Empresário • jikook

callmeikus tarafından

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☆CONCLUÍDA☆ longfic • boss x secretary Jimin lia muitas fanfics, talvez até demais. Então, na cabeça dele, to... Daha Fazla

00. Avisos, o que você tem que saber
01. Jimin, a máquina de vergonha alheia
02. UP2U, a empresa dos loucos
03. Namjoon, o plano B
04. Ups, o cenário do desastre
05. Up, o cenário do desastre ainda maior
06. Yoonji, a atenta
07. Taehyung, o Chicken Little
08. Eunha, a subutilizada
09. Mesa de vidro, a catastrófica
10. Yeonjun, o envergonhado
11. Seunghyun, o invejoso
12. Banheiro, a testemunha
13. Seokjin, o pilar
14. Woohyun, a opção que dói
15. Passado, o corruptor
16. Culpa, a disputada
#ikusweek2021 crossover | parte 2
17. Continuação, a estranha
18. Apartamento, a nova casa
19. Melancia, a nova face
20. Cama, a aproveitada
21. Panquequinhas, as abaladoras
22. Minnie, o recém-chegado
23. Batatinhas, as quentinhas
24. Sono, o compartilhado
25. Café, o apaziguador
26. Calça, a arrebatadora
27. Troca, a interessante
28. Chope, o estopim
29. Beijo, o agridoce
30. Silêncio, o necessário
31. Karaokê, o encontro
32. Decisão, a derradeira
33. Pranto, o premeditado
34. Armadilha, a ardilosa
35. Busão, o deslumbrante
36. Cafeteria, a decisória
37. Carimbo, o dispensável
39. Bolinho, o peladinho
40. Bueiro, o imundo
41. Hoseok, o outro
42. Muralha, a gigante
43. Ser, o ser
44. Final | Jimin, o Empresário
45. Epílogo | Começo, o novo

38. Cor de burro quando foge, a combinação

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callmeikus tarafından

Oi, upinhessss!! Como vocês estão? Ouvindo muito Stay Alive? 🥺 

Confesso que tô cansada com o trabalho CLT + final de período da faculdade, mas logo o semestre acaba, grazadeus. Por algum motivo, estou com saudades de vocês (mais do que o normal). Talvez pela correria, então estou feliz de poder postar, melhora um pouco o sentimento!

Boa leitura e, se puderem, comentem bastante pra eu saber o que estão achando 💜

#JKNãoUsaGravata

Avisos de gatilhos: Esse capítulo trata de assuntos como transfobia, menção de nome-morto, invalidação do gênero, vulnerabilidade emocional de uma mulher trans. Vale lembrar que o que é retratado aqui NÃO condiz com a realidade de toda pessoa trans.

»»💼««

A Mostra de Profissões estava mais cheia do que Jimin esperava. Não era capaz de conceber tanta gente tendo real interesse em ser profissional de algo, porém logo percebeu ser uma suposição errônea causada pelo seu desinteresse no mundo até então. Um pensamento do antigo Jimin.

Olhou ao redor, encontravam-se em um grande pátio de um campus universitário no qual, pelo visto, Seokjin se formara, pois a cada minuto alguém parava para cumprimentá-lo. Ah, e Seokjin não só estava à frente da mostra de Psicologia, como parecia bem familiarizado com o ambiente e o trabalho.

Não era um evento tão grande assim. Já tinham participado de maiores, então Yoonji, Taehyung e Jimin estavam até tranquilos quanto à questão de trabalhar como staffs; resolviam algumas coisas pontuais e, durante o resto do tempo, sentavam na mureta de um canteiro perto do Seokjin. Descobriram no começo do dia que, de todos os staffs, apenas eles não eram ex-alunos. Todos clamaram que Jin possuía bons amigos, mas os "forasteiros" acharam até engraçado, porque trabalho voluntário tornara-se usual, até mesmo esperado.

Jimin bocejou e olhou para o lado, prestes a falar algo. Interrompeu-se; Yoonji e Taehyung estavam mais do que entretidos um com o outro, então manteve-se quieto para não atrapalhar. Na verdade, decidiu ser um bom momento para começar seu plano de fazer companhia para Seokjin a fim de tornar mais convincente a ladainha quando fosse arrancá-lo de vez de perto do casal.

Espreguiçou e foi até o centro das atenções, que explicava animadamente sobre psicologia a um grupo de estudantes do ensino médio. Apenas dois pareciam interessados em suas falas; o resto decerto fora obrigado a ir pela escola. Jimin embrenhou-se na multidão, aproveitando para também ouvir o psicólogo falar.

Se Seokjin notou que apenas 10% da sua plateia possuía algum traço de vida no olhar, não demonstrou. E verdade seja dita: era difícil não notar. Mesmo assim, seus olhos corriam por todos os jovens, em vez de fixarem-se aos dedicados. Jimin observou–o, cada vez mais atento e, quando menos percebeu, em vez de focar no público, já focava em Seokjin e na sua palestra. Psicologia parecia tão interessante.

Não que fosse a primeira vez notando tal interesse nascer. Desde o começo de seu TCC, Jimin conversava majoritariamente com psicólogos e psiquiatras a fim de entender melhor o contexto com o qual trabalharia. E sempre era muito revelador. Além disso, nenhuma de suas conversas fazia tanto sentido quanto as com Woohyun. Ir à terapia era uma das melhores e piores partes da sua semana: cutucava muitas coisas ruins enquanto oferecia aquela sensação gostosa de poder mudar, por enfim ser íntimo e conhecedor delas.

Tivera vontade de fazer uma segunda graduação em Psicologia e, quem sabe, uma especialização em sexualidade. Não nutria o ímpeto de trabalhar consultando seres humanos; considerava-se quebrado demais para analisar o caco dos outros. Também ponderara que, com a criação e gestão da própria empresa, dificilmente teria o tempo livre necessário para estudar em tempo integral.

Jimin piscou os olhos, por ter se perdido em pensamentos.

Jimin prendeu a respiração, por ter vontade.

Ao percebê-la, abandonou sua lista de prós e contras para acolhê-la com todo carinho guardado dentro de si. Se iria realizá-la? Dificilmente. Seu desejo de ter a empresa e fazê-la crescer era maior. Entretanto, estava eufórico pelo primeiro malabarismo de vontades da sua vida; nunca pensara ser capaz de precisar escolher o que mais gostaria de fazer, por nunca querer nada.

Seokjin terminou sua apresentação, e os alunos dispersaram, sobrando apenas Jimin em sua frente. Seokjin, radiante, deixou o sorriso terno transformar-se em um cheio de humor ao observar o jovem de cabelos azuis parado ali, perdido em pensamentos. Nutria simpatia por ele.

— Interessado, amado?

— Sim... É uma boa profissão — Jimin concordou, para o espanto de Seokjin.

— Tenho um futuro colega de profissão por aqui então? — Ele assistiu Jimin dar a volta pela mesa e achegar-se ao seu lado.

— Acho que não. Tenho outras prioridades, mas confesso que é algo que eu gostaria. — Meneou a cabeça, como se espantasse o assunto. — Ótima apresentação.

— Obrigado. Amo falar. E amo psicologia.

— Isso é verdade. Ainda tô tentando entender sua empolgação com esse tanto adolescente com cara de peixe morto.

— Ah, eles são adolescentes, é normal. — Seokjin riu. — É um período de maturação meio complexo do cérebro: eles ficam com esse sentimento de que ninguém entende o que eles passam, que faz eles se sentirem sozinhos e alguns, quando se sentem sós, se retraem mais ainda... E aí vem esse ciclo cagado.

— Sério?

— Sim. Ser adolescente é uma merda. Não culpo eles.

— Entendi. Fiquei impressionado com seu bom humor mesmo com a situação meio deprimente.

— Ah, é que eu amo Mostras de Profissões. — Ele sorriu, um sorriso que Jimin nunca vira igual nos lábios dele, enorme, e deixou o olhar vagar por aí, pensativo.

— Algum motivo especial?

— Uhum. Já estive do outro lado e foi importante pra mim. Se eu apresentar pra pelo menos um Seokjin, em toda minha vida, já valeu a pena, porque fez toda a diferença pra mim.

Jimin perscrutou-o mais ainda. Cada palavra insinuava várias camadas, porém não se considerava digno para descobri-las. Porém, uma coisa era clara.

— Verdade. Um Seokjin já é muita coisa mesmo. Mas capaz de você criar vários.

— Você ficou bom com as palavras nesse meio tempo. — Seokjin suspirou e espreguiçou-se um pouco ao ver outro grupo de alunos aproximar-se. Pigarreou, preparando a garganta que já começava a arranhar.

Jimin, como não tinha nada a falar nem de Administração, imagine de psicologia, recuou alguns passos e observou de longe mais uma das apresentações animadas de Seokjin. Como sempre, a maior parte do grupo era composta por jovens desinteressados que tinham estampado no semblante a vontade de fazer qualquer coisa a usar o final de semana para pensar no futuro. Jimin, pensando melhor, não os culpou. Futuro parecia algo complicado, apesar de nunca ter encarado o próprio para saber dizer.

Presenciou alguns dos rostos apáticos demonstrarem rastros inseguros de interesse ao longo da explicação de Seokjin; os alunos que já chegaram refletindo um interesse tímido nos olhos logo deixavam-no transbordar. Seokjin era apaixonado e levava jeito para convencer. Será que aprendera a se comunicar bem daquela forma na UP2U, conversando com o pessoal da Boca? Jimin sempre ficava abismado em como experiências banais do dia-a-dia poderiam ajudar em outros âmbitos.

— Acho que você cria vários Seokjins — comentou Jimin ao aproximar-se, no fim da apresentação. Fora inesperadamente bonito ver a influência alheia. Seokjin gargalhou alto.

— Espero. Mas espero que eles não sejam tão Seokjin assim.

— Por quê?

— Quanto interesse em mim, amado... — Seokjin levantou uma sobrancelha, seu tom era zombeteiro.

— Foi mal.

— Relaxa, perguntar não tira pedaço, eu que fico reativo. — Seokjin suspirou, desarmando-se do humor. Balançou a cabeça, ponderando, e pressionou os lábios. Tentou adotar um tom mais leve ao acrescentar: — É só que precisei passar por mais coisa do que uma criança deveria e se, com tudo isso, já fico com essa agonia de que tô muito atrasado em tudo, imagino essa nova geração. Não quero que eles precisem disso, é um cu cagado.

— Posso ouvir mais? — perguntou Jimin, temeroso. Seokjin encarou seus olhos com tamanha intensidade que titubearam.

— Por que você quer ouvir?

— Porque eu queria conhecer melhor as pessoas com quem convivo... E você é uma delas. — Jimin olhou para baixo. Era um movimento ousado, sabia: mal fazia uma semana desde que ouvira mais sobre Taehyung, com quem convivia há anos; soava até mesmo petulante da sua parte perguntar a alguém com quem conversava tão pouco.

— Como posso dizer não a um motivo tão nobre? — Jin enlaçou os ombros de Jimin e riu. Nenhum grupo de estudantes se aproximava. — Mas depois vai ter que pagar um jantar pra mim, pra gente trabalhar nossa convivência aí!

— Tudo bem. — Jimin permitiu-se gargalhar junto, encorajando um pouco Seokjin.

O psicólogo não gostava de falar dele mesmo. Como a maioria das pessoas, achava mais confortável esconder suas vulnerabilidades e dificuldades e, bem... Tudo sobre si era recheado de tais características. Não se considerava detentor de histórias positivas dignas de relatos. Também receava dar vida, através de palavras, às suas dores. Não sabia lidar tão bem com elas. Aquiles decerto não exibia seu calcanhar aos outros, correndo o risco de ser esfaqueado.

— Sou órfão. Passei por duas famílias adotivas e fui maltratado nas duas. Confesso que nem aguento mais ver a cara de assistentes sociais do tanto que fui arrastado de um lado pro outro. Quando adolescente, eu queria menos ainda olhar pra cara deles, então quando a segunda família exagerou de tão cuzona comigo, fugi de casa e arranjei trabalho em uma oficina mecânica no subúrbio. Vivi, morei e trabalhei lá por muito tempo. — Vomitou sua história. Cada palavra era expelida com desconforto e sofrimento. Jimin ouvia em um silêncio respeitoso. — Passei alguns anos sem estudar, mas os caras da oficina me mandaram fazer pelo menos o ensino médio. Fiz e depois passei mais alguns anos sem estudar.

"Aí, um dia, fui chamado pra fazer chupeta na bateria de um carro de um cliente bem fiel nosso. Foi aqui, nesse campus. Eu tava indo embora quando uma pessoa da organização falou pra eu ouvir a Mostra. Ri da cara dela dizendo que eu já trabalhava, mas fui vencido pelo cansaço e, depois, seduzido a fazer psicologia, pelo encanto.

"Passei mais um tempo sem estudar, mas dessa vez juntando dinheiro pra pagar a faculdade. Quando entrei, já era bem mais velho do que todos os alunos. Não só mais velho, mas... Eu parecia ter uma vida completamente diferente, deslocada. Me senti um adolescente, como se ninguém me entendesse."

Jin riu, mas era uma gargalhada repleta de melancolia. Jimin arriscou abraçar seus ombros, meio tenso, mas o psicólogo achou fofo e retribuiu o toque.

— Acho que foi por causa disso que comecei a fazer bastante trabalho voluntário durante a graduação. Pra ver mais pessoas como eu. Ou diferentes de mim, mas diferentes entre si também. Foi em um desses eventos que conheci o Goo. Ele era completamente diferente de mim, mas parecia entender. Hm... Talvez não entender, mas capaz de ouvir. Acabei comprando a ideia maluca dele de criar uma empresa. Depois, conheci a Yoonji, que passou a mesma sensação. Foi uma insanidade minha, porque eu ainda trabalhava na oficina pra me sustentar e tinha a dívida enorme da faculdade pra pagar; não deveria entrar de cabeça em um negócio inexistente. Ainda bem que deu certo. Acho que se não fossem os dois, eu nem teria cogitado. Gosto da ideia da UP2U, claro, mas aceitei porque queria ficar com eles.

— Você conseguiu pagar as dívidas?

— Goo descobriu sobre elas e criou um financiamento coletivo pra cobrir, inclusive pagou a maior parte apesar de estar sempre no vermelho por usar do dinheiro dele pra pagar o salário dos funcionários quando os investimentos começaram a diminuir e a UP2U ainda não dava lucro. Glória que a família dele tem uma situação confortável, porque porra... Foi foda. Enfim, não dá pra dizer que o garoto não sabe unir as pessoas quando quer, pena que ele faz mais pros outros do que pra ele mesmo.

— Pois é... — Jimin suspirou. Um suspiro profundo, como se usasse todo o ar de seu corpo. Sentia muitas saudades de Jungkook e sempre doía encarar que o próprio se trancava em solidão.

— Vocês ainda se falam? — Seokjin ficou curioso com a reação.

— Não. Decidimos que seria melhor se a gente desse um tempo pra entender nossos sentimentos...

— Parece uma boa decisão...

— E vocês? Ter te metido na bagunça da minha demissão te prejudicou muito?

Seokjin foi quem respirou fundo dessa vez e alegrou-se ao notar mais um grupo de estudantes se aproximando. Apontou-o para Jimin, já justificando sua falta de palavras. Era convincente, mas Jimin já sabia que a falta de expressões no semblante enquanto ponderava a resposta significava "ficando neutro para dar a melhor resposta". E, se tinha uma "melhor resposta" para dar, e não uma "resposta", era porque tinha, sim, prejudicado-o. E agora, ciente do quanto Jungkook era importante para Seokjin, o remorso parecia rasgar seu peito.

— Desculpa. — Apertou os ombros largos de Seokjin em um abraço antes de largá-lo para expor sobre psicologia. — Obrigado por ter me ajudado e obrigado por ter contado mais de você.

— Não precisa pedir desculpas, eu fiz a decisão junto. — Deu um sorriso tranquilizador, mas também melancólico. — Mas aceito os agradecimentos. Obrigado por me ouvir.

E de novo Jimin observou Seokjin derreter, aos poucos, algumas expressões duras e cansadas dos adolescentes. Apesar da culpa sentida por ter causado o afastamento dele e de Jungkook, tinha certeza que Seokjin seria capaz de derreter aquela barreira criada entre os dois também. Genuinamente desejava que Seokjin pudesse contar com a presença reconfortante de Jungkook e, mais ainda, que Jungkook estivesse próximo dos amigos dele. Porra, sentia muita falta do Jungkook.

O grupo de estudantes foi embora e os dois voltaram a conversar. Assuntos amenos, como as disciplinas de Psicologia e suas cargas horárias. Jimin riu ao notar a estratégia de Jin para convencê-lo como se fosse também um estudante de ensino médio. Como reconhecia seu interesse pela área de conhecimento, apenas deu corda e perguntou sobre especializações em sexologia. A conversa foi interrompida por grupos de estudantes vez ou outra, e Jimin sempre recuava só um pouco para poder ouvir. Na verdade, queria sentar no canteiro por causa das pernas cansadas, mas Taehyung e Yoonji pareciam bem entretidos um com o outro.

Riu sozinho porque, em algum momento, sua cabeça questionou-se, com asco até, como eles aguentavam passar tanto tempo daquela forma, mas agora entendia como conversas funcionavam. Aprendera com Jungkook sobre diálogos bobos e silêncio confortável. Apesar de ser uma lição incompleta, também vislumbrara o que era uma conversa em que se abria o peito e deixava verter sentimento. E com aquele conhecimento valioso, pôde conversar com o Taehyung, com a Hani e agora com o Seokjin.

Com aquele conhecimento valioso, entendia Taehyung e Yoonji. Jimin sorriu. Sorriu, orgulhoso de si por trucar com tamanha facilidade os pensamentos preconceituosos do Jimin que fora. Por usar as novas vivências do Minnie como uma mão cheia de manilhas. Sentiu-se enfim nos trilhos, rumando ao destino desejado.

Como uma forma de recompensa por aquele ato, permitiu-se fazer a pergunta que o atazanava a cada momento desperto. Esperou Jin aproximar-se, ansioso.

— Como o Jungkook tá?

Arrancar as palavras da garganta foi como fazê-lo com uma flecha em seu peito. Doeu muito mais do que o esperado. Seokjin lançou-lhe um olhar compassivo.

— Não vou mentir, tava um cu de tão triste. Mas melhorou há uma, duas semanas. Tem dedo seu nisso, amado?

— Talvez tenha sido a nossa conversa... Aquela em que a gente decidiu dar um tempo. Não foi lá a conclusão mais feliz, mas acho que a gente entende melhor os nossos motivos.

— Hm... Pode ser.

— Sei que o Jungkook tá magoado com você, mas sabe se ele tá falando com o resto dos amigos dele?

— Acho que sim. Do jeito de sempre, né? Ele sempre passa o final de semana na casa dos outros.

Jimin murchou. O jeito de sempre não era o suficiente. Queria poder dar um sermão em Jungkook, reclamar que dedicava-se à sua parte do combinado e que ele deveria fazer o mesmo. Mas não podia; essa briga Jungkook precisava comprar sozinho.

— Algum problema nisso? — Jin perguntou, confuso. Jimin não parecia ser do tipo ciumento.

— Hm... Até que sim. — Jimin deu de ombros, tentando convencer o próprio corpo da sua despreocupação. Não deu certo; queimava de apreensão da cabeça aos pés. Queria correr até Jungkook, segurar sua mão e ajudá-lo a pegar o caminho da própria liberdade. Contudo, tal liberdade não seria própria se Jimin o forçasse trilhá-la. — Mas não é nada que a gente possa fazer algo sobre. É esperar e acreditar no Jungkook.

— Que misterioso...

— Não tenho o direito de contar segredos que não são meus.

— Justo. E contar os seus?

— Posso.

— E quer?

— Hm... Não sei se tenho segredos.

— Não?

— Não.

— O que você sente pelo Goo?

— Uma coisa que nunca senti antes. Acho que é paixão, mas com certeza eu amo ele.

Seokjin piscou os olhos devagar, surpreso, quase assustado com a sinceridade. Jimin sempre o espantava naquele quesito.

— Como tá sendo esse tempo que vocês se deram?

— Uma merda. Sempre tô pensando nele. Mas sei que tô fazendo minha parte direito.

— O Goo tá fazendo a dele?

— Não é segredo meu, nem fato sobre mim.

— Justo.

Um novo silêncio ameaçou dominar o ambiente, porém um novo grupo de alunos apareceu para aliviar a situação. Jimin ficou admirando como sempre; Jin fervilhou de ideias de perguntas para Jimin. Pela primeira vez, pareceu uma tortura ao psicólogo apresentar para aquele tanto de gente.

— O que tá achando, amado? — questionou, esbaforido, ao juntar-se ao Jimin na parte de trás de novo.

— De quê?

— Amar o Goo.

— Pergunta difícil.

— Eu sei, por isso que quis saber. — Seokjin deu uma risadinha, apesar de acreditar que Jimin era alguém capaz de responder. Quis averiguar se, de fato, o raciocínio dele era tão interessante quanto achava.

— Não sabia que você se divertia com a dificuldade dos outros — Jimin retrucou, retribuindo a risada, mas logo fechou a expressão ao refletir mais seriamente sobre a resposta, cruzando os braços. — Talvez o clichê: não diria que é de todo bom, nem de todo ruim. Até gosto, porque é novo pra mim. E é um sentimento que precisei encarar de frente, o que nem sei dizer se é bom ou ruim.

— Entendo... — Jin assentiu com a cabeça, tão reflexivo quanto. Era uma descrição justa. — O que você acha ruim em amar o Goo?

— Saber que eu não posso resolver todos os problemas dele. Queria que ele não tivesse dificuldades nem preocupações, porque elas deixam ele triste, e aí eu meio que fico triste também. Ou algo parecido. Também fico meio irritado.

— Irritado?

— É. Porque não consigo ver nenhum sentido! Enxergo o que ele vê como problema exatamente ao contrário. Mas acho que isso é esperado, né? Somos pessoas diferentes. Acho que essa diferença também faz com que as partes boas de amar o Jungkook sejam tão boas. Ele tem um ritmo diferente, e um jeito muito diferente do meu. Ele me puxa pra fora da inércia. Talvez eu não me irritasse e não ficasse tão chateado se convivesse com uma pessoa igual a mim. Mas também nunca mudaria ou aprenderia nada.

— Acho que entendi... Deve estar sendo difícil esperar o Goo fazer a parte dele.

— Por que você diz isso?

— Posso ter entendido errado, mas porque você quer ficar junto do Goo. E, pra isso, ele precisa fazer a parte dele também, né? — Jin pontuou, e Jimin ficou em silêncio; daqueles silêncios que concordam.

— E você não vai criticar eu querer ficar junto dele? Você sabe que eu assediei o Jungkook.

— Quando você coloca desse jeito, já induz uma resposta.

— Apresentei o fato mais relevante da nossa relação, só.

— Você acha mesmo que esse é o fato mais relevante da relação de vocês? Ou você tá tentando se convencer de que é?

— Poderia ser um xeque-mate, mas pra mim é obrigatório esse ser o fato mais relevante até o Jungkook admitir o que aconteceu. Espero muito que ele consiga.

— Ah... — Seokjin foi inundado de compreensão. Subitamente triste, enlaçou os ombros de Jimin, reconhecendo o esforço dele em negar algo que tanto queria. — Faz sentido mesmo. Espero que ele consiga também.

Apesar de surpreso com o abraço, Jimin permitiu-se recebê-lo. Jin conhecia e reconhecia seus crimes. Então, poderia correspondê-lo.

— E você, o que tá achando? — Jimin quebrou o silêncio e o abraço.

— Do quê?

— Da vida que você conquistou. — As palavras de Jimin pegaram Jin de surpresa mais uma vez; estava tão confortável sem seu passado ser o assunto da vez. Suspirou, por que só faziam perguntas difíceis um ao outro?

— Tenho baixos, claro. Mas acho que, de um modo geral, tô no alto. Não alto estratosférico, mas alto o suficiente. Acho até bom, porque aí quando os baixos vêm, a queda é menor.

— Por que a gente tá conversando por metáforas?

— Não sei, amado, acho que você me dá essa sensação de... mistério sincero.

— Tem como mistério ser sincero?

— Bem, se não tinha, agora tem. Acho legal! Quando se descobre as entrelinhas ou a conclusão de um mistério acobertado, que dizer que você é um bom leitor, né?

— Hm... Tá, faz sentido.

— Não sei você, mas eu gostei! É a primeira vez que tenho uma conversa desse jeito. — Jin jogou seu braço de volta nos ombros de Jimin. — Vou te confessar, tem uma frase que ouvi e que foi muito marcante pra mim, mas não lembro nem do rosto de quem disse, acho que algum paciente que atendi. Fico triste quando começo a perder ou a confundir os rostos.

— E qual é a frase?

— Humanos são como cores: cada um tem seu tom. Alguns são parecidos, do mesmo grupo, mas distintos. É a diferença entre o rosa bebê e o rosa choque. Parecem, mas não são iguais. E assim como o azul com amarelo dá verde, mas com vermelho dá violeta, não podemos esperar que o resultado da mistura do que somos com alguém diferente seja igual. Cada conexão tem seu tom. O que eu quero dizer é... É a primeira vez que eu tenho esse tipo de conversa mais misteriosa e estranha, mas é porque é o resultado da mistura das nossas cores. Não é uma frase só, né? Mas é isso aí!

— É uma comparação boa, mas a maioria das cores, quando se misturam com outras, dá aquela cor meio de burro quando foge. Quer dizer que a maioria das misturas dá errado?

— Cor de burro quando foge também é cor, e também é uma mistura interessante! — chiou Seokjin, brincando. — Não estraga uma metáfora bonita dessas, Minnie!

— Desculpa.

— Tudo bem, faz parte da cor de burro como foge que viramos juntos.

— Quer pintar algum lugar com essa cor depois do evento? — Jimin perguntou, sentindo-se terrivelmente estúpido assim que as palavras saíram de sua boca.

— Difícil recusar um pedido poético desses, mas eu e a Yoon íamos pro shopping. Preciso comprar cueca, as minhas começaram a furar. — Seokjin suspirou, todo dramático, e pôs a mão na testa. — Muito triste roupas não serem infinitas. Se dependesse de mim, usaria as mesmas pra sempre.

— Isso explica você ser meio cafona — Jimin comentou, pensativo, perscrutando Jin de baixo a cima.

— Palavras ofendem, Jimin! — Ele levantou a sobrancelha, apoiando as mãos nos quadris.

— Ah, desculpa! — Corou de imediato e cobriu o rosto com as mãos. Queria enterrar o rosto no asfalto. Merda. Mais uma vez foi Jimin em vez de Minnie. Pensava ter melhorado.

— Calma, amado, tá tudo bem! — Seokjin caiu na gargalhada, alta e chamativa. — Eu achei graça, mas dá pra ofender outras pessoas mesmo. Em geral, vale fazer esse tipo de brincadeira quando tiver mais intimidade, o.k.? Mas você precisa me levar prum jantar primeiro!

— Vamos jantar depois de ir ao shopping então — Jimin propôs, animado com a ideia de intimidade. Não poderia negar seu encanto com tal palavra.

— Não vale roubar o rolê com a Yoon pra você, fominha!

— Ah... Esqueci de explicar... A Yoon pode acabar tendo outros planos hoje... — Tombou a cabeça para o lado, tentando indicar Yoonji e Taehyung sentados no canteiro como dois belos namoradinhos.

— Hm... — Seokjin cruzou os braços. — Então o inimigo é o Taehyung, não você?

— Ah, você fica ofendido...?

— Não, claro que não, tô só brincando. — Seokjin acabou rindo de novo com a confusão dele. Um cara estranho, claro, mas muito interessante também. — O que o Tae tá planejando, hein?

— Um pedido de namoro... — Jimin baixou o tom de voz, incerto se deveria falar. Seokjin arregalou os olhos e deu um sorrisão, animado pelo casal.

— Opa, então vou precisar mesmo da sua ajuda para comprar cueca!

-📑-

Yoonji não entendeu nada quando, ao fim do evento, Jin a dispensou do passeio pelo shopping, alegando que Jimin era profissional em cuecas e daria uma assistência melhor. Jimin apenas sustentou uma cara de paisagem pois, cheio de calcinhas masculinas como era, não lembrava da última vez que comprara uma cueca.

Yoonji nem fez menção de reclamar; detestava ir ao shopping, só amava o amigo mesmo. E, também, queria prolongar um pouquinho seu tempo com Taehyung, pois quase não conseguiam se ver durante a semana devido ao ritmo corrido da vida dele. Ela queria tanto poder ajudá-lo.

Os quatro dividiram-se em duas duplas em frente à portaria principal da faculdade. Jin, um cara de ônibus, estranhou quando Jimin chamou um Uber para irem às compras, e Taehyung enlaçou a mão de Yoonji, puxando-a para uma caminhada tranquila pela calçada larga margeando a instituição de ensino. Com sorte, o Google Maps não o enganara.

Yoonji começou a ficar nervosa. Mais do que o normal, pelo menos. Por mais que já estivesse muito confortável com Taehyung e confiasse nele para respeitar seus limites, ainda guardava aquele rastro de insegurança e timidez bem no fundo de seu peito, em alerta. Era como pólvora, quieta, esperando uma faísca para explodir.

Não sabia a motivação daquele sentimento. Parecia tudo normal. O sorriso de Taehyung, a mão calorosa acolhendo a sua, o jeito informal, mas carinhoso. Até mesmo suas passadas eram vagarosas, e Yoonji sabia o quão impaciente e aflito ele era com o resto da vida.

Logo chegaram a uma praça arborizada. Apesar das flores de seus canteiros não vibrarem em cores alegres devido ao tempo que esfriava, a grama e as árvores irrigadas ainda estavam vistosas. Como era final de semana, o movimento consistia em algumas famílias e pessoas passeando com o cachorro.

Taehyung a guiou até um dos cantos da praça, com menos transeuntes. Acomodaram-se em um banco de cimento e, ao notar a mulher arrepiar com o toque gelado do material, Taehyung aproveitou para acomodá-la em um abraço caloroso, por mais que seu âmago gelasse de nervosismo. Nunca pensara em se apaixonar de novo depois de toda a bagunça.

Mas exatamente por nunca imaginar que experienciaria mais uma vez o sentimento de interesse bobo, muito menos que o nutriria a ponto de virar uma paixão encorpada e, agora, um amor sincero, precisava levar adiante. Queria aproveitar o encantamento, deixá-lo arrancar toda a desconfiança e o desamparo enraizados em sua vida amorosa até então. Talvez se machucasse de novo. Contudo, Yoonji valia o risco.

Sorriu para ela. Acariciou os cabelos negros para trás de sua orelha enquanto buscava a bochecha macia com a boca. Adorava a quentura contra os lábios, ainda mais quando potencializada pela paixão e pela timidez. Adorava sentir o cheiro docinho de bala desprender-se dos fios, tão próximos. Afastou-se um pouco, deixando a mão deslizar até a outra bochecha, acariciando-a.

Seus olhos não se perdiam de vista, igualmente preenchidos pelo encantamento arrebatador que transformava as caixas torácicas em instrumentos de percussão. Os hálitos misturavam-se. As preocupações dissolveram-se. Por um momento. Por um instante. Porque tudo era certo demais.

Taehyung avançou o rosto, trazendo o de Yoonji para perto com delicadeza. Estavam terrivelmente próximos, a ponto do suspiro de Yoonji reverberar em Taehyung. Observou-a fechar os olhos afilados e vibrou. Parecia sonho.

Com a permissão silenciosa, cerrou seus próprios olhos e avançou, contido e afoito, tudo ao mesmo tempo. O coração terminou de disparar ao sentir o contorno dos lábios alheios contra os seus. Um beijo tímido foi dado, preenchido com ternura e suspiros incrédulos.

Isso até Yoonji lembrar de sua mentira. Pavor tomou suas entranhas; pavor, culpa e memórias negativas. Sufocada, Yoonji empurrou o corpo maior para longe do seu. Engoliu em seco ao fitar o olhar espantado e magoado de Taehyung em sua direção.

— Tae... Eu... — Nenhuma palavra vinha.

— Desculpa... — Taehyung pediu, preocupado. Tentou buscar ao menos a mão dela, mas Yoonji a recolheu contra seu corpo e afastou o olhar. Taehyung engoliu em seco e afastou-se um pouco pelo banco.

Silêncio, arrependimento e dor flutuavam pelo ar entre eles, como esporos de dente-de-leão. Yoonji não sabia como se explicar, Taehyung não sabia como remediar a situação. Ambos ainda estavam atordoados com a velocidade da pura satisfação em virar medo.

Não sabiam o que falar. Mas sabiam que não poderiam ir embora.

Então ficaram. Muito, muito tempo. Tanto. O suficiente para frases tímidas escalarem pela garganta de Yoonji, pois Taehyung ao menos merecia saber.

— Não é sua culpa. Não é. — Sua voz era murmurada, quase inaudível. Não era capaz de vê-lo triste. — Eu que menti pra você durante esse tempo.

— Yoon... — Taehyung sentiu seu coração gelar. Um turbilhão de possibilidades tomou sua mente inquieta. — Como assim?

— Tae... — Ela afastou o olhar e o corpo.

— Yoon, não se preocupe. — Taehyung retesou-se, porque queria tocar a mão, o cabelo, o ombro dela. Queria dar algum tipo de conforto físico, mas não convinha. Cruzou os braços, agoniado. Perdido. Só sentia medo, só sentia tristeza em vê-la se afastar. — Pode falar no seu tempo. Não vou avançar de novo.

— Eu queria... Eu quero. Aquilo... Tudo, na verdade. Você. — Respirou fundo e voltou a encará-lo. — Mas você precisa saber primeiro.

— O quê? — Tentava conter a ansiedade em sua voz. Se Yoonji o queria... por que não estavam sorrindo contra a boca um do outro naquele exato momento?

— Que eu não sou mulher...

— Como assim, Yoon? — O tom aflito mudou para um de preocupação gentil, ao que os pontos se conectavam. Mais uma vez, buscou a mão dela no automático, porém interrompeu-se no meio do caminho.

— Eu... nasci homem. Meu nome oficial é Yoongi.

— Yoonji... — sussurrou o nome tão precioso para si. — Você tá tentando dizer que é trans?

— Uhum... Desculpa esconder.

— Não precisa se desculpar por isso. Mas Yoonji... Por que você tá dizendo que nasceu homem? Que não é mulher? — Taehyung voltava a ficar urgente. Insistente. Aquelas perguntas eram tão importantes. Quanto mais entendia, mais doía.

— Porque é a verdade...

— Você realmente acha isso?

— Eu... tô confusa — Yoonji choramingou antes de virar o rosto, escapando do olhar de Taehyung. Tentou enxugar as lágrimas fujonas com as costas das mãos.

O silêncio voltou, junto a todos os seus acompanhantes de honra: o medo, a dor e todos seus familiares. Yoonji só queria finalizar aquela conversa, mas Taehyung suplicava com o olhar por todas as palavras possíveis, porque parecia tudo muito... errado.

Com cuidado, escorregou pelo banco até colar sua perna na dela. Com um suspiro, deu a entender desejar um abraço.

Sem suportar mais toda aquela dor sozinha, aquelas palavras desconexas e dolorosas proclamadas por si, Yoonji cedeu. Era como se um suspiro de alívio tomasse todo seu corpo quando Taehyung a abraçava daquela maneira: completa e entregue. Aproveitou para esconder o rosto choroso no peito dele.

Assim como queria ter continuado a esconder aquelas palavras.

Taehyung afagou com calma os fios macios da Yoonji por longos minutos, atento ao corpo franzino relaxando a cada respiração mais funda. Desejava apertá-la com ainda mais firmeza, oferecer o amparo e a força necessária, mas apenas beijou o cabelo que cheirava a bala antes de deixar a voz suavizar para dizer:

— Yoon, você pode me corrigir se eu estiver errado, o.k? Mas você nasceu como mulher, você é mulher. Seu nome é Yoonji. É isso, não é? Como você se sente, como você se enxerga.

— Sim... — A confirmação foi quase um suspiro.

— Então essa é a verdade. É o que tu é, Yoon — concluiu com a voz mansa. — Quem te convenceu a falar essas outras coisas?

— Eu... Desculpa. — As palavras morreram. Não sabia explicar. Estava pedindo perdão, sobretudo, a ela mesma. Taehyung servia como um caminho especial e amoroso para as mensagens as quais queria se presentear também. — Eu juro que sei que é a verdade. Eu sei que eu me sinto assim. Eu sei que eu falei todas as coisas erradas.

— Então por quê?

— Não sei. Acho que sou frágil com amor, me faço frágil. Nunca falaria desse jeito pra qualquer outra situação.

— Alguma coisa ruim já te aconteceu? — Taehyung sussurrou, temeroso. — Com amor?

A pergunta feita já era quase retórica, porém, se houvesse restado alguma dúvida, a forma como os ombros de Yoonji encolheram contra as mãos de Taehyung amplificavam o grito de socorro silencioso de seu coração. E Taehyung ficou triste por não poder atendê-lo, pois tal grito era um eco residual do passado; um domínio fora de seu controle, por mais que quisesse voltar alguns anos para livrá-la do sofrimento.

Yoonji carregaria aquela dor, assim como Taehyung era guardião do constante medo de ser abandonado no momento mais difícil. Cicatrizes que ora abrandavam, ora ardiam, em um ciclo entremeado. Taehyung apenas desejou que, durante e depois dele, Yoonji pudesse carregar flores bonitas, prontas para embelezar qualquer tipo de relacionamento.

— Ah, uma vez... Um namorado antigo meu se sentiu enganado quando soube que eu era trans. No fim... Eu só não queria te enganar — ela confessou. Taehyung mordeu os lábios, aflito com a provável próxima cena da lembrança.

— E aí ele disse pra ti que você é homem?

— Sim... E terminou comigo.

— Que cuzão do caralho! — Taehyung não aguentava mais; a revolta engoliu toda a gentileza. Era inconcebível para si alguém ter a coragem de falar algo tão desrespeitoso para uma pessoa tão incrível quanto a Yoonji. Na verdade, para qualquer pessoa, mas ouvir sua amada Yoonji protagonizando o momento revirava ainda mais suas entranhas. — Yoon, entendo muito o seu medo, mas... tu acha mesmo que eu não aceitaria tu ser uma mulher trans?

— Não sei, sinceramente. — Ela deu de ombros, melancólica como nunca.

Eles afastaram o abraço. Yoonji terminou de enxugar suas lágrimas e fitou Taehyung direto nos olhos, com o semblante tenso. Ele parecia chateado e, de fato, estava. Como mais uma prova concreta de sua chateação, suspirou e coçou a nuca.

— Isso é meio triste. Quero reforçar que, se alguém não aceitar, essa pessoa que tá perdendo. Mas... acho que tô meio magoado. Não pensei que eu passava essa imagem de cuzão que não aceitaria.

— Você não passa, Tae. Mas ele também não passava. — Aquelas simples frases gelaram Taehyung da cabeça aos pés. Yoonji engasgou nas próprias confissões. — Na verdade, nunca tinha pensado que seria algo relevante, porque, pra mim, sou mulher desde sempre. Mas depois do que aconteceu, em vez de supor que vai dar tudo certo e criar expectativa, eu só conto e me preparo pro pior. Não queria te magoar, é só que dói menos assim.

— Faz sentido, Yoon... muito. Só... preciso absorver um pouco. — Fez uma pausa reflexiva, mas, ao ponderar suas palavras e sentir o olhar de Yoonji pesar em si, acrescentou: — Não seu gênero, princesa, só a conversa. Eu tô ligado que é meio egocêntrico da minha parte querer que tu confiasse tanto em mim a ponto de nem esperar que o pior rolasse. Mas acho que disso o tempo cuida, sabe? E, enquanto isso, vou te provar que você pode confiar em mim.

Ambos trocaram um olhar significativo, um sorriso pequeno e banhado de tristeza brincava em seus lábios, pois reconheciam a dor um do outro ao mesmo passo que enxergavam esperança refletida nas íris, carinho derretendo a expressão. Relaxaram ao se sentirem. Daria tudo certo.

— Gosto disso. E a gente pode conversar mais dela também... Da minha transsexualidade. Pra eu te dar mais confiança de volta, algo assim. Não quer saber? — Yoonji deslizou sua mão pelo banco e sorriu ao senti-la sendo enlaçada pelo calor de Taehyung.

— Quero saber tudo que você quiser me contar, porque eu quero saber tudo de você, Yoon — Taehyung disse e levou a outra mão até o rosto da mulher pela qual se apaixonara, puxando-o para mais perto a fim de deixar um beijo na bochecha macia. Yoonji derretia com cada um daqueles toques de carinho e aceitação. — Mas você não precisa me contar pra gente avaliar se continua o nosso relacionamento ou não.

— Nem se eu fiz ou não redesignação? — sussurrou, imersa na atmosfera de cumplicidade criada por Taehyung. Sentia-se tão bem. Arriscou beijar a bochecha dele de volta, sentindo o sorriso nascer no rosto alheio através do toque.

— Não, só quando e se quiser. Tô bem com qualquer um dos dois.

— Entendi...

— Sou completamente apaixonado por tu, princesa. — Fitou-a bem de pertinho, amando o brilho nos seus olhos afilados favoritos. Deixou um novo beijo, agora no nariz pequeno.

— É mesmo... — Ela suspirou em concordância e subiu a mão pelo braço dele, deixando uma carícia, até repousá-la na nuca. Em êxtase com tal proximidade, embrenhou os dedos nos fios ruivos que tanto adorava. Na verdade, adorava cada detalhe de Taehyung. — Também sou completamente apaixonada por você...

— Que sorte a minha. — Deu uma risadinha e seu hálito provocou os lábios de Yoonji, tão próximos. Ela não pôde evitar de fechar os olhos, e Taehyung logo a seguiu, querendo mapeá-la com os outros sentidos.

— A nossa — ela murmurou antes de avançar, colando os lábios tão necessitados um do outro, e tão livres com o prelúdio de toda uma jornada de confiança.

Vibraram de euforia com cada toque. Todos os encaixes pareciam certos. O da boca, o das mãos, o da calidez bondosa e o da compreensão que prometera crescer ainda mais.

»»💼««

Primeiramente, muito obrigada meu amor arabelluv pela leitura sensível do final desse capítulo e do começo do próximo (e pela paciência, porque ele leu em setembro do ano passado a-)! Você é tudinho pra mim!! 🥺 e leiam a fifico dele: I am a BOY que inclusive vai virar livrinho físico pela Editora Violeta!

Bem, eu adoro esse capítulo! O Jin e a Yoonji são personagens muito preciosos para mim e fico feliz de mostrar mais um pouquinho deles para vocês! 

Aaaaaaaaaaa animada para o próximo capítulo também!! (em que inclusive vamos saber o que o menino Goo anda fazendo da vida. Vocês estão com sdds dele ?)

Qual foi a cena favorita de vocês? A minha já deve estar óbvia, né? Os Jinmin juntinhos hsuahuashuas

Muito muito muito obrigada por acompanharem, comentarem, votarem, surtarem comigo na #JKNãoUsaGravata do twitter, no instagram, e serem TUDO PRA MIM! 😭 amo vocês!

Beijinhos de luz e até 05/03, às 19:00! Amo vocês!

Okumaya devam et

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