Corte de Labirintos de Rosas...

Door FS_Violet_

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"Eu estava em um jardim que mais parecia um labirinto, o mesmo era coberto de espinhos. Vi na minha frente um... Meer

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Bônus - 1
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
aviso
Capítulo 30
aviso
Capítulo 31
Capítulo 32

Capítulo 9

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Door FS_Violet_

{Primrose}

As horas seguintes passaram mais lentamente do que o normal. Não que eu tenha conseguido prestar atenção em algo durante o jantar. Não conseguia sequer encarar meu pai, ou encarar Alev. O macho da Corte Outonal, que se sentou em minha frente, tentou lançar alguns olhares para mim, os quais não consegui devolver. Me perguntei se ele sabia.

Fiquei sentada arrumando a saia de meu vestido rosa, talvez rosa até demais. Não era um vestido que eu gostava muito, mas Lis insistiu para que eu usasse. E eu não senti vontade de lutar contra, deixei que ela o escolhesse.

Deixei que ela e meu pai falassem durante a refeição. Sentei entre os dois. Meu olhar ficou perdido por bastante tempo. De vez em quando fitava alguns deles, me perguntando se tudo estava tão claro para todos, e eu fui a única que não quis ver.

— Vai ficar mais Grão-Senhor? - ouvi Lis perguntar para Beron, sua voz era delicada. Tão macia quanto seda

O Grão-Senhor que sentava na outra ponta da mesa, apenas a olhou com desdém. E a respondeu, com sua voz que não era nem um pouco parecida com o tom sedoso como a de Lis.

— Não. Irei embora daqui a pouco

O resto dos membros da Corte, não expressaram muito. Não dava para ter certeza do que pensavam. O filho do Grão-Senhor, tinha o rosto duro como uma rocha, como se praticasse a expressão no espelho desde sempre, até que se tornasse impossível ler qualquer emoção ali.

Mas consegui captar Leanna soltando um suspiro baixo, um suspiro quase inaudível, se acomodando melhor na cadeira.

Finalmente levantei meu olhar quando ouvi meu nome.

— Fiquei sabendo que todos foram em um baile na Corte Diurna - Lis comentou, com um pequeno sorriso, e em seguida olhou para mim — Primrose, você não chegou a me contar como foi.

Antes que eu pudesse dizer algo, ouvi uma risada baixa. Uma risada em tom irônico, em zombaria. Um veneno que queria ser soltado a algum tempo, como se só tivesse esperado o momento certo.

— Oh, ela deve ter aproveitado... - Beron disse, sarcasticamente. E eu movi meu olhar para ele, o mesmo sorriu de modo quase imperceptível, um sorriso maldoso — ...Com o herdeiro da Corte Noturna.

O garfo que eu segurava perto do prato caiu nele, fazendo um ruído não muito alto, foi como se tivesse faltado força para segurar. Senti meu rosto queimar de deslustre enquanto eu tentava responder algo. Senti todos olhando em minha direção. Engoli em seco deixando-me encolher na cadeira.

— Com a Corte Noturna? - Lis perguntou, cortando o silêncio, mas não aliviando a tensão e e sabia que seu sorriso sumia

Não a respondi. Movi meu olhar de Beron para baixo, e sem mover minha cabeça olhei para meu pai. Ele tinha o maxilar trincado, e apertava um talher com tanta força que me surpreendi por ele não tê-lo partido no meio.

— É, todos vimos uma valsa muito íntima acontecendo quando ela deveria estar dançando com Alev - o Grão-Senhor da Corte Outonal respondeu, e se recostou sutilmente na cadeira. Olhou para o filho, e perguntou — A cena foi um pouco irônica depois de tudo o que aconteceu, não acha, Eris?

O ruivo mordeu o interior da bochecha, e piscou lentamente. Soltando uma respiração pesada, enquanto levemente balançava a cabeça.

— Pai... - foi como se ele tentasse repreendê-lo

Mas meu pai se apoiou um pouco na mesa, se inclinando em direção a Beron, e o encarou. Seus olhos verdes brilhavam de fúria e ameaça.

— Deveria tomar conta do seus assuntos, Beron - ele advertiu, ríspido — Não vai querer estragar tudo antes mesmo de começar

Beron pareceu nada se intimidar. Ele fez o mesmo movimento de meu pai, desencostando da cadeira, se aproximando da mesa e semicerrando os olhos. No canto de seus lábios ainda um sorriso.

— Seguraria um pouco minhas garras se fosse você, Tamlin - ele "aconselhou", parecia querer quase soltar um riso da situação — Porque parece que precisa mais de nós do que precisamos de você agora

Meu pai franziu as sobrancelhas, com raiva.

— Como? - ele perguntou, como se não tivesse escutado direito

Beron pareceu quase rir, ainda rígido na cadeira.

— Eu sei do que estou falando. Tenho olhos e ouvidos por muitos lugares - O Grão-Senhor garantiu, quase como uma ameaça. Ainda encarando meu pai firmemente, ele disse — Agradeço pelo jantar. Eris ficará. - ele deu uma pausa antes de mencionar o filho, seu tom saiu quase como uma ordem. Então atravessou, sem sequer se importar em mencionar a nora ou o neto

Ficamos em silêncio por alguns segundos. Ouvindo apenas as respirações tensas uns dos outros. Coloquei minhas mãos nos apoios laterais da cadeira, e os senti apertarem sua madeira. E senti como se prendesse minha própria respiração, era como se soltá-la fosse fazer algo... ruim acontecer.

Eris colocou os dedos na têmpora. Dessa vez, Alev olhava para baixo, como se soubesse que eu não desejava encará-lo.

— Está tudo bem, Primrose? - Leanna me perguntou, finalmente acabando com o silêncio, e eu a olhei, o fundo de seus olhos azuis refletiam um pouco de preocupação

Forcei meus dedos a relaxarem nos apoios da cadeira, ainda segurando o ar. De alguma forma, consegui fazer com que os cantos de meus lábios se puxassem em um sorriso pequeno.

— Tudo - me forcei a dizer, então coloquei minhas mãos levemente trêmulas em meu colo — Só acho que... Estou um pouco cansada

Leanna se aproximou um pouco da mesa como se precisasse me encarar melhor.

— Oh, deveria ir descansar - ela disse, seu tom tinha diligência — Todos nós deveríamos na verdade - ela fez um gesto com as mãos

Acenei com a cabeça, e percebi o olhar de meu pai fixo em mim quando eu arrastei a cadeira para trás, saindo da mesa. Encarei o talher completamente torto que meu pai agora deixava na mesa. Minhas pernas se forçaram a se mover. Não os encarei novamente. E não me despedi.

— Quer tomar chá comigo amanhã, Primrose? - a voz limpa de Leanna que saiu em um tom alto suficiente para que eu prestasse atenção, me convidou a olhar para trás

Meu olhar captou a Grã-Sacerdotisa assentindo-me com a cabeça, indicando que eu deveria aceitar. Isso fez com que eu apenas afirmasse com a cabeça para Leanna, ainda puxando um sorriso, antes de continuar andando.

Levei todos os meus pensamentos e tormentos comigo, até meu quarto, até a hora de deitar minha cabeça no travesseiro. Disse a Amélia e Ísis que estava bem, e não precisava de ajuda, pedi que as duas fossem descansar.

Nem mesmo envolta de travesseiros macios consegui relaxar. Era como se eu tivesse tanto para pensar que começava a... sufocar. Me enrolei em minhas cobertas. Não estava pronta para lidar com tudo aquilo.

Fechei meus olhos com força, sentindo meu corpo tenso. Passei talvez alguns longos minutos, que pareceram horas, assim. Sentia o meu coração palpitar rapidamente em meu peito, e a sensação fez com que eu me encolhesse em minha cama mais ainda.

De repente senti algo chegando em mim... Uma sensação, com um arrepio. Abri os olhos, com o susto. De alguma forma, uma sensação que passava por minhas costelas aquecendo todo meu corpo. Conforto. Como um abraço forte seria. Um abraço que eu precisava, e só notei que precisava naquele momento. Então, soltei uma respiração que eu segurava a um tempo, e aos poucos senti meu corpo relaxar e afundar no conforto da minha cama. A sensação durou alguns minutos.

Mal percebi quando meus olhos começaram a se fechar involuntariamente. A escuridão tomou conta da minha vista... E eu não soube se sonhava ou se estava acordada. Vi um céu estrelado. Lindo. Era como uma lembrança que eu nunca havia tido, como um sonho. Meu coração já batia de forma mais lenta, relaxada. E em pouco tempo depois disso, adormeci, com aquelas estrelas me olhando.

Acordei com os primeiros raios de Sol da manhã, junto com o canto dos passarinhos. Infelizmente, com o início da manhã os inícios de meus pensamentos começaram.

Eu ia precisar descontar em algo. Não havia conseguido fazer isso no dia anterior, então precisava fazer hoje.

Coloquei um de meus vestidos mais confortáveis, de tom escuro, extremamente neutro, diferente dos que eu usava. Era um pouco indiferente. Sem flores ou mangas bufantes... Coloquei uma capa preta longa, e cobri meus cabelos com o capuz da mesma em seguida. Escondia um pouco do meu rosto.

Não ouvi nenhum barulho do lado de fora. Assim, calcei minhas botas e saí do meu quarto com passos sorrateiros. A porta fez um clique quase inaudível quando eu a fechei pelo lado de fora.

— Senhorita, onde está indo logo cedo? - uma voz masculina perguntou, forçando uma voz mais imponente — Devo avisar o Grão-Senhor?

Me virei rapidamente. Jasper. Forçando a voz como o de um macho muito mais velho e orgulhoso para me assustar. Revirei os olhos depois quando o vi oferecendo um sorriso a mim.

Coloquei minhas mãos na cintura erguendo uma sobrancelha.

— Bom dia para você também - disse, e ele acenou com a cabeça — Você não costuma ficar nesse corredor, ainda mais tão cedo...

— Eu sei - ele afirmou, então olhou para baixo ficando mais sério — Mas, você sabe, com outra corte aqui, prefiro garantir que esteja bem

Finalmente sorri para ele de volta. Com tanto tempo treinando juntos, involuntariamente nos aproximamos, apesar de nunca termos conseguido sentar juntos em um dia comum para conversar sobre nossas vidas pessoais. Quando nos víamos, costumava ser para treinar.

Também, Jasper era reservado. Mas, para ele, dizer aquilo, era o mesmo que dizer o quanto se importava comigo.

— Obrigada - agradeci — Mas, não precisa se preocupar. Estou bem. E sei me defender. - pisquei para ele

— Bom, teve um bom professor - ele deu de ombros

Fiz uma careta para ele, e o mesmo me respondeu deixando um pequeno sorriso subir ao lábios.

— Eu... - pensei um pouco antes de dizer —Eu acho que vou andar um pouco a cavalo. Preciso tomar um ar. - soltei uma respiração pesada demais

Jasper cruzou os braços na frente do corpo, me encarando. E franziu as sobrancelhas.

— Foi difícil ontem com a Corte Outonal? - ele perguntou, direto

— Foi... complicado - disse um pouco avoada, e balancei a cabeça — É complicado na verdade

O vi assentir sério. Ele decidiu não perguntar mais.

— Se precisa, vá - ele indicou o final do corredor com a cabeça — Só não demore. Deve voltar a tempo de seguir com seu papel de princesa por hoje

— Engraçadinho - saiu quase como um resmungo, e depois ri sem graça — Vou voltar rápido... - prometi

E eu precisaria. Ainda me lembrei do chá que havia dito que tomaria com Leanna. Só estava relutante em ver qualquer um deles depois do ocorrido de ontem. E da forma como eu não havia conseguido dizer coisa alguma...

Bati as rédeas do cavalo, fazendo que ele aumentasse a velocidade pegando o caminho da floresta. Perto do lago de luz estrelada, um dos meus lugares favoritos. Havia montado a sela de meu cavalo com um pouco de dificuldade. Jasper havia me ensinado uma vez, mas claramente ele tinha mais força nos braços do que eu, então, eu demorava bem mais que ele.

Enquanto ia na direção do lago sentia meu cabelo se jogar contra o vento. E o capuz que eu usava havia sido lançado para trás há bastante tempo.

Antes que eu chegasse ao lago, Fenris me encontrou. E eu finalmente parei. Descendo do cavalo com cuidado para acariciá-lo, e acalmando o último para que ele não corresse do último. Ele me encarou com seus olhos perigosos e amarelos. Ajoelhei em sua frente. Tirei minha capa e a soltei em um canto qualquer no meio da grama.

— Bom dia - o comprimentei, e ele se aproximou deixando que eu tocasse em seu focinho, depois sua testa, então passasse minha mão por seu pôr seu pescoço. Acariciando seu pelo. Vi sua cauda de abanar — Acordou cedo como eu? - perguntei

Apoiei a lateral de meu rosto em seu longo pescoço. E vi o mesmo relaxar, se apoiando um pouco na curvatura do meu pescoço.

— Eu tive uma noite um pouco difícil - declarei, com um suspiro, e me distanciei para encará-lo — Eu acho que... - senti meu lábio inferior tremer um pouco — Vão querer que eu faça algo que não estou pronta para fazer

Fenris parecia encarar minha alma. Seus olhos ficavam fixos nos meus, como se ele captasse tudo o que eu falava com muita atenção.

Olhei para baixo, respirando fundo, e o olhei de novo. Fenris de repente tirou seu olhar de mim, e seu pescoço se virou para trás. Eu o soltei quando ele se movimentou.

— O que? - sussurrei

Ele começou a farejar e se mover. Então, se colocou em posição de ataque. Olhei para os lados, ficando preocupada. Mas, não havia nada. Fenris uivou para os céus. Eu me levantei rapidamente

— Pare! - o repreendi, ainda nunca sussurro — O que aconteceu?

Ele parou e seu colocou em minha frente, como se me... Protegesse. Olhei para a grande extensão de árvores ali, e minhas mãos apertaram a saia de meu vestido.

— Quem está aí? - perguntei, forçando minha voz recuperar a força

Vi uma névoa preta se formar, e dei um passo para trás. Então, quando eu vi o que, ou melhor, quem. Meus olhos se arregalaram, como se eu tivesse visto um fantasma.

— Princesa - ele disse, quase ronronando ao se apoiar em uma árvore próxima a nós com uma mão — Que prazer é te ver novamente

O herdeiro da Corte Noturna. Nyx Archeron.  Meu rosto se fechou ao se lembrar quem ele era.

Seus cabelos negros pareciam ter se bagunçado um pouco pela viagem. Mas por trás de seus longos e grossos cílios, enxerguei seus olhos azuis, que agora pareciam mais claros refletidos pela luz do Sol.

Eu apertei minhas mãos.

— Eu disse para nunca mais chegar perto da minha corte - disse, entre dentes — Será que você não entendeu?

Ele se desencostou da árvore e deu dois passos dolorosamente lentos em minha direção. Sorrindo de lado. Como se dessa vez, aproveitasse cada momento de minha raiva.

Com seu movimento, Fenris rosnou baixo para ele. Um aviso. Ele estava em alerta

O herdeiro da Corte Noturna quase pisou em minha capa jogada na grama. E quando notou, se abaixou, se ajoelhando, ainda mantendo sua postura impecável.

— Isto é seu? - ele perguntou, pegando a capa nas mãos, seu sorriso agora estava menor

Antes que Nyx pudesse olhar para frente novamente, e mais rápido do que eu havia notado para que pudesse impedir, Fenris saltou baixo em direção ao macho. Ficando a poucos centímetros de distância dele.

— Não. Se. Mexa - mantive minha voz firme ao me direcionar pausadamente a Nyx, indicando com a mão para ele ficar parado

Nyx pareceu virar uma estátua quando ouviu Fenris rosnar perto de seu rosto, mas estava tão atento quanto o último. Nyx olhava para baixo ainda, deixando Fenris analisá-lo. Minha mão continuava parada na mesma posição, indicando para ele não se mexer. Senti a mesma tremer um pouco quando o lobo farejou um pouco o mesmo, e se aproximou lentamente. Tinha medo dele tentar atacar Nyx, e esse reagir e acabar o machucando. Eu não fazia ideia do que ele podia fazer.

Depois de longos segundos angustiantes, Fenris lentamente fez algo que eu não esperava. Ele começou a lamber o rosto de Nyx. O último soltou um riso, mostrando os dentes. Franziu um pouco as sobrancelhas e pareceu um pouco hesitante em passar a mão por seu pelo.

Minha mão se abaixou quase involuntariamente, e meu rosto entrou em confusão.

— Isso... - eu comecei, confusa — ...Nunca aconteceu antes. Ele não costuma gostar de pessoas - murmurei

Fenris se distanciou um pouco dele, e Nyx permaneceu na mesma posição agora levantando a cabeça e olhando para mim.

— Mas todos gostam de mim, loirinha - ele piscou — É algo incontrolável - deu de ombros, sorrindo arrogante

Antes que eu pudesse responder, Fenris empurrou Nyx em resposta, o fazendo se desequilibrar um pouco apoiado em seu joelho. Depois voltou para mim, depressa. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios.

— Muito bem, Fenris - fiz carinho atrás de sua orelha — Empurre esse porco. Ele nem deveria estar aqui. - fiquei séria novamente, e encarei o macho que se levantava, tirando a grama do tecido de sua calça

Ele segurou minha capa nas mãos.

— Nossa, você guarda tanta raiva de mim. - ele pareceu ofendido, mas depois soltou um sorriso, erguendo uma sobrancelha — Me sinto até especial

Trinquei meus dentes.

Caldeirão, como conseguia ser tão irritante?

— Olha, não sei o que está fazendo aqui, ou o que quer, e na verdade, não me importo. - disse, com raiva — Já disse para sair... Se não sair vou gritar - avisei, sem nenhum humor em minha voz

O que pareceu nada assustar o macho da Corte Noturna. O mesmo passou a mão pelo tecido de minha capa tirando um grão de poeira invisível, e riu balançando a cabeça.

— Dúvida disso? - perguntei, antes que ele dissesse algo — A Corte Outonal está aqui. Posso chamar Eris e Alev também, se meu pai sozinho não te assusta - ergui minha cabeça ao fazer tal ameaça

Nyx voltou a ficar sério, e me encarou de cima a baixo antes de dizer:

— Mais um motivo para eu ficar - ele colocou a mão livre que não segurava a capa, dentro do bolso de sua calça — Posso dizer um olá para meu grande amigo Alev - seu tom pareceu forçado

— Grande amigo? - repeti, erguendo uma sobrancelha

O macho me encarou como se eu tivesse dito um absurdo.

— Ele ainda não falou de mim? - perguntou, fingindo preocupação — É um esquecido mesmo - revirou os olhos, dando de ombros

Mesquinho arrogante.

— Ei! - ele resmungou, no mesmo momento, franzindo a testa, com uma raiva repentina — Se vai me insultar, pelo menos erga seus escudos

Abri e fechei a boca várias vezes surpresa. Nyx escutou meus pensamentos.

Meus escudos mentais. Já havia aprendido a usar eles, mas... Não tão bem.

Os ergui novamente, franzindo as sobrancelhas. Me esforçando para levantá-los e mantê-los ali. Nyx percebeu quando eu fiz isso, e provavelmente notava o quanto eu precisava me esforçar para mantê-los ali.

— Tem escudos fracos - foi o que ele disse, me encarando

Levantei minha cabeça para ele, e disse convencida:

— Eu apenas não quis erguer-los - expliquei, dando de ombros — Só isso

O macho riu em escárnio.

— Sim. Claro. - ele sorriu, zombando — Sabichona - murmurou alto o suficiente para eu escutar

— O que?! - ele apenas riu de volta, e eu cruzei meus braços na frente do corpo antes de desviar o olhar dizer baixo, igual ele havia feito — Convencido

Ouvi o som da grama quando ele deu mais alguns passos em minha direção.

— Um convencido que sabe o que fala - completou, e eu olhei para o mesmo e contive minha vontade de revirar os olhos — Seus escudos são realmente fracos

Ergui uma sobrancelha. E meu rosto entrou em espanto quando senti garras em minha mente. Quase como uma carícia, mas que fez com que meu corpo inteiro entrasse em pânico. Meu coração entrou em um ritmo descontrolado.

— Percebeu? - ele perguntou provocando, puxando um sorriso

Ele fez novamente. Daemati. Nyx era um daemati. Meu corpo tremeu com o nome.

Então suas garras se enterraram em meu corpo. Meus pulmões, meu coração, todo o meu corpo cedia a seu aperto. Ele parecia o ter inteiro no comando. Como se pudesse fazer qualquer coisa com ele. Não conseguia me mexer.

— Pare - consegui me forçar a pedir, em um sussurro

Estou com medo.

— Deveria estar com medo, Primrose - ele me disse, sua voz saiu fria — Deveria temer isso. E agora agradecer ao caldeirão por nunca ter cruzado com alguém como eu antes. Porque se cruzar com alguém como eu, mas com intenções ruins, algo muito pior pode acontecer

Eu sabia que se Nyx fosse mais fundo em minha mente, poderia fazer o que quisesse comigo... Com minha mente, meu corpo, minha personalidade, poderia apagar quem eu era.

Ele permaneceu ali.

Vamos lá, princesa. Me empurre para fora.

O ouvi pedir em minha mente. Sua voz saiu calma dessa vez.

Mas eu não conseguia. Suas garras se enterravam em cada pensamento meu. Nyx forçou um pouco mais.

Me. Empurre. Para. Fora.

Eu não sabia o que fazer. Perdida, empurrei e me choquei contra ele, contra aquelas garras que estavam por toda parte. Era como estar perdida no meio da escuridão.

Nyx quase soltou uma risadinha, baixa. Por ali. Um caminho de luz se abriu em minha mente. Um caminho para fora.

Para tirar suas garras dali eu demoraria tanto... Pensei em algo que as afastariam dali antes. O poder que eu tinha... Aquele que podia destruir tudo, como meu pai podia fazer também quando sentia tanta raiva que não conseguia mantê-la dentro de si. Me concentrei nela. Me concentrei em uma explosão. Não deixei que Nyx dissesse mais nada quando liberei aquilo contra suas garras, aquela força. Seu aperto se afrouxou. Ele poderia continuar ali, mas me soltou completamente.

Soltei minha respiração cambaleando para trás. Coloquei minha mão no peito. Era tudo meu novamente, meu sangue e minha mente. Suspirei aliviada. Senti as patas de Fenris em mim. Levei minha mão até o topo de sua cabeça mostrando que estava bem. Fenris não fez nada contra Nyx, parecia ter ficado atento o tempo todo, mas era como se ele soubesse que o macho não iria fazer nada contra mim.

— Foi bom - ele elogiou — Poderia ser uma explosão mais controlada... Mas, bom

Olhei para ele, com certeza com os olhos transbordando de raiva.

— Espere - ele pediu, sério — Ainda não. Seu escudo. Erga ele e tenha certeza de que eu não volte.

Suas garras afiadas tentaram voltar, querendo se acomodar em minha mente novamente. Imaginei grandes espinhos, que conseguissem ferir. Quase como uma fortaleza deles, como se formassem um labirinto. Ele sorriu.

— Um jardim de espinhos. Achei um pouco previsível, loirinha.

Cruzei meus braços e me afastei.

— Saia! - disse, mais alto e imponente

— Treine seus escudos - ele falou, me ignorando — Ninguém nunca disse como eles são importantes? Tanto dentro, quanto fora de sua corte?

Eu quase não saia da minha corte. E naquele momento consegui agradecer por aquilo.

— Oh, deveria ter imaginado, você não deve sair muito daqui.

— Isso nem é da sua conta - devolvi, no mesmo momento

Soltou uma risada nasal.

— Não mesmo. Fique indefesa, você quem sabe - deu de ombros, como se realmente não se importasse — Ou melhor, espere que Alev a salve - ele sorriu, arrogante

Lancei uma carranca para ele.

— Não se preocupe princesa, não tenho a menor intenção de fazer mal a adorável corte primaveril - seu tom era sarcástico

— Não teria tanta certeza

Ele revirou os olhos.

— Não acha que se eu quisesse fazer algo... já teria feito? Estamos sozinhos aqui, relativamente distantes da mansão. Da primeira vez que nós vimos, estávamos sozinhos também - ele argumentou — E eu não fiz nada

E de certa forma... Ele estava certo. Mas eu não seria tola de confiar.

— Você pode até conseguir saber o que se passar por minha mente... Mas eu não sei o que se passa pela sua

Ele se aproximou de mim e ergueu minha capa para que eu a pegasse.

— Mas, acredito que gostaria de saber, e talvez em algum momento descubra - ele deu um sorriso... sincero

E quando colocou a capa em minhas mãos sumiu. Tão de repente como da forma que apareceu. Se desfez em fumaça preta. 

Oioi leitores!

O que acharam?

Como estão? Ansiosos para feriado como eu? 

Falando em feriado, vou tentar atualizar a fic novamente no feriado! Além disso, vou tentar escrever muito nesses dias também kkk Espero que dê tudo certo.

O capítulo de hoje saiu um pouco mais curto que o anterior, mas espero muito que tenham gostado! E no próximo tem pov do Nyx. 

Eu estou muito muito feliz porque a hey_kaaay fez uma fanart da Prim! Juro, ficou a coisa mais linda, eu amei! É ela indo para a Corte Diurna no baile, sinceramente, nunca fui triste após essa fanart.


Muito obrigada Thay! Arrasou muito mesmo S2

Espero que tenham gostado também!!!

Enfim amores, até o próximo capítulo.

Beijos <3

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