Phanton Regret by Jim é um poema disponível no novo álbum do The Weeknd e é sobre superar o passado e enfrentar o presente. Mesmo que vocês não tenham um tempo agora eu recomendo que leiam ele algum momento. É um poema lindo e profundo.
Aaliyah
21 de Junho de 1972
Quando eu cheguei na casa do meu pai e desfiz minhas malas senti uma dor forte em meu peito, pois eu sabia que ficaria lá por um tempo. Não era o momento que gostaria de ficar lá e me machucou ainda mais porque todos os planos que havia feito para meu futuro simplesmente deixaram de existir. Isto é, meu menino já poderia estar aqui comigo em meus braços conhecendo o avô em uma primavera britânica.
Eu estaria com Harry, casados, como nós prometemos.
Só que o futuro é feito de fumaça, não é sólido, são apenas partículas que estão separadas e de alguma forma queremos que elas se juntem em algo sólido e firme. No primeiro redemoinho, tudo se desfaz, tudo se acaba.
Meu pai quis saber o que houve, perguntou se Harry realmente me traiu. Disse que em partes sim, mas não da forma que ela acha. Ele quis saber mais, só que honestamente eu não estava nas melhores condições de falar sobre como Harry e eu acabamos. Ainda sinto uma dor forte no meu corpo quando me lembro que terminamos. O meu estômago embrulha e eu me sinto doente fisicamente. Fiquei com febre por três dias, ter me afastado de Harry foi mais doloroso do que pensei.
O meu progenitor percebeu isso e não perguntou sobre. Ao invés disso, ele me acolheu e disse que eu poderia ficar pelo tempo necessário e já são meses aqui.
Casualmente, eu ligo para Franklin. Saber como ele está, converso com Megan também e algumas vezes com Bailey e Chris. O mais novo é quem está mais inconformado, então é difícil ficar conversando com ele por agora também. No entanto, eu disse para Bailey não guardar mágoas, elas são minhas e os garotos não tem que perder uma oportunidade incrível de continuar crescendo por mim. Disse ao mais novo que isso é tolice, que ele deveria conversar com Harry. Bailey ainda está na defensiva, então eu apenas me isolei.
Acredito que precisava desse tempo, pois agora eu fico olhando para trás, para tudo aquilo que acreditei que tinha. Não falo apenas de Harry, mas da minha carreira também. Tudo isso parece ter sido apenas um sonho, começou bem, mas agora estou acordando e entrando em um pesadelo. Eu estava sendo criticada duramente por motivo nenhum.
O que eu fiz de errado?
Eu não tenho ideia, talvez eu tenha exagerado em algum momento, talvez eu devesse ter me comportado com mais gentileza em algum momento, eu não sei. Contudo, não consigo pensar cem por cento na minha carreira agora, porque eu ainda me sinto magoada com Harry e as revistas dizem sobre ele estar namorando com Cherry.
Sei que isso é mentira, o moreno disse que ela é lésbica. Stuart me disse a mesma coisa. O problema não foi esse, não senti tanto ciúmes assim da ruiva. O problema foi ser deixada de lado, quebrar promessas e me sentir sozinha. Além do mais, as revistas dizem que eu perdi a cabeça. Talvez eu tenha perdido mesmo.
Eu perco muitas coisas.
Só que eu amo Harry e todas as vezes que eu penso em perder esse amor, todas as vezes que eu penso que eu perdi ele. O meu corpo entra em estado febril e eu não consigo parar de chorar.
Sinto tudo arder, é um veneno e que se me matar tenho a certeza de que o fantasma do meu amor estará preso nesse mundo e minha alma estará perdida no espaço mais escuro do universo. Só que eu não posso voltar atrás. Eu que fui embora e tenho vergonha disso.
Harry fez isso para ajudar uma amiga e eu deveria ter entendido no momento, mas eu estava tão cansada.
Sei que quando o britânico chegou anos atrás, desesperado com um corte no supercílio, ele ficou devastado porque não conseguiu ajudar Franklin e o nosso amigo quase morreu na guerra. Harry ajudou Cherry, evitou que seu segredo fosse revelado, ele fez por bem, mas ele quebrou a promessa que fez para mim e isso me magoa. O que me magoa mais é saber de tudo isso e continuar sentindo ressentimentos, medo e inseguranças de voltar ao que éramos. Harry fez algo pelo bem, mas me quebrou para isso.
Eu sei que sou mais que ressentimentos, no entanto, eu gostaria que o mundo soubesse do quanto nós nos amamos ou amávamos. Só que isso não irá acontecer mais e enquanto minhas feridas ganham cicatrizes, eu continuo aqui, longe dele e refletindo sobre meu futuro de fumaça e de tudo aquilo que um dia me pertenceu no passado.
O lado bom, se é que tem lado bom, é que estou em Paris neste fim de tarde. Sempre quis conhecer esse lugar e a última vez que estive aqui não tive tempo de aproveitar essa cidade do amor.
Harry e eu viemos para a ponte dos cadeados, é onde eu estou agora. Não procurei pelo nosso cadeado, mas sei que ele está lá. Apenas estou aqui com meu pai, caminhando e sendo uma turista.
— Eu já estou com fome, querida — meu pai fala me desviando dos meus pensamentos e olho para ele. — Você também está?
— Sim, estou sim — sorrio e ele acena com a cabeça. Meu pai entrelaça o braço dele no meu e deixo minha cabeça do seu ombro. Olho uma última vez para aquele mar de cadeados. — Você acha que esses cadeados significam alguma coisa?
— Se esses cadeados significam algo? Bem, talvez sim, talvez não. Mas quando duas almas estão predestinadas a ficarem juntas, elas ficam, nem mesmo que por um momento efêmero.
Suspiro e meu pai para de andar e me olha.
— O amor não é um sentimento pequeno, Aaliyah. Você sempre pode cultivá-lo novamente e colher o que ele te entrega. Então, se bem cultivado o amor volta para você com um sabor doce.
Ainda sim, não seria a mesma coisa sem ele. Penso.
Só que eu paro de falar sobre isso, essa melancolia tem que acabar então me forço a enterrá-la dentro de mim e caminho com meu pai até uma padaria. Quando chegamos lá, eu vejo um homem sentado na mesa tomando chá. Ele me olha e sorri.
— Vou começar a achar que você me segue, Henderson — Bruno Herrera fala e cumprimenta o meu pai.
O mais velho o responde e, em seguida, diz para mim que vai entrar na padaria e fazer um pedido para nós.
— Eu cheguei primeiro — falo e Bruno sorri mais.
— Ok, então, Harry também está aqui?
— Não — digo imediatamente.
— Entendi — murmura e mexe a colher dentro da xícara de chá. — Folhas secas de camomila, água quente, dois cubos de açúcar...
— O que é isso?
— Ah! Isso é apenas uma receita para fazer as meninas bonitas sorrirem — fala e sorrio. — Viu, funcionou.
— Um pouquinho — indico com a mão. — O que você está fazendo aqui?
— Vou me apresentar aqui.
Aceno com a cabeça e vejo meu pai saindo com os pedidos.
— Aaliyah, estou precisando de ajuda com uma música e adoraria te encontrar um dia para conversarmos sobre.
— Apenas se você tiver mais receitas para fazer meninas bonitas sorrirem — digo sorrindo.
— Eu sempre tenho — pisca para mim.
30 de Novembro de 1973
Estar com Bruno não é ruim, ele é bom para mim.
Ele ajudou com o meu álbum, esteve comigo quando eu passava madrugadas no estúdio pensando no que fazer para elaborar cada música. Como iria interpretar cada verso.
Bruno ficava do outro lado, me vendo cantar e me dando apoio para continuar. Ele disse que eu poderia gastar o tempo que for trabalhando nesse álbum e Ezekiel também apareceu para me ajudar junto com outras pessoas. Conheci outros produtores e engenheiros musicais e com o tempo, todo mundo foi se conectando para que a produção do álbum fosse possível.
Consequentemente, eu posso afirmar que não teria feito esse álbum sem a ajuda deles, principalmente sem o incentivo de Bruno.
Ele quem me levou de volta. Foi libertador, o ano passado foi um ano muito duro para mim e eu preferi me esconder da mídia e dos holofotes para aprender a lidar com o que eu havia perdido enquanto desabafava em canções.
Bruno e eu nos tornamos amigos, mas tivemos algo além disso. Nosso primeiro beijo foi no ano novo e apenas agora que a mídia está sabendo sobre isso. Honestamente, eu não me esqueci de Harry, talvez nunca o faça, mas quando Herrera está comigo, a dor fica menor e eu não sou uma fetichista pela dor. Não quero sentí-la para sempre, então entrei nisso.
Uma situação em que estou com Bruno e me sinto alegre pelo seu apoio e estamos tendo isso. Um relacionamento em que ele pode me beijar, me tocar e eu consigo tirar a imagem de Harry na minha cabeça nem que por dez minutos. Além disso, Herrera não precisa fingir que é um homem disponível.
Um relacionamento em que ele pode aparecer nos bastidores de um estúdio de televisão e me observar com um brilho nos olhos enquanto eu trabalho. Bruno acena para mim e sorrio.
— Aaliyah! — O diretor de produção me grita e olho para ele. — Gravando em 3,2,1!
Respiro fundo e começo a cantar.
Faça o que tiver de fazer
Faça o que quer fazer
O fogo ou o balde de gelo
Está tudo dentro de você
A força
Basta deixar crescer e fazer o que quer fazer
Amém, Amém, Amém
A música está tocando então dance
Se mova
Ou batuque
Faça batidas
Ou apenas respire
Não precisamos provar nada
Porque é tudo tão bonito quando vem de dentro
Eu faço boom boom
Também posso fazer bang bang
E yeah yeah
Então eu deixo ir
Eu simplesmente deixo ir
Agitando tudo, dispersando a fumaça
É menos um problema para mim
Não podemos parar agora, então deixe ir e tudo vai ficar bem deixe ir e...
Faça o que tiver de fazer
Faça o que quer fazer
O fogo ou o balde de gelo
Está tudo dentro de você
A força
Basta deixar crescer e fazer o que quer fazer
É uma loucura e você sabe
Mas o que você quer fazer hoje?
Batidas, batidas, batidas
Meu coração já bate
E o amanhã vem todos os dias
Então vamos jogar, jogar, jogar
Não vamos nos importar
Porque todas as divindades ensinaram que a única regra é amar
E tudo é lindo quando vem de dentro
Isso é tão chique
Todos sabem, então não precisa gritar
De Londres a Buenos Aires
Cruzando oceanos e as divindades dizendo:
Vamos amar
Amém, Amém, Amém
Não tem problema nadar nas estrelas pelo menos uma vez
Então acenda o seu coração da cavalaria e atravesse a atmosfera
Você está convidado então...
Faça o que tiver de fazer
Faça o que quer fazer
O fogo ou o balde de gelo
Está tudo dentro de você
A força
Basta deixar crescer e fazer o que quer fazer
Amém, Amém, Amém
Quando termino de cantar escuto o pessoal da produção me aplaudir e sorrio envergonhada. Eu desço do palco improvisado e fico observando o pessoal da produção mover o globo no teto improvisado.
Estou gravando para divulgação do meu novo álbum.
Eu lancei o primeiro no início do ano e hoje o meu novo empresário disse que eu atingi um número expansivo de vendas, foi de: Vinte e quatro milhões e quinhentas mil cópias desde a minha estreia. O meu empresário chama-se Anthony Cameron e ele administra a carreira de outra cantora, a Yasmin, mas ele me contou que esse número que eu alcancei é um recorde. Estava me tornando a segunda artista que mais vendeu no ano e a única mulher entre os três mais vendidos.
Anthony também disse que eu poderia me tornar uma das três cantoras mais bem pagas do mundo se continuar nesse caminho. Aquilo me empolgou, pois estava trilhando meu trabalho para isso, para o sucesso e eu já tinha uma agenda de shows, entrevistas e eventos para o fim deste ano e o próximo. Além disso, havia contratos com marcas famosas, sendo a garota propaganda e eu sentia que estava voltando das cinzas. O que me fazia sentir orgulho de mim mesma.
Só que agora, eu ignoro esse futuro à minha frente, porque o que conta é o que eu realizei no presente, então observo o estúdio. Por enquanto não tem pessoas, porque estamos fazendo os últimos acertos de luzes e se vamos realmente inserir pessoas ou se será apenas eu e um cenário. Está sendo bom trabalhar nisso, realmente consigo distrair a minha cabeça e Franklin esteve comigo semana passada quando fui para o estilista. Meu amigo me disse que agora ficará difícil para eles me negaram o título de Musa do Rock.
Apenas Frank para dizer umas coisas dessas.
— Você foi perfeita, Honey — Bruno diz me abraçando. Sorrio para ele e o homem beija meus lábios.
— Ainda acho que temos que gravar de novo. Aquele quadro estava torto — digo e aponto para o quadro que alguém já estava arrumando.
— Se ficar torto, vai ser bom. Fazer tudo que quiser fazer, sem a expectativa de ser o certo ou errado, apenas fazer — sugere e fico pensando. É, ele tem razão.
— Pode ser — murmuro e pego uma garrafa de água que me foi entregue e tomo. Deixo a garrafa em uma mesinha e converso algumas coisas com a produtora de cenários sobre os quadros.
É uma conversa rápida e quando noto, vejo que Bruno está me olhando e sorrindo.
— O que foi? Está sorridente demais hoje.
— É que eu amo você, Aaliyah — diz e segura minhas mãos. Sinto meu coração acelerar. Eu o beijo e sorrio contra seus lábios.
Contudo, me questiono, qual é o tipo de amor que sinto por Bruno.
O moreno se afasta de mim e se ajoelha à minha frente, sem me dar tempo de pensar muito. Então, Herrera tira uma caixinha de dentro do terno e abre me mostrando um anel de diamantes.
— Aaliyah, eu te amo e você me faz sentir leve e animado. Eu sou afim de você desde 1968 quando te vi naquele festival e agora que estamos juntos eu só consigo ter a certeza de que você é a mulher da minha vida. E é com quem eu quero me casar, ter uma família e passar o resto da vida juntos. Você me enfeitiça com seu amor e carinho. Quer ser minha esposa? Quer se casar comigo, Honey?
Aquilo me pega de surpresa e quando olho em volta vejo as pessoas da produção olhando para a gente. Alguém da luz já nos iluminou e eu apenas sorrio por estar nervosa.
Admito que quando estou com Bruno, não fico me lembrando tanto de Harry, ele me apoia e a gente se dá bem junto. Porém, Styles também me apoiava.
Além disso, Bruno e eu não nos conservamos durante horas pela noite e nem ficamos em silêncio por muito tempo sem isso parecer estranho, mas a gente se dá bem juntos, ele toca piano para mim e eu falo sobre música com ele. Porém, Herrera não me puxa para dançar, mas ele bate palmas quando eu canto. Bruno também não troca bilhetes comigo, mas deixa buquê de flores na porta da minha casa todos os dias.
E quando ele me levou para o Havaí, entrou no mar comigo, rimos, brincamos e nadamos. Senti em meu coração uma sensação boa. No entanto, não foi uma sensação fantástica, foi apenas bom e forte o suficiente para fazermos sexo depois e naquele momento, não foi o rosto de Harry que eu vi e consegui sentir prazer.
O amor precisa ser instantâneo? Meu pai disse sobre cultivá-lo. Talvez se eu cultivar bem esse amor por Bruno, ele pode enterrar aquele amor que eu tive.
Talvez eu deva dar uma chance de me entregar mais do que eu já estou, eu possa realmente me esquecer de Harry.
— Sim, me caso com você.
Continua...
Notas: Olás meus amores como estão?
O que acham desse casamento ein? Acho que já sei... Mas me digam o que acharam do capítulo e sobre o sucesso que a Aaliyah está fazendo como cantora solo.
Espero que tenham gostado do capítulo. Abraços. Anna. Xx