Harry
28 de Junho de 1976
Depois de ter pedido para Aaliyah voltar para mim, ela beijou meus lábios e disse que tinha que ir. Contudo, Henderson pediu para eu atender o telefone quando tocar.
Desse modo, ontem, eu fiquei esperando uma ligação dela o dia inteiro e ela me ligou perto da meia noite e combinamos de sair hoje à noite.
Aaliyah disse que Bruno estaria resolvendo questões sobre o novo álbum e que ficaria fora pelo resto da semana. Henderson também me contou que Bruno sabe sobre o que houve conosco e que ele não via problemas, ela riu e disse que acha que Herrera está saindo com outra pessoa também.
Tudo parecia certo entre nós, bem, as coisas estavam caminhando para a direção certa e me sentia ansioso para ver ela entrando para casa que costumava ser nossa. Já estava procurando pessoas para preparar um quarto especialmente para Isabel. Tem um quarto vazio ao lado do meu e ele é perto, então Isabel ficaria lá.
Já estava pensando na cor para aquele quarto. Me perguntava se Isabel gostava de bichos de pelúcia e se ela já sabia andar e falar. É uma garotinha de um ano, ainda é um bebê. Então, deveria haver um fraldário naquele quarto também.
Céus! Eu estou mesmo ansioso por isso e devo confessar que também estou feliz.
Aaliyah me ligou como disse que faria e ouvir a sua voz no outro lado da linha apenas me deixou mais animado e alegre.
Não me sentia assim fazia anos, pensei que nunca fosse me sentir tão apaixonado e alegre novamente, mas Henderson está aqui, ela está perto de mim e estamos dispostos a tentar mais uma vez.
E se tiver amor para dar, nós merecemos uma segunda chance e eu não quero errar nunca mais da mesma forma que errei antes. Também não quero ser tolo de perder Aaliyah. Eu a encontrei novamente e não vou deixá-la ir porque na última vez nós fomos imprudentes.
— Tem alguma coisa estranha aqui hoje — Bailey diz quando terminamos de gravar um trecho da nossa nova música.
O estúdio está quente e cheira a homem. Vem sendo estranho estar gravando esses álbuns sem Ally, porque ela trazia a suavidade que precisamos, mas eu não vou ser totalmente mesquinho e não admitir que as produções solo de Aaliyah foram ruins. O oposto, tudo que Henderson fez fora da banda foi espetacular e ela trouxe conceitos e um tipo de nova arte para a indústria. Ela trouxe brilho e com certeza se lembraram dela por vários anos. Ela mereceu cada um dos prêmios que recebeu.
No entanto, não pensando muito sobre nossas vidas profissionais, eu tenho que ser verdadeiro e admitir que ainda não acredito que nós tivemos o momento que tivemos dias atrás e nem posso acreditar que mais tarde vou estar me encontrando com ela.
Me sinto um adolescente, apaixonado e alegre.
A sensação que borbulha em mim é que todo o tempo que terei com Aaliyah será permanente. Dessa vez, terá de ser eterno, dessa vez faremos as luzes brilharem sobre nós e iremos até o final.
— Harry, você está bem? — Chris pergunta e olho para o mais velho confuso. — Bailey estava conversando com você, não ouviu?
— Desculpa, estava distraído — confesso e olho para o mais novo. — O que você disse?
— O que acha disso para o próximo verso — começa a tocar o baixo. — Começando do mais baixo e subindo, deixando a música crescer e então Frank entra com o pandeiro.
— Ótimo, é ótimo — sorrio. — Poderíamos chamar aquele engenheiro musical brasileiro que entende de bossa nova. Começar com a bossa nova e então colocar o rock — digo e os meninos me olham confusos. — Também tem o funky que está fazendo sucesso agora, vamos ter que reavaliar como estamos fazendo essas melodias.
Dias atrás eu achei essa ideia horrível. Para mim, não deveríamos misturar as coisas dessa forma, além disso, isso pode ser ousado demais. Contudo, não existe arte sem ousadia.
— Cara, realmente tem algo estranho acontecendo aqui hoje — Bailey fala chocado e sorrio mais.
— Estamos fazendo música, deveríamos ser ousados. Vocês estavam certos.
— Sim, estamos certos, mas você está mesmo bem? — Chris pergunta e aceno com a cabeça. Me sento no banco e acabo sorrindo. Pego a guitarra.
— Onde nós paramos?
— Aaliyah está na cidade, ela chegou tem uns dias com Bruno — Frank diz mudando de assunto e olho para ele.
— Fiquei sabendo — dou de ombros e Chris nega com a cabeça murmurando: Isso não está certo.
— Ela também estava na festa de noivado de Zeke — Frank completa e aceno com a cabeça.
— Também fiquei sabendo.
— Puta merda, vocês se viram — Bailey diz chocado e olho para o mais novo. — E pelo jeito foi bom.
Sorrio feito um idiota e os irmãos se olham e depois me olham.
— É, a gente se viu — digo e dou as notas na guitarra. — Podemos continuar.
— Nada disso — os três falam e se aproximam de mim.
Parecem crianças curiosas e franzo minha testa. Ok, isso não é tão absurdo assim eles querem saber o que houve.
— Como foi a conversa?
— Ela vai se divorciar de Bruno, bem, eles estão separados desde Março — explico e olho para os três. — Ela me ligou, quer se encontrar comigo hoje e estamos conversando.
— Só isso que aconteceu na festa de Zeke? — Frank pergunta desconfiado.
— Nós também nos beijamos e... Bem, vocês sabem.
— Eu sabia! — Bailey diz e pula.
Isso não é isolado de Bailey, todos os três parecem mais felizes do que eu por isso. Mentira, não tem como estar mais feliz do que eu estou.
— Franklin o seu plano funcionou — Chris diz e franzo minha testa.
— Que plano? — Pergunto confuso.
— Frank disse que você estava noivo para Aaliyah, deveria ter visto a cara dela — Bailey explica e abro minha boca. — Estava insuportável ver vocês tão distantes. Ela nunca amou Bruno de verdade e eu achei que eles duraram muito mais do que eu esperava.
— Talvez ela tenha amado ele — digo e isso me faz sentir incomodado. — Eles tem uma filha e o jeito que eles estavam juntos na festa me enganou, pensei que eles estavam juntos e não divorciados.
— Bons amigos não significa necessariamente bons amantes — Frank diz e olho para ele. — E bons amigos é o que eles são.
— Entendi, mas não precisamos falar mais disso.
— Não! Vocês vão se encontrar hoje — Chris diz e sorri. — Isso é ótimo.
— Perfeito — Bailey e Frank falam e sorrio.
Sim, é tudo isso mesmo.
— Para onde vocês vão? — Bailey pergunta curioso.
— Aaliyah não disse.
— Deveria levar algo para ela, tipo flores — Franklin sugere e dessa forma, nós simplesmente tiramos um bom tempo para conversarmos.
Foi bom e os meninos pareciam tão animados quanto eu.
{•••}
Eu comprei um buquê de flores, não sei se é uma coisa exagerada, mas eu comprei. Segui o conselho de Stuart porque gostaria de agradar Aaliyah e sei que ela gosta de flores também.
Ally mora em uma mansão em Astromélia. Antes de tudo acabar entre nós dois tínhamos combinado de que iríamos nos mudar para cá também.
O fato de termos a casa em Bervely Hills foi devido a praticidade. Estávamos trabalhando bastante e duro em álbuns e eu fiz o filme. Então, morar em Bervely Hills deixava a nossa relação com o emprego melhor. Ainda deixa.
Contudo, Astromélia sempre foi o nosso lugar e queríamos voltar para cá.
Aaliyah conseguiu isso. Tem uma mansão aqui, enorme e linda como ela sempre sonhou e quando precisa ir para Los Angeles aposto que tem um lugar para ela também.
No entanto, Astromélia e Los Angeles não são cidades distantes e nesse momento eu estou na porta da sua mansão segurando um buquê de flores. Passei gel no meu cabelo e coloquei uma calça jeans que nunca usei e uma blusa branca. Espero que esteja bom.
A porta se abre e uma mulher mais velha de cabelos escuros me olha.
— Senhor Styles, venha entre — diz amigável e eu entro.
No momento que eu entro escuto um choro de bebê e sinto um frio na barriga.
— Aaliyah está com Isabel lá em cima. A pequena está com febre.
— Febre?
Isso me deixa preocupado e o choro da neném se torna mais agudo e forte.
— Sim, mas Aaliyah disse que você poderia entrar. Pode esperá-la aqui.
O choro para.
— Não, eu quero ir até ela.
Mas eu não precisei ir até ela. Vi Aaliyah descendo as escadas com a filha no colo.
— Madeline, vou levá-la para o hospital — Aaliyah fala determinada e me olha. Vejo as lágrimas em seus olhos.
— A febre não diminuiu?
— Não, ela está tremendo — diz e passa a mão nas costas da filha.
— Posso dar carona, você não pode dirigir desse jeito, Ally — falo e Henderson acena com a cabeça.
— Senhorita, crianças ficam doentes e você acabou de dar xarope para ela — Madeline tenta acalmar Aaliyah, mas ela nega com a cabeça.
Henderson está desesperada e se ela está decidida sobre levar a filha para o hospital ela fará isso.
— Mas ela não pode ficar assim — Ally funga e Isabel volta a chorar. — Ela não para de chorar.
— Querida... — Madeline começa a falar e Aaliyah a interrompe dizendo:
— Liga pro Bruno e avisa para ele — Henderson diz cortando a mais velha. — Vamos Harry — fala mandona, mas ela está desesperada.
Eu vou com Aaliyah até meu carro e olho para ela quando entramos. Henderson me olha e vejo Isabel se aconchegando mais no colo da mãe.
— Desculpa. É que ela nunca ficou assim antes.
— Tudo bem — garanto e os olhos castanhos de Isabel me encontram. Quando ela me olha e percebe que estou olhando para ela volta a se agarrar mais em Aaliyah e chora.
— Vamos logo — pede desesperada e eu não digo mais nada, apenas vou no hospital com Aaliyah.
Nós fomos atendidos rapidamente porque Isabel estava com dificuldade de respirar. Acompanhei Aaliyah e ela contou ao médico que a filha estava com febre pelo segundo dia seguido e que tossia bastante, além de que não comeu bem nem ontem e hoje.
Depois disso, o médico disse que levaria Isabel para realizar alguns exames, não foram muitos, mas ainda estamos esperando o resultado. Aaliyah ficou com Isabel em um quarto e eu fui pegar água para ela porque ela estava desesperada e agitada. Quando cheguei no quarto a mulher estava segurando a mão da filha e cantando para ela.
Isabel ainda estava acordada observando a mãe, mas piscava devagar, não quis atrapalhar esse momento então fiquei esperando na porta observando aquela cena.
Os olhos castanhos de Isabel brilham exatamente como os olhos de Ally, mas a mulher tem razão, Isabel lembra mais o Bruno. Contudo, é uma criança belissíma e que tem os olhos na mãe e sem demorar muito, a pequena acabou dormindo enquanto Ally cantava para ela.
— Trouxe água — falo baixo e Aaliyah me olha.
— Obrigada — sorri cansada — E desculpa por isso.
— Não tem problema — digo e vou até ela. Henderson pega o copo com água e depois de beber respira fundo.
— Eu não quero perder ela também — Aaliyah diz chorona. — Eu estou me sentindo desesperada — desabafa e eu abraço ela.
— Você não vai perder ela, Ally — acaricio as costas dela. — Isabel vai ficar bem.
Aaliyah funga e fico acariciando as costas dela. A mulher deixa a cabeça no peitoral e não solto ela.
Ficamos em silêncio por segundos longos, mas o lado bom disso é que Henderson estava respirando fundo e se acalmando e quando eu notei que ela estava mais calma me afastei um pouco dela para encarar seus olhos brilhantes e cheios de lágrimas. Acaricio a bochecha dela como costumava fazer antes e ela fecha os olhos.
— Trouxe flores para você — digo e ela sorri. Ally abre os olhos e me encara.
— Eu vi, estavam lindas. Obrigada Harry.
— Eu estou aqui Aaliyah, não vou ousar ir embora.
Seguro a mão da mulher e acabo me afastando dela quando escuto batidas na porta. Olho para trás e vejo o médico.
— Henderson — ele diz e entra no quarto.
— O que minha filha tem? — Pergunta ansiosa e o mais velho entra mais no quarto. Ele me olha e depois para Aaliyah. — Pode falar, Harry é da família.
— Sua filha está com pneumonia — diz e a mulher agarra minha mão. — A boa notícia é que ela pode ser tratada em casa.
— Pode? Tem certeza?
— Sim, senhorita Henderson, eu sou médico pediatra há trinta anos — fala e a mulher suspira impaciente. — Sua filha não está em estado grave, não tem necessidade dela ficar internada — explica com mais calma.
— Isso é bom, é ótimo então — digo e olho para Aaliyah. A mulher acena com a cabeça.
— Sim, é bom, mas Isabel precisará tomar antibiótico e é importante que eles sejam administrados corretamente. Além disso, no dia trinta gostaria que ela voltasse para saber se ela melhorou. Normalmente, em casos como o dela, a administração medicamentosa dura de três a cinco dias e apresenta sucesso.
— Sim, o que for preciso — Henderson fala e passa a mão no cabelo. O médico acena com a cabeça.
— Entendo sua preocupação como mãe, eu vi várias durante toda minha vida, Henderson — o médico fala. — Mas sua filha ficará bem.
— Obrigada, doutor — agradece e o médico sorri.
Ele fala mais algumas coisas para Aaliyah e diz que ela precisaria resolver questões de pagamento. Além disso, o doutor preferiu que Isabel passasse a noite aqui e o Ally concordou. Então, eu decidi ficar também. Não queria que Henderson ficasse sozinha com toda essa preocupação em relação à filha.
Então, fiquei com ela no quarto. Aaliyah me contou como foi a gravidez de Isabel, me disse que ela nasceu no Havaí.
— Eu estava lá, com uma barriga enorme caminhando na praia e a bolsa simplesmente estourou. Franklin e Megan estavam comigo. Foi engraçado porque Megan quase desmaiou quando percebeu o que estava acontecendo.
— A Megan quase desmaiando?!
— Sim, dá para acreditar? — Ela ri e deita a cabeça no meu ombro. — Megan me deixou sozinha e Frank ficou comigo até Bruno chegar. Quando Isabel nasceu foi paixão à primeira vista, mas quando Bruno pegou ela nos braços não quis soltar, nós quase brigamos — ela sorri se lembrando e por isso sinto meu corpo ficar tenso.
Havia sentimentalismo no seu tom. Contudo, eles não estão juntos, ela me garantiu isso, mas Isabel também é filha dele.
— Aaliyah você amou o Bruno? — Pergunto e olho para ela. A mulher me olha e respira fundo.
— Eu amo ele, Harry — diz e prendo minha respiração. — Não da forma que eu te amo, mas com Bruno foi diferente. Eu estava acabada e quebrada quando ele me encontrou, eu consegui me sentir menos triste. Mas, não era para casarmos. Talvez tenhamos confundido as coisas, não sei, mas eu tive Isabel com ele e ficamos juntos por três anos.
— Entendi e foi bom?
— Foi diferente, era outra vida — ela fica me olhando. — Uma vida sem você, que não era completa, mas que me deixava acomodada.
— Também me senti assim, em outra vida, mas nunca consegui me acomodar — explico e Aaliyah acena com a cabeça e suspira. Beijo o topo da cabeça dela.
— Eu te amo, Harry — diz e me encara. — E é com você que eu quero passar o resto da minha vida. Somos almas gêmeas e isso não vai mudar porque estivemos em outras vidas. Em todas elas, sempre será você.
Estava pronto para respondê-la, dizer que era um sentimento recíproco, mas a voz de Bruno ecoa no ambiente antes:
— Aaliyah, Madeline me ligou e eu vim o mais rápido que pude — ele fala e a mulher se levanta rapidamente. Ela vai até Bruno e o abraça com força. — O que houve com Isabel? Ela está bem?
Aquilo não deveria me magoar, afinal ela acabou de dizer que me ama e que quer passar o resto dos seus dias comigo, mas ela também disse que ama Bruno. E apesar de acreditar no que Aaliyah me disse e de me sentir amado por ela, ver ela com Herrera estava me machucado, então me levanto.
Bruno me olha. Nunca vou saber o que se passa na cabeça dele, mas tenho certeza de que ele não estava bravo. Parecia mais preocupado do que incomodado comigo.
— Eu já vou indo — digo e Aaliyah me olha e acena com a cabeça.
— Obrigada Harry — sorri e me abraça. Ela fica na ponta dos pés e beija o canto da minha boca. — Nos vemos depois.
Aceno com a cabeça e olho para Bruno.
— Obrigada também, Styles — Herrera diz. — Obrigada por não tê-la deixado sozinha.
Continua...
Bailey, Chris e Franklin se sentindo geniais por terem feito o casal voltar
Notas: Quem aí está preparada para o último capítulo?