[ P.O.V JOHN ]
Assim que ouço o relógio tocar, me levanto da cama com rapidez. Fiz todas minhas higienes e troquei de roupa, tomei um breve café da manhã e logo sai do hotel. Eu não poderia nem sequer pensar em perder aquele trem, paguei a mensalidade do hotel e logo peguei um taxi. Enquanto o carro se apresava para chegar antes das 9hrs na estação de trem, eu pensava nas inúmeras palavras que queria dizer a Hanna.
Eram tantas que eu sentia dificuldade em conseguir expressar tudo. Mas o principal de tudo, eu única coisa que eu queria era abraça-la e dizer que ela era a única mulher que eu queria pelo resto da minha vida. Que não importava o que acontecesse, eu jamais desistiria de nós.
[...]
Assim que chego em frente a estação, pago o taxi e pego minha mala no porta malas. Me
Dirijo para dentro a estação e vou diretamente para a minha linha, o trem ainda não havia chegado para o meu alívio. Mas não demorou muito até que isso mudasse, entrei no trem e deixei minha passagem com o funcionário que ficava na porta.
Fui até o meu assento e me sentei, a viagem seria longa, então optei por um assenti na janela para que assim eu pudesse me distrair com a vista. Alguns minutos depois o trem saiu.
[...]
Enquanto o trem andava em uma grande velocidade, meus olhos se perdiam nas diversas paisagens. Eu estava me sentindo como um adolescente, que iria se encontrar o seu primeiro amor. Depois daquela conversa com aquele senhor, que por pura coincidência se chamava James, eu tive a total certeza de que Hanna era a mulher que eu queria para a minha vida.
Ouvir ele contar sobre todos os seus anos com ela, um vida toda ao seu lado até que a morte os separou. Ele contando sobre o maior presente que ela lhe deu, seus filhos. Era isso que eu queria, mesmo em meio a tanta guerra, a tanta violência em meio ao mundo que vivemos. Hanna era minha paz e com ela eu queria construir uma família, e fazer por ela tudo o que não fizeram por mim.
Acabei pegando no sono em meio ao caminho e quando acordei já havia chegado em Londres. Levantei e peguei minha mala, logo saindo do trem e seguindo para a saída. Fui até um telefone público e liguei para a casa de Tommy.
— Alo? - O mesmo atende.
— Preciso que venham buscar algo na estação. - Falei sem rodeios.
— O que? John? - Fala confuso.
— Eu mesmo! - Falo em um tom brincalhão.
— Como assim buscar algo na estação? Em que caralhos você se meteu John?! - Ele diz curioso e sem paciência como sempre. - Eu não vou mandar buscarem nada!
— Vai mesmo fazer seu irmãozinho ir até em casa a pé então? - Brinquei.
— Espera... - Ele disso confuso. - VOCÊ VOLTOU?? - Se anima.
— Voltei, foi um erro ter ido embora daquele jeito. - Suspirei.
— A Hanna já sabe? - Pergunta.
— Ainda não. - Nego com a cabeça.
— Acabei de mandar o Curly ir levar o seu carro. Temos MUITO o que conversar! - Ele diz eufórico. - Você deveria ter me escutado antes de ir embora feito um louco.
— Não vejo a hora de ouvir tudo, tanto de você, quanto da Hanna. - Falo.
Ficamos conversando por mais uns minutos, até que finalmente a ligação se encerasse. Mais ou menos uma hora depois Curly chegou com o meu carro e eu peguei o volante, dirigindo diretamente para casa de Tommy.
[...]
Chego em frente a grande casa e com rapidez saio do carro, assim que entro vou para o escritório. Abro a porta de Tommy com força, afim de anunciar com animação minha chegada.
— JOHN! - Finn corre até mim.
— Estou de volta! - Falo abrindo os braços e abraçando o garoto.
— Já era hora. - Tommy diz se aproximando com um sorriso no rosto.
— Senti falta de vocês. - Abraço Tommy também.
— FINALMENTE O FILHO PERDIDO VOLTOU PRA CASA! - Ouço Arthur gritar da porta.
— Arthur seu maluco! - Corro até ele e o abraço.
Nos sentamos ali e então eles começaram a me atualizar de tudo o que aconteceu enquanto eu estive fora, das coisas mais engraçadas, até as coisas mais sérias. Após eu ficar a par de tudo sobre os negócios, Eu e Tommy ficamos a sós e então eu ouvi atentamente tudo o que ele falava. A cada palavra sua era como se eu visse tudo se encaixar, tudo tinha um por que. E infelizmente pela maldade de terceiros, isso foi usado contra mim e Hanna.
— Deve ter sido tão difícil pra ela lidar com tudo isso sozinha... - Me sinto culpado.
— O desgraçado Theo obrigou ela a não contar a ninguém, essa era a condição pra ela finalmente saber quem era o seu irmão. - Tommy conta.
— Filho da puta... - Falo nervoso, fechando os punhos. - Se eu o ver eu juro que o mato!
— Se ele ousar a em aparecer de novo vai sr arrepender. - Tommy diz com firmeza. - Mas o
importante é que você já sabe de verdade e que voltou.
— Eu nunca deveria ter ido. - Negona cabeça. - Devia ter escutado o que ela tinha a dizer primeiro.
— Agora já foi, o importante é vocês se resolverem. - Ele me tranquiliza. - Eu vou ligar pra ela e avisar que você voltou.
Tommy então pega o telefone e liga para o The Empire, a ligação é atendida por uma secretária que nos disse que Hanna havia saído para uma reunião de negócios. Tommy então optou por deixar um recado na caixa postal, dizendo então que eu estava de volta e estaca em sua casa.
Meu principal plano ao chegar era primeiramente ver Hanna, mas como a mesma estava ocupada e eu nem sabia aonde estava, mudei meus planos. Enquanto Hanna não aparecia, eu voltaria a ativa nos negócios, aproveitando que ainda estava cedo e eu poderia ter um dia "produtivo".
Eu e Arthur então decidimos ir até birmingham ver como andava a casa de apostas. Não enrolamos muito e entramos no carro, para assim voltarmos cedo a tempo dr anoitecer, quando possivelmente Hanna estaria já livre.
[ P.O.V HANNA ]
[...]
Chego no The Empire e subo imediatamente para o meu escritório. Eu estava exausta após horas de negociações, era estressante negociar com um bando de homens que estão acostumados a sempre estarem no controle. Mas essa ainda era a sociedade em que vivíamos, e a cada dia mais as mulheres estavam ganhando seu espaço em qualquer lugar que quisessem.
No fim consegui me impor com firmeza e deixei claro minhas cláusulas, deixando claro que não seria feita de boba por nenhum deles. Entro em meu escritório e me jogo na cadeira de couro, que com meu impacto acaba girando um pouco para o lado. Enquanto descanso decido ouvir meu recados e assim o faço, aperto no respectivo botão e encosto a cabeça na cadeira.
Com os olhos fechados eu ouço cada um dos recados, todos sobre negócios ou convites para eventos. Mas foi o último que me chamou atenção e me fez abrir os olhos, a voz era de Tommy.
— Hanna o John voltou! Assim que ouvir esse recado venha pra minha casa, ele quer te ver. - Diz animado. - Eu já contei tudo e ele ouviu os seus recados.
No mesmo momento abri os olhos e senti meu coração errar as batidas. Ele ouviu todos os meus recados e voltou, eu não podia acreditar. Sem demora me levanto, pego minha bolsa e saio do escritório. Desço para a entrada do The Empire com rapidez e entro meu carro. Eu estava me sentindo como uma adolescente, que iria ver o seu primeiro amor.
Eu acho que é o destino, pessoas que devem ficar juntas, fazem uma pausa e ai encontram o caminho para o primeiro amor. E lá estava eu, dirigindo pelas ruas de Londres, a caminho do meu. Não importava o que acontecesse, parecia que eu e John sempre acabávamos voltando um para o outro.
[...]
Chego finalmente na casa de Tommy e de maneira eufórica desço do carro e corro até a porta. Não demorou muito para que a porta fosse aberta e eu entrasse, a empregada logo me disse que todos, inclusive John estavam no escritório. Caminhei então até lá e assim que fui chegando perto da porta que parecia estar entre aberta, acabei por ouvir o que falavam, o que me fez parar.
[ JOHN P.O.V ]
Eu e Arthur passamos a tarde na casa de apostas e assim que anoiteceu resolvemos ir pra casa. Assim que chegamos na casa de Tommy, noa deparamos com a família toda em seu escritório, o que me causou estranheza.
— Aconteceu alguma coisa? - Falo arqueando a sobrancelha.
— Tivemos a confirmação hoje. - Tommy diz seriamente. - Os Cooper estão por trás da morte do James. - Engole a seco.
— Então não foi mesmo um ataque qualquer... - Falo raciocinando. - Demoramos mas finalmente descobrimos a verdade.
— Isso não está certo. - Ada se manifesta.
— O que? - Arthur pergunta.
— Esconder da Hanna por todo esse tempo! - Ela diz nervosa.
— Ada você não entende...! - Tommy bufa.
— Como vocês acham que ela vai reagir quando descobrir que todo esse tempo nós escondemos dela que a porra do avô e do pai dela mataram o James?! - Fala alto.
— Foi melhor assim! - Tommy continua com sua opinião.
— Você sempre tenta resolver tudo sozinho. Mas acaba esquecendo de que ela já é uma mulher e merecia ser a primeira a saber das suspeitas! - Ada continua com o debate. - Ela não é mais uma garotinha Tommy... - Suspira.
— Eu sei Ada, eu sei... - Suspira olhando para o alto e senta.
— Devíamos ter contado a ela... - Arthur diz passando a mão na testa.
Foi então que ouvi um barulho e assim que olhei para a porta vi algo que me fez estremecer, Hanna estava se segurando na porta, com os olhos cheios de lágrimas. Eu não sabia o que fazer, apenas a encarei e fiquei paralisado.
[ P.O.V HANNA ]
Eu não podia acreditar no que estava ouvindo, naquele momento eu senti uma das piores sensações da minha vida. Eu não tinha mais controle dos meus movimentos, fiquei paralisada, meu coração batia maia forte do que nunca e meus olhos se encheram de lágrimas, eu nem sequer piscava.
Eu não sabia o que mais estava doendo, saber que todo esse tempo eu estive ao lado dos assassinos do meu tio, ter total certeza de que os Cooper são piores do que eu pensava e não tinham salvação, ou saber que não sei quanto tempo os Shelby's me esconderam isso.
Eu estava tão perplexa que acabei por sentir minhas pernas tremerem, o que me fez bater na porta, causando um barulho que anunciou minha chegada. Me segurei então na porta e encarei todos aqueles olhos que me encaravam, me prendendo por último ao de Joh.
— Como vocês puderam... - Falei passando meu olhar por eles.
— Hanna... - Ada diz surpresa.
— Até você John?! - Falo chegando perto do mesmo.
— Hanna, eu... - Gagueja.
— Hanna me escuta, você tem que confiar em mim! - Tommy diz tentando ma acalmar com as mãos.
— Confiar em você?! - Falo de forma irônica, deixando as lágrimas escorrerem.
— Sim! - Afirma com a cabeça.
— EU CONFIEI EM VOCÊ! - Grito. - E você me traiu! - Aponto para ele.
— Nos deixem a sós por favor. - Tommy diz olhando para mim.
Todos continuaram em silêncio, e o clima ali estava mais tenso do que nunca. Eles então sairam um por um, John parecia querer ficar, mas foi puxado por Arthur.
— Eu nem sei o que ainda estou fazendo aqui. - Falo andando em círculos.
— Fui eu quem resolveu te esconder tudo.Se quiser me odiar, tudo bem! Mas isso é entre nós dois. - Diz seriamente.
— Esse é o problema Tommy! Eu não quero te odiar. - Nego com a cabeça. - Por que se eu te odiar, então nada mais me resta! - Deixo uma lágrima cair.
— Ainda somos família Hanna. - Se aproxima e eu dou um passo para trás.
— Pra que serve a família quando eles te apunhalam pelas costas?. - Abro os braços.
— Nós queríamos te proteger, James faria o mesmo... - Polly diz entrando.
— Ele está morto! E sabe o que o matou? - Minha voz falha por conta do choro. - Família! Amor! Eu! - Bato com força eu meu peito. - Então se vocês se importam com essa família, fiquem longe de mim! Por que eu sou sobrinha do meu tio... - Divido meu olhar entre eles. - Mas eu não vou cometer os mesmos erros.
— Ele ficaria tão envergonhado. - Polly diz se aproximando.
— Esse ódio todo, essa vingança...Isso é o seu pai. - Tommy diz me olhando.
— NÃO FAZ ISSO! NÃO OUSE ME COMPARAR COM ELE! - Grito aos prantos. - Quer saber... - Falo indo até a porta.
— Aonde você vai?! - Tommy grita.
— TERMINAR O QUE COMECEI! - Respondo saindo.
— HANNA NÃO FAÇA NENHUMA BESTEIRA! - Tommy vai atrás de mim.
Sem lhe dar ouvidos eu saio do escritório e rapidamente atravesso o cômodo, logo chegando na porta. Assim que saio para fora da casa, ouço alguém me chamar.
— Hanna! - John corre até mim.
— Eu estava voltando pra você, John. - Olho para ele. - Porque eu te amo.
— Ainda sou eu! Ainda podemos ser nós! - Ele diz se aproximando.
— Como?! - Abro os braços. - Você mentiu mim!
— É tudo mentira de qualquer jeito Hanna. - Diz olhando para mim. - O meu casamento, a porra do legado! - Abre os braços. - Mas a gente não, o que eu sinto por você é a coisa mais real que eu já senti na minha vida! - Bate no peito.
— Eu não consigo salvar a gente, meu Shelby, nós desmoronamos... - Digo mantendo uma distância. - Talvez o nosso destino seja esse. - Me viro.
— Hanna por favor! - Chama por mim.
— Eu preciso pensar John, preciso de um tempo. - Falo indo em direção ao carro.
Enquanto ando até o carro, ainda posso ver de relance o mesmo parado me olhando. Entro no carro e permaneço com o olhar no volante, para assim não olhar para John pelo vidro. Saio então com o carro rapidamente e dirijo até o hotel, eu não iria ficar lá por muito tempo, apenas pegaria algumas coisas e iria terminar o que começaram, os Cooper teriam o que mereciam naquela noite.
[...]
Chego no hotel e vou para a minha suíte, eu não fazia a mínima ideia do que iria fazer. Então por alguns minutos apenas me sentei no sofá e tentei processar tudo, minha mente estava uma bagunça, como se eu visse tudo de forma diferente agora. Dentro de minha cabeça agora soava uma voz alta, que a todo momento dizia que a culpa era toda minha, que se não fosse por mim meu tio ainda estaria aqui.
A voz não parava e parecia cada vez ficar mais alta, eu estava entrando em desespero, senti a vontade enorme de chorar voltar e não pude a controlar. Com as mãos na cabeça comecei a chorar, enquanto olhava para o chão. Era como se aquela dor intensa do luto voltasse, como se eu estivesse vivendo novamente aquela primeira fase. Ouço então a porta da suíte der aberta e rapidamente Ethan atravessa a porta e corre até mim.
— O que faz aqui? - Olho pra ele.
— Tommy me ligou. - Ele diz se sentando ao meu lado. - Vem aqui, vai ficar tudo bem... - Me abraça.
— Por que essas merdas sempre acontecem comigo? - Choro em seu colo. - Sabe do que eu mais tenho medo Ethan?
— Do que? - Ele diz.
— De que isso comece a mudar quem eu sou. Eu passe a não sentir mais nada. - Suspiro. - Se eu passar a nem sentir a dor da perda de alguém? E se eu me tornar uma daquelas pessoas insensíveis a vida? - Entro em desespero. - Eu não quero ser essa pessoa Ethan!
— E você não vai, porque eu não vou deixar! - Segura meu rosto e olha em meus olhos.
Ficamos por um tempo ali até que Ethan conseguisse me acalmar, com sua insistência eu acabei aceitando ir para a cama, aonde ele ficou comigo.
— Pessoas que importam pra mim tendem a morrer e eu tento não me aproximar mais das pessoas... - Falo apoiando os braços nas pernas. - Essa é a sua chance de correr.
— A culpa não é sua Hanna. - Segura minha mão. - E eu nunca vou te deixar!
— É difícil ficar sozinho...Mas também é difícil amar as pessoas, acho que essa é a armadilha. - Falo encarando a lareira.
— Armadilha? - Ethan pergunta.
— É, a armadilha particular em que todos vivem. Precisamos das pessoas, mas essa necessidade pode nos destruir. - Observo o fogo se alastrar na madeira. - Quando nos importamos com alguém, isso nos domina, talvez fosse melhor não sentir mais nada.
— Hanna olha pra mim! - Vira meu rosto e se levanta. - Eu não posso trazer de volta as coisas que você perdeu. Mas eu vou ser sua família! - Seu olho enche de lágrimas. - Isso eu posso fazer! Eu te prometo, eu te prometo... - Olha no fundo de meus olhos. - Eu vou fuder com esse mundo. Eu vou virar ele de cabeça pra baixo, por você! - Acaricia meu rosto. - Pra você não morrer! - Sua voz falha.
Sem dizer nada eu apenas o puxei para um abraço. Ethan ficou comigo por mais um tempo até que eu "dormisse". Após pensar que eu realmente tinha dormido, o mesmo foi para o sofá e de deitou ali mesmo. Assim que vi que seu sono já estava pesado, me levantei e apenas coloquei um sobretudo preto por cima do pijama.
— Me desculpe Ethan... - Sussurro olhando para ele. - Mas eles merecem. - Saio do quarto...
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