Viúva Negra | L.S

By the_noemimutti

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Todos homens temiam seu nome. Idolatravam sua postura. Seguiam suas regras. Harry Styles era o braço direito... More

A Jornada Começa Aqui
01. Homem de Princípios
02. A Morte dá Tchau
03. Desafiando o Diabo
04. Quebrando a Banca
05. Louvado seja Satã!
06. A Deusa da Morte
07. Súplicas Perdidas
08. Fogo Cruzado
09. Com Unhas e Dentes
10. Lar Maldito Lar
11. O Pai da Mentira
12. Flores Álcoolicas
13. Onde Judas Morre Antes
14. Sob Rédeas Curtas
15. O Lobo Atrás da Porta
16. O Verdadeiro Alfa
16,5. Nargot
17. De Frente com o Diabo
18. Vestíbulo do Inferno
19. Chamas na Escuridão
20. Incendiado
21. Jardins da Babilônia
23. Corrida Contra o Tempo
24. Eu te Devoro
25. Entre a Cruz e a Espada
26. O Rei Renasce
27. O Caos que nos Une
28. Quando a Luz Toca
29. A Solidão Que Nos Habita
30. Você Vai Me Destruir
31. Imortais & Fatais
32. Doce Criatura Cruel
33. Tudo por Amor
34. Como Atlas
35. Lobo em Pele de Cordeiro
36. Anaconda
37. Em conversa de malandro...
38...otário não se mete
39. Encruzilhadas
40. Bonnie & Clyde
41. De Volta ao Jogo
42. Romeu & Julieta
43. As Rosas Não Falam
44. Demônio Noturno
45. A Fúria
46. A Toca do Coelho
47. Afrodisíaco
48. Xeque-mate
49. Eu Sobre Mim Mesmo
50. O Amor Que Nos Destruiu

22. Deus e o Diabo na Terra do Sol

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By the_noemimutti

Oi! Cheguei agora da facul e ja vim atualizando para vocês.

Leiam com "Demons - Imagine Dragons"

Aviso de gatilho a conteúdo sensível e envolvendo drogas

Tenham uma boa leitura, y'all.

"Ela disse que eu sou o maior homem do mundo

Mas o que me mata é tão pequeno

Olha o tamanho de uma bala

Não é sobre o que se recebe

E sim sobre o que cê devolve

Não adianta inspirar vida se você expira vala."
— Djonga.

HARRY EDWARD STYLES - P.O.V

Um cheiro de café vinha da cozinha quando eu acordei naquele dia tão atípico.

Primeiro que as cortinas estavam abertas, deixando a claridade bater no meu olho e me acordar de forma irritada. Segundo que Louis, o mais preguiçoso, tinha levantado mais cedo do que eu no sábado.

Estranhei.

Esfreguei os cabelos, ponderando se valia a pena cortá-lo já que estava me irritadiço ter que amarrá-lo toda vez que entrava em meus olhos. Além de que em campo bloqueou minha visão.

É, eu iria cortá-lo e logo depois pintar as unhas que estavam horríveis naquele tom preto e descascado. Será que azul mecânico seria bom? Ultimamente era uma cor que me atraía muito.

Azul.

Assim que dobrei o corredor da casa, observei Louis na cozinha enquanto fazia café e estava com fones no ouvido, se remexendo bem lento com a música indie que escapava a batida pelos fones. Ele estava vestindo uma camiseta de alguma das séries geeks que ele assistia até a coxa e sem nada além da roupa íntima por baixo, com meias felpudas e os cabelos todo bagunçados.

Não pude evitar rir ao vê-lo bater o dedinho na quina da parede e enfiar dois morangos de uma vez na boca com chantilly com ódio.

— Oi — disse com a voz rouca, ainda acordando. Louis, como sempre, pulou de susto quando me viu.

— Você precisa aprender a andar fazendo barulho — retorquiu estressado.

E lá tinha começado a perturbação...

— Eu fui treinado por samurais. A principal regra é aprender quando atacar e quando fazer barulho — divulguei a informação.

Era um dos motivos de eu simplesmente nunca ter conhecido Louis e seus amigos antes. Sempre morei no Japão.

Louis franziu o cenho, depois enfiou mais um morango na boca, apoiando uma das pernas na coxa.

— Isso fez muito sentido com o fato de você ser tão silencioso, até mesmo atacando.

— Há muitas coisas que você não sabe sobre mim.

— Você nunca deu brechas para eu saber — deu de ombros. — Quer café?

Assenti, sentando na mesa que já estava montada e esfreguei os olhos com sono. Nós aprendemos a dividir as tarefas, então algumas vezes eu arrumava o café da manhã e ele em outros dias.

A mesa estava montada só com o que nós comíamos: frutas, castanhas, torradas, chá e café. Eu não costumava sentir fome cedo e quase todos os dias comia uma fruta com café antes de ir para meu trabalho tedioso trabalhar para pessoas tediosas.

Queria mais que tudo ir embora daquela missão. Viúva parecia quieto demais, e por dentro, duvidava que era isso que ele queria. Fazer Louis se acostumar conosco, criar laços de novo com os amigos, voltar as amizades para parti-las.

— Aqui. — Ofereceu a jarra para eu colocar na mesa e eu peguei, levando um susto quando um dos garfos caiu no chão.

Meu coração chegou a pular da boca de susto.

Não pelo garfo em si, mas por simplesmente ter a visão de Louis William Tomlinson agachar para pegá-lo sem dobrar o joelho, expondo levemente o contorno de sua bunda e suas coxas.

Apertei a quina da mesa, engolindo em seco enquanto desviava a visão tão rápido quanto pus meus olhos. Mesmo que Louis fosse um cara muito irritante, ele ainda era um ômega muito bonito e bem avantajado em seus dotes.

E eu não era de ferro.

— Harry? — chamou Louis, estalando os dedos na minha frente.

— Hã... Oi. — Tossi a garganta, o encarando como quem estava acabando de sair de um devaneio.

Exclui a parte que era um devaneio sexual.

— Você está meio verde — observou com graça. — É o quê? A visão das minhas pernas te deixou sem jeito?

Filho da puta.

Às vezes esquecia como os Tomlinson eram. Demasiados inteligentes, estrategistas e manipuladores. Obviamente aquele garfo tinha caído de forma proposital e eu tinha acabado de entregar numa bandeja que ele me excitava.

Isso era um grande problema.

— Você vai muito longe para saber se desperta a minha atenção, Lou — destilei o apelido como veneno. — Acho que está levando a tradição de consorte de nossas famílias a sério demais.

Ele piscou os olhos de um jeito cínico, sentando na minha frente e ainda fazendo questão de cruzar as pernas em posição de meditação, mostrando toda a pele de suas coxas.

Semicerrei os olhos, me negando a cair em seu joguinho tolo.

— Não vai querer misturar ódio com sexo, Louis. Não vai gostar do resultado — avisei mesmo sabendo que não era de sua intenção sexo propriamente dito, e sim, saber que era desejado por mim.

— Talvez eu goste — piscou um dos olhos.

— Você só quer alguém para acariciar seu ego e porque está muito tempo sem beber e transar — ditei com tédio, sem me deixar levar. — Não vou ser seu novo vício.

Ele ficou em silêncio, desmanchando o sorriso cretino aos poucos e me surpreendendo, desfez as pernas e encheu a xícara de chá. Achei realmente que ele iria me rebater com suas respostas ácidas e curtas, contudo, Louis pareceu preferir ficar quieto.

— Não vai falar nada? — sussurrei meio abismado, sem conter.

Ele encolheu os ombros, bebericando seu chá com calma.

— Se espera que eu desminta o óbvio, vai ficar esperando.

— Então realmente só me procuraria para sexo fácil porque está estressado? — A proposta parecia insana demais até para mim.

Louis foi tão taxativo no quanto repudiava a ideia de eu tocar seu corpo de qualquer forma que não fosse profissional, que a princípio achei que fosse uma de suas brincadeiras para me irritar.

Ele realmente falava sério.

— Três dias com a Stacie aqui e você já quer abrir as pernas para mim? O que ela tem? Hipnose? — comentei sarcasticamente e ele riu, parecendo concordar com algo.

— Não foi bem a Stacie. Foi o fato de que eu simplesmente desisti.

— Como?

— Desisti de ir embora, Harry. Desisti. Vou ser um Tomlinson — disse com a voz cansada. — Não adianta remar contra a maré se eu só quebro meu barco nesse processo. Sou resistente, não burro. Cansei de me pintar de santo, tentar sair de um lugar que obviamente eu nasci para estar, de me encher de preceitos que não são meus para deixar outras pessoas felizes. Simplesmente desisti de fingir ser algo que eu não sou.

Pisquei os olhos, meio confuso.

Isso tudo aconteceu em três dias? Eu dormi tanto assim?

— E por que está me contando isso? — Empurrei a dúvida devagar, meio incrédulo que escutava aquilo.

Porque um fardo é mais fácil se for dividido por dois — recitou a mesma coisa que Lauren vivia dizendo. — Somos líderes e futuros maridos. De verdade. E durante esse tempo conseguimos comprovar que podemos nos dar bem juntos e firmar uma parceria, como seu pai e sua mãe.

Franzi o cenho, mais confuso que cego em tiroteio.

— Ok... Estou perdido.

Ele suspirou, encarando a xícara de forma descontraída. Por fim, parecendo ponderar sobre algo, ele saiu da mesa e foi até nosso quarto, voltando cerca de cinco minutos depois com algo nas mãos.

— Isso aconteceu.

Um monte de fotos foram jogadas na minha frente que chegou a me impressionar. Analisei algumas com cuidado, pegando e observando cada fragmento que continha nas curvas, nuances e cores delas.

Me assustei a princípio, e depois levantei meus olhos até Louis que tinha um sorriso triste nos lábios.

— Quem são? — perguntei finalmente, ouvindo Tomlinson suspirar resignado.

— Meus amigos de New York e meus ex-parceiros românticos. Todo mundo que eu me importo, inclusive gente da Ordem. Ele deu mais uma mensagem. Provavelmente deve ter visto que Stacie está aqui e deduziu que eu fosse retornar com ela.

— Você volta e todos eles morrem. — Ele assentiu. — Viúva te quer aqui. E nem faz sentido, já que ele não faz nada sobre isso. Você praticamente peregrinou pela cidade inteira, invadimos sistemas da polícia e de rede locais, tomamos conta de Doncaster toda e esse filho da puta não deu nem sinal de fumaça!

— Não estou entendendo a tacada dele e para ser sincero eu nem quero. Viúva é só mais um que resolveu mexer com a minha paciência em um momento crítico e decisivo. Vai existir mais dele e não posso me manter com amigos que não saibam se proteger. Não posso negar que nasci, treinei e sou um assassino cruel e sangue frio.

Fiquei em silêncio, escutando o desabafo dele:

— Se foda. Se é isso que me infernizaram tanto para ser, então que seja. Se eu tiver que casar com alguém que eu mal suporto e trepe com ela para ter herdeiros, então que seja. Eu simplesmente cansei.

— Louis...

— Eu desenvolvi transtorno de despersonalização por conta dessa merda toda. Tive que assistir minha infância escorrer pelos meus dedos, meus amigos virando meus soldados e tendo que punir eles, sendo feito de escravo pela minha própria mente. Se é isso que ele quer, então QUE SEJA.

Parecia tanto um grito de liberdade que até meu lobo se remexeu, me deixando mais empático da forma que ele falava e menos racional. Fechei os olhos e passei os dedos pelos lábios, tentando entender o que de fato tinha acontecido.

Stacie tinha ido dormir na casa de Lauren de novo e Lottie se mandou para o Palace Hotel, parecendo meio decepcionada ao ver que as duas tinham se dado tão bem.

Ou era isso ou o cheiro de sexo que saía dos poros de Stacie toda vez que voltava da casa de Lauren de manhã.

Fazendo as contas, ele tinha recebido essa carta hoje de manhã.

— Por que realmente saiu da Ordem? — Finalmente perguntei de novo, e diferente da última vez, Louis pareceu demonstrar sinceridade ao conversar comigo.

— Já ouviu falar dos Lobos Sanguinus?

— O mito dos assassinos? — ri baixinho, porque era o maior folclore dentro do nosso mundo.

Louis permaneceu sério.

— Quando nosso mundo foi criado, um erro de genética em um dos laboratórios foi catastrófico ao misturar um dos lobos que tinha uma doença de raiva hereditária com o sangue humano, criando um lobo quase impossível de controlar. E sem cura.

— Louis... — murmurei estarrecido ao ver onde aquela conversa levava.

— O lobo conhecido pelos olhos negros e pêlos tão marrons que quase parecem vermelhos sangue. Sem saber o que estavam criando, em um dos laboratórios mais clandestinos em uma das cidades mais pacatas da Inglaterra...

— Doncaster — interrompi ao perceber que era a cidade do mito.

Louis apenas suspirou, continuando.

— Um dos lobos fugiu com sua parceira, se refugiando nos confins da cidade. O que obviamente precisava ser dito é que o lobo precisa de sangue. É como abrir um lacre de algum vírus que se espalha pelo ar, e para esse lacre abrir, você precisa de sangue. Vincent Austin matou sua esposa, deixando seu filho órfão de mãe e carregando o genes adiante.

Ele colocou a mão na tatuagem de lobo inconscientemente, parecendo engolir acônito ao continuar a história que parecia bem demais até para ele saber.

A versão fora dos livros de biologia.

— Todos os genes que passaram na família Austin, encontrou Troy. Meu pai e xerife da cidade de Doncaster. A pior merda que se pode juntar é um lobo maníaco e um profissional com armas — engoliu em seco. — Ele conheceu então a colegial Perséfone.

— Perséfone? — Era um nome tanto caricato para uma pessoa.

— Minha mãe biológica era filha de pais historiadores e amantes da cultura grega e romana. Minha mãe nasceu com esse nome porque parecia uma força viva e por ter sobrevivido à morte quando nasceu de um parto muito prematuro. O coração dela parou e depois do meu avô implorar para que os deuses a trouxessem de volta, ela retornou chorando a plenos pulmões.

— Achei que não conhecesse sua mãe. Seu pai o adotou muito cedo.

— Não conheci minha mãe biológica bem, porém conheci meus avós posteriormente. Alguns fragmentos da minha infância são lembrados, mas devido a como eu era novinho demais, algumas lembranças podem ser falsas.

— Então seus avós te contaram essa história?

— Eu queria saber porque ela partiu — suspirou. — A princípio seu nome era Cora, porém ao renascer do submundo, meu avô trocou para Perséfone.

— Isso é incrível — reconheci, pois conhecia do mito da deusa Cora que ao entrar no submundo e comer a romã, foi condenada a ficar lá embaixo para sempre sendo Rainha Infernal ao lado de Hades.

Louis sorriu desanimado, parecendo guardar uma nota de cansaço em sua voz. Deveria ser triste ouvir tantas histórias incríveis sobre sua mãe e nunca ter tido a chance de conhecê-la.

— É, todos dizem isso dela.

— Sinto muito pela sua perda — disse verdadeiramente, porém Tomlinson fechou os olhos, assumindo a postura imperturbável de sempre e vestindo sua armadura.

— Troy se apaixonou por Perséfone — continuou a história, ignorando minhas condolências. — E ela se apaixonou pelo diabo. Todos falavam de como ela era um gênio da computação e matemática, sendo recrutada para futuras faculdades de excelência nos Estados Unidos. Dentre todas elas, a...

— Faculdade de Nova Iorque — reconheci pelo sorriso leve que ele soltou. — Por isso você gosta tanto de lá. Era o sonho da sua mãe?

Louis assentiu, soltando um suspiro ao continuar:

— Só que dos namoricos e beijos, surgiu uma gravidez indesejada. Meus avós a expulsaram de casa e Troy que estava sendo treinado pela polícia, assumiu a guarda da minha mãe e morou com ela. Ela era dois anos mais nova que ele, então quando ele quase estava acabando o treinamento da polícia, ela estava saindo do ensino médio.

— Nossa. Uma criança.

— E não demorou muito para os socos e machucados aparecerem. Não demorou muito para todos perceberam o brilho dela se apagando e os roxos prevalecendo. Meus avós tentaram resgatar ela, porém ao ver que eu nasci, minha mãe fugiu.

— Para Londres — conclui acompanhando seu raciocínio.

— Sim. E sendo uma adolescente fugida com uma criança renascida em uma cidade tão grande, não restou nada além da prostituição para ela. Minha mãe tinha só o ensino médio, sendo ômega, sem marca e com um filho sem pai era quase o passaporte para a miséria.

Ele deu uma pausa, bebendo seu chá que parecia já estar gelado antes de continuar a prosa:

— Ela me criou com o que pode durante os anos, mas estava definhando. Não é um ramo fácil, ainda mais com uma criança que era um gênio e com genes de um assassino. Ela percebeu que eu era diferente das outras crianças e fez de tudo para tentar me integrar no mundo dela. Foi quando Mark me encontrou.

— Certo. E como você foi parar com ele?

Louis desfocou a visão, parecendo sentir muita dor ao dizer aquilo:

— Ela me vendeu — disse simplesmente. — Pegou o dinheiro e desapareceu. Me deixou na mão de Mark e me pediu perdão quando foi embora, e saiu. Não queria ser mãe e nem continuar naquela vida.

Senti meu coração afundar ao ouvir aquilo, tendo a plena certeza que aquele poderia ser um dos maiores traumas. Tentei transparecer mais empatia, porque apesar de ser racional, Louis estava abrindo um dos seus maiores traumas.

Ele estava consolidando nossa parceria como chefes da Ordem. Juntos.

Abrir seu coração para esses tipos de trauma, sem pedir absolutamente nada em troca, era um voto de confiança explícito. Não era como sexo e casamento, não; ele consolidou através de palavras que realmente era um Tomlinson.

Um Tomlinson líder da maior máfia britânica.

Era um adeus ao conto de fadas de NY.

— Você está confidenciando isso a mim porque sabe que... — murmurei meio solto, sendo bombardeado por um excesso de informações.

— Foi numa noite meio turbulenta. O bar estava cheio, minha mãe dançando no pole dance enquanto caras a tentavam tocar e eu estava no bar no canto jogando xadrez com quatro anos — riu levemente. — Homens entraram com armas altas, muito altas. O dono do prostíbulo estava na minha frente e ele levou simplesmente um tiro certeiro na testa. Explodiu sangue para todos os lados, inclusive na minha jardineira amarela. Gostava muito dela, porque era uma das poucas roupas que minha mãe pode comprar com o dinheiro dela.

Enquanto ele tomava um fôlego, me permiti pegar um cigarro e oferecer, totalmente compenetrado na história que ele contava.

Louis sorriu de lado, aceitando o cigarro e acendendo antes de empurrar outro para mim que foi aceito de bom grado.

— Por isso detesto armas. Fiquei assustado e procurei minha mãe pelo olhar, porém Amber me viu no meio do tiroteio e me puxou para debaixo da mesa, me segurando até que acabasse. — Era totalmente a cara da minha tia fazer isso. — Minha mãe estava me gritando, me procurando tortuosamente e Amber a puxou para debaixo da mesa também. Ela estava com o braço machucado de um tiro de raspão e um alfa que a queria, tentou puxá-la para levar junto com as outras meninas do prostíbulo.

— E minha tia te defendeu?

— Não — negou amargamente. — Meu lobo assumiu o controle e eu usei a voz de ômega pela primeira vez. O alfa riu, e se interessou por mim e pelo preço que eu poderia ter. Tantos anos da minha mãe tentando manter em segredo e eu expus de uma vez. Meu lobo precisa ser constantemente controlado.

— E assim Amber propôs dar proteção para você.

— Sim. Só que minha mãe não quis ir junto. Lembro dela me pedindo desculpas antes de simplesmente... me vender para uma desconhecida.

Nem mesmo uma lágrima escorreu dos olhos de Louis, apenas a seriedade quando bateu as cinzas do cigarro devagar, pensativo.

Era uma história pesada. Bem pesada.

— Sou da linhagem dos lobos sanguinários. Minha transformação é horrível, parece que estou sendo rasgado de dentro para fora. A princípio, Mark não queria que eu ficasse na Mansão Tomlinson até conversar comigo pela primeira vez e eu vencer ele no xadrez. Cinco vezes. Tudo isso com quatro anos.

— Ele te adotou pelo seu potencial — conclui.

Ele concordou.

— Ia ser mais como um soldado de confiança, porém criamos um laço muito intenso de proteção e ele me adotou. Nunca, nem mesmo por um segundo, ele me destratou como filho. Eu sou um Tomlinson, mesmo que não tenha saído propriamente do sangue deles.

— Mark fala de você até para os quatro ventos, se deixar — confessei, meio ciumento.

— Ele me ama como filho. Me criou exatamente como todos os outros, me dando até mais carinho por conta de ser o primogênito dele.

— E sua mãe?

Louis engoliu em seco, dando de ombros.

— Fui atrás do seu paradeiro e achei o laudo da morte dela. Suicídio. — Ele deu mais um trago, antes de continuar: — Nunca tive chance de dizer que a perdoava. Que eu sei que ter um filho naquelas circunstâncias e vivendo daquele jeito, não me deixou rancoroso. Eu a perdoei quando tinha dezessete anos.

— Algo em particular aconteceu?

— Assumi a maior operação daquele momento. Fui líder de um comboio de armamentos e invadi a rede do FBI, conseguindo acesso a armas restritas e bombardeios. Minha missão era eliminar um grupo dos Serpentes no Iraque, e a localização era errada. Me ludibriaram. Taquei uma bomba em direção a uma escola.

Arregalei os olhos, parando com o cigarro na boca totalmente chocado.

— Não tinha ninguém, só o edifício. Só que aquilo me traumatizou ao perceber que eu era tão perigoso e minha inteligência não era uma dádiva e sim uma maldição.

— Por que está me contando tudo isso?

— Porque você vai ser meu futuro marido e parceiro de negócios. Para isso, preciso que você entenda com quem está lidando — disse simplesmente.

— Do nada? Acordou, recebeu essa ameaça e resolveu que iria cooperar com a Ordem?

Aquela história não tinha me descido.

Ele, muito calmamente, soprou o cigarro com a expressão clara de desistência e cansaço nítido.

Eu poderia me sentir vitorioso por ver que tinha vencido a aposta e o tinha devorado, porém só conseguia sentir pena.

Piedade de Louis Tomlinson e seu fardo.

— É como carregar o peso do mundo nos ombros e... — suspirou. — Ameaçaram minhas irmãs. Minhas gêmeas e Lottie. Minha Lottie, entende? O irmão de Stacie. Cansei de vestir a bata de santo e agora vou vestir minha capa de Diabo.

Me arrepiei ao ouvir aquilo, principalmente quando seus olhos viraram negros como seu lobo.

Como seu sangue assassino.

— Quero que seja meu parceiro de negócios — disse com a voz séria, profissional. Aquele era um líder. — Não me importo o que terei que fazer. Cansei de ficar sentado, me ver sendo chutado de um lado para o outro e ficar esperando as pessoas tomarem as rédeas da minha vida. Se eu sou bom matando e liderando, sendo um filho da puta astuto, então isso que eu vou ser.

Senti algo estranho ao ouvir aquilo.

Minhas mãos tremeram e eu senti minha boca secar, me tornando levemente tonto. Pisquei meus olhos, observando meus dedos parecerem mais como patas do que realmente dedos.

Que porra?

— Quero que me ensine a controlar meu temperamento como o seu — pediu polidamente. Era até engraçado ouvir aquilo com ele naquelas roupas de geek. — Pode fazer isso?

Minhas mãos suarem frio e parecia que eu estava sofrendo uma leve taquicardia. Eu iria me transformar?

— Posso. — Cocei a garganta, meio perdido. — Claro que sim.

— E a transformação. Só conseguia fazer usando drogas e pretendo me manter limpo de qualquer tipo de substância.

Assenti.

Louis deu o último trago no cigarro, levantando os olhos aos meus com uma frieza extremamente calculada.

Algo tinha acontecido para o ter feito sentar, assumir a postura definitiva de líder tão de repente. O que tinha acontecido naquela manhã que o fez mudar de ideia?

Então me ocorreu...

— Louis, cadê a Stacie? — perguntei ao finalmente ver que a garota animada não estava ali como todas as manhãs desde que chegou.

Estava até acostumado com a faladeira dela e o modo como perturbava todos com os gatos que adotou e como foram as aulas de Louis na escola.

Pelas minhas contas, ela iria embora amanhã com Lottie.

— Louis? — perguntei novamente e ele simplesmente fez um gesto indicando as fotos.

Abri as últimas, não entendendo o motivo da sua falta de fala. Organizei as imagens e fui passando com rapidez, achando o que ele se referia na última foto.

Nunca imaginei que veria Louis Tomlinson derramando uma lágrima até aquele momento tão marcante quando uma única escorreu dos seus olhos tão azuis nublados.

Uma foto de Stacie em um dos seus vestidos caretas — como Lottie dizia, amarrada nos pés e mãos com uma fita na boca e desacordada.

Uma única mensagem atrás:

"Começou a caça ao tesouro, Tomlinson. Seu relógio está rodando: tic tac, tic tac. A cada tic, uma parte do corpo dela. A cada tac, um segundo a menos de vida.

— Viúva Negra."

Um soluço quebrantou o ambiente no mesmo momento que ele estourou uma xícara na parede com força.

— Levaram ela, Styles. Levaram a minha Tatá.

— Ei, nós vamos encontrá-la. Não acho que ele vá fazer algo. Parece estar querendo brincar com você, Louis.

Ele ao menos me ouviu, só cravou as garras na mesa com a feição de puro ódio no rosto.

O nariz empinou, o peito estufou, os olhos totalmente negros e lupinos viraram-se para mim de forma voraz.

— Aceita ou não aceita? — Respirei fundo, ponderando. — Ser meu parceiro. De verdade. Como a Ordem requer.

— Você está se equivocando e sendo levado pelas emoções...

— Não perguntei o que você achava — cortou rudemente. — Perguntei se você aceita. Sim ou não?

Mordi os lábios, sem saber o que fazer. Era uma ótima proposta e que eu vinha tentando persuadir a muito tempo e sendo sincero, eu precisava pensar na Ordem.

Ainda era o futuro líder dela assim como Louis. Ele só estava facilitando o caminho.

— Aceito — disse por fim, apertando sua mão fria e suada.

Ele sorriu cruelmente.

— Que ótimo. Porque agora quem está aqui é Louis Tomlinson, líder da Ordem, gênio e assassino filho da puta. Vou estripar tudo o que eu ver pela frente.

A voz de ômega começou a dar sinais de vida e meu lobo sacudiu, me fazendo automaticamente rosnar em resposta à afronta de poder.

Louis pareceu se divertir.

— Mande Lauren trazer um computador. Vou acabar com o sistema desse filho da puta.

Todos tinham o consenso que Louis jamais hackeou de novo depois de anos. Agora eu sabia o motivo, porém mesmo assim não me deixou de chocar.

— Certo. Vou acionar meus contatos no Palace. Recebeu a ameaça a quanto tempo?

— Duas horas mais ou menos — mensurou com uma careta pensativa.

— Entendido. Vou mobilizar a equipe tátil.

Antes de levantar da cadeira, escutei Louis proferir bem baixinho:

— Você é meu aliado agora. E só tem uma única regra com quem trabalha comigo de verdade, Styles.

O tom gélido fez até minha espinha esfriar e eu franzi o cenho, observando ele levantar o rosto e me encarar do jeito verdadeiro de um Tomlinson que poucas vezes vi em Mark quando realmente ficava puto.

— Qual?

— Não me peça para ter misericórdia — ditou com a voz de ômega, baixa e autoritária.

Naquele dia tive a verdadeira impressão de que estava diante do próprio Diabo.


NOTAS DA AUTORA: É.

Louis assumindo as rédeas da própria vida. Eu disse para aproveitar a calmaria porque ela era breve! Eles agora vão ficar mais parceiros de crime do que nunca.

Sei que a mudança de personalidade do Louis é muito brusca, mas se vocês forem um pouquinho analíticos, verão que ele flui muito entre ser um santo e ser o diabo. É um dos aspectos e armadura psicológica que o cérebro dele automaticamente criou por conta do trauma.

Por isso, às vezes ele veste uma capa e outra. Não tem nada ver com dupla personalidade — que é um transtorno — e sim com adaptação ao meio. Ele é uma pessoa vestida de traumas e o cérebro dele age a pressão assim: assumindo a postura mais fria e calculista possível.

Não esqueçam desses traços psicológicos dele! Vai fazer coesão quando eu fechar o arco do Louis e do Harry no final da estória. Não descartem NADA!

Prevejo surtos com o futuro dessa história a partir dessa decisão do Louis rs.

VEJO VCS NAS FIGURINHAS!!

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