Aaliyah
19 de Setembro de 1968
Não espero nenhum segundo a mais para correr até o meu amigo e abraçá-lo com força. Contudo, Frank gemeu de dor e me afasto dele. O seu braço está imobilizado, mas não vejo nenhum gesso, apenas uma tipoia. Além disso, ele está com um curativo na testa. Porém, continua o mesmo Franklin, o meu melhor amigo e o sorriso apaixonante está em seus lábios.
— Meu Deus, Frank me desculpe — peço imediatamente e ele sorri para mim. — Como você está?
— Estou bem agora — garante e aceno com a cabeça. — Você está mesmo uma musa.
Sorrio envergonhada e isso faz o meu amigo sorri mais. Então Frank olha para Harry. Olho para trás e o moreno parece surpreso por está vendo Stuart. Seus olhos brilham e eu não faço ideia do que ele está pensando. Se ele está alegre ou não. Mas tem que estar, afinal é Franklin.
— Frank — a voz de Harry sai como um sussurro. O moreno dá passos lentos para perto do nosso amigo. — Caramba Frank, você se machucou sério? — Pergunta preocupado olhando para o braço dele e depois para sua testa.
Suas sobrancelhas se movem e ele volta a olhar para os olhos de Stuart.
Sei muito bem que Harry quase nunca admite cem por cento tudo que sente e pensa. Às vezes ele age mais do que fala, mas sempre foi algo notório para mim que o moreno sempre se preocupou com Frank e que o fato de estarmos demorando a receber notícias dele o deixou preocupado. Só que Franklin está aqui, em pé e inteiro. Apesar do braço machucado.
— Uma bomba explodiu perto de onde eu estava. O estilhaço foi no meu braço e eu pensei que fosse perder o braço — explica e suspira. — Mas eu estou bem — garante.
Harry acena com a cabeça e evidentemente ele está nervoso. Ele me olha e depois para Frank.
Gostaria muito de empurrá-lo para ele abraçar Stuart porque evidentemente ele quer isso.
— Se você me abraçar eu não vou te morder — brinca.
Chris e eu rimos.
Harry passa a língua nos lábios e acaba abraçando Stuart.
— É muito bom ver você — Frank fala olhando para Harry e os dois sorriem.
Uma sensação estranha percorre pelo meu corpo. Eu estou sim feliz por ver o Franklin aqui e bem, mas me questiono se o meu amigo ainda sente algo pelo Harry e se o britânico sente algo por ele também. Algo que pode ser forte o suficiente para eles voltarem.
Porque talvez, o moreno tenha estado comigo apenas para superar as saudades e a dor da separação que teve. Isso é possível?
Não deveria pensar nisso, é egoísmo porque o Franklin está vivo, está bem e eu quis tanto que isso acontecesse. Afinal, Stuart é o meu melhor amigo e essa amizade importa mais do que meu relacionamento com Harry.
— Cadê o Bailey? — Franklin pergunta olhando para Chris.
— Saiu com a namorada, mas quando chegar vou avisá-lo. Ezekiel deve estar dormindo, estivemos em uma festa ontem — o mais velho explica e Frank sorri.
— Nem acredito que vocês realmente me substituíram — brinca e fico olhando para ele. — A sorte é que foi por Ezekiel e ele é um gato.
Acabo rindo do meu amigo, mas Stuart não mentiu, Zeke é bem bonito mesmo. Contudo, não digo nada disso, porque Chris fala primeiro:
— Vou deixar vocês sozinhos, tenham juízo — o mais velho fala e sorri.
Dessa forma, ele sai do quarto deixando nós três no quarto. Eu me sento na cama e Frank olha para mim e para Harry.
— Quais são as novidades? Vocês me contaram algumas coisas nas cartas, mas eu sei que deve ter mais — ele sorri e se senta na poltrona.
O moreno passa a língua nos lábios e me olha e depois para Frank. Então ele sorri.
— Ally ficou chapada ontem — Harry diz e Frank me olha sorridente.
— Sério?! — Meu amigo fala surpreso e eu tampo meu rosto envergonhada. — Ficou chapada com o quê?
— Cogumelos mágicos — o moreno fala e Frank ri.
— Isso existe? — Olho para o meu amigo e ele ri mais. — Não acredito que perdi isso — diz sorridente e então olha para Harry. — E foi assim que você conseguiu esse chupão no pescoço, Styles?
Silêncio.
Olho para Harry e depois para Franklin.
— Frank — chamo e meu amigo nega com a cabeça e sorri.
— Eu já imaginei que isso fosse acontecer, mas é sério? Digo, faz tempo que vocês estão juntos?
— Desde maio — respondo e o mais velho acena com a cabeça e olha para Harry.
— Isso é estranho — diz e respira fundo. — Mas não é horrível, eu matei pessoas. Isso é horrível.
— Franklin — Harry o chama e ele nega com a cabeça. Vejo as lágrimas em seus olhos e isso me machuca.
— Em um mundo cheio de atrocidades, dois amantes querem apenas se amar, uh — Frank fala olhando para Harry e eu não entendo isso, mas parece afetar o moreno.
O britânico dá um passo para trás. No entanto, Franklin não se levanta ou parece bravo. Sinceramente e infelizmente ele parece triste e isso me deixa triste também.
— Vocês são meus amigos — Stuart fala e fico olhando para ele. — E eu senti saudade de vocês, senti saudades do Chris e do Bailey. Eu senti saudades da Megan pegando no meu pé sempre eu olhava para qualquer cara bonito — ele ri baixo e as lágrimas caem do seu rosto. — Vocês são meus amigos e isso não pode mudar, porque a vida é frágil. E a felicidade, a alegria e o amor são os sentimentos mais puros. Quero que vocês sintam apenas isso, porque o que eu vi e o que eu fiz... — Franklin para de falar e soluça.
Não espero nenhum segundo a mais e vou até o meu amigo para abraçá-lo, dessa vez eu o abraço com cuidado porque não quero machucá-lo ou fazer ele sentir dor.
Stuart respira fundo e eu agarro sua camisa e respiro fundo também. O cheiro é diferente, não é o seu perfume, é outra colônia e eu sei que ter ido para guerra deve ter mudado ele de alguma forma. No entanto, quem está me abraçando é o mesmo homem que me ajudou antes quando eu estava em cacos e eu não vou abandoná-lo.
— Eu senti tantas saudades, Frank — fungo e me afasto olhando para meu amigo. Ele segura meu rosto. — E você também merece esses sentimentos, você também merece um pedaço do sol, ou melhor, ele inteiro.
Então Frank sorri e beija minha mão. Eu fico sentada no colo dele.
— Aaliyah você não tem ideia de como senti sua falta — sorri e olha para Harry. Também olho para o moreno e ele está segurando o choro. — Mas só isso que aconteceu? Apenas o fato de que Aaliyah ficou chapada? Preciso saber mais.
Sorrio e então começo a contar para meu amigo no dia que me encontrei com Bruno Herrera na lanchonete de Megan. Também conto para o meu amigo em mais detalhes sobre o reencontro com meu pai.
Harry conta quando fomos na mesma festa que a Susan Hall e Frank disse que viu o poster do novo filme dela.
Dessa forma, nós conversamos e contamos coisas para Franklin e aquilo pareceu deixá-lo mais leve.
Sinceramente, nós três ficamos mais leves e depois de Harry e eu termos contato bastantes histórias para o nosso amigo, foi a vez dele nos contar.
Franklin disse que não voltará para casa, a mãe dele acredita que a sua alma irá ao inferno, mas que não gostou da forma de como o Albert o tratou. Portanto, Stuart não voltará para a casa dos pais, mas ele também não se sente seguro para voltar para Astromélia. Ele tem medo de que Clinton tenha espalhado a notícia do motivo da sua ida e não quer sofrer linchamentos. Harry foi rápido em pedir para Stuart ficar.
Eu concordei com aquilo e tenho a certeza de que Bailey, Chris e Zeke não achariam ruim de Frank nos acompanhar por essa tour. Afinal, Franklin é o nosso amigo e conhece todos.
Stuart, entretanto, disse que ia pensar, que queria saber o que os outros meninos iam achar, mas estava certo de que ele ficaria conosco até o fim da nossa tour, bem pelo menos se depender de mim e dos outros meninos, Frank ficará.
Além disso, depois de todas as apresentações da banda temos a promessa garantida de que vamos assinar um contrato para fazer mais discos.
Quem sabe Frank não possa participar disso também, bem, tem Ezekiel e ele está se dando muito bem conosco também. Porém, ele sabia que era temporário. Entretanto, essa é uma situação delicada e que deve ser conversada com calma.
O que importa mesmo é que Frank está bem e se estar bem é estar conosco, que ele fique conosco.
O meu amigo já foi para uma guerra. Portanto, ele precisa apenas de paz agora.
21 de Novembro de 1968
A melhor coisa de ser jovem talvez seja o fato da facilidade de despertar.
Não penso em acordar, venho acordando tarde porque venho dormindo de madrugada, então acordar cedo é um desafio e tudo que quero é dormir mais e mais.
O ponto da facilidade de despertar não é esse e sim sobre a facilidade de despertar meu corpo em animação ao sentir toques.
Não sei se isso é uma coisa de jovens porque ainda não estou velha para saber.
Contudo, facilmente me vejo animada quando os toques de Harry começam. Os seus dedos acariciam a minha pele sem segundas intenções até se tomarem esse rumo. Os seus lábios me beijando e meu corpo ficando quente.
Logo, nós dois ficamos entre os lençóis ou em qualquer espaço vazio que nos couba e abrigue todo o nosso desejo também.
Não sei como, talvez seja a paixão envolvida, mas eu desperto facilmente com isso e a juventude me faz sentir energia para continuar com ele por horas.
É apenas delicioso senti-lo.
Minhas unhas arranham sua pele.
Ele vem para mim facilmente e os gemidos de prazer saem na minha boca.
Saem da boca dele também.
Nossas peles ficam suadas e o outono está na metade, mas o calor permanece aqui.
Por fim, o prazer simplesmente chega em uma onda de eletricidade transmitindo um certo tipo de espiritualidade por todo o meu corpo. Só que nem sempre acaba nisso e nós continuamos, às vezes trocamos conversas por longos minutos e depois voltamos para os toques.
Toques esses que fazem meu coração arder e meu corpo se perder no fascínio que os toques de Harry me transmitem. É selvagem, é delicioso e sinto que apenas flutuo entre um universo construído pelo prazer e pelo encanto.
No entanto, esta noite, Harry está me dando um prazer diferente. Enlouquecedor do mesmo jeito, mas diferente.
A sua língua está me tocando de uma forma calorosa. Isso me faz ficar inquieta e borbulhando no prazer.
— Mais — peço ofegante, eu estava quase lá.
Eu já conseguia sentir o suor em minha testa. Os meus dedos estavam segurando o lençol enquanto minha outra mão agarra o seu cabelo.
Estava desesperada sentindo o prazer e quando os olhos verdes do britânico me encontram, sinto o meu coração acelerar mais. Suas órbitas verdes imersas no fogo e eu mergulhava nesse calor e tudo que eu sentia deixava revigorada.
Eu me sentia bem demais.
A língua de Harry quente e úmida volta a me tocar, despertando em mim uma líbido surreal. É excitante e eu apenas chego ao meu clímax. Meu corpo inteiro treme por esse novo tipo de prazer e um gemido arrastado sai de meus lábios enquanto a minha mão agarra o lençol com mais força. Me sinto contrair e Harry beija minha coxa sorrindo contra minha pele.
Ainda sinto esse prazer que me faz subir e cair, eu me desfaço em um oceano de jubilação.
— Você é maravilhosa, Ally — Harry diz e beija minha barriga.
Sinto meu corpo se arrepiar. Estou ofegante no momento e não consigo respondê-lo.
Os lábios de Harry percorrem a minha barriga e ele me agarra pela cintura. Deitada naquela cama eu estava totalmente entregue a ele e não me arrependo porque estava sentindo prazer. O moreno beija meu seio e eu agarro seu cabelo.
Encurvo minhas costas quando sinto a mão dele voltar para minha intimidade.
É a facilidade do despertar.
Harry chupa meu seio e passa a língua em meu mamilo e eu suspiro baixinho.
Volto a deitar na cama e Harry fica entre as minhas pernas. Levanto uma delas e seguro o rosto do moreno o encarando.
— Você é incrível — digo depois de recuperar meu fôlego. Ele sorri e me beija.
O moreno sabe exatamente o que fazer para me dar prazer, sei que ele aprendeu isso porque esteve com várias outras pessoas. Contudo, não consigo me importar com isso, apenas agradecer. Porque vem sendo bom.
Harry beija meu queixo e depois me dá um selinho.
Ele também está suado e talvez um pouco mais cansado do que imaginei. De todo modo, ele se deita no outro lado da cama e me puxa para ficar perto dele.
— Aaliyah — me chama e levanto a cabeça para olhá-lo. — Você acredita em almas gêmeas?
Havia sido uma pergunta curiosa.
— Acredito sim — digo e passo meu dedo pelo tronco de Harry. Fico olhando para ele. — E você?
Ele me encara. Seus olhos verdes brilham me encarando, é lindo. É espiritual e sinto um aperto em meu peito.
Nem sei porquê, de alguma forma doía e havia um sentimento dentro de mim, agitado e ansioso para sair e crescer mais. Eu via essa agitação nos olhos de Harry também, só que tudo se acalma quando ele segura a minha mão e diz:
— Honestamente, eu não acreditava em almas gêmeas até te conhecer.
Novamente nós nos beijamos, os seus braços agarram o meu corpo e ele beija. Porém fomos interrompidos ao escutar o som da porta batendo.
— Harry! Aaliyah! — Bailey nos chama.
— O que foi? — Harry responde.
— Nós vamos nos atrasar para o show! Vocês se esqueceram?!
Caramba, o show!
Os olhos de Harry se arregalaram também e nós dois realmente nos esquecemos de que hoje seria a nossa primeira apresentação em Nova Orleans.
— Nós já estamos indo!
Harry grita enquanto nós vestimos nossas roupas rapidamente.
— Vocês tem dez minutos ou vamos sem vocês — o mais novo ameaça e não temos outra alternativa.
Harry e eu nos arrumamos em tempo recorde.
{•••}
Tivemos uma apresentação espetacular em Nova Orleans, ficamos para assistir o show de David, como sempre ficamos.
Frank estava lá conosco.
Além disso, quando falamos a Jack que Stuart iria conosco, o mais velho não se importou desde que Franklin não traga problemas. Isso não está acontecendo e quando ensaiamos, o nosso amigo nos ajuda, inclusive ele e Zeke tem se comunicado bem.
Eles gostam da bateria e os dois são bem tocando e quando trabalham juntos se dão bem também.
Então, as coisas estão apenas indo bem.
E eu estou em Nova Orleans, o lugar onde eu nasci, cresci e perdi minha mãe e meu irmão. Estar aqui é assustador, mas quando eu estava me apresentando e quando estava com Harry no quarto de hotel, tudo estava bem, eu não estava preocupada. Não estava me lembrando tanto de Khalil ou da minha mãe.
Só quando o show acabou e nós terminamos de ver a apresentação de David. Nós saímos da casa de show. Eu vi aquela rua, eu conheço esse lugar. Meu irmão morreu duas quadras daqui, porque o confundiram com um ladrão, lugar errado na hora errada.
Eu conheço esse lugar, porque minha mãe ficou internada em um hospital a trinta minutos daqui e morreu de parada cardíaca quando eu tinha apenas quatorze anos.
Eu conheço esse lugar.
Khalil e eu andávamos pelas linhas do bonde, correndo e brincando.
Eu conheço esse lugar, já fui para perto dos pântanos, já fui para loja de doces na próxima rua.
Eu conheço esse lugar, a marcenaria do meu pai também não fica longe.
O bar que Travis bebia também não fica tão longe de onde estamos, na verdade é apenas subir a rua e virar na terceira entrada à direita.
Eu conheço esse lugar e tenho tantas memórias.
— Ally — Harry me chama e segura minha mão. Olho para ele. — Tudo bem?
— Sim — respiro fundo e vejo Frank se aproximar, ele já tirou a faixa do braço, mas ainda precisa de um tempo para se recuperar mais. — É estranho estar aqui, parece a mesma coisa e Khalil morreu a duas quadras daqui.
Harry aperta minha mão e beija o topo da minha cabeça.
— Eu sinto muito — o britânico murmura.
— Sinto muito — Frank também diz e olho para meu amigo. — Tem algum lugar que você gostaria de ir? Está tarde, mas podemos ir amanhã.
Tem minha tia e minha avó. Talvez eu devesse visitá-las, já faz tanto tempo.
— Na verdade, tem um lugar que eu gostaria de ir.
Continua...
O que a Aaliyah quis dizer sobre a facilidade do despertar:
A gente só espera que ela esteja tomando os medicamentos certo né?
Notas: Oi oi meus anjos como vocês estão? Espero que todas estejam bem :)
O que acharam do capítulo? E o que acham que essa visita da Aaliyah na casa da tia e da vó podem suceder, em algo bom ou ruim?
Espero que estejam gostado. Não se esqueçam de deixar seus votos e comentários. Até a próxima. Anna. Xx