Jimin estava começando a se preocupar com o estado estático de Jungkook, que já durava quase um minuto e meio.
― Jun? Você está bem? ― perguntou no fim, levando uma de suas mãos para repousar sobre um dos ombros do loiro.
Jungkook por sua vez, pareceu sair daquele transe quando piscou algumas vezes e balançou levemente a cabeça em concordância.
― Sim, eu estou bem. ― sorriu fraco. ― É que na verdade eu não esperava por isso. Quer dizer, eu já estava perdendo as poucas esperanças que me permiti ter em relação á este assunto. Não achei que fosse dar em alguma coisa.
― Mas deu, o que vamos fazer agora?
― Não sei... ― suspirou encarando a câmera em suas mãos. ― E se não for 'pra ser? Digo, as coisas estão ótimas, e se não for para irmos atrás disso? Talvez eu me previna de uma decepção em saber que meu pai não quis mesmo saber de mim. Pensar nisso dói, mas ouvir eu sei que vai ser bem pior, então eu me pergunto se estamos mesmo fazendo o certo em ir atrás.
― Viver na dúvida também me parece agoniante e outra... ― o ruivo se ajeitou no banco e segurou em uma das mãos de Jungkook. ― caso não se lembre, quando fomos resolver o assunto com o meu pai, eu estava com medo da reação dele ou do que ele iria falar, mas você me disse que independente do que ele fosse me dizer, eu ainda tinha você, nossos amigos, minha mãe... Você me disse que se ele não soubesse me valorizar do jeito que eu merecia, você ficaria encarregado de me dar o dobro de amor.
― Eu disse. ― sorriu de canto.
― Então faço das suas palavras, as minhas. Jungkook, se esse Bruce for mesmo o seu pai, independente do que ele te falar, ou da maneira que reagir, você ainda tem á mim, tem sua mãe e nossos amigos. Sempre estaremos do seu lado, amamos você muitão! E quem perde é ele se não quiser ter esse tapado na vida dele. ― sorriu antes de se esticar para beijar a bochecha de Jungkook.
― Caso ocorra uma situação, onde eu posso acabar me decepcionando....
― Eu vou estar lá com você também. ― assegurou firme. ― E eu vou te ajudar a sair dessa e te mostrar que você é precioso demais para ficar triste por alguém que está longe de te merecer.
Jungkook sorriu de maneira sincera e afirmou balançando levemente a cabeça. Jimin se afastou, tornou a pegar o celular e começou a digitar algo que logo fez uma curiosidade nascer no loiro ali ao lado.
― O que está fazendo? ― Jungkook perguntou após alguns segundos de suspense.
― Resolvendo a situação. Tom disse que pode nos encontrar, eu achei mais apropriado falar com ele primeiro antes de encontrar o Bruce, se for um mal entendido, não precisamos ir tão além assim, e-... olha, ele respondeu. Disse que está livre agora e perguntou se podemos encontrar ele na mesma lojinha.
― Meu Deus...
― Qual é Jun, vamos! Quanto mais cedo resolvermos isso melhor.
― Tudo bem. ― suspirou derrotado. ― Mas ainda temos um porém... ― olhou para Taehyun conversando com Yoongi e tentando girar a bola de basquete no dedo. ― Não podemos levar ele. Eu ainda não contei sobre o assunto do meu pai para minha mãe, o que está me matando por dentro e outra, eu não quero envolver o Taehy nisso.
― Não é problema, podemos deixar ele em casa antes de seguirmos para encontrar o Tom.
― É, mas que desculpas vamos dar? Ele esperava passar o resto do dia com a gente... ― suspirou.
Jimin pareceu pensar um pouco, mas logo abriu a boca e arregalou um pouco os olhos ao ter uma ideia.
― Vamos dizer que você precisa me acompanhar em um assunto pessoal, no médico!
― Claro, ele fica preocupado, comenta sobre com a minha mãe, minha mãe comenta com a sua mãe e sua mãe vai te perguntar que história de médico é essa.
― Até esse ciclo acabar e chegar na minha mãe, o assunto já vai estar resolvido. Talvez podemos ocultar a parte do médico, mas caso ele pergunte...
― Saiba que essa ideia é sua, exclusivamente sua, e que se qualquer merda acontecer, eu não vou assumir responsabilidade alguma! ― disse sério e Jimin afirmou rolando os olhos com um riso.
― Certo.
Assim que Taehyun se aproximou minutos depois, Jungkook se encolheu mais no banco, deixando Jimin no comando da situação.
Além das mentir para sua mãe, agora estava mentindo para seu irmão também. Tinha como piorar?
― Taehy, chega aqui. ― Jimin chamou.
― Hm? ― ele resmungou assim que sentou-se próximo de Jungkook.
― Jun e eu precisamos ir resolver uma coisa pessoal minha. Vamos ter que ir embora mais cedo.
― Ah... ― o mais novo pareceu pensar por alguns instantes mas logo afirmou meio sem jeito. ― Sem problemas.
Jungkook arqueou a sobrancelha. Ainda não poderia dizer que conhecia Taehyun completamente, mas não precisava de muito para saber que o garoto não tinha aprovado muito a ideia, mas aceitou porque era alguém compreensível.
― Desculpa Taehy, é importante. Mas podemos marcar de sairmos depois de novo, sem falta. ― Jungkook disse.
― Está tudo bem Jungkookie, mesmo. ― sorriu. ― Vou esperar pelo convite para sairmos de novo então.
Jungkook afirmou com um sorrisinho fraco, levando uma de suas mãos até a cabeça de Taehyun e bagunçando os fios roxo.
― Já que vamos embora, podem me deixar... em um lugar? ― o mais novo pergunto receoso.
― Que lugar? ― Jungkook arqueou uma das sobrancelhas com um sorrisinho travesso.
― No shopping, a pessoa disse que estava lá com uma amiga dela e me convidou, mas como eu estava com vocês eu disse para marcamos para outro dia. Mas agora que vamos embora...
― Oh, saquei... ― Jimin também riu. ― Certo, vamos!
O motorista de Jimin estava ali por perto, então não demorou muito para chegar. Os três se despediram dos jogadores antes de entrarem no carro para irem embora, enquanto Taehyun quase levava Yoongi junto, já que não queria larga o jogador de cabelos esverdeado.
Durante a trajetória, Taehyun já estava mais a vontade para falar com Jimin sobre sua crush e o ruivo, claro, escutava tudo compartilhando da mesma empolgação. Já Jungkook se mantinha escorado no canto do carro, assistindo os dois ali jogarem conversa fora, enquanto ele mesmo... bem, ele estava pensando em certas coisas.
Como combinado, deixaram Taehyun no shopping e Jungkook não deixou o mais novo se afastar sem dar a certeza de que ele ficaria bem e que se precisasse de algo era para o Kang ligar de imediato. Tendo a convicção de que Taehyun iria sobreviver, os dois seguiram para o local marcado para encontrar Tom.
Quando chegaram, Jungkook protestou em sair do carro, foi necessário alguns segundos para Jimin convencer o namorado de que eles tinham que resolver aquilo. Sem muitas escapatórias, Jungkook saiu do carro e foi puxado pelo namorado para adentrarem a lojinha cor de rosa.
Aparentemente, tinham chegado primeiro, já que só havia um casal mais no canto do local. Isso fez Jungkook suspirar aliviado, pelo menos teria um tempinho para acalmar seu psicológico. Jimin os conduziu até uma das mesas do outro lado do estabelecimento, puxando uma das cadeiras para Jungkook se sentar e assim o loiro fez de imediato.
― Quer pedir alguma coisa? Para tentar tirar um pouco essa tensão. ― Jimin sugeriu após sentar-se na cadeira ao lado de Jungkook.
― Não, obrigado.
― Não fui convencido.
― Certo, um suco de laranja então.
― Algo para comer?
― Não, só o suco está bom, obrigado. ― sorriu sem mostrar os dentes.
Jimin afirmou e se levantou para buscar o suco de Jungkook, enquanto este olhava para os lados, inquieto, suas mãos gélidas brincavam uma com a outra constantemente e ora outra estalava um dedo. Jimin voltou rápido, ou o tempo que estava se passando na velocidade da luz, pelo menos foi essa a impressão do loiro quando se assustou com a volta repentina do namorado com o suco.
― Obrigado, pequena praga. ― sorriu antes de envolver o canudo com seus lábios, sugando o líquido refrescante, já sentindo seu lado sobrenatural agradecer pela hidratação.
― Ei, tenta relaxar um pouco, hm? Só vamos encontrar o Tom hoje, é só. ― Jimin assegurou.
― Estou tentando. ― sorriu fraco, voltando a beber seu suco.
Jimin suspirou e mordeu um doce que tinha trazido junto para saciar um pouco de sua fome. Batucou seus dedinhos sobre a mesa por alguns segundos até sorrir de canto e passar a língua entre seus lábios para retirar os resquícios do doce.
― Vamos tentar distrair você.
― Como acha que vai fazer isso? ― Jungkook perguntou sem muito ânimo.
― Eu quero saber como é... nadar mais 'pro fundo do mar. Você é um tritão, faz isso como se fosse ir dar um passeio na esquina, então com certeza vê coisas bem legais. E aí?
― Tudo o que eu vejo, você já conhece ou já viu em alguma reportagem ou série. ― Jungkook refutou tomando o doce das mãos de Jimin, escutando o ruivo bufar.
― Mas eu quero ouvir de você, a sua versão, o seu ponto de vista das coisas. Vai poxa, deixa de ser chato...
Jungkook mais uma vez naquele dia, afirmou suspirando derrotado. Era uma missão impossível negar algo para aquela carinha redondinha emburrada. O loiro deu mais uma mordida no doce e devolveu o alimento para Jimin, enquanto pensava por onde começar.
― Vou falar das coisas positivas, é que eu vejo muitas negativas, ainda mais nos últimos tempos. ― exprimiu um pouco frustrado com aquele fato. ― Vamos começar pelos corais; eu acho eles tão perfeitos e coloridos! É incrível como tudo parece combinar entre eles, falando nisso, teve uma vez que me aproximei de uns corais e levei o maior susto! Tinha um peixe horrível lá, só que eu não vi ele porque ele era praticamente da mesma cor do coral.
― Coitadinho! ― Jimin riu.
― Mas ele foi bem legalzinho e não me atacou, mesmo depois da minha cara de horror quando eu vi ele. ― ambos riram. ― Os peixes; eu realmente acho que sempre vou ver uma espécie nova quando eu for nadar, juro, é cada peixe que aparece... Mas eu amo os peixe-palhaço, eles são tão bonitinhos! E tem uns peixinhos douradinhos, que nem parecem de verdade.
― Nunca pensou em ter um peixinho como bichinho de estimação?
― Não estou cuidando nem de mim, imagina do peixe? ― disse e Jimin riu. ― Aliás, depois tenho que te falar da minha mãe vindo com papo de Jungkook independente e com responsabilidades, um rolê muito louco, mas que não tem muita escapatória.
― Você morando sozinho, qual a possibilidade disso dar certo? ― Jimin inquiriu brincalhão, rindo logo após Jungkook fechar a cara, emburrado.
― Eu vou fingir que não ouvi. ― apontou língua.
Eles ficaram em silêncio por alguns segundos, sorrindo enquanto se encaravam. Jungkook umedeceu os lábios e deixou um suspiro escapar.
― Bom, prosseguindo com o assunto do mar, vamos falar sobre meu best do mar, o golfinho. Praga, eu acho que fiz mesmo amizade com o bicho! Ele aparece as vezes quando eu vou nadar e a gente sempre acaba brincando um pouquinho. Eu ainda estou pensando em como vou te apresentar ele, mas vou.
― Meu Deus, Jungkook...
― Vocês precisam se conhecer, sei que vão se dar muito bem. ― sorriu. ― Acredita que já vi um tubarão? Mas foi de longe, não fui louco de chegar perto, mas ele era lindo! Ah, eu nadei com uma tartaruga, acho que ela gostou de mim...
― E quem não gosta de você? Quem seria o louco?
― Você não gostava no começo.
― Cala a boca, era tudo da boca 'pra fora. Eu só não ia muito com sua cara porque você dava motivos. Motivos bobos? Sim, mas dava!
― Claro. ― riu nasal. ― E falando das estrelas-do-mar, muitas lindinhas! Elas me lembram mesmo o Patrick, elas são realmente muito fofas...mas não mais do que os cavalos-marinhos! Um deles enroscou no meu cabelo.
Jimin apoiou um dos cotovelos sobre a mesa e o rosto da palma da mão, admirando a animação de Jungkook para relatar sobre aquelas coisas. No fim das contas, o plano de distração tinha dado certo, Jimin estava satisfeito e Jungkook não estava mais nervoso.
Após minutos de puro relatos sobre a vida marinha, a voz de Jungkook morreu quando o barulho do sininho ecoou pela loja, atraindo suas atenções para a porta do estabelecimento. O loiro antes calmo, agora parecia paralisado de novo pelo nervosismo ao notar o homem de cabelos escuros passar pela porta.
― Respira, tapado, não vai sair correndo se não eu vou atrás, e você não vai querer que eu vá atrás... ― Jimin disse com tranquilidade, notando o olhar assustado do namorado.
― Eu hein...
Tom passou os olhos por todo local até sorrir quando encontrou os dois garotos na mesa do canto e começou a caminhar até eles.
― Olá, meninos! Boa tarde! ― cumprimentou de bom humor, aparentemente.
― Boa tarde, obrigado por ter aceitado se encontrar a gente. ― Jimin disse com a mesma simpatia, assistindo o homem se sentar na cadeira á frente. ― O senhor quer pedir alguma coisa?
― Oh, não, eu acabei de comer em casa. ― respondeu. ― Eu estava ansioso para saber do que se tratava, era para mim ter chegado mais cedo porém minha esposa não me deixou sair de casa sem comer. Mas e aí? Como posso ajudar vocês?
― Então... é um assunto bem complicado. ― o ruivo riu fraco. ― O senhor deve se lembrar daquele dia em que veio aqui e nós dois estávamos por aqui também, não é? ― inquiriu assistindo o homem afirmar. ― O senhor esqueceu suas rosquinhas e meu namorado acabou levando elas para o senhor.
― Sim, sim, eu me lembro. Prossiga por favor.
― Por um acaso, ele acabou escutando o senhor falar com seu irmão. É ai que entra o nosso assunto complicado.
― Estou começando a me assustar um pouquinho... ― Tom apoiou os braços na mesa, encarando os dois rapaz com seriedade.
― Bom, os pais dele... ― apontou brevemente para Jungkook e este sorriu fraco. ― são divorciados há alguns anos. O pai dele também se chamava Bruce e simplesmente desapareceu após o divórcio. E tipo, o Jungkook acabou olhando rápido para seu irmão naquele dia e-...
― Jungkook? ― o homem parecia um pouco surpreso. ― Seu nome é Jungkook?! ― perguntou para o loiro.
― Sim... é meu nome, por quê? ― Jungkook devolveu receoso.
― Acho que estou começando a compreender. ― Tom sorriu desacreditado. ― Vamos aos poucos, você é o Jungkook, sua mãe é a... Stella, certo? ― Jungkook afirmou. ― Meu Deus! Caralho garoto, que mundo pequeno, você é meu sobrinho então!
― Como é?! ― Jungkook quase gritou.
― Espera, está acontecendo tudo muito rápido! ― Jimin foi quem disse. ― Primeiro: Como você pode ter certeza disso? Segundo: Stella é famosa e todo munda sabe que o Jun é filho dela, o que garante mesmo que o Jun é seu sobrinho?
Tom apenas riu e retirou o celular do bolso de sua calça. Desbloqueou o aparelho antes de procurar alguma coisa para no fim, colocar o celular sobre mesa e empurrar para perto do casal.
― Esse é seu pai, não é? ― perguntou.
Jungkook puxou o celular para mais perto e arregalou os olhos.
Era mesmo seu pai.
Não era um sonho, ou um delírio, era realmente seu pai ali na foto ao lado de Tom. Um pouco diferente de como Jungkook se lembrava, por exemplo: Os cabelos com um corte mais curto e alguns fios brancos, ― que na visão de Jungkook, deram um charme ― a barba rala no rosto, o estilo mais formal e o semblante mais sério.
Jungkook guardava as recordações de Bruce sendo uma pessoa extremamente alegre e animada, usava roupas folgadas, na maioria das vezes apenas regatas e bermudas. Era um pouco estranho vê-lo tão... diferente. Mas não um diferente ruim, o tempo tinha feito um bem danado para o homem, ele não estava menos bonito, pelo contrário.
Jungkook sorriu reparando nos traços faciais de seu pai. Os olhos verdes ainda eram do jeitinho que ele se lembrava, isso fez seu coração bater forte.
― E então? ― Tom tornou a perguntar após alguns segundos de silêncio da parte de Jungkook.
― Uhum... ― Jungkook piscou algumas vezes e respondeu com um sorriso enorme. ― É o meu pai.
― Seu pai falava muito de você e da sua mãe, mas já tem alguns anos que ele se isolou no próprio mundo dele e ficou por isso mesmo.
― Por que ele me deixou? Por que nunca me procurou? E por que nunca caralhos me contou que tinha um irmão?! ― Jungkook jogava as perguntas ansioso pelas respostas.
― Vamos com calma, hm? ― Tom riu nasal. ― No começo após o divórcio dos seus pais, eu também não tive notícias dele, na época eu não parava em casa e quando finalmente tive um tempo para conversar com ele, seu pai tinha desaparecido. Ficou sumido por dias e quando apareceu, não quis conversar sobre, foi ai que ele começou a se fechar. E sobre ele não ter falado de mim, eu não tenho bem uma resposta certa, parte pode ter sido culpa dos meus pais, mas antes de qualquer coisas, eu e Bruce não somos irmãos de sangue, seu pai foi adotado pela minha família quando era uma criança.
― Mesmo assim, não faz sentido! Por que ele iria me esconder uma coisa dessa?
― Ele sempre foi muito mais na dele e talvez você não saiba, mas meus pais na época quando descobriram do namorico dele com sua mãe, não gostaram muito. Eu lembro que ele ficou de castigo várias vezes porque desobedeceu e foi atrás de sua mãe na praia para ver ela desenhar e irritar ela, ah ele amava! ― riu fraco junto com Jungkook. ― Eu não sei das razões dele porque como eu disse, ele não é o tipo de irmão que fala tudo e sobre tudo comigo. Anos depois, seu pai disse para mim que iria se casar, eu fiquei feliz obviamente mas ele me disse que não era para contar para nossos pais, e acabei concordando. Infelizmente eu não consegui comparecer ao casamento no dia, pois minha mãe acabou passando mal e meu pai estava viajando, então eu tive que ficar com ela.
― Seu pai não gostou muito. ― soltou um suspiro antes de prosseguir: ― Eu pedi desculpas e pareceu que ficou tudo bem, mas depois... simplesmente pareceu que ele me afastou um pouco da nova vida dele sabe? Quando eu perguntei o porquê daquilo ele apenas me respondeu que era para a segurança da família dele, porque ele não confiava nos nossos pais e temia a reação deles. Foi nesse dia que eu descobri que sua mãe estava grávida. Ah poxa, eu fiquei tão feliz! Eu sempre quis ter um filho, e saber que meu irmão iria ter essa felicidade me deixou todo animado. Eu fiz vários planos para ser o melhor tio desse mundo, mas o Bruce estava determinado a excluir nossos pais daquela felicidade e eu temia que um dia ele fizesse isso comigo também.
― E ele fez? ― Jungkook perguntou.
― Não, eu sou muito insistente. ― riu. ― Eu não pude acompanhar a gravidez da sua mãe, mal tinha contato com ela e resolvi deixar como estava, por medo de me aproximar e o Bruce acabar de vez com a nossa pouca ligação. Quando você nasceu, eu fiquei dias na cola de Bruce para conhecer o garotinho loirinho que ele tanto falava por mensagem. Depois de muito choro e luta, ele levou você para nossa casa, nossos pais estavam fora porque estavam se preparando para se mudar, então eu conheci você. Você era tão bonitinho! Naquele dia eu não te larguei mais, era eu e você andando pela casa para cima e para baixo, eu tentando trocar sua fralda, eu balançando você para tentar fazer você dormir, você vomitando em mim porque eu balancei forte demais, que dia!
― Então por que eu não me lembro de você? Meu pai parou de me levar para ver você? ― Jungkook perguntou.
― Eu curti meu momento de tio durante quase dois anos, Bruce sempre te levava lá em casa. Até o dia em que minha mãe voltou de surpresa e te viu nos meus braços, ela perguntou quem era e eu não consegui mentir. ― sorriu amargo. ― Minha mãe surtou quando descobriu tudo e o Bruce simplesmente ignorou ela e foi embora com você. Foi a última vez que eu te vi. Seu pai ficou bravo comigo por um bom tempinho, já que nossos pais ficaram no pé dele também.
― Ele também mentiu sobre isso para mim, ele disse que meus avós não eram vivos... que morreram em um acidente de carro. ― Jungkook se recordou com um semblante frustrado.
― Meus pais já capotaram de carro uma vez sim, mas não se machucaram gravemente. E estão vivos, aposentados e morando em Malibu.
― Sério?! ― Jungkook perguntou surpreso. ― Caralho...
― Uhum... ― sorriu. ― Bom, depois, seu pai fez o que eu mais temia, cortou de vez a única ligação que eu tinha com você. Eu fiquei chateado, tentei pedir desculpas e convencer ele a voltar a atrás, mas ele se irritava toda vez. Eu acabei desistindo, não tinha muito o que fazer... Mas eu fiz um álbum de fotos suas! Foi a única coisa que me restou para me lenbrar de você, eu guardo até hoje. ― riu.
― Eu... gostaria de ver o álbum depois. ― Jungkook emitiu grave e com um sorrisinho sem mostrar os dentes.
― É claro que eu vou te mostrar! ― sorriu animado. ― Isso não tem nada ligado ao nosso assunto, mas minha esposa está grávida de um menino! Escolhemos um nome semelhante ao seu. Minha esposa sabe do carinho que eu tenho por você e me sugeriu colocar o nome do nosso filho de Hyugoo.
― Ai meu Deus! Eu vou ter um primo?! Que legal, é sempre quis ter um primo ou uma prima, mas minha mãe é filha única e meu pai... bom. ― riu sem ânimo. ― Mas isso é incrível! Eu fico muito feliz e parabéns!
― Obrigado. ― Tom sorriu feliz. ― Eu também fiquei muito feliz quando descobri que minha esposa estava gravida. Mas voltando ao assunto, Jungkook, eu não vou saber te dizer exatamente o porquê do afastamento de seu pai depois do divórcio. Isso você vai ter que ver com ele certinho, quer dizer, você pretende encontrar ele, não é?
― Não hoje, agora definitivamente não dá. ― Jungkook assegurou. ― Eu tenho muita informação para digerir.
― Amanhã? Que tal? Eu não quero te apressar, mas eu estou tão empolgado! Quero que você conheça a Isadora, minha esposa!
― Amanhã... pode ser, acho que eu já vou estar com as ideias no lugar, pelo menos eu espero. ― suspirou. ― Mas o Jimin pode ir? Eu queria muito que ele fosse...
― Claro que sim!
Jimin que até então estava quieto no canto escutando a conversa e apenas expressando feições surpresas, acordou de seus devaneios e arregalou os olhos.
― O quê? Eu? Mas Jungkook-...
― Eu preciso de você lá comigo... ― Jungkook emitiu grave para o namorado. ― Por favor...
― Está bem! Não apela para essa carinha! ― os outros dois na mesa riram. ― Estaremos lá então.
― Muito bom! Vai ser um almoço, apenas nós mesmo, vocês, eu, minha esposa e o Bruce. Eu vou passar o endereço para vocês, eu mando por mensagem, tenho o número de celular do Jimin. Mas me passe o seu também para mantermos contato. ― Tom entregou seu celular para Jungkook.
― Tom, pode não falar nada para o meu pai ainda? Eu realmente quero deixar tudo para amanhã. ― pediu assim que devolveu o celular do mais velho com seu número já salvo.
― Sem problemas, Jun. ― sorriu. ― Ai Meu Deus... eu ainda não acredito que é você, bem aqui na minha frente. É muito inacreditável, porque da última vez que eu te vi, você tinha apenas dois aninhos e agora... tem quantos?
― Vinte e quatro.
― Minha nossa... eu estou velho! ― ambos riram.
― Tom, como você não tinha visto notícias do Jun antes? Ele literalmente é filho da Stella, está estampados em sites, revistas... ― Jimin perguntou.
― Eu sou uma negação para acompanhar notícias, ainda mais nos últimos tempos, meu foco vem sendo no meu filho e no meu trabalho, eu faço questão de acompanhar a Dora em todas as consultas dela ao médico, eu fico todo animado vendo o neném no ultrassom.
― Acha que meu pai vai querer me ver? ― Jungkook inquiriu receoso.
― Tenho certeza que sim. Creio que vai fazer até bem para ele. Bom, agora eu acho que vou pedir um suco também, tudo isso me deixou muito chocado.
― Deixa que eu busco, vou pedir outro doce também. ― Jimin disse assim que se levantou. ― Suco de...?
― Uva!
― Está bem e você Jun?
― Me traz um bolo de chocolate, por favor. ― pediu e Jimin afirmou saindo dali.
― Tom-... tio Tom? Eu não sei como te chamar... ― Jungkook disse risonho.
― Eu gosto do termo "tio". ― Tom sorriu.
― Certo, tio Tom... ― riu nasal. ― meu pai ainda surfa?
― Não, mas eu sim, quando arranjo um tempinho. ― revelou simplista.
― Você surfa?! Que foda! ― Jungkook devolveu alegre.
― Quem você acha que ensinou seu pai, oras?!
― Foi você?! Meu Deus, para tudo... ― Jungkook levou uma das mãos até a boca.
― Éramos crianças quando eu ensinei ele, o cara acabou pegando gosto da coisa. Uma pena que ele desistiu até do surf. ― suspirou. ― Mas e você? Você também surfa?
― Ah... faz alguns meses que eu não surfo, mas já ganhei algumas competições no Summer Waves.
― Uau, estou cada vez mais orgulhoso de você garoto. ― ambos tornaram a rir. ― E esses piercings massa ai na sua boca?
― Arte da adolescência e que eu levei para vida. Ah... ― terminou de abrir o zíper da jaqueta que usava, a retirando e deixando seus braços expostos graças á regata. ― Fiz essas belezinhas aqui também.
― Que lindas... ― Tom elogiou surpreso. ― Eu tenho uma tattoo na cintura, uma serpente, acho que esse é um animal foda. Adorei as ondas e o dragão principalmente!
― São minhas favoritas. ― Jungkook sorriu.
Jimin retornou com os pedidos e sentou-se novamente próximo de Jungkook. Eles ficaram mais tempo do que imaginavam conversando com Tom, mal viram os minutos e horas passar. Quando de fato resolveram ir embora, o sol já estava quase se pondo.
― Eu gostei muito de encontrar você de novo, Jun e de conhecer você, Jimin! ― Tom dizia enquanto passavam pela porta da loja. ― Vocês vieram a pé? Querem carona?
― Meu motorista ficou de buscar a gente. ― Jimin respondeu.
― Então okay, a gente se vê amanhã!
Jimin e Jungkook afirmaram e Tom sorriu se virando para caminhar até seu carro que estava estacionado ali próximo. Mas antes que prosseguisse com o caminho, o mais velho se virou rápido e abraçou forte Jungkook. O loiro ficou imóvel durante os primeiros segundos mas não deixou de corresponder.
― Eu realmente estou feliz em ter encontrado você de novo... ― Tom sussurrou.
Jungkook fechou os olhos e sorriu apertando o corpo de seu tio. Era bom, era muito bom. Ele não tinha lembranças de Tom e nem do curto tempo que tiveram convivência no passado. Uma parte de si ainda sentia que Tom não era um conhecido, já a outra era completamente diferente, no pouco tempo em que esteve com Tom, se sentiu muito bem e confortável o suficiente. No fundo, era como se alguma faísca de lembrança de seu tio tivesse despertado.
Quando Tom se afastou, apoiou suas mãos nos ombros de Jungkook e sorriu antes de se virar e sair dali definitivamente.
― Eu achei ele bem simpático. ― Jimin comentou. ― Viu ele falando do bebê que fofo?
― Eu também gostei muito dele e também estou feliz em saber que tenho um tio. ― sorriu junto com um suspiro. ― Mas ainda tenho perguntas...
― Seu pai se encarrega de responde-las amanhã. E agora sabemos que é realmente ele, você vai contar para sua mãe? ― perguntou curioso.
― Vou, eu preciso contar para ela. ― Jungkook respondeu convicto.
― Então vamos, o motorista acabou de chegar, vem... ― Jimin pegou em uma das mãos do loiro, o puxando para entrarem no carro que estacionava próximo da calçada.
Entraram rapidamente no veículo e o motorista manobrou saindo do local. Jungkook colocou o cinto de segurança, suspirou e escorou sua cabeça no ombro de Jimin.
― Como eu vou falar com minha mãe? Ela não fala sobre, mas eu sei que no fundo ela guarda um pequeno rancor do meu pai e não gosta de lembrar desse passado porque foi muito complicado. ― Jungkook emitiu grave.
― Hm... pelo pouquinho que conheço ela, acho que ela vai erguer a sobrancelha um pouco indignada por saber que seu pai só foi dar as caras agora, mas não vai te impedir ou achar ruim você querer falar com ele. ― Jimin disse, escutando Jungkook soltar uma risadinha e concordar. ― Tenho certeza que você vai conseguir falar com ela direitinho, é bom que você já se livra desse peso que você disse que estava te incomodando sobre esconder isso dela, hm?
― Tem razão... Bom, vou mandar uma mensagem para o Hoseok, quero deixar ele atualizado sobre esse assunto também, ele tinha me perguntado esses dias. ― Jungkook se afastou um pouco do namorado para pegar o celular no bolso da bermuda que usava.
― Ei, Jun... ― Jimin chamou pensativo. ― E o Tae? Ele ainda não voltou?
― Não, acho que vai ficar mais um tempinho no cardume. Ficar indo e voltando não estava fazendo bem 'pra ele mesmo.
― Você não acha que tem chance dele, sabe.... ― Jimin apertou os lábios, temendo as próprias palavras.
― Não voltar? ― Jungkook completou com uma das sobrancelhas arqueadas e Jimin afirmou receoso. ― Deixa de loucura, pequena praga! É claro que ele volta. Você mesmo disse que ele precisava descansar e ele está fazendo isso, fora que ele também está se informando de como vamos usar o tridente e como vamos fazer para nos livrar do Storm.
― Certo, eu vou acreditar nisso. ― sorriu. ― Se eu estou com saudades dele, imagina o Hobi?
― Pois é... ― Jungkook riu. ― Mas pelo menos ele está mais tranquilo, diferente da outra vez...
― Bom, vamos falar sobre amanhã, como vai ser? Eu venho te buscar e nós vamos juntos? ― Jimin sugeriu.
― Pode ser. ― Jungkook concordou antes de pegar em uma das mãos de Jimin e entrelaçar seus dedos.
Assim que o carro estacionou em frente á casa de Jungkook, este desceu e convidou o namorado para entrar também, mas Jimin acabou recusando alegando que Zooey estava lhe esperando para jantarem fora. Com um riso frouxo, Jungkook apoiou as mãos na janela do carro, se esticou deixando um beijinho rápido nos lábios de Jimin e se afastou com um sorrisinho.
Esperou o carro sumir pela esquina para suspirar e se virar encarando sua casa. Destrancou o portão e entrou na residência formulando um breve roteiro de como iniciaria aquela conversa com Stella. Assim que abriu a porta da sala, notou a luz acesa e o ambiente vazio.
Deduziu que Stella estaria no quarto, então subiu as escadas indo primeiro para seu próprio quarto guardar suas coisas. Com isso feito, ele seguiu para o quarto de Stella, e como esperado, lá estava a mulher, mexendo em seu guardada roupa e jogando algumas peças em cima da enorme cama. Como a porta já estava entreaberta, Jungkook apenas deu duas breves batidas antes de adentrar por completo no quarto.
― Meu bem! ― ela expressou feliz assim que viu Jungkook se aproximando. ― E aí? Como foi com os meninos lá? Deu certo? A câmera também é boa?
― Foi muito bom, deu tudo certo e sim, a câmera é muito boa! ― sorriu enquanto se sentava na ponta da cama. ― Obrigado de novo pelo presente.
― Tudo pelo meu garotinho. ― ela sorriu voltando a arrumar suas roupas.
― O que está fazendo?
― Separando algumas roupas para doação, as que estão em bom estado ainda e que eu não estou usando mais. Aliás, dá uma olhada nas suas coisas também, vê o que você não está usando e se estiver em bom estado ainda, coloca arrumadinho em uma caixa que eu vou levar depois para doar.
― Está bem, vou fazer isso depois. ― assegurou com um sorriso.
― O que você acha desse casaco rosa? Eu gosto dele, mas eu engordei um pouquinho nos últimos meses... Não, eu vou doar, eu uso com pouca frequência, não devo ser tão apegada assim. ― riu de si mesma antes de jogar a peça citada em cima da cama.
― Então aproveita e doa aquele vestido rosa que você guarda no fundo do armário. ― Jungkook alfinetou.
― Nem vem, aquele não dá! Você sabe que eu amo aquele vestido!
― Não serve mais!
― Nem aquela sua camisa preta com branco! Eu coloco meu vestido para doação se você colocar aquela camisa também...
Jungkook cerrou os olhos, mas acabou afirmando em derrota para dar um fim, no começo de um possível diálogo complicado. Raspou a garganta e desviou seus olhos para o pingente de onda pendurado em seu pescoço.
― O que você quer me falar? ― Stella perguntou simplista sem parar o que fazia com suas roupas.
― Já que perguntou, vamos lá. ― retirou seus tênis e subiu em cima da cama, sentando-se no centro e cruzando as pernas estilo borboletinha. ― Estou tentando ver uma maneira de falar isso com a senhora, mas ainda não encontrei uma solução, então vou ser direto.
― Jungkook... você comeu os empanados recheados de novo?! ― Stella perguntou com as mãos na cintura. ― Eu já te avisei para comer apenas os seus! Animal...
― Não foi nada disso, e outra, você demora demais para comer, eu fico com medo deles acabarem perdendo a validade no congelador. ― deu de ombros. ― O assunto é outro.
― Oh, fala então. ― ela soltou um sopro de alívio junto com uma risadinha.
― É sobre meu pai.
O riso sumiu, o sorriso sumiu e um silêncio se instalou repentinamente no quarto. Stella se virou e jogou no armário uma calça que segurava. Ela se aproximou com o cenho franzido e brincando com os anéis em volta de seus dedos.
― O que quer falar sobre aquele irresponsável? ― ela inquiriu passando sua franja para de trás da orelha.
― Eu vi ele por um acaso esses dias. ― Jungkook foi direto, sem cortar o contato visual com sua mãe.
― COMO?! ― ela berrou pasma. ― Você viu ele?! Onde? E por que só está me dizendo isso agora?!
― Eu não sabia se era mesmo ele, então eu o Jimin fomos atrás de uma confirmação e surpresa, era ele. ― sorriu sem ânimo.
Stella agora encarava o nada enquanto caminhava até sua cama, se sentando próximo de Jungkook e rindo falso.
― Desgraçado... como ele tem a coragem de aparecer depois de tudo? Tem que ser muito cara de pau mesmo! ― ela falava mais consigo mesma. ― E você falou com ele?!
― Não, não ainda... ― respondeu calmo. ― Hoje eu falei com o Tom, irmão dele.
― Irmão? Desde quando o Tom é irmão do seu pai? ― ela inquiriu ainda mais incrédula.
― Então a senhora já conhecia meu tio?
― Já, mas o Bruce sempre disse que ele era apenas o melhor amigo, como "um irmão". ― ela fez aspas com os dedos. ― Mas eu não tive muito contato com o tal Tom. Nos falávamos na adolescência, mas depois que eu me casei com seu pai eu não o vi mais, seu pai não queria que eu tivesse contato com a família dele, já que eles não gostavam de mim, dizia que seria melhor e eu não retruquei, afinal, por que iria insistir em querer ver gente que não queria me ver? Osh!
― Meu pai é adotado, sabia disso?
― Não...? ― Stella parecia cada vez mais chocada com o rumo do assunto. ― Essa conversa está estranha, e estou me questionando sobre eu ter me casado com um homem que pode ter escondido muito mais coisas de mim do que eu já suspeitava. Pelo menos estou confirmando minhas suspeitas agora, ele escondia coisas de mim, sim!
― Eu conversei um pouco com o tio Tom hoje, achei ele legal e me senti muito bem perto dele também. ― sorriu sem jeito. ― Ele é bem animado, gosta de surfar, e vai ter um filho com o nome semelhante ao meu!
― Jura? ― Stella sorriu pela primeira vez em meio aquele assunto turbulento.
― Ele ficou muito feliz em me encontrar, de acordo com ele mesmo, e eu sinto que foi sincero porque eu também fiquei feliz em conhecer ou... encontrar ele de novo? Não sei bem, mas foi bom! ― riu. ― Ele me convidou para um almoço amanhã na casa dele e o meu pai vai estar lá.
A expressão desanimada retornou para a face de Stella.
― E você vai? ― ela perguntou.
― Vou, Jimin vai comigo.
― Oh... certo, menos mal. ― ela riu fraco.
― Está tudo bem?
Stella se aproximou e deitou sua cabeça no colo de Jungkook, encarando a face do loiro.
Jungkook repousou uma de suas mãos sobre a bochecha de sua mãe, deixando um carinho singelo ali enquanto analisava as duas bolotas escuras preocupadas correrem de um lado para o outro ainda presas em seu rosto.
― Eu não confio no seu pai, não mais. Mas eu confio em você, se você acha uma boa ir atrás dele, por mim tudo bem. Eu só te peço para analisar toda a situação com cautela, como eu disse, eu não confio no seu pai, então cuidado, okay? O que se pode esperar de um homem que teve a coragem de sumir por anos sem dar nenhuma explicação como se não se importasse?
― Eu quero tirar essa história á limpo.
― E tudo bem, é um direito seu. ― ela sorriu sem mostrar os dentes.
― Mãe, eu sei como você cisma com coisas simples e desde já, quero te tranquilizar que em hipótese alguma, nunca, jamais, nem que a vaca tussa, eu nunca que cogitaria a ideia de sair de casa para ir morar com meu pai ou com o tio que eu descobri ter agora. Primeiro que, poxa... você é a pessoa que eu mais amo nesse mundo todinho e te quero para sempre do meu lado e não trocaria nada disso para ir morar com uma pessoa que literalmente me deixou para trás. E segundo, eu lá quero sair de debaixo das suas asas? Osh!
― Você é tão... você! ― Stella riu alegre. ― Enfim... qualquer coisa você me liga, hein!
― Sem nem pensar duas vezes. ― Jungkook completou antes de deixar um beijo na testa de Stella. ― Estou com fome, vamos fazer algo ou pedir?
― Pedir, estou sem disposição, ainda mais agora, sabendo que o traste do seu pai está mais perto. E ele que nem se atreva a tentar me dirigir a palavra caso eu tenha a infelicidade de encontrá-lo, eu vou acabar surtando.
― Se acalme, vai lá mexer nas suas roupinhas de novo, eu vou ficar aqui e te esperar para pedirmos algo.
― Não, deixa isso para mais tarde, vamos pedir comida e falar sobre a sua tarde com o Tom, ele ainda me parece um ser com mais decência. ― ela se levantou rápido e ficando um pouco tonta.
― A pressão, mulher.
― Estou bem! ― ela respondeu risonha.
Jungkook se levantou também, calçou seus tênis e saiu atrás de Stella, escutando a mulher reclamar de dores nas costas.
Pediram comida como foi sugerido por Stella anteriormente e Jungkook relatou em detalhes de como foi sua tarde conhecendo seu tio. Stella parecia ter ficado mais tranquila com a ideia do almoço do dia seguinte, mas Jungkook sabia bem que ela não confiava nem um pouco em Bruce, e que no fundo, Stella não fazia a menor questão de Jungkook fosse atrás daquele homem.
Ainda naquela noite, Jungkook trocou as costumeiras mensagens com Jimin, antes de deitar-se me sua cama para dormir. Incialmente, teve uma certa dificuldade para pregar os olhos já que sua mente estava á mil criando diversos cenários do dia seguinte, e dentre todos esses devaneios, poucos eram positivos.
Já na manhã de domingo, Jungkook acordou as seis horas e até tentou convencer sua mente que estava muito cedo e que o almoço seria só mais tarde, mas não pareceu dar certo, estava ansioso demais para tentar dormir mais um pouco.
Então, sem muitas escolhas, Jungkook se levantou, fez suas higienes e desceu para sala. Não estava com fome, seu nervosismo estava interferindo-se até naquele quesito, mas mesmo assim, se esforçou para comer uma coisinha ou outra que encontrou no armário e na geladeira, só para não ficar de barriga vazia.
Assistiu alguns episódios de uma série que tinha começado a ver dias atrás, até dar o horário de Stella acordar. A empresária estranhou ver Jungkook na sala tão cedo, mas não questionou justamente por ter uma ideia do porquê o filho estava de pé tão cedo.
Era dia de ir ao golfe, então Stella não ficou muito tempo em casa, saiu algumas horas mais tarde, mas não antes de reforçar para Jungkook que não iria sair de perto do celular e que se ele precisasse de qualquer coisa, poderia ligar de imediato.
Assim que escutou o buzinado do carro do lado de fora de sua casa, Jungkook suspirou sabendo que o momento agora estava bem mais próximo. Saiu de casa, notando a porta de trás do carro aberta, revelando Jimin sentado no banco, e claro, mais lindo do que nunca, isso fez Jungkook sorrir.
Trancou o portão e seguiu indo em direção ao veículo, entrando e fechando a porta. Se virou para encarar Jimin, sendo surpreendido quando o ruivo junto seus lábios em um selar demorado. Jungkook sorriu em meio ao ato e levou suas mãos para o rosto de Jimin, acariciando as bochechas que ele tanto amava. Quando se afastaram, Jungkook sorriu e selou a ponta do nariz de Jimin, soltando uma risadinha.
― Você está bonito. ― não deixou de elogiar o ruivo ao reparar bem a vestimenta deste. ― Essa produção toda só para o almoço?
― Não, vida. ― Jimin riu. ― Você está vendo coisas, talvez seja o jeito que eu arrumei o cabelo hoje, mas foi só. Mas obrigado, sabe como é, eu vou conhecer o meu sogro, espero ter mais sorte que você nesse ponto.
― Vida... ― Jungkook repetiu com um sorriso abobalhado. ― Você me chamou de vida.
Jimin tombou a cabeça para o lado e pareceu refletir sobre sua própria fala, mas bastou alguns segundos para ele soltar um riso soprado e afirmar com a cabeça.
― É, eu chamei, e gostei, ainda mais da sua reação, fofo. ― riu deixando um beijo na bochecha do loiro. ― Bom, mas e aí? Como você está?
― Sentindo várias coisas para descrever em apenas uma.
― Entendi, mas tente ficar calmo hm? Vai respirando fundo, evite pensar demais em coisas negativas porque eu sei que na maioria das vezes essa é a causa do seu nervosismo. Não se esqueça que eu vou estar do seu ladinho, hm?
― Uhum, obrigado. ― Jungkook agarrou uma das mãos do namorado e entrelaçou seus dedos.
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#peixinhosurfista
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Qualquer erro ou troca de palavras podem me corrigir se necessário ou fazer críticas construtivas, hm?
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É só? Acho que é, então até a próxima atualização >>sábado, se tudo der certo né? Tchau!💕