Acordo com Bob me ligando, será possível? Odeio quando me acordam.
- Eu espero mesmo que seja algo urgente, porque...
- Você tem uma entrevista na rádio Pandora. - Anunciou, levantei da cama imediatamente.
- O que? - De onde isso surgiu?
- Olha, eu acho que esse foi o resultado do seu jantar com o Harry dois dias atrás. - Só pessoas importantes são convidadas para essa rádio. Meu silêncio falava por mim. - Elisabeth, encare como uma primeira oportunidade, você já fez isso antes.
- É...isso é novo, eu não... - A última coisa que eu queria era usar alguém.
- Você tem que ir, pense no seu futuro, e, além disso, conversei com Mary antes de te ligar, chegamos a conclusão de que seria uma boa ideia se você assumisse. - Sentei de novo na cama.
A questão é: quem sou eu para admitir algo assim ao vivo? não deveria ser Harry a fazer isso?
Conversei muito com meus irmãos, eles disseram que eu me subestimo demais, e que eu preciso ir, ok, isso pode ser um começo.
Por isso, aceitei.
- Você vai ser entrevistada pelo Ryan amanhã, vai confirmar o seu namoro com o Harry nessa entrevista. - Bob me informava, enquanto eu fazia algumas fotos para um site.
- Ok. - Concordei. - Eu recebi um e-mail com possíveis perguntas. - Dei uma pausa para a foto, não podia falar muito, mas Bob não ajudava.
- E já leu todas elas? - Perguntou enquanto olhava para o tablet em suas mãos.
- Ainda não, mas vou estudar elas e pensar em respostas, vou treinar alguma coisa para improvisar também, caso seja preciso. - Abri um grande sorriso para a câmera.
- Ótimo, faça isso. - Ele disse, ainda prestando atenção no aparelho em suas mãos. - Ok, tem uma coisa.
O olhei apreensiva. Alguém da produção chamou a minha atenção.
- Querida, olhe para cima, sem sorrir. - O homem me dizia, isso significava que eu teria apenas que escutar.
- Continue... - Murmurei.
- Harry tem um jantar hoje, com alguns amigos, seria bom se fossem juntos. - Ah, merda, sério? - Eu sei bem que não quer ir, mas é importante, para parecer que está conhecendo os amigos íntimos.
- Tudo bem. - Falei olhando para ele. - Eu vou, avise ele. - Bob assentiu e saiu.
Fiquei sendo fotografada por mais um tempo. Eu já estou me acostumando com isso, não é a primeira vez.
Sai do estúdio, algumas meninas me deram oi, e me fotografaram, acenei de volta, com certeza fãs do Harry.
Senti meu celular vibrar no bolso da calça, número desconhecido, imaginei de quem era o número, já que eu ainda não salvei.
- Fiquei sabendo que já está com saudades. - Revirei os olhos.
- Quem disse isso é um idiota. - Pude escutar a risada dele através do celular. - Você ligou para dizer algo importante ou só para me importunar?
- Só queria te falar do nosso encontro, Mary me ligou, disse que você aceitou ir comigo.
- Que eu saiba isso não é um encontro, é um jantar para eu conhecer seus amigos.
- Ah sim, sobre isso, já percebeu que chegamos nessa fase? Não é lindo? - Idiota.
- Olha Harry, eu tenho coisas importantes para fazer, e você é péssimo com piadas. - Nem era a raiva falando, ele de fato tinha um humor quebrado.
- Cuidado para não curtir as minhas fotos antigas no Instagram, sei que olha o meu perfil quando tem um tempinho livre. - Como ele sabia que eu...
- Tchau, Harry. - Desliguei, sem o menor tempo para isso.
* * *
- Boa noite. - Ele me cumprimentou assim que entrei no carro.
Camisa azul bebê e calças jeans, um alívio imenso quando vi a roupa dele, um jantar, nada chique, agradeci mentalmente por eu estar vestida adequadamente, afinal, não conheço os amigos dele, muito menos os tipos de festas e jantares que participam.
Não pude deixar de reparar nele dirigindo, é estranho sentir atração por isso? Não posso negar, ele é absurdamente lindo, qualquer uma no meu lugar faria de tudo para ter ele, pelo menos um pouco.
As tatuagens combinavam perfeitamente com ele, consigo ver algumas no braços, já que a manga da camisa está dobrada, e os olhos dele são ridiculamente lindos.
- Ok. - Falei assim que estacionamos. - Vamos impor algumas regras, antes de tudo. - Falo como se fosse a coisa mais importante do mundo, e de fato, no momento pode ser.
- Impor regras para jantar com os meus amigos? - Ele deu ênfase no "meus".
- Sim, e não me interrompa. - Ele me olhou surpreso. - Número 1: não abuse do álcool, eu odiaria ter que cuidar de você. Número 2: não esqueça de não falar sobre o contrato, eles são seus amigos próximos, acidentes acontecem, por isso não se esqueça, a regra número um também é importante para isso. Número 3: não me provoque, e você sabe do que estou falando. - Ele abriu um sorriso depois que falei isso.
- Tipo sussurrar no seu ouvido que você é linda, atraente...essas coisas? - Ele estava fingindo prestar atenção.
- E não me deixe desconfortável, tipo, não conheço ninguém aqui, então...não me deixe sozinha. - Pareceu algo desesperado, mas não mesmo lugares desconhecidos.
- Meu amor. - Ele disse calmo, eu odeio a forma como ele me chama de amor sem necessidade. - É só um jantar, você não precisa desse nervosismo todo.
- Eu não estou nervosa. - Protestei.
- Está sim, e sabe como eu sei disso? - Ele deu uma pausa dramática e suspirou. - Sei porque você é uma péssima mentirosa.
Eu estava prestes a responder, mas ele saiu do carro primeiro, fez a volta e abriu a minha porta. Muito cavalheiro, devo dizer, de vez em quando ele acerta.
- Você é tão cheio de si não é? - Falei assim que sai do carro. - Nem todas te querem.
- Tem razão, nem todas, mas você quer, seus olhos dizem. - Não respondi, não vale a pena discutir.
Alguns flashes vieram na nossa direção, ele agarrou minha cintura de lado e me conduziu até a porta.
- Harry. - Um homem de barba abriu a porta.
- Mitch. - Harry o abraçou. - Bom te ver, essa é minha namorada, Elisabeth. - Sorri ao ser apresentada.
- Então essa é a famosa Liz? - Ele sabe o apelido. Fiquei meio assustada com isso.
- Liz, quero te apresentar para umas pessoas. - Ele contornou o braço no meu corpo, meu Deus, a noite vai ser longa.
* * *
Sim, noite longa demais, falei com pessoas que não me lembro o nome, todos simpáticos, não tem ninguém na sala, então sentei no sofá, com as pernas para cima.
Fiquei observando todos ali, inclusive Harry, que conversava animado com um amigo, sorri ao ver que estava feliz, bonito, muito bonito, talvez a bebida esteja fazendo efeito.
Como um reflexo, ele olhou para mim, percebeu que eu estou encarando ele descaradamente.
Ele se despediu do amigo e caminhou até mim.
- Você está bem? - Ele perguntou, com um semblante preocupado.
- Sim, só cansada. - Respondi com um sorriso fraco.
Ele sentou ao meu lado, apoiando as pernas que antes estavam no sofá, agora em cima das dele, bem próximo de mim.
- Quer ir para casa? - Ele perguntou baixinho, a música é alta, talvez seja por isso que está tão próximo.
- Não, eu posso esperar mais um pouco. - Eu senti que ele estava se divertindo ali, com os amigos.
- Já são quase três horas, não tem problema se quiser ir.
Não respondi, fiquei prestando atenção no rosto dele, aqueles olhos claros me encarando, minhas mãos começaram a acariciar o cabelo dele, involuntariamente, ele pareceu se surpreender, e eu também.
- Quanto você bebeu? - Ele perguntou rindo.
- Pouco, eu acho. - Sei que não foi muito, não conheço ninguém, seria vergonhoso perder o controle assim, na primeira vez.
Ele não respondeu dessa vez, ficou me observando, assim como eu fazia com ele.
- Seus amigos devem estar esperando um beijo nosso. - Conclui, eu podia sentir os olhares sobre nós.
- É, devem estar achando estranho, nós mal nos tocamos e não sumimos. - Ele olhou ao redor.
- Você fazia isso com as outras? Sumia? - Fingi estar brava, ele riu.
- Você entendeu o que eu quis dizer. - Beijou o topo da minha mão. - Você viu o Mitch por aí?
- Na verdade, faz um tempo que eu não... - O olhei, rindo.
- Pois é. - Ele disse por fim. - Olha, nós deveríamos nos beijar, agora.
- O quê? Não.
- Eles vão achar estranho, e é só um beijo. - Ele deu de ombros, não é só um beijo, é beijar o Harry Styles.
Ficamos um tempo nos encarando, eu estou completamente nervosa, ele com certeza percebeu porque quando me beijou, meio que me deixou de lado para o sofá, para não ser uma coisa tão visível para os outros, além de uma das mãos no meu rosto, o que me deu uma grande oportunidade de beijar no maxilar dele assim que terminamos.
- Não devia ter feito isso. - Ele sussurrou, senti a pele dele se arrepiar.
- Desculpa. - Sussurrei de volta, foi involuntário, eu queria muito saber como era, é, talvez o pouco de bebida que ingeri estivesse fazendo efeito agora.
- Você pode fazer, só não...na frente dos outros. - Ele se enrolou um pouco para falar.
Não entendi, estava com vergonha ou algo do tipo?
Fiz menção de tirar as pernas de cima das dele, eles as segurou e colocou de volta, foi quando eu entendi qual era o problema.
- Você... - Não terminei, ele me olhou de lado.
- Sem comentários. - Ele falou com um sorriso envergonhado. Comecei a rir, ele me repreendeu com um olhar, mas logo riu também.
- Qual é a graça? - Mitch perguntou, aparecendo de repente e sentando no sofá a nossa frente.
- Mitch, onde estava? - Perguntei, para dispersar o assunto.
- Resolvendo uns assuntos. - Harry gargalhou.
- Claro, resolvendo assuntos. - Harry falava quanto subia e descia com a mão nas minhas costas.
- Sabe, vocês deveriam ir se resolver também. - Entendemos perfeitamente, o único problema é que eu não sabia o que responder.
- Estamos tentando, mas tenho que esperar um pouco. - Mitch pareceu não entender, eu também demorei um pouco.
- O que vocês... - Ele olhou para as minhas pernas em cima das dele e começou a gargalhar. - Ah Styles, você nunca foi assim, você deve estar dominando ele, como isso aconteceu? Beijou a bochecha dele? Acho que ele ficou meio nervoso. - Mitch ria descontroladamente, eu também, até perceber o olhar de Harry sobre mim, tentei me segurar o máximo.
- Ok Mitch, estamos indo para casa, até mais. - Ele levantou e eu logo em seguida.
- Casa, é claro. - Mitch fez piada.
Harry cumprimentou todos e saímos dali.
O caminho foi silencioso, fiquei me perguntando se ele gostou tanto do beijo tanto quanto eu gostei, tenho a sensação de estar fugindo das coisas.
Quando chegamos ao estacionamento do meu apartamento, ele saiu do carro para abrir a minha porta, pensei que fosse só isso, mas para a minha surpresa ele me beijou, fechou a porta atrás de mim e encostou meu corpo nela.
Parecia desesperado, eu retribui, não vou mentir, queria muito aquilo, mas não deveria acontecer.
- Chega. - O afastei pelos ombros, ele ficou me olhando, tentando entender. - Não deveríamos mais fazer isso, só quando for necessário.
- Por que? Eu quero, você quer, qual o problema? - Exato, qual o problema Elisabeth?
- O problema é que... - Qualquer mentira. - Temos um contrato, precisamos ser profissionais, nada além disso. - Minha voz estava firme.
- Tudo bem, você não quer, acho que posso superar isso. - Ele disse suspirando. - Então, nada de beijos? - Perguntou fazendo uma carinha triste, cafajeste.
- Nada de beijos. - Repeti rindo. - Mas não se preocupe, você até beija bem. - Dei dois tapinhas leves no rosto dele e fui em direção a porta.
- Você não pode dizer isso e simplesmente sair, Elisabeth. - Ele falou mais alto por conta da distância.
- Eu posso fazer o que eu quiser, senhor Styles. - Pude ver ele arrumando a gola da camisa, bufando e entrando no carro.
Não posso negar, ele tem um afeito sobre mim, por isso não podemos fazer essas coisas, porque a verdade é que...não dá para ter um relacionamento casual com um homem igual a ele, não é preciso de muito para imaginar os motivos.
Senti meu celular vibrando dentro da bolsa.
- Dylan? - Perguntou supresa, não é um horário comum para ligações dele.
- Diz que você tem morangos no seu apartamento. - Franzi o cenho e sai do elevador.
- Sim, por que? - Abri a porta do apartamento.
- Suzan, ela precisa de morangos nesse momento.
Comecei a rir, ele me repreendeu e em questão de minutos estava no meu apartamento, considerando que ele mora no andar de baixo, fica muito mais fácil me visitar.