Annabeth Collins continuava a tagarelar no ouvido de Mattheo Riddle tudo que ela havia feito durante as férias e o quanto estava feliz em saber que ele havia sentido sua falta. A pequena mentira de Brianna havia gerado minutos agonizantes para o sonserino enquanto ele tentava se escapar da ruiva.
Se Brianna achasse que se livraria de Riddle tão facilmente, ela estava tão enganada quando Annabeth achando que ele realmente tinha sentido sua falta, quando na verdade tudo que ela conseguia pensar durante as férias eram nos olhos verdes de Brianna.
No outro lado do castelo, a corvina subia as escadas que davam acesso até seu dormitório, sentido todo peso sair de seu corpo assim que ela jogou a mochila no chão e se deitou em sua cama. Pudim ronronou para a dona e se aconchegou em seus braços.
Uma pontada de culpa atingiu a corvina ao se lembrar de que havia usado Anna para escapar de Mattheo. Mas o sentimento logo desapareceu, dando espaço a uma risada rouca ao lembrar do olhar de Riddle a fuzilando enquanto Anna provavelmente proferia diversas promessas de amor a ele.
Brianna Brooks
Já era um pouco mais do que 5:40 da manhã quando acordei sentido Pudim enroscado em minhas pernas. Já havia virado rotina acordar com com dores no corpo devido as posições estanhas que eu fazia durante a noite para não esmagar aquela bolinha de pelos.
Como ainda estava cedo, me levantei da cama e me estiquei até o banheiro para tomar um banho quente antes de descer para tomar café e ir para as aulas. Sai do banheiro com a toalha enrolada em meu corpo e puxei a cortina para que a luz do sol invadisse o quarto. Mas encontrei apenas um céu escuro, carregado de nuvens que indicavam uma chuva próxima.
O refeitório estava consideravelmente vazio, a maioria dos alunos se concentravam nas mesas da grifinória e da lufa-lufa. Procurei por Draco na mesa da sonserina mas ele ainda não estava ali, então segui direto até a mesa da corvinal e me sentei um pouco mais afastada.
Eu gostava do silêncio, principalmente na hora de comer, gostava de aprecia-lo tanto quanto apreciava a comida. E era exatamente isso que eu fazia enquanto colocava alguns bolinhos — que não eram de chocolate, infelizmente. — em meu prato e me servia de uma pouco de suco de laranja.
Toda a minha paz e apreciação ao silêncio foram embora assim que Mattheo se sentou ao meu lado, invadido meu espaço pessoal e grudando seus ombros aos meus. Decidida a ignorar sua presença respirei fundo, mas o cheiro de seu perfume me tonteou no mesmo instante.
Ele não dizia uma palavra sequer enquanto servir uma prato para si mesmo, revezando entre frutas, bacon e ovos. Senti minha barriga protestar de fome, pois eu nem havia tocado no meu prato ainda.
Me afastei escorregando pelo banco de madeira, puxando meu preto e meu copo juntos comigo. Quando me estabeleci longe o suficiente e estava levando garfo até minha boca, sentido novamente o ombro de Mattheo colado ao meu e seu perfume me inebriando.
Respirei fundo e mastiguei com ódio o pedaço de bolinho em minha boca, tomei um gole de suco e me forcei a comer mesmo com Riddle grudado em mim como se fosse um filhote de gato abandonado.
Puxei minha mochila, me levantei da mesa e sai do salão principal implorando para Merlin para que Riddle não resolvesse me seguir durante o resto do dia. Minhas esperanças morrem no segundo que o moreno apareceu ao meu lado no corredor.
Parei em frente à porta da aula de poções e me virei bruscamente para Mattheo. O sorrisinho em seu rosto fazia minha barriga contrair, provavelmente de nojo.
— Você pode parar de me seguir? — Perguntei controlando minhas mãos que tremiam de raiva.
— Estou apenas devolvendo o que você me fez passar ontem com Annabeth grudada em mim.
Tentei manter a seriedade controlando o sorriso que queria escapar dos meus lábios ao relembrar o fatídico momento.
— Você se divertiu com a minha tortura linda? — Mattheo perguntou aproximando-se de mim, mantendo suas mãos trás do corpo.
— Você não imagina o quanto. — Respondi abrindo a porta da sala.
Praticamente todas as mesas já estavam ocupadas, mas Draco acenou de uma das últimas mesas e corri rapidamente até ele antes que Riddle pudesse se sentar ao meu lado.
Draco passou um dos braços sobre meus ombros e um pouco mais à frente, Mattheo estreitava seus olhos sobre nós. Quando seus olhos castanhos focaram apenas em mim, dei de ombros e soltei finalmente o sorriso que estava prendendo.
(...)
O barulho de chuva ao lado de fora da sala era estrondoso. Severus Snape era obrigado a elevar o tom de voz para que todos pudessem ouvir enquanto ele jogava os ingredientes dentro do cadeirão.
— Acho injusto termos aulas em dias assim... — Pansy resmungou enquanto eu arrumava minha mochila.
A aula tinha finalmente chegado ao fim e eu conseguia sentir os olhos de Mattheo grudados em minhas costas, apenas esperando para que eu saísse da sala.
— Injusto? — Perguntei para desviar os pensamentos de Riddle.
— Muito. Deveríamos ser liberados para passar o restante do dia no dormitório. — Pansy respondeu.
— Não seja tão preguiçosa. — Draco retouçou sorrindo. — Tenho aula de transfiguração agora, vejo vocês depois?
Acenei com a cabeça e deixei a sala junto com Draco e Pansy, ambos seguirem para o lado leste do castelo enquanto eu me dirigia até minha próxima aula do lado contrário.
Não demorou muito para que Mattheo aparecesse novamente ao meu lado, me seguindo pelo corredor.
— Então, além de Ethan devo lidar com Malfoy também? — Perguntou me fazendo olhar para ele com o semblante fechado.
Eu estava pronta para responder, mas minha atenção logo foi desviada por um grupo de alunos ao redor de um mural de avisos.
— O que é isso? — Perguntei me aproximando dos alunos que estavam ali.
Era praticamente impossível enxergar as letras minúsculas com tantas cabeças em minha frente. Mattheo não se importou em esbarrar em algumas pessoas para ir até o mural e quando voltou um sorriso tomava conta de seu rosto.
— O que diz o aviso? — Perguntei com a curiosidade falando mais alto.
— As aulas de hoje foram suspensas. — Respondeu.
— Por que?
— Não sei, provavelmente por conta da chuva.
"Aí está seu descanso Pansy." — Sussurrei mentalmente imaginando a felicidade da sonserina ao descobrir a suspensão das aulas.
Sai dos meus pensamentos encontrando Mattheo ainda sorrindo para mim, mostrando todos os dentes de sua boca.
— Por que você está sorrindo?
— Teremos o resto do dia para nós. — Respondeu dando de ombros. — Isso não é motivo suficiente?
— Não. — Em qual mundo ele estava para imaginar que passaríamos o restante do dia juntos?
Dei as costas ao moreno e a medida que eu dava meus passos para longe, a chuva parecia se intensificar cada vez mais, fazendo um vento gelado bater em minhas pernas.
— Brianna, espera. — Continuei caminhando ouvindo os resmungos de Mattheo. — Me diga o que eu posso fazer para...
— Eu já disse. — Respondi me virando para ele. — Arrume outro brinquedo e me deixe em paz.
Mattheo torceu os lábios, aparentemente nada feliz com a minha resposta. Ele agarrou minha cintura antes que eu pudesse deixá-lo falando sozinho outra vez.
— Você não é a porra de um brinquedo para mim. — Rosnou ao pé do meu ouvido. — Aquela aposta? Foi uma burrice tá legal.
Meu corpo todo tremeu com a intensidade de suas palavras, mas algo dentro de mim não conseguia esquecer a forma como me senti usada.
— Tudo bem, mas ainda sim, eu não quero nada com você Riddle.
Mattheo ainda me encarava tão próximo que sua respiração batia sobre meu rosto. Seus olhos pareciam mais escuros e sua boca ainda mais avermelhada.
— Um encontro então. — Sussurrou aproximando seus lábios ao meus. — Um encontro e depois eu sumo da sua vida se assim preferir.
Não consegui segurar a risada ao ouvir aquelas palavras saindo da boca de Mattheo Riddle. Aquela era a melhor piada que já tinha ouvido.
— Você está... você está me propondo um encontro? — Meus olhos se enchiam de lágrimas de tanto rir. — Céus, o que aconteceu com o babaca arrogante que dizia me odiar?
— Pode ter certeza que ele ainda surge quando você começa a rir da minha cara. — Mattheo respondeu sério e eu tentei controlar a risada. — Eu tô falando sério Brooks, apenas um encontro.
Pensei por alguns segundos e me lembrei de suas palavras; " Um encontro e depois eu sumo da sua vida" eu poderia ir ao encontro e depois ele me deixaria em paz finalmente.
— Tudo bem. — Concordei ainda relutante.
— Te vejo as 19 horas na porta da sua comunal.
— Peraí, você quer fazer isso hoje? — Bom, talvez fosse melhor para me livrar de uma vez por todas.
— Não se atrase.
Mattheo sorriu uma última vez e sumiu pelo corredor enquanto a chuva batia contra as paredes do castelo e o cheiro de terra molhada se tornava mais forte.
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Consegui um tempinho para escrever, espero que vocês gostem. Até o próximo ❤️