

Bianca sentiu mais de suas barreiras caírem com o desprendimento que sentiu em Rafaella, mas não todas e, por isso, acessou a janela de conversa com a mãe e entregou o celular para a mineira, mantendo o foco nas reações dela enquanto assistia, mas sem se soltar completamente.

Com o sorriso crescente, Rafa assistiu tudo e não resistiu ao final:

– Eu não dou conta, não, ele é mesmo a coisa mais linda desse mundo!

B: E eu que achei que tu me chamando de gostosa na cama era o maior tesão que eu ia sentir na vida contigo... – Rafaella olhou perdida na aleatoriedade e logo veio o esclarecimento – Eu descobri naquela festa que isso nem se compara a te ouvir elogiando meu nenéim.

Rafa sorriu enternecida, colocou o celular de volta no móvel e puxou Bianca mais perto.

R: Até parece que eu não ia ter só elogios nessa vida pra quem te faz tão feliz. – Beijou a cabeça de Bianca – E além disso, ele tem seu carisma, sua alegria e é todinho você, eu passo mal vendo fotos e vídeos dele.

B: Aí forçou! – Gargalhou.

R: Forcei em quê, tá louca?

B: Ele até pode ser alegre e ter o meu carisma, mas daí a ser todinho eu... Vou ficar devendo, né?

R: Cê tem que parar urgentemente com isso! – Nitidamente não gostou da declaração – Ele tá cada dia mais parecido com você, sim. Eu só enxergo você nele mesmo, e me processa por isso. É assim que eu quero e pronto!

B: Tu é muito linda, não dá! – Gargalhou e agarrou mais Rafaella.

R: Eu tô falando sério, Bianca... – Tentou se defender do ataque – Aceita que ele é parecido com você!

B: Tá bom, eu aceito. – Deslizou a mão por baixo da camiseta de Rafaella, acessando a bunda dela e investindo em beijos no pescoço.

R: Nem vem, porque eu não vou dar pra você enquanto a gente não falar sério. – Tirou a mão dela de sua bunda.

B: Garota? – Gargalhou desacreditada – Eu disse que aceito.

R: Mas disse sem convicção. Tem que encher a boca pra falar e jogar muito para o universo, pra isso ficar cada vez mais incontestável.

B: Tá bom, universo, eu aceito. O nenéim é muito a minha cara. Que assim continue e, se possível, brota umas marquinhas naturais nos dedinhos dele, em formato de tattoo de gatinho, pra ficar mais parecido ainda, fechou? – Fez o gesto positivo com os dois polegares voltados para o teto.

R: Cê não leva os trem a sério! – Incomodou-se e tentou sair da cama.

B: Ei, ei... – Puxou Rafa já gargalhando – Para com isso, vai, é brincadeira. Eu tô mexendo contigo, mas concordo. Juro! Eu até vivo repetindo isso ultimamente, tu que não tem prestado atenção no que eu posto, pelo visto. – Apertou os olhos.

Rafa segurou o sorriso com os dentes e se acomodou de volta na cama para responder:

– Eu juro que tento absorver o seu conteúdo, mas eu perco tudo só olhando pra você.

B: Carái, eu não ganho nunca contigo. – Limpou o rosto dela das mechas de cabelo.

R: Voltou a disputar, é?

B: Continuo fazendo questão de perder. – Pronunciou bem baixinho e calou a travessura delas com um beijo apaixonado.

O beijo foi cedendo, as mãos recuando, o fôlego voltando e as palavras também.

R: E ele? – Abraçou Bianca apertado.

B: O nenéim? – Insistiu em continuar com os beijos nos ombros e pescoço de Rafaella.

R: Não, o Fred.

Bia parou tudo imediatamente.

B: Que bela "broxada". – Afastou-se ajeitando o cabelo.

Rafa riu.

R: Desculpa! – Puxou-a pela cintura para fechar novamente a distância – Mas eu tô preocupada com isso também.

B: Nenhuma palavra, por enquanto.

R: Hum... – Deixou o olhar preocupado vagar – E isso é normal? Vocês brigam e ficam sem se falar assim mesmo, ao ponto de ele nem saber onde você dormiu?

B: Eu avisei minha mãe que eu dormiria na casa de uma "amiga"... – Arqueou as sobrancelhas, constrangida com a definição – Ele sabe que o nosso filho tá bem cuidado e, se brincar, nem voltou pra casa ainda também. E se tiver voltado, ela já avisou. Enfim... Nosso relacionamento não tem os contornos respeitosos que deveria ter há muito tempo, então tanto faz também.

R: Eu sinto muito que seja assim.

B: Jura? – Olhou com descrédito.

R: Quer dizer, que maravilha para a Rafaella que seja assim! Amém que a mulher que ela ama não ama esse homem e gosta um pouquinho dela também! Uhuuu, bom demais da conta! – Ergueu os dois braços em comemoração teatralmente. Bianca só riu e não a impediu de continuar – Mas que eu senti demais nos últimos tempos, assistindo no seu rosto que você não vinha bem, eu senti. Então não sei até que ponto eu fico em paz com esse resultado, e torço mesmo pra essa sua angústia acabar o quanto antes.

B: "Gosta um pouquinho dela"... – Repetiu com a voz infantil característica.

R: Só isso que cê ouviu? – Realmente se incomodou, porque o assunto podia ter outro andamento mais... Eficiente, talvez?

B: Foi a parte que precisou da minha intervenção pra lembrar a Rafaella que a mulher que ela ama não gosta um pouquinho dela, não... – Encarou os olhos verdes – Ela ama a Rafaella de volta. E muito.

Rafa sorriu apaixonada, fez um carinho no rosto lindo de Bianca e se inclinou para mais um beijo que não passou do encostar de lábios, porque o celular tocou.

B: Ih... – Riu com as bocas ainda coladas – Deve ser Dona Mônica.

A empresária virou-se para alcançar o aparelho, mas acabou percebendo mais uma confusão.

B: Seu toque é padrão igual o meu. É o seu, na verdade.

A carioca pegou o celular, mas durante o movimento de passá-lo para Rafaella, acabou tendo a visão atraída para o visor e inevitavelmente leu a identificação da chamada:


JV


Rafaella, por sua vez, também checou a mesma coisa simultaneamente e, claro, acabou buscando o olhar de Bianca.

O constrangimento perdurou por uns instantes de inércia de ambos os lados e, milagrosamente, o celular parou de tocar.

R: Acho que caiu ou desistiu.

B: Hum...

R: Bom... – Coçou o nariz e soltou o celular de lado, voltando a puxar Bia – Melhor assim, porque a gente parou em uma parte boa, não?

Bianca sorriu e tentou retomar a sintonia delas.

B: Tu vai precisar me relembrar, não deu tempo de gravar se era boa ou não. – Jogou a coxa sobre o quadril de Rafaella e se deixou agarrar, as duas deitadas de lado, uma de frente para a outra.

R: Não deu tempo, né?

B: Não. – Sentiu o arrepio da mordidinha em seu pescoço.

R: Então eu vou caprichar bastante... – Deslizou a mão pelo bumbum perfeito de Bianca e apertou – Que é pra memória durar muito tempo.

B: Faz e eu te conto no final se deu certo. – Sussurrou no ouvido de Rafaella.

A mineira sentiu a provocação, afastou os corpos, sustentou o olhar malicioso de Bianca por uns segundos e avançou na boca dela. O beijo começou calmo, mas foi aumentando a intensidade e se tornando cada vez mais fogoso, combinado com as mãos que exploravam os corpos uma da outra.

Quando Bianca gemeu dentro do beijo, reagindo ao aperto que sentiu em seu seio, foi quando o fluxo da excitação das duas foi quebrado outra vez pelo toque do celular.

Rafa apertou os olhos e encostou uma testa na outra.

B: Atende! – Pronunciou ainda ofegante.

R: Não quero. Já desistiram uma vez, desistem de novo. – Roubou novamente os sentidos de Bianca com mais um beijo violento.

E funcionou, mesmo o celular continuando a tocar. Tanto que o arrebatamento do beijo evoluiu para o movimento impetuoso de Bia que a colocou por cima de Rafaella, assim que o tom insistente parou de tocar.

Mas mais violenta do que a excitação só mesmo a frustração de mais um ciclo de chamada, e foi ela que, outra vez, interrompeu o pega das duas naquele final de manhã.

E a frustração trouxe consigo o início de irritação que fez Bianca afastar o corpo, esticar o braço e alcançar o celular.

B: É, pelo jeito não vai desistir. O rapaz é insistente. – Disse quando enxergou a tela e já saindo de cima de Rafa.

A mineira abriu a boca para responder, mas nem teve tempo, pois Bia atropelou suas palavras.

B: Atende! Minha vez de ir ao banheiro. – Sorriu com indisfarçável cinismo.

Com o celular na mão, Rafa ainda pensou em fazer alguma gracinha relacionada à nudez de Bia, mas também não teve tempo pra isso.

Bianca cortou seu barato épicamente ao pegar o roupão no chão, vestí-lo rapidamente e sair apressada dali.

Completamente impotente na cena, Rafa apenas assistiu quieta e esperou a porta bater para, enfim, atender a insistência da ligação.


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O contato durou não mais do que um par de minutos e, depois disso, Rafa permaneceu sentada na cama aguardando Bia sair do banheiro.

Surpreendeu-se, porém, quando ouviu que o chuveiro havia sido ligado.

Junto com a surpresa, veio a dúvida sobre o que isso significava. E depois da dúvida, as suposições.

Na verdade, uma única suposição: se Bia estava tomando banho, talvez isso significasse que, seja lá por qual razão, o tempo delas juntas naquele dia estava acabando.

E da suposição passou-se ao pavor que fez Rafa levantar rápido da cama e pensar em entrar no banheiro para, enfim, eliminar a dúvida e boa parte da cadeia de angústia que aquele único ato de ligar o chuveiro tinha lhe causado.

Quando chegou na porta do banheiro, a mineira recuou ao se dar conta de que pareceria desespero, porém, e sendo assim, melhor ela faria se reencontrasse o equilíbrio e continuasse aguardando.

Meia dúzia de passos em retirada e, outra vez, a hesitação inevitável: aguardar mais?

Já não tinha sido suficiente aquele um ano sem se verem, e um ano e meio sem repartirem a convivência harmonicamente?

Não tinha mais energia suficiente para "aguardar", e nem era justo consigo mesma e com a história delas. Por isso, a mineira optou por avançar novamente a meia dúzia de passos e quantos mais foram necessários a lhe colocar dentro do banheiro, depois da batida educada na porta.

R: Cê se importa se eu entrar?

B: Claro que não. – Respondeu limpando o rosto da água abundante que tinha deixado cair sobre sua cabeça.

Rafa terminou de percorrer a distância que queria, apoiou o corpo na bancada da pia e, ainda sem jeito, ficou encarando Bia dentro do box em silêncio.

B: Entrou aqui pra espiar meu banho, é, Rafa Kalimann? Que coisa feia! E contando ninguém vai acreditar em mim que tu é assim, né?

R: Olha... – Cruzou os braços – A minha timeline e a sua certamente vão entender e me defender por ficar aqui parada, querendo assistir o seu banho.

B: Claro, um bando de raparigas aquelas lá. – Soltou uma risada atipicamente leve para seus padrões.

Rafa reparou o descompasso e não quis perder mais nenhum segundo.

R: Eu esperei que cê voltasse pra gente continuar... Entrou no banho por quê? Já tem que ir embora? – A sequência final do questionamento veio em tom tão acanhado que afetou Bianca.

Pausadamente, a carioca levou a mão à torneira para fechar o fluxo d'água, mas ainda não soube bem o que fazer e recuou. Concedeu-se pouquíssimos segundos para descobrir e, quando achou que já tinha passado do ponto, olhou de lado e tomou o melhor caminho que achou que poderia tomar.

B: Não. – Sorriu leve e desligou a água.

R: Não tem que ir embora ainda, é isso? – Pegou a toalha.

B: Isso.

R: Graças a Deus! – Respirou aliviada e estendeu os braços com a toalha aberta para receber Bia.

B: Bom, pelo menos ainda não, né? – Sorriu com uma nota de tristeza no olhar e se deixou envolver pela toalha.

R: Então voltemos à primeira pergunta: apressou o banho por quê?

B: Ah... – Deu os passos estratégicos para perder o olhar de Rafaella e saiu do banheiro, sem nem se enxugar – Digamos que eu senti necessidade de esfriar a cabeça.

R: Quer me explicar por que?

O tom paciente de Rafaella contrastou com mais uma onda de inquietação que percorreu o corpo de Bianca e, sem se permitir afastar da decisão que tinha tomado, a empresária resolveu vomitar tudo de uma vez.

B: Por que, Rafa? – Respirou fundo e virou novamente de frente para a mineira – Porque eu acho que tá sendo coisa demais que eu tô sentindo. Incertezas demais, dúvidas sobre como agir em excesso, tesão demais, amor infinitamente demais... – Engasgou antes da parte que ela julgava mais rídicula da lista, mas que não quis deixar de fora – Até ciúme demais eu tô sentindo também e eu não tô sabendo administrar tudo isso. Tive que esfriar a cabeça, sim.

Bianca terminou de enumerar e sentou na cama, com o semblante emburrado e deixando evidente que, de fato, a soma de tudo aquilo vinha lhe incapacitando, como ela já havia dito para Rafaella que estava acontecendo antes de transarem.

Ainda na frequência serena, a mineira chegou mais perto, puxou uma poltrona que tinha por ali e sentou frente a frente com Bianca.

B: Tá me achando surtada, né?

R: Ahhh, se você pudesse enxergar o surto que tá aqui dentro de mim nesse momento. – Sorriu, pegou as duas mãos de Bianca e beijou carinhosamente.

B: E tá me deixando surtar sozinha por quê? – Indignou-se.

R: Digamos que a minha linguagem de surto é essa: primeiro eu me encolho, racionalizo, e só depois eu respiro fundo e tento organizar com alguma calma e serenidade, pra eu não me perder.

B: Sei... – Apertou os olhos – Eu já te vi bem surtada junto comigo em brigas bestas, escritórios de Manu Gavassi, e inclusive umas horinhas atrás, em festas e banheiros... Agora tu só tá querendo que eu pague esse mico sozinha mesmo então.

Rafa riu.

R: De fato, com você eu já tive grandes surtos que eu até estranhei, mas quanto a querer que cê pague mico sozinha agora, juro que não! – Esticou o corpo e deixou um selinho nela – Sei lá, acho que depois que a gente conversou naquele labirinto, que você disse o essencial que eu precisava ouvir, meu surto passou a ser mais controlado, dentro de mim.

B: Eu estava tentando ser assim e alcançar essa elegância toda, mas eu não consigo... – Soltou as mãos de Rafa e levantou demonstrando impaciência – E nem sei se quero, sabe? Guardar as coisas pra mim não funcionou e só me afastou de você, então agora eu tô mais a fim de surtar mesmo e dizer que é isso aí: tô toda cagada de dúvidas, medo, perdida, com ciúme, mas eu te quero tanto que parece que eu vou explodir.

R: Esse final é a única coisa que importa. – Sorriu apaixonada – E cê tem razão, a gente precisa aprender a não guardar as coisas e, principalmente, a conversar. Então começa por qualquer parte que cê quiser começar.

B: O ciúme. – Disse em um estampido, sem qualquer hesitação.

R: Ok, pelo ciúme será então. – Ajeitou-se melhor na poltrona e lutou para manter o semblante neutro, sem entregar que estava curiosa com essa parte – Pode falar!

B: Tá, eu sei que eu não tenho direito a nada com essa penca de problemas que eu tô trazendo junto comigo pra nossa relação. Que eu não tenho que cobrar, reclamar, querer saber, opinar... Enfim, absolutamente nada. Sei que é patético também, porque a gente voltou a se pegar essa madrugada, mas enfim, foda-se. Não tô nem aí... – A neutralidade ficava cada vez mais difícil de segurar e Rafa precisou apoiar a mão na boca – Eu não perguntei antes, porque sei lá, não imaginei, mas pergunto agora.

R: Pode perguntar.

B: Tu tá com esse mané?

Rafa mordeu o canto do lábio, coçou o rosto displicentemente, olhou em volta no quarto e, com uma boa dose de cinismo, respondeu da forma que julgou ser mais leve:

– Uai, até onde eu sei, eu tô com você... – Olhou mais em volta, como se procurasse algo e complementou – E com você.

B: Tu me entendeu, Rafaella! – Revirou os olhos – Aliás, a pergunta é mais ampla: tu tá com esse ou qualquer outro mané?

R: OutrA mané também é uma variável, não se esqueça. – Deu a piscadinha que terminou de inflamar Bianca.

Insultada, a carioca reagiu mais energicamente ainda e transbordando sotaque, como acontecia sempre que saía do sério:

– Esquece! Tu vai mesmo tirar onda com a minha fuça e eu não tô boa pra essa parada, não.

Tentou se afastar mais, mas Rafa levantou rápido e não deixou.

R: Tá, desculpa, vai! – Envolveu-a pelas costas com carinho – Continua, por favor, e perdoa as minhas gracinhas.

B: É sério, Rafaella! – Não correspondeu o abraço, mas também não tentou sair do cerco – Eu não me orgulho disso, mas eu tenho ciúmes da minha mãe, da Íris, do Miguel, da Bianca, e de todo mundo que eu amo, então é óbvio que, mesmo me esfolando de tanto fazer merda por aí pra te afastar de mim, eu também tô tentando há mais de um ano controlar o ciúme que eu tenho sempre que eu te vejo com alguém ou leio alguma notícia sobre você estar com alguém, mas até agora eu não consegui. Então se tu puder me ajudar, eu agradeço porque tá doendo fisicamente em mim essa incerteza.

R: Desculpa! – Encheu-a de beijos – Vamos começar de novo.

B: Por favor...

Bia soou emburrada e, agora com mais foco e sensibilidade, Rafa soltou o corpo dela e se posicionou frente a frente.

R: Eu não estou com ninguém, Bia. Não tenho compromisso algum com quem quer que seja. Eu teria te dito se tivesse.

Bianca baixou o olhar, sentindo-se ridícula, mas não interrompeu.

R: Agora, eu não vou negar que desde que eu terminei com o Caon a minha... – Não soube bem quais palavras usar, mas se esforçou para ser clara o suficiente – Fila rodou um "cadinho". Tanto que eu te deixei claro na nossa conversa que eu tive outras mulheres.

B: Ai... – Baixou o corpo e, quase comicamente, sentou no chão – Retiro o que eu disse. Esse plural, sim, é que causa dor física.

Rafa sorriu com a cena e, sem hesitar, também sentou no chão.

R: Ei! – Forçou os braços de Bia que cobriam o rosto dela – Eu espero que a gente tenha todo o tempo do mundo ainda pra conversar sobre o que você quiser nesse assunto, mas o que importa agora pra eu te dizer é isso: eu tenho alguns contatos que ainda me procuram. O João Vicente é um deles, mas eu não tenho compromisso e não estou com ninguém.

B: Ele te ligou querendo te encontrar, não foi? – Ainda não parecia suficiente.

R: Provavelmente, Bia. – Foi sincera – Ele me ligou com uma desculpa qualquer pra pedir uma referência, mas ele viu que eu voltei agora ao Brasil, né? A gente teve alguns encontros antes de eu ir pra Nova York, continuou se falando por lá esporadicamente, e confesso que sempre ficou em aberto como uma possibilidade pra acontecer de novo. E não tenho como negar que provavelmente era atrás dessa possibilidade que ele estava.

B: Manézão, isso sim. – O tom emburrado não cessava.

R: Eu dei a referência que ele queria e cortei o assunto em seguida, Bia... – Não quis mais dar voltas – E, inclusive, isso me leva ao exato ponto em que eu também estou em surto e cheia de incertezas.

B: Como assim?

R: Eu fiz isso, porque eu realmente não tenho mais motivo nenhum pra esticar conversa com ele com segundas intenções. Porque por mais que a gente não tenha dialogado tanto assim, tudo que aconteceu essa noite com a gente e o pouco que a gente disse e se declarou foi suficiente pra eu assumir que a gente vai tentar mesmo viver isso. Quando conversamos no labirinto, eu senti que estávamos na mesma página, mas hoje eu acordei precisando ter mais certezas.

B: A gente está na mesma página, Rafa. – Percebeu que não lhe era mais possível surtar e hesitar e tentou reassumir o tom seguro – Foi pouco o que a gente conversou, mas eu achei que tinha ficado claro.

R: E ficou, mas hoje eu te senti vacilar um pouquinho e fiquei preocupada, sei lá... – Atrapalhou-se e Bia tentou serená-la segurando sua mão e fazendo carinhos – Acho que talvez as minhas dúvidas sejam mais quanto a questões práticas, não sei.

B: Me diz quais questões especificamente e eu tento dar uma resposta pra todas elas.

R: Acho que o que eu mais quero saber é o que eu posso esperar, Bia. E essa dúvida se agrava mais quando eu te vejo falar que também está com dúvidas e se sentindo perdida.

B: Vamos por partes... – Colocou um sorriso leve no rosto e até ajeitou a postura, pois entendeu a importância de ser transparente e assertiva naquela conversa – Sobre eu vacilar, estar com dúvidas e me sentindo perdida, isso ainda é decorrência da preocupação que eu te deixei clara na nossa conversa no labirinto. Eu sei que eu tenho diversas mudanças na minha vida que podem ficar no nosso caminho, e meu receio de não saber dosar isso e te fazer sofrer ou ser injusta contigo ainda me estremece e até paralisa.

R: E eu te pedi pra não ter medo disso e tentar não ter essa visão tão negativa das coisas.

B: Eu sei, e eu te ouvi tanto que vim pra casa contigo. – Baixou o corpo e beijou a mão de Rafa – Mas acho que vai um tempinho pra eu conseguir sentir que eu tô conseguindo conduzir as coisas.

Rafa torceu os lábios e não soube bem o que falar, abrindo brecha para Bianca seguir em seu esforço.

B: E sobre conduzir as coisas, acho que é a parte em que a gente chega nas suas dúvidas práticas e sobre o que esperar, não?

R: Sim, e eu sei que eu mesma deixei claro que as diferenças que existem na sua vida hoje não me fariam ficar longe de você, mas isso não quer dizer que elas não vão gerar incertezas que vão me angustiar no nosso caminho.

B: E quais são essas incertezas. – Insistiu em receber um direcionamento.

R: Partem do início e vão em todas as direções, Bia. – Preparou-se para ser o mais honesta possível – Desde o receio que eu tô de você sair daqui rápido demais, como foi quando eu ouvi a água do chuveiro caindo; passando pela angústia que tá sendo tentar prever quando eu vou te ver de novo; se você vai conversar com o Fred; se eu vou poder te mandar mensagem, ligar e falar com você nesse tempo, enfim... – Bia ainda não disse nada e Rafa preencheu o vazio com mais honestidade – Por mais otimismo que eu tenha, a verdade é que eu me desmanchei inteira depois de fazer amor com você e te sentir me abraçando como antes, e com isso veio o medo de te perder de novo ou de não ter acesso a você, ou de... Sei lá!

Rafa respirou fundo, como se recuperasse o fôlego que lhe faltou depois daquela profusão de palavras, e Bia apertou suas mãos.

B: Calma! – Sorriu terna – Eu entendo as suas angústias, e repito que elas sempre foram a minha preocupação, porque eu não quero te submeter a um contexto injusto. Mas já que a gente chegou até aqui e decidiu sair do labirinto juntas, o que eu posso te dizer é que depois de a gente se declarar e fazer amor com você, eu também nunca estive mais interessada em não te perder de novo. E como eu já disse aqui, eu sou determinada. – Rafa abriu um sorriso pequenininho – E vou usar essa determinação pra correr atrás do que for pra tirar de você esse desconforto.

R: Eu sei que o desconforto não é só meu.

B: Não é, mas é a mim que cabe a maior parte das atitudes que vão eliminar isso e eu só posso te dizer que eu quero tomar todas elas, mas eu só não posso te dar certeza sobre o quão rápido tudo vai acontecer.

R: Eu sei. – Pronunciou baixinho e apertou de volta a mão de Bianca.

Na ânsia de fazer Rafaella se sentir mais segura, Bia tentou organizar seus pensamentos e retomar as questões práticas citadas pela mineira para não deixá-la sem resposta em nenhuma extensão.

B: O que eu posso e vou te dizer agora é que eu pretendo passar mais um pedacinho desse dia contigo, o máximo que eu puder. Que eu quero te ver de novo o quanto antes. Que enquanto isso não acontecer, eu quero e espero que tu fale comigo todo dia, toda hora e todos os minutos possíveis... – O sorriso das duas começaram a afrouxar – E que assim que eu tiver a oportunidade, eu vou deixar claro para o Bruno o que no fundo ele já sabe: que o nosso casamento acabou, e que a gente vai precisar deixar isso claro para o resto do mundo o mais rápido possível. Que mais?

R: Mais nada! – Segurou o rosto de Bia entre as mãos e tentou beijá-la – Não precisa falar mais nada, eu já entendi e me desculpa, eu não quero te pressionar.

B: Não tô me sentindo pressionada, não, garota. – Desviou do beijo e insistiu em continuar – Pra mim tem mais, porque eu ainda quero dizer que, dentro das minhas limitações, eu vou fazer o possível pra vir sempre te ver; que eu quero que tu conheça o nenéim assim que estiver pronta pra isso; e que eu também não quero te pressionar com nada e espero que tu vá me dizendo o que te incomoda e quais são os seus limites pra eu errar o mínimo possível.

Extasiada com o quanto aquela sequência de respostas tinha conseguido aliviar uma parcela relevante de suas angústias, Rafa reencontrou o rumo para contribuir mais ainda no diálogo.

R: E o que eu posso te dizer é que eu vou tentar sempre dizer o que me incomoda; que eu tô louca pra conhecer o seu bebê; mal vejo a hora de te ver de novo; quero muito voltar a te ter nos meus dias nem que seja na minha janela de conversas; e que eu tô disposta a alcançar tudo isso com você, no ritmo que for melhor pra nós duas, e principalmente, que não vá prejudicar seu relacionamento com seu filho.

B: Obrigada!

Com o sussurro, Bia segurou a nuca de Rafaella, selou os lábios e manteve a proximidade delicada, adicionando o leve roçar dos narizes e bochechas, e ganhando tempo para continuar achando meios de organizar aquela bagunça.

B: Esclarecido o principal, acho que pra início de conversa sobre questões menores, eu preciso te dizer que, por mais que eu quisesse que fosse diferente, a gente se reencontrou nesse momento tão pertinho do Natal, e infelizmente eu tenho planos com a minha família e com a dele já depois de amanhã que eu sei que podem te gerar incômodo, de mil formas diferentes. E apesar de ter consciência disso, não acho que eu vá conseguir descartar esses planos.

R: Eu não espero que você descarte, Bia.

B: Eu sei, mas eu, por mim mesma, queria muito descartar, mas eu não posso. – Fez voz de choro – A ceia está planejada pra ser na minha casa, minha família já está em São Paulo, e eu não vou poder evitar de juntar as famílias no primeiro Natal do nosso filho.

R: Eu entendo.

O silêncio que ressaltou o constrangimento já na primeira situação prática que precisaram discutir também deixou evidente que fácil de fato não seria. Mas lembrando que difícil mesmo tinha sido ficar sem Rafaella, Bia insistiu em continuar abrindo o diálogo.

B: Onde tu vai passar o Natal?

R: Eu tô indo amanhã pra Minas, pra passar com a minha família. – Pronunciou em tom tranquilo.

B: E fica até a virada do ano?

R: Não, a princípio a gente ia passar a virada na Bahia, mas mudamos de ideia e provavelmente vamos passar na minha casa no Rio mesmo.

B: Hum. – Soltou uma risada com uma pitada de ironia.

R: Que foi?

B: Nada, mas é que, desde que eu soube da tua casa lá, eu ainda acho tremendamente irônico que hoje em dia tu seja a "menina do Rio" e eu seja a que vive em São Paulo.

R: A vida às vezes muda rápido demais, né? – Deu um sorriso de lado, mantendo um carinho na coxa de Bianca.

B: Até demais, porque se formos ver, eu ontem saí pra festa de uma influencer, prometendo pra mim mesma que eu ia ficar bem longe de você e agora tô aqui... – Suspirou – Sentada nesse chão, enrolada na sua toalha depois de transar contigo e tendo ideias mirabolantes pra te encontrar de novo.

R: Ideias mirabolantes? Como assim? – Franziu o cenho.

B: O Natal eu sei que eu não consigo mais desfazer tão em cima da hora assim, mas eu me conheço, e sei que com tudo que eu tô sentindo eu não vou conseguir arrastar essa situação até a virada do ano.

R: Você diz em relação ao Fr... Bruno? – Atrapalhou-se.

B: Sim. Eu não sei ainda como as coisas vão caminhar e não posso prometer nada, mas eu quero começar o ano com as coisas esclarecidas entre nós dois. – O sorriso aliviado em Rafaella foi inevitável.

R: E onde entra a ideia mirabolante pra me ver? – Prioridades seriam sempre prioridades, por mais solidária que se colocasse com as angústias de Bia para resolver a situação com o pai do filho dela.

B: Ué, eu tenho mãe, né? – Rafa se perdeu mais ainda com o início da explicação que lhe soou sem sentido algum – E vou querer o colo dela quando eu finalmente der esse passo tão importante pra mim. E esse colo, coincidentemente, vai estar lá no Rio de Janeiro.

Os olhos verdes brilharam instantaneamente, mas tudo parecia tão irreal e bom demais para ser verdade que a mineira até teve medo de reagir com palavras, mas Bia continuou por ela.

B: Essa era a parte em que tu me ofereceria mais um colo lá no Rio, mas tudo bem. Eu me humilho e me ofereço mais uma vez, não tem problema. – Disse em tom debochado e Rafa ainda não conseguiu reagir e só continuou ouvindo com um sorriso bobo no rosto – Enfim, se esse plano mirabolante der certo, eu vou gostar muito se tu tirar um tempinho pra mim e me convidar pra conhecer sua casa no Rio.

R: Um tempinho? – Levantou bruscamente do chão que estavam sentadas.

B: Deixa de ser doida! – Assustou com o movimento de Rafaella que, de forma mais imprevisível ainda, puxou-lhe também.

R: Se você colocar em prática essa ideia mirabolante... – Ignorou a reação de Bia e saiu com ela entre os braços até caírem juntas na cama – Eu vou ter muito mais que um tempinho pra você.

B: Ah, vai? – Acomodou-se em cima dela.

R: Vou, porque é capaz de eu te sequestrar pra passar comigo um tempinho... – Beijou o pescoço de Bianca no lado direito – Dois tempinhos... – Passou os beijos para o outro lado – Três tempinhos, mais tempinhos... – Encheu Bia de beijos em todas as direções – E principalmente a virada do ano, que é pra gente começar o ano bem grudadinhas e permanecer assim o resto dele.

B: Seria perfeito, mas vai um caminho tão longo até esse ponto, e tanta coisa tem que dar certo ao mesmo tempo pra isso poder acontecer. – Suspirou tristeza com a realidade incontestável.

R: Eu sei, mas deixa eu me iludir. – Sussurrou e beijou suavemente os lábios de Bianca.

B: Eu aqui, lutando pra te trazer para o cenário mais honesto do mundo, e não te iludir com nada, e tu me pedindo pra eu te deixar se iludir. – Revirou os olhos.

R: Mas eu quero, uai. – Reagiu divertida – A ilusão é minha, e nela eu te digo que, se você estiver mesmo no Rio e, por exemplo, puder ir me ver só no dia 1° de manhã, eu vou fingir que a gente passou a virada do ano juntas, sim, e jogar para o universo a ideia de que nós começamos o ano assim, e vamos continuar assim por ele inteirinho.

B: Eu amo que tu tá jogando tudo para o universo. – Gargalhou.

R: O universo é só nosso, lembra? – Deslizou uma bochecha na outra – E nele a gente pode tudo.

B: Desde eu ter um nenéim que é só a minha cara, até passar a virada do ano agarradinhas?

R: Isso, e passando por tanta coisa boa que eu sei que esse universo tá preparando pra gente que eu mal vejo a hora de começar.

B: Já começamos, não? – Afastou um pouco para encarar o rosto de Rafaella.

R: Tem razão, já começamos. – Levou a mão ao rosto de Bianca e fez um carinho.

B: E fomos irritantemente interrompidas por um mané. – Desfez o clima fofo.

R: Fomos, né? – Sentiu dificuldade de segurar a risada.

B: Fomos, mas agora a gente pode resolver isso.

R: Por fav-... – Perdeu a fala quando percebeu Bia abrindo a toalha e, em seguida, puxando seu corpo para rolarem pela cama e inverterem as posições. E reagiu energicamente quando foi envolvida pelos braços e toalha:

– Ah nem, Bia, cê ainda tá molhada e tá me deixando inteirinha molhada!

B: Ué, e não é assim que é gostoso?

A interrogação infame veio acompanhada da mordidinha de lábio e, envelopada na toalha e nos braços de Bianca, Rafaella nem teve forças para dar uma resposta à altura e, por isso, apenas se derreteu ainda mais.

R: A saudade que eu tava dessa safadeza não tem base, não!

B: Que bom, porque a partir de agora, eu pretendo passar cada um dos minutos que hoje eu ainda tenho contigo só de safadeza.

R: Que sorte a minha!

A mineira pronunciou e, sem querer correr o risco de uma nova distração, avançou e se deixou entorpecer nos lábios macios de Bianca...



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Eu sei, eu sei.

Não tem [CONTINUA] irritante, mas tem um gostinho de quero mais em relação a muitas coisas jogadas aí no meio, né?

A boa notícia é que esse gostinho tem pra mim também.

Eu vou repetir que a minha ideia original eu entreguei naquele trio, e eu amo o que foi feito bonitinho e fechadinho até ali.

O que eu postei hoje e, se um dia eu vier a postar mais, é tudo extra mesmo pra gente se divertir mais um pouquinho juntas.

Vocês já conhecem o nosso combinado das outras fics, que ainda está de pé: enquanto eu tiver inspiração, tempo, disposição e vocês continuarem interessadas, eu prometo que volto sempre que eu tiver algo pra compartilhar e farei com carinho.

Especificamente em Labirinto, eu não tenho uma previsão concreta de voltar, mas eu vou dizer que muitas ideias vieram nas últimas semanas e, por isso, quem sabe não deslancha, não é mesmo?

Por ora, é o que temos, espero que tenha sido um pouquinho especial.

Vejo a maioria de vocês em Acalento daqui uns diazinhos (previsão inexata, mas concreta).

Continuo amando vocês imenso.

Fiquem bem e produzam muita coisa boa na minha ausência!<3

Beijos!

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