Coral Roses

By ElanePimentel1

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Coral Roses é uma garota que passou 4 anos de sua vida presa em um hospital psiquiátrico por sofrer da síndro... More

Prólogo - Sombras de Coraline
A Antiga Nova Casa
Dentro da Floresta
O estranho e misterioso Jack
Um pequeno aviso
Os amigos de Sempre
Memórias ao vento
INFORMAÇÃO IMPORTANTE
No caminho pra escola
O Pulsar da Madrugada
Encontro sob a penumbra da noite
Casal Misterioso
Visitante Inesperado
O Gato Preto
Feliz Aniversário, Rudy
Lembranças
O Carvalho
Introdução ao Terceiro Mundo
Queda Livre
Kali Lira
O Segundo Mundo
Paralelamente para os Leitores Part II
Reencontro no Segundo Mundo
Um presente no dia do Amigo
Eu e o Demônio
O Castelo antes do Primeiro Mundo
Só agradecimento ♥
A Mãe de Todos os Monstros
Reunião em Família
Rudy, O Covarde

As Criaturas do Castelo

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By ElanePimentel1


O castelo não estava tão distante e a cidade ficava cada vez menor à medida que nos aproximávamos daquele monstruoso lugar. As casinhas da cidade continuavam vazias, em silencio, e assustadoramente conservadas, a cidade de natal silenciosa era o lugar para qual eu não gostaria de voltar. As criaturas que moravam naquela cidade eram aterrorizantes, mas aparentemente só apareciam quando ficava mais escuro e isso era o pior, a cidade era bastante convidativa, parecia confortável e aconchegante, tinha aquele brilho encantador, mas era como os peixes abissais das profundezas do oceano, o brilho era apenas uma armadilha mortal.

Os olhos de Kali estavam da cor de fogo, provavelmente ainda estava irritada assim como Car que à medida que nos aproximávamos das portas do grande castelo, ficava ainda mais frio e aquilo o deixava ainda mais rabugento. E realmente eram "as portas", o castelo era grandioso, como se feito para um gigante, e as portas não eram diferentes, eram grandes e pesadas e com certeza nós não conseguiríamos abrir de forma alguma.

Quando a cidade finalmente ficou para trás, olhei sob o ombro para localizar a casinha que havíamos passado a noite, ela era igual a todas as casinhas ali e percebendo agora a distancia era impossível que eu tivesse visto alguém dentro daquele castelo, tentei ficar tranquila, seja lá o que nos esperava eu rezava para que não fosse tão monstruoso quanto às coisas que estavam para trás. Jack apertou minha mão me fazendo olhar para ele, seus olhos sempre com aquela cor do mais profundo dos abismos me fazia questionar porque eles não mudavam de cor assim como os da Kali. Mas fiquei em silencio esperando ele dizer que estava lendo meus pensamentos. Jack apenas riu de forma satisfatória, mas nada falou.

Finalmente estávamos parados diante aquele castelo grandioso e fiquei surpresa ao ver a quantidade de portas que estava na minha frente. Havia a porta gigantesca que ia tão alto que eu não conseguia ver o fim, e havia portas menores por todos os lados do castelo, portas para pessoa do meu tamanho e uma única porta minúscula que provavelmente apenas uma criança passaria engatinhando por ali, mas também serviria se você fosse um gato.

Todos pararam e Car olhou irritado para Jack como quem espera uma resposta.

— Não podemos entrar em qualquer porta! – Car falou meio irritado, meio com o queixo batendo por causa do frio.

— Até onde sei foi você que trouxe ela pra essa bagunça. – Jack respondeu impassível se referindo a mim.

— É, e se não fosse por mim você ainda estaria preso aqui sozinho e morto. – Car ficou parado em frente ao Jack, naquele momento não parecia estar com frio e estava tão furioso que pude ver uma energia esverdeada saindo ao redor dele. Olhei para Jack para ver se conseguia enxergar nele também, mas fiquei assustada ao ver que a energia que emanava dele era totalmente sombria.

Kali entrou na minha frente rapidamente como quem quer esconder algo, deu um sorriso que momentaneamente pareceu falso, balançou o rabo de cavalo e segurou meus ombros me sacudindo.

— Apenas homens sendo homens. – falou.

— Não temos tempo pra essa baboseira. – Jack falou aparentemente irritado. – Já estive aqui antes. – ele caminhou até uma das portas que era do nosso tamanho e segurou na maçaneta. As portas pareciam exatamente iguais, não fosse pelos tamanhos, mas ao chegar mais perto vi que havia mais diferenças entre elas. Algumas portas exalavam um brilho igual à neve que nos cercava, e as maçanetas eram pedras preciosas de vários tipos e vários formatos. Jack segurou na maçaneta que era um cristal transparente, toda a porta exalava um leve brilho dourado e notei que a mão de Jack tremia, quase como hesitando se abriria a porta ou não.

Segurei em seu braço tentando lhe dar segurança e confiança para abrir a porta sem medo, mas eu nem imaginava o que ele havia passado todo aquele tempo que esteve ali e o que nos esperava dentro daquele castelo, Car estava apreensivo com a porta que íamos entrar, imagino que, como no Terceiro Mundo, todas aquelas portas levariam a algum lugar diferente, algum mundo distante, algum mundo assustador.

— Tem certeza que é essa porta? – Car questionou antes que Jack girasse a maçaneta.

— O que tem atrás dessa porta? – perguntei tão baixo que não sei se alguém escutou, mas Jack naquele momento me olhou nos olhos, ele estava com medo.

— Façam silêncio. – ele falou e girou a maçaneta.

A porta se abriu e a escuridão nos engoliu, entramos por aquela porta tentando fazer o máximo de silêncio, era impossível enxergar alguma coisa à frente.

— Não fecha a porta ainda. – Jack falou e olhou para Kali, os dois pareciam se comunicar telepaticamente, o que realmente poderia ser isso mesmo. Car segurou a porta para que não fechasse, ele não parecia dar atenção ao que os dois irmãos iriam fazer agora. Kali e Jack ficaram parados um na frente do outro e então ergueram os braços e fecharam os olhos, eles murmuravam algo que eu não conseguia compreender e os movimentos eram sincronizados de forma tão perfeita que era claro que não era a primeira vez que eles faziam aquilo. Kali e Jack então tocaram suas mãos e uma energia de luz começou a formar-se dentro de suas mãos fechadas, a luz era branca e começou a iluminar todo aquele local, eles ergueram as mãos para cima e depois abriam e suavemente a luz tornou-se uma bola que flutuou sob nossas cabeças até dividir-se em duas bolas exatamente iguais.

Car fechou a porta atrás de nós e revirou os olhos para toda a cena de Jack e Kali. A luz que estava acima de nós era encantadora, e iluminava parcialmente aquele lugar, era possível observar um pouco da estrutura, parecia uma masmorra e era totalmente diferente do que era do lado de fora.

— Esse lugar é muito escuro, literalmente escuro, seria impossível conseguir iluminar com qualquer outra coisa que não fosse essa luz. – Jack apontou para as bolas que dançavam em nossas cabeças.

— E essa luz é tão forte, tão forte que se saísse agora deixaria todos cegos. – Kali falou animadamente como se fosse a coisa mais incrível do mundo.

Olhei ao redor, a luz não era tão forte assim, estava apenas parcialmente iluminado, conseguíamos enxergar tudo ali naquela sala em formato de masmorra, os objetos que estavam organizados em armários antigos, algumas quadros pintados apenas com vários rabiscos pretos assustadores, algumas tochas jogadas como se tivessem sido apagadas há muito tempo, uma porta de madeira atrás de nós e uma escada circular. A luz era fraca, dava para ver tudo ali, mas não claramente como a luz do dia.

— É por isso que mencionei sobre o quanto esse lugar é escuro. – Jack falou gentilmente e deu um leve sorriso. – Se você se deixar, ou se perder, a escuridão desse lugar pode engolir você.

— Poético. – Car falou, não estava mais tão rabugento como minutos atrás. – Pelo menos aqui é quentinho.

Agora que ele falou percebi que aquele lugar era confortável, não era congelante como do lado de fora, mas também não tão quente, o frio ainda tentava ultrapassar as barreiras de casacos que estávamos usando. Car esfregava as mãos e assoprava ainda para se aquecer ainda mais e Kali seguia ao lado de Jack com as luzes a nossa frente. Eu caminhava um pouco atrás dele e comecei a imaginar o que nos aguardava dentro daquele castelo, algo que deixava Jack tenso demais para falar sobre.

As escadas circulares pareciam não ter fim, as paredes eram úmidas e desgastadas, e a medida que subíamos em circulo quadros mais assustadores apareciam nas paredes, pareciam as criaturas que moravam nos outros mundos que passamos e outras criaturas que eu desejei nunca encontrar na vida. Caminhávamos em silêncio e sempre tendo o cuidado de não esbarrar em nada. Chegamos a um corredor que parecia ser de uma pressão, mas todas as portas estavam abertas e a escuridão em cada uma parecia ser infinita, as bolas de luzes iluminavam apenas o suficiente para que pudéssemos seguir em frente. Tentei não olhar para aquelas portas abertas e Jack apertou minha mão para que nos apressássemos naquela parte do castelo, então chegamos novamente em mais escadas circulares e ainda mais estreitas.

As imagens dos quadros desse corredor eram diferente, algumas pareciam mãos que mais pareciam garras prestes a lhe agarrar, outras das imagens pareciam crianças chorando, mas se chegasse muito perto talvez não fossem crianças e sim bonecos com olhos de botões, tentei não olhar tanto para os quadros, eles me davam calafrios e eram realmente assustadores. Aquelas escadas pareciam não ter fim e em certo momento parecia que estávamos caminhando por horas e sempre em silêncio. Algo gelado encostou em meu tornozelo, como se quisesse agarrar e escorregou, era como tentáculos que me fez olhar rapidamente para trás, mas apenas a escuridão me encarava. Jack parou junto comigo.

— O que foi? – ele sussurrou.

O cheiro que vinha da escuridão era como algo muito velho e antigo, mas nada saiu dali.

— Não foi nada. – sussurrei ainda com a testa franzida.

Quando voltamos a subir tentei não olhar para trás, mas conseguia sentir que algo se arrastava muito lentamente atrás de nós naquela escuridão, algo antigo e assustador. Eu só queria sair dali o mais rápido possível, mesmo sabendo que na próxima porta poderia ser mais aterrorizante, mas a sensação que eu tinha naquele momento é que a pior criatura de todas estava bem ali prestes a nos agarrar.

— Tem algo nos seguindo. – sussurrei e apertei o braço de Jack. Ele não me olhou e nem ao menos parou, mas senti o quanto ficou enrijecido.

Kali e Car caminhavam a nossa frente, ambos pareciam tensos e provavelmente estavam percebendo o mesmo que eu. Eu queria correr e sair daquele lugar o mais rápido possível.

— Não... Faça... Movimentos... Bruscos. – Jack sussurrou no meu ouvido, seu hálito me fazendo cócegas.

Eu sabia o que ele queria dizer, "não corra", não nos coloque em risco. Ele sabia que tinha algo nos seguindo e sabia que eu estava morrendo de medo, talvez estivesse tremendo o suficiente para entregar o meu plano de sair correndo e entrar na primeira porta que encontrasse. A coisa que nos seguia continuava se arrastando como se fosse uma pessoa idosa que havia caído e não conseguia mais se levantar, mas estava cada vez mais perto. Comecei a me perguntar o que aconteceria se de repente aquelas luzes fracas se apagassem e então imaginei a escuridão nos engolindo.

— A criatura parou de nos seguir. – Kali aproximou-se de nós para sussurrar. – Mas pelo menos não era ela.

— Todos fazem parte dela. – Jack falou de forma ríspida, e não soou tão silencioso quanto deveria ser. Todos pararam rapidamente e ficamos um momento em silêncio para ver se algo ou alguém tinha nos ouvido.

— De quem vocês estão falando? Quem é ela? – perguntei.

— Com certeza é o pior pesadelo de todos nós. – Car falou.

Tentei imaginar algo que fosse tão terrível assim, não era difícil imaginar, eu tinha exemplos como a Elzarella para seguir, mas como alguém poderia ser pior do que ela? E todas aquelas criaturas de todos aqueles mundos. Existia realmente alguém mais aterrorizante?

— Ela é a... – Car ia falar, mas foi surpreendido com a mão de Jack tampando sua boca e levando o dedo até os lábios para fazer um Schiii inaudível.

Novamente a coisa se arrastava atrás da gente, dessa vez não parecia estar tão lento, começamos a subir novamente as escadas, os passos apressados e quase correndo. Eu estava cansada e a coisa parecia estar mais perto, Jack segurava meu braço quase me arrastando para ir mais rápido. Olhei para trás e vi algo que não tinha certeza se era real, algo saindo da escuridão, um ser que parecia ter mais dentes do que poderia caber em uma boca. Era como um verme gigante com braços e pernas de aranha, mas que usava essas pernas para se arrastar no chão. Não tinha olhos, não tinha nariz, apenas orelhas que na verdade era um buraco com gosma saindo de dentro e uma boca enorme e redonda rodeada de dentes pontiagudos, parecia estar com sede de nos alcançar, e ao mesmo tempo parecia incapaz de fazer isso ou apenas queria nos pegar desprevenidos. Ele então foi tomado por a escuridão saindo da minha vista.

— A luz não vai durar muito tempo. – Kali falou meio ofegante e tentando manter o silêncio.

As duas luzes estavam fracas e oscilantes, e o lugar parecia ficar mais escuro, talvez fosse esse o motivo daquela criatura estar nos seguindo daquela forma, ela sabia que logo poderia ter algo para jantar. Balancei rápido a cabeça tirando aquele pensamento, iriamos sair dali de uma forma ou de outra, lembrei então do meu irmão e percebi que enquanto estava dentro daquele lugar havia esquecido o maior motivo que eu tinha pra lutar. Não iria desistir dos meus pais, nem do meu irmão, nem de Jack, nem dos meus amigos que estavam ali comigo, nem da minha família.

A coisa reapareceu novamente e não parecia estar sozinha, parecia ter mais coisas se arrastando em nossa direção. Voltamos a caminhar e então começamos a correr, a luz piscava, mas ainda não estava totalmente apagada, então finalmente chegamos a uma sala redonda que a principio parecia não ter saída, estava ficando bastante escuro, não dava para distinguir o que tinha a nossa frente, se eram mais criaturas, ou alguma passagem.

— Não vamos conseguir. – Kali falou. O medo já tomava conta de todos que estavam ali e cada vez ficava mais difícil enxergar alguma coisa. Car movimentava as mãos tentando fazer alguma coisa, mas nada acontecia. Senti uma mão segurando meu braço e percebi que era Jack, as luzes estavam prestes a apagar e vi aquilo em seu olhar, o medo, desespero, um olhar que suplicava silenciosamente enquanto me olhava sem saber o que fazer. O medo é assim.

O medo nos cega e nos transforma, mas também nos faz agir. Uma pessoa com medo pode ficar recolhida, mas também pode atacar, quando pensamos no que podemos perder, ou quem poderíamos perder, isso nos muda, pensar nisso nos causa uma sensação de não ter mais nada a perder, quando de fato perdemos algo importante ou alguém. O medo, se não bem administrado, pode te levar até o fim de tudo, pode fazer você perder todo o controle e te levar a lugares que você jamais gostaria de estar. Eu vi o medo nos olhos de Jack, e o que o medo lhe fez. Ele ficou paralisado, o ultimo fio de luz sumindo, e ao mesmo tempo vi uma garra longa de unhas finas agarrando o rosto dele. Aquelas criaturas iam nos matar. Seria o nosso fim.

— Não, não, não. – falei. Algo em mim estava mudando, uma sensação que já tive antes quando pensei que tudo estava perdido, as imagens de todas as pessoas que amo passando por minha cabeça, o medo crescente pulsando dentro de mim, o medo de perder todas aquelas pessoas, o medo de perder Jack bem ali na minha frente. Eu não deixaria aquilo acontecer. Foi como um gatilho. O medo transformou-se em reação e sem perceber, senti uma eletricidade saindo de dentro de mim, uma força que já havia sentido antes. Foi então que vi o clarão, uma luz tão forte que toda a sala parecia ser branca, era como se estivéssemos em plena luz do dia, bem mais próximos do sol, todos cobriram os olhos para se proteger da luz ofuscante, mas eu não, eu conseguia ver claramente, era como se fizesse parte daquela luz, pude ver as criaturas horrendas se dissipando junto com a escuridão. E então... uma voz feminina surgiu atrás de mim.

"Ora, ora, o que temos aqui."

Tudo ficou escuro.

"Droga, não pode ser!" A voz de Car apavorada.

"Ela acordou..." A voz de Jack soava incredulidade.

"Já era, estamos mortos." A voz de Kali por fim. 

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