Empresário • jikook

By callmeikus

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • boss x secretary Jimin lia muitas fanfics, talvez até demais. Então, na cabeça dele, to... More

00. Avisos, o que você tem que saber
01. Jimin, a máquina de vergonha alheia
02. UP2U, a empresa dos loucos
03. Namjoon, o plano B
04. Ups, o cenário do desastre
05. Up, o cenário do desastre ainda maior
06. Yoonji, a atenta
07. Taehyung, o Chicken Little
08. Eunha, a subutilizada
09. Mesa de vidro, a catastrófica
10. Yeonjun, o envergonhado
11. Seunghyun, o invejoso
12. Banheiro, a testemunha
13. Seokjin, o pilar
14. Woohyun, a opção que dói
15. Passado, o corruptor
16. Culpa, a disputada
#ikusweek2021 crossover | parte 2
17. Continuação, a estranha
18. Apartamento, a nova casa
19. Melancia, a nova face
20. Cama, a aproveitada
21. Panquequinhas, as abaladoras
22. Minnie, o recém-chegado
23. Batatinhas, as quentinhas
24. Sono, o compartilhado
25. Café, o apaziguador
26. Calça, a arrebatadora
27. Troca, a interessante
28. Chope, o estopim
29. Beijo, o agridoce
30. Silêncio, o necessário
31. Karaokê, o encontro
32. Decisão, a derradeira
33. Pranto, o premeditado
34. Armadilha, a ardilosa
35. Busão, o deslumbrante
36. Cafeteria, a decisória
37. Carimbo, o dispensável
38. Cor de burro quando foge, a combinação
40. Bueiro, o imundo
41. Hoseok, o outro
42. Muralha, a gigante
43. Ser, o ser
44. Final | Jimin, o Empresário
45. Epílogo | Começo, o novo

39. Bolinho, o peladinho

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By callmeikus

Oi, upinheeeeeeeeeees!! Como cês andam? 

Eu enfim tô de férias da faculdade! Não é por muito tempo e ainda tem o trabalho, mas dá pra parar pra respirar, é tão bom husahuas

Boa leitura e, se puderem, comentem bastante pra eu saber o que estão achando 💜

#JKNãoUsaGravata

»»💼««

— Eu realmente tenho que ir comprar cuecas com você? — Jimin questionou ao se deparar com o enorme shopping ao sair do Uber.

— Amado, você até pagou o Uber pra cá. Tá querendo o quê? Passar no playground? — Jin apoiou as mãos no quadril e deu uma gargalhada.

— Não, é só que... — Jimin não sabia o que queria, para falar a verdade.

— E a gente emenda naquele jantar que eu falei pra você me pagar, tá ótimo. — Seokjin puxou seu novo parceiro de comprar cuecas pelo cotovelo, passando pela entrada do shopping.

— Verdade, a gente combinou isso. Só acho que não tenho muito a opinar sobre cuecas. — Jimin coçou a cabeça, meio constrangido. Como falar por aí ser detentor de uma infinidade de calcinhas e jockstraps? Seokjin, em um lampejo de clareza, lembrou daquela cena horrível. Lá, Jimin usava calcinhas.

— A Yoonji também não. Na verdade, ninguém tem muito a opinar sobre cuecas, né? Se a cor for o.k. e não ficar enterrando no cu tá ótimo já! — Sacudiu as mãos com vigor, como se elas fossem capazes de provar seu ponto. — Basicamente, seu papel aqui é só me assistir comprando e imaginar meu rostinho lindo no lugar daqueles modelos posando com as cuecas.

— A Yoonji faz isso? — Jimin fez uma careta.

— Me assiste comprando, sim. — Jin, por outro lado, sorria como se houvesse ganhado na loteria.

— Mas imagina seu rosto no modelo de cuecas?

— Assim... Ela diz que nem morta, mas as palavras têm poder, sabe? Ela evita tanto olhar pra qualquer pôster com modelo de cueca que tenho certeza que, mesmo sem querer, ela acaba me imaginando lá. — Jin deu uma gargalhada alta e satisfeita. Pela primeira vez, Jimin atestou que aquele homem não prestava. Mesmo tentando segurar, uma risada engasgada escapou de seus lábios. — Fala sério, um rostinho lindo como o meu é um substituto incrível!

Jimin não podia negar. Nenhuma das afirmações. A cabeça de Seokjin substituindo as dos modelos nos pôsteres espalhados por toda a loja na qual entraram era tão automática que parecia um filtro do instagram. E, pior: combinava mesmo. Passou um tempão admirando.

— Gostou do meu tanquinho? — Seokjin sussurrou no ouvido de Jimin, fazendo-o saltar de susto. Jin gargalhou tão alto que o som decerto se propagou pelo shopping inteiro. — Isso realmente dá certo, né? Da próxima vez que eu tiver um encontro de verdade, vou chamar a cremosa pra loja de cuecas. Essa hipnose parece funcionar bem.

Jimin, ao observar os braços de Seokjin tomados por pacotes de cuecas pretas, acompanhou-o até o caixa. Pareciam mais confortáveis do que suas calcinhas fio dental — não que fosse difícil, mas não lembrava se também eram mais confortáveis do que as jockstraps, suas favoritas para ficar em casa — e ponderou se deveria comprar uma cueca só para se lembrar como era. Pena que não ficaria tão gostoso quanto com as calcinhas... Se bem que Jungkook era atraente para caralho de cueca.

— Mas você tem tanquinho de verdade? Não seria uma propaganda enganosa? — Jimin logo tratou de continuar a conversa com Seokjin ao perceber que seus pensamentos voltavam ao Jungkook, de novo. Não bastava o homem ser todo fofo, trágico e encantador e, por causa disso, alugar um triplex em sua cabeça, ainda era bonito e gostoso a ponto de ser lembrado em uma loja de cuecas.

— Claro que não tenho! Mas acho minha barriga bem mais charmosa. — Seokjin deu uma piscadinha em direção ao Jimin sob o olhar entediado da garota no caixa. Ela começou a passar as cuecas no leitor de código de barras. — Existe um conceito da psicologia comportamental humana que fala que, quanto mais a gente investe tempo e dinheiro em uma coisa, mais a gente insiste nela, querendo que dê certo. Até quando tudo indica que a gente vai continuar perdendo tempo e dinheiro. Então, posso passar tempo o suficiente com a pretendente na loja de cuecas, até ela achar que não vale o esforço ir embora.

— Você é meio maquiavélico.

— Só piadista, não gostou? A verdade é que gosto de investir tempo em quem já sei que vai curtir minha barriga. — Ele fez um biquinho manhoso e passou o cartão na maquininha, pegando a sacola com a outra mão. — Mas o conceito é real, a propósito. O Daniel Kahneman fala bastante disso no livro dele, Rápido e Devagar.

— Acho que tô tendo um pouco de dificuldade de entender quando que você tá brincando e quando que você tá falando sério — Jimin confessou, desviando o olhar. De fato, relações humanas eram difíceis.

— Relaxa, é você e o resto do mundo, amado. — Seokjin riu enquanto saíam da loja, rumando para a praça de alimentação. — Eu tenho esse humor de merda mesmo, é normal não entender.

— Mas eu quero entender!

— Uma hora vai. Tá começando bem, tenha fé. Já me levou pra comprar cueca e agora vai me pagar um jantar, puro suco de Sugar Daddy.

— Já posso te convidar pra outro jantar depois desse então? — pediu, resoluto, como se entender Kim Seokjin fosse uma missão de urgência nacional. Este gargalhou com a determinação toda para algo tão bobo. De fato, Jimin era um cara curioso.

— Cuidado, hein! Da próxima vez, vou escolher um restaurante de luxo!

— Tudo bem.

— Era uma piada.

— Haha? — Jimin forçou uma risada atrasada, mas assim que ela deixou seus lábios, seu rosto contorceu-se de desagrado, sabendo ele mesmo o quanto soara terrível. Seokjin quase chorava de rir, engasgando-se um pouco nas palavras que queria dizer:

— Misericórdia, amado! Esse segundo jantar tem que chegar logo!

-📑-

— Gookie, cola isso naquela parede! Rápido, vai! — Hoseok enfiou um balão metalizado na mão de Jungkook, apontando enfaticamente o seu local de destino.

Viviam o caos. Fariam uma mini festa surpresa para Namjoon na casa do publicitário, mas assim que Jungkook chegou — cedinho para ajudar na arrumação —, Hoseok distraiu-se exibindo todo orgulhoso sua pequena plantação de Purple Haze, escondida das janelas por causa dos vizinhos bisbilhoteiros.

Quando viram, faltava pouco para o horário marcado com Namjoon. E a pior parte era que, assim como Jungkook, ele nunca chegava atrasado. Restava a eles decorar a casa em tempo recorde.

Jungkook grudou o balão em forma de "O" na parede, finalizando a obra de arte planejada por Hoseok: a palavra "COITO", em letras metalizadas e douradas, como de uma festa de formatura. Era de puro mau gosto, mas até que ficou bem bonito junto às serpentinas de mesma cor atravessando o apartamento de um lado ao outro, sufocando as inúmeras plantas.

Viu o amigo chegar da cozinha carregando um gigantesco naked cake de morango e creme, que, além do trocadilho, ostentava ao seu redor uma decoração no mínimo obscena; um presente de grego ao pobre Namjoon. Camisinhas coloridas também faziam parte dos enfeites, e Jungkook, sendo sincero, ficou tentado a experimentar como seria uma transa com a que brilhava no escuro. Decerto não teria maturidade para tal e cairia no riso na mesma hora. Aí, receberia um olhar cortante do Jimin antes deste começar a rir também. O sorriso de Jimin era raro, mas tão bonito...

Engoliu em seco. Jimin de novo.

Sempre Jimin. Era como se ele estivesse escondido em cantos obscuros de seu cérebro, apenas esperando para saltar em direção aos seus pensamentos e ocupá-los teimosamente. Não que fosse Jimin o teimoso, teimoso era Jungkook, que se recusava a esquecê-lo. Jimin dava toda a distância necessária, Jungkook que continuava escolhendo caminhos de forma a tropeçar em rastros das memórias gravadas não só em sua cabeça, mas também em sua pele. Sentia falta do toque do Jimin. Aquele toque inexperiente e hesitante, que tanto buscava ser carinhoso. Era tão repleto de sentimentos e intenções que nenhum outro chegava aos seus pés.

O interfone tocou, despertando-o da nova espiral de pensamentos. Antes mesmo de olhar as horas em seu celular, Jungkook já sabia que eram 19:00 em ponto. Afinal, estavam falando de Namjoon.

— Pendura os óculos escuros e o saxofone de papelão na minha palmeira leque. — Hoseok indicou a planta e os apetrechos enquanto corria em direção ao interfone. Tanto ele quanto Jungkook sabiam ser apenas uma notificação de que Namjoon subia, porque o porteiro, já acostumado com o convidado, sempre liberava passagem a ele. Jungkook obedeceu Hoseok.

— É referência daquele meme da musiquinha sexy? — perguntou Jungkook ao encarar a palmeira. — Aquela "TUruruRU, TUruruRU"?

— Aham. — Hoseok corria para trocar a capa das almofadas do sofá para estampas de coisas das quais seria explícito demais comentar.

— Boa sacada.

Não deu nem dois minutos para Namjoon bater à porta com aquela elegância e pompa de sempre. E, felizmente, Hoseok e Jungkook terminaram a decoração no último segundo. Abriram a porta esbaforidos e com um sorriso; Namjoon riu, sabendo muito bem o que acontecera sem nem precisar de explicações.

Após manobrar sua cadeira até seu lugar cativo na sala de Hoseok — entre algumas poltronas —, ficou boquiaberto com o cenário ao seu redor. Hoseok e Jungkook, agarrados um ao outro, encaravam-no com expectativa.

— Creio que os cavalheiros possuam profunda devoção aos meus atos libidinosos — atestou, ainda em choque. Jungkook e Hoseok aproveitaram o momento para estourar duas serpentinas, que rodopiaram no ar alegremente e cobriram o amigo. Namjoon caiu na gargalhada; tinha amigos bobos.

— Não poderíamos deixar de comemorar um momento tão importante — Hoseok respondeu, cheio de pompa. — A decoração é pra te deixar mais à vontade pra contar tudo pra gente. Se você quiser, né? Ai, ai! Pega muito mal falando assim... Mas estamos muito felizes por você! Quer bolo?

— Aceito — Namjoon concordou, terminando de acomodar sua cadeira. — Se houver qualquer bebida com teor alcóolico razoavelmente elevado, também aceito. Gostaria de possuir um pretexto externo caso o pranto me acometa no decorrer da narrativa.

Não precisou pedir mais de uma vez, Hoseok cortou o bolo e o serviu para Namjoon com zelo, reservando pedaços para si e Jungkook em seguida. Jungkook já estava na cozinha, enchendo uma das belas taças de Hoseok com o vinho favorito de Namjoon, comprado especialmente para a ocasião.

Logo encontravam-se todos sentados na sala, comendo bolo como trogloditas. Hoseok e Jungkook aguardavam ansiosos Namjoon embebedar-se. Souberam que chegara a hora quando viram lágrimas escorrerem pelo rosto belo e anguloso do amigo. Seus lábios pintados de roxo apertaram-se enquanto tomava ar.

Fora ótimo. Sublime. O melhor sexo de sua vida, sendo que sempre temera enfrentá-lo de frente. Fazia anos desde o acidente, tantos a ponto das lembranças tão vívidas do traumático dia enfim enevoarem-se, como lembranças, não como um replay. Fazia anos e, desde então, nunca tivera coragem de tentar de novo.

E, quanto mais tempo passava, mais o medo crescia e mais Namjoon sentia-se incapaz de fazer dar certo. Se antes já era um cara reservado, agora que todos os ambientes apontavam, acusatórios, sua suposta impotência, sexo parecia mais um pesadelo do que um prazer.

Hyejin já tentara algumas vezes antes. Era quase uma rotina: jantavam ao som de conversas fáceis e inesgotáveis, mesmo com tanto tempo de convivência; encolhiam-se no sofá, debaixo de cobertas, para assistir um filme cuja trilha sonora logo era substituída pelo soar de seus beijos. Depois, ela arriscava sentar em seu colo e intensificar a voracidade das bocas, antes de descer a própria pelo pescoço forte do amante.

A partir daí, Namjoon ficava paralizado pelo medo. Tinha certeza de que a decepcionaria. Tinha certeza de que estragaria a noite, tão agradável até então. Esquivava-se, e Hyejin sempre concordava com um sorriso, afagando seus cabelos enquanto deitavam-se ao lado um do outro. Pelo mesmo motivo, Namjoon perdera a coragem de pedi-la em namoro. Não achava ter o suficiente para satisfazer a escultura que Hyejin era, para continuar e achar o relacionamento suficiente para ambos lados. A colônia e as roupas que cobriram sua pele na intenção de fazê-lo parecer mais... homem, perderam seu ímpeto.

Desistira do pedido de namoro. Contudo, não conseguia se afastar, então deixou a rotina prosseguir.

Então, foi pego de surpresa. Achava que seria um jantar como qualquer outro na casa dela: em que pareceriam amigos, aí quase amantes e então ele interromperia tudo. Porém, recebeu um pedido de namoro dela. À luz de velas, ao aroma de baunilha. Todo o apartamento de Hyejin parecia ter sido arrumado apenas para ele.

A felicidade que o tomou chocou-se rapidamente contra uma onda de negatividade e medo. Com tal pedido, não poderia mais esconder suas vontades e voltar à rotina. Teve de explicar seus motivos para, então, fazer sua recusa.

Nunca se sentiu tão derrotado. Nem com o coração tão partido.

Hyejin não reclamou, nem ao menos parecia magoada. Seus olhos pequenos e desenhados apenas foram tomados por um pesar apaixonado. Ela deixou um beijo em sua bochecha, ligou as luzes, apagou as velas e todos os outros rastros de romance antes de conduzi-lo até seu sofá. Segurou a mão grande dele e pediu-lhe para compartilhar todos seus medos. Sussurrou, primeiramente, todos os que ela sentia ao pé de seu ouvido, junto a um cafuné.

E Namjoon desmoronou. Por mais que achasse arcaica a noção de masculinidade como uma indiferença viril a ser mantida a qualquer custo, não conseguia fugir do pensamento de que era patético. De que nem ao menos era homem. E de que, chorando daquela forma na frente da mulher que passara tantos anos amando e desejando, apenas selava aquele destino inevitável.

Contudo, ela o acolheu, da maneira que, no fundo, Namjoon sempre sonhara em ser acolhido. Entrelaçou os medos dela aos seus, tornando-os um emaranhado só, para que eles tivessem de enfrentá-los juntos. Narrou tudo o que desejava fazer e sentir e convenceu Namjoon a fazê-lo também, da maneira mais doce.

Sabiam os medos. Sabiam os desejos. E, agora, sabiam os próximos passos. A confiança calou o medo e Namjoon, entre lágrimas, aceitou o namoro. Logo, ambos choravam enquanto beijavam-se, mergulhados no contentamento de enfim consumar o relacionamento que viviam há tantos anos.

Namjoon permitiu-se experimentar daquele romance. E, então, dos toques dele. Viu-se vulnerável ao exibir todas suas incapacidades, mas logo o sentimento foi soterrado pelo prazer. Pelo prazer de ambos.

Seu sexo não poderia mais ser aquele com o qual estava acostumado até então. Aquele que assistira e replicara por tanto tempo. Porém, com ela, descobriu que aquela não era a única forma de gozo.

Hoseok e Jungkook não saberiam, porque era um prazer só dele, mas a pele de Hyejin parecia doce mesmo recoberta de suor salgado. Os longos cabelos negros eram um véu que escondia todas as inseguranças e suas mãos... abriam portas desconhecidas dentro dele. Não era apenas a sensação dos toques, era a sensação do olhar intenso vidrado no seu, a voz rouca confessando-lhe voluptuosamente palavras que não sabia se eram, no fim, apimentadas ou açucaradas. No fim, Hyejin inteira era assim.

No fim, percebeu a própria tolice em deixar o medo cobrir seus olhos todas as vezes que vislumbrava o futuro, pois se o encarasse com as lentes da confiança nutrida por tantos anos, os encontraria daquele jeito: bebendo do beijo alheio como se tivessem sede, experimentando novos toques e testando reações meticulosamente, como cientistas.

E não precisava temer, porque mesmo que a virilidade padrão já não o representasse mais, isso não o impedira de arrancar gemidos e suspiros de Hyejin. Deveria ter notado. Porque nunca, nunca mesmo, o acidente o impedira de ser seu maior amigo, confidente e amante. Não deveria impedir nada, no máximo modificar os caminhos que levavam ao fim. E o fim era o amor e o desejo de ambos.

Feliz, apoiou o cálice de vinho em uma mesinha e serviu-se de um novo pedaço de bolo sob o olhar alegre dos amigos. Riu ao dar de cara com a camisinha fluorescente e, assim como Jungkook, achou-a engraçada. Era o tipo de coisa que apelava ao senso de humor de sua... namorada. Então, enfiou o preservativo no bolso da calça.

— Me questiono por que o tema da minha festa surpresa é cópula se, no fim, eu lhes disse que eu e Hyejin começamos a namorar — comentou, absorvendo mais detalhes da decoração. Ficava ainda mais engraçado com a cabeça um pouco leve de álcool.

— Ai, ai, o namoro é novidade só pra vocês dois! Pra mim e pro Gookie, vocês já eram casados e estão planejando ter quatro filhos.

— Dois — Namjoon corrigiu. — E adotados. Hyejin não vê muito apelo no ato de engravidar.

— Viu?! — Hoseok espalmou as mãos, evidenciando o óbvio. — Uma festa surpresa te parabenizando pelo namoro seria atrasado. E o Gookie também gostou muito da ideia de ser uma festinha sexual, é diferente, bem coisa de amigos héteros.

— Tava animado pra ver um bolinho em formato de piroca, ou o da Peppa Pig que deu errado... Sempre foi uma lenda urbana interessante pra mim — Jungkook confessou de repente, com sinceridade até de sobra. Os dois amigos começaram a gargalhar, e ele fez um biquinho. — Continua sendo, no caso. Seok achou que era uma ideia muito falocêntrica e aí comprou o bolo peladinho... O significado é mais sutil, mas o bolo peladinho é bonito mesmo...

Mergulhado nos próprios pensamentos, Jungkook começou a encarar com profundidade o bolo. Era tão bonito. Gostoso também; agradava-o sobretudo por causa dos morangos junto ao creme, que resultavam em um gosto menos infantil comparado ao último que comera. Aquele de chocolate, bem recheado. O favorito do Jimin.

— Seok, você embriagou o Gookie antes da minha chegada? — Após longos minutos assistindo Jungkook fitar o bolo como se fosse o mais intrincado livro de detetive, Namjoon o apontou. Jungkook estava estranho.

— Juro por Deus que só mostrei a maconha que plantei! Ele não usou nada. — O publicitário ergueu as mãos, em inocência. Jungkook enfim levantou os olhos, notando ser o assunto.

— Você está bem, Gookie? — Ambos os amigos perguntaram em uníssono, e Jungkook arregalou os olhos. Engoliu em seco. A expressão deles era preocupada de verdade.

Mas, para sua (in)felicidade, encarava o bolo antes da pergunta. Não era difícil inventar uma desculpa esfarrapada.

— Sim, só fiquei pensando no trabalho que deu fazer o bolinho... E como deve ser a receitinha do creme, e tudo mais. — Deu um sorriso fofo. Porém, os outros dois perceberam que ele não chegou aos olhos. Era sempre daquele jeito.

— Tem certeza, Gookie? — Namjoon insistiu, em vã tentativa de fazê-lo se abrir.

— Sim! — Acenou a cabeça em concordância. Enfaticamente demais, logo percebeu. Precisava de outra coisa. — Mas sabe como eu poderia ficar melhor? — Hoseok e Namjoon o encararam com atenção, cheios de esperança. — Se vocês me derem um abracinho! Na correria, a gente esqueceu.

Era muito amável da parte de Jungkook, claro, mas seus amigos não conseguiram impedir que uma decepção profunda tomasse o peito deles. O sentimento amargo era refletido em seus olhos, mas mantiveram o sorriso amarelo enquanto o mais novo entre eles dava um abraço longo e apertado em cada um. Namjoon, sinceramente, não quis soltá-lo. Queria poder absorver todos os problemas do amigo com aquele toque. Sabia, bem demais, que se Jungkook não dissera nada, era porque era um grande problema, daqueles que mexiam profundamente com sua estima. Jungkook tinha a mania terrível de contá-los problemas banais apenas para fingir que era humano e enterrar o resto.

Sempre foi daquela maneira, mas nunca deixava de ser doloroso.

— Certo, Gookie... — Suspirou, porque sabia ser ainda pior deixar claro estar ciente da mentira. — Contudo, nos acione em quaisquer apuros, estaremos ao seu lado em poucos minutos.

— Gosto da ideia! — Hoseok complementou, afoito. — Vai dar um up no meu ego, amo me sentir meio heróico assim, então faça esse favor.

— O.k! — Jungkook respondeu de pronto, como se fosse óbvio. Suspeitou ter sido desmascarado, mas enterrou aquela sensação estranha no fundo de seu peito. — Que tal assistirmos um filminho? Saiu a lista de nomeados ao Oscar, a gente pode escolher um com nu frontal pra manter o conceito da festinha.

E Namjoon, que enfim achara ter firmado Jungkook com aquele "o.k.", viu o amigo escorrer como areia por entre seus dedos. Quase chorou de novo, pois já estava bêbado e emocionado, mas conteve-se.

Sem alternativas, agruparam todos os filmes indicados ao Oscar com cenas de nudez para Namjoon, o homenageado da festa, escolher. Logo o filme passava na tela da TV do Hoseok, que trocava olhares discretos com Namjoon a cada dois minutos. Discretos e preocupados. Ambos sentiam o clima de falsa leveza, porém nenhum dos dois sabia como abordá-lo ou quebrá-lo.

Hoseok fez algumas tentativas, como deitar a cabeça de Jungkook em seu colo e dar-lhe um cafuné; parar o filme para preparar um drink especial a todos e estourar uma pipoca; invocar felicidade do céu. Jungkook continuou estranhamente alegre. Com tudo. Aquela alegria que era tudo, menos real.

Depois de dois drinks e quarenta minutos de filme, Jungkook começou a chorar, o que resultou em um carinho ainda mais terno vindo do publicitário. Porém, para a infelicidade de todos, Jungkook pôde colocar a culpa das lágrimas na trama projetada na TV.

Não teve muito mais o que ser feito.

A noite terminou, simples assim.

Hoseok assistiu, melancólico, os dois amigos deixarem sua casa. Tudo na cena era comicamente bizarro por estar rodeado de decorações obscenas e, mesmo assim, sentia-se triste.

Namjoon observou, chateado, Jungkook pegar sua cadeira no porta-malas, ajustá-la na calçada em frente ao seu prédio e acomodar o amigo com cuidado nela antes de dar um beijo de despedida e enfiar-se no Uber com urgência. Era aquela urgência que incomodava Namjoon. Como se Jungkook não aguentasse mais esconder algo. Queria insistir em estar com ele até que desembuchasse, mas o carro já encontrava-se longe.

Jungkook fitou-se pelo espelho do banheiro ao chegar em casa. Não gostava do que via ali. Detestava ter deixado seus pensamentos vagarem até os próprios problemas em uma ocasião tão especial para Namjoon. Foram anos até aquele namoro se oficializar. Foram anos até ver o amigo se sentir tão seguro com o próprio corpo. E tinha estragado tudo com a própria ruminação egoísta.

Queria tanto ter compartilhado, com todo seu coração, a incrível vitória de Namjoon, que se sentia um criminoso por não tê-lo feito. Queria tanto estar feliz, que ficou triste.

E desejava tanto ter sido diferente, ser alguém diferente, que queria fugir da própria pele, da pessoa que o encarava pelo espelho.

Escondeu-se daquele olhar, doloroso demais, e entrou no banho. Lá, ele poderia ignorar suas lágrimas e confundi-las com a água do chuveiro.

E lá permaneceu, numa vã tentativa de se convencer de que estava bem.

»»💼««

SENTIRAM SAUDADES DO JUNGKOOK??? Pois tô aqui pra lembrar vocês que ele tá fodidão da cabeça completamente mergulhado na vida de diminutismo e escapismos com os bolinhos peladinhos dele 🥰🥰🥰 de nada!!

Não se esqueça de deixar seu votinho!!

Qual foi a cena mais marcante do capítulo para você? Agora tô fazendo piada, mas chorei muito escrevendo, né kkkk eis a vida. Apesar de ter muitas e muitas cenas muito importantes e marcantes para vários personagens, para mim acaba sendo a do Jungkook no banheiro porque ele sou muito eu, e quando eu coloquei em palavras a frase "queria tanto estar feliz, que ficou triste" desmoronei toda kkkkkkkkkkchorandodemaismeudeus 

Muito, muito, muito obrigada por acompanharem essa montanha russa que é Empresário comigo, de verdade! Acho que principalmente desde que os jikook se separaram, a galera tá meio borocoxô com os novos capítulos, então obrigada por ler, de coração! É claro que entendo alguém querer acumular capítulos para ler, ou não estar no momento, não há problema nenhum nisso, mas exatamente por isso também fico muito mais grata a quem continua, porque postar para alguém que logo lê é uma das coisas mais gostosas de ser ficwriter. E amo compartilhar essa experiência com vocês!

Como sempre, vocês podem me encontrar tanto no twitter quando no instagram (como callmeikus) e no tiktok também (ikusverse), apesar de ainda não ter começado a postar nada. E, claro, na nossa bela #JKNãoUsaGravata.

Beijinhos de luz e até 19/03, às 19:00! Amo vocês!

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