Efêmero ϟ Potterverso

By EvanoraCaligari

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Carregar o sobrenome Greengrass era uma tarefa tão desagradável quanto vantajosa, especialmente quando uma de... More

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By EvanoraCaligari

Paciência era uma virtude que Daphne se orgulhava de ter na maior parte do tempo. E isso a sustentou pelos minutos que se seguiram, sentada na antessala do escritório do ministro. Apresentara um relatório detalhado cinco dias antes, escrito madrugada adentro, com um Lucius seminu na cama do bordel, contando tudo o que sabia sobre o envolvimento de Avery com artigos das trevas. "Uma coleção invejável", dissera Malfoy, e de fato havia inveja rondando o cinza dos seus olhos.

— Lembro-me de ele se gabar desse frasco de perfume em uma das reuniões. — Lucius acariciou a coxa de Daphne ao falar. — Queria criar um segundo Grande Incêndio em Londres, mas precisava de tempo para produzir a poção em grande escala. Alguns contratempos aconteceram nesse interstício e atrasaram os planos. Acho que teve dedo de Snape.

Malfoy detalhara as informações sem qualquer cerimônia. Despejou a verdade crua como se falasse banalidades. Daphne, por sua vez, transcreveu o suficiente para Avery se tornar um alvo fácil dos aurores. Quando terminou, deixou que Lucius a envolvesse pela cintura para então ela assumir o controle. Largou-o dormindo e chegou em casa antes de o sol despertar.

— Srta. Greengrass. — O secretário de Shacklebolt estava parado ao lado da porta entreaberta. — O ministro requisitou sua presença.

A sala tinha apenas uma cadeira vazia e uma pessoa em pé, que, por coincidência ou não, era a superior de Daphne e chefe do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas. Além da Srta. Prosser e de Kingsley, o atual responsável pelo Departamento de Execução das Leis da Magia, Dalbert Jenkins, encarava-a da poltrona em frente à mesa de Shacklebolt.

— Boa tarde, Srta. Greengrass. Sente-se, por favor.

A voz grave do ministro não indicou irritação ou nervosismo. Daphne suspeitava de que ele fosse incapaz de transmitir algo do tipo, pela forma tranquila como sempre se apresentava.

— Consideramos de bom tom informá-la em primeira mão que Avery foi encontrado e apreendido. Tivemos cuidado para a notícia não chegar ao Profeta Diário ou certos... — Kingsley e Prosser se entreolharam — tabloides ainda. Ele estava na exata localização que você nos relatou.

Daphne suspirou e esboçou um sorriso discreto. Esperava que os três ali interpretassem aquilo como felicidade ou alívio em saber da prisão do comensal, e não como a percepção clara de onde Kingsley desejava chegar com a informação.

— Isso é excelente, Sr. Ministro. Obrigada.

Ele assentiu e entrelaçou os dedos sobre a mesa.

— Não há de quê. No dia em que notificou a Srta. Prosser, acrescentou que a fonte da informação fora Lucius Malfoy. Está correto? Ele dividiu com você o que o motivou a falar? — Daphne correspondeu a encarada de Shacklebolt sem pestanejar. — Digo isso porque tentamos contar com a cooperação do Sr. Malfoy em vários momentos no pós-guerra e ele sempre se mostrou reticente em dividir seu conhecimento, ao contrário de Draco.

A bruxa deixou escapar um som de concordância.

— Lucius e eu não partilhamos de grande intimidade. — O coração sequer acelerou ao soltar aquela mentira. — Nosso vínculo vem da união das famílias através de minha irmã e Draco, de onde, acredito eu, nasceu a necessidade de reavaliar a própria postura diante do ministério. Do que pude observar, Lucius Malfoy cometeu erros terríveis, mas ama o filho.

"Talvez não deseje que o rapaz carregue o estigma de escolhas forçadas a ele. Draco, eu digo. Relacionar o sobrenome a uma atitude nobre, ao menos uma vez, já é um começo. Talvez só queira se aproveitar da situação para cair nas boas graças do senhor, Sr. Ministro."

Shacklebolt sorriu, recostando-se na cadeira, e Daphne respondeu da mesma forma, sentindo que o assunto estava encerrado por ora.

Ao ser dispensada, tomou o caminho da Central de Obliviação com a Srta. Prosser ao lado. O silêncio não a enganou. Ao saírem do elevador, a chefe do departamento a chamou para uma área menos movimentada.

— Sua atitude rendeu comentários. Bons comentários. — Prosser, assim como o ministro, falava pausadamente, mas de forma incisiva. — Renderá frutos em um futuro muito próximo. É o que deseja?

— Sim.

Daphne deixou que a resposta saísse sem pensar, levada apenas pelo instinto, e isso, ao julgar o sorriso da chefe, agradou Prosser.

— Não se envaideça para os demais. — Daphne concordou e se surpreendeu quando a outra bruxa se aproximou um pouco mais. — E aumente o nível de discrição das suas ações. Não quer que o seu futuro seja manchado por comportamentos descuidados cometidos no presente.

A Srta. Prosser se despediu com uma encarada marcada pela sobrancelha arqueada e deixou Daphne paralisada no corredor. Não sabia como a chefe descobrira, mas a escolha que teria que fazer terminou se adiantando.

Ela engoliu em seco, ajeitou os poucos vincos na roupa e marchou para a Central de Obliviação com a resposta ao dilema na ponta da língua.

Daphne sabia dizer com exatidão a última vez em que a mãe lhe dera um sorriso sincero. Era uma manhã ensolarada de agosto e a família tinha acabado de receber uma cópia do Profeta Diário, com o rosto de Daphne estampado na primeira página. O repórter fora tendencioso e melodramático na hora de narrar o feito da "jovem sonserina ao sacrificar a própria segurança para salvar a irmã."

A Sra. Greengrass emoldurou o jornal e o Sr. Greengrass o pendurou entre as fotos da família, na parede junto à escada. Ortygia botou a mão no ombro da filha mais velha e aquiesceu, com um sorriso discreto. Daphne não soube como reagir ao gesto e isso não mudou quando viu a mãe sorrir outra vez, anos depois, ao ler a carta de elogio que recebera do ministro.

— Um jantar. Precisamos fazer um jantar para comemorar.

Daphne não se meteu na decisão, mas fez questão de riscar alguns nomes da lista de convidados.

No horário marcado, bruxos começaram a chegar e coube a Ortygia e Peneus recepcionarem todos. Astoria os acompanhou, na intenção de ser a primeira a receber Draco e os Malfoy. Enquanto isso, Daphne ignorava o fato de ser a pessoa homenageada àquela noite, deitada na cama e com um cigarro queimando entre os dedos. A fumaça entrou nos pulmões uma última vez e ela enfim se levantou. Um feitiço simples e os vestígios de nicotina sumiram.

O vestido verde, tomara que caia, possuía uma fenda reveladora na perna esquerda. Felizmente, a mãe estaria entretida demais com os convidados para chamar sua atenção.

— Aí está ela. — Daphne precisou de todo o autocontrole para não revirar os olhos diante de Horace Slughorn.

Com o primo de sua mãe, e velho professor de Poções, iniciou-se uma série de cumprimentos longos, sorrisos forçados e perguntas constrangedoras vindas de tias distantes. Divisou alguns dos nomes que riscara da lista, como já esperava. Afinal, a mãe nunca levaria sua opinião a sério, não importando quantas homenagens recebesse.

Enquanto fingia escutar os comentários elogiosos de um tio qualquer, o olhar de Daphne se prendeu em Astoria, risonha, de braços dados com Draco. Foi então que uma epifania lhe acometeu. Muito em breve não teria mais a presença apaziguadora da irmã naquela casa fria. Estaria presa ali, com a mãe narcisista e o pai displicente. A aflição floresceu e fincou raízes no peito. Cercada por toda aquela gente que não despertava uma gota de interesse, a bruxa tomou uma decisão.

— O que a nova queridinha da Prosser está pensando? — Alguém sussurrou em seu ouvido.

— Que um uísque seria melhor que esse champagne. — Ela acompanhou Nott com o olhar até ele parar na sua frente.

— Parabéns pela jogada de sorte. Não pensei que o Sr. Malfoy fosse, um dia, ser capaz de cooperar de verdade com o ministério. O que Lucius ganhou com isso?

Pela primeira vez, Daphne percebeu a inveja de Nott voltada a ela. A mediocridade profissional de Theodore não era grande o suficiente para causar uma realocação ou rebaixamento. Ao contrário de Daphne, ele sempre esperava que um caso importante caísse no seu colo em vez de demonstrar um pouco de empenho. Era de se esperar que não tivesse gostado de ver os holofotes na colega de trabalho.

— Pergunte a ele.

— Ah, vamos lá. Esta é a sua noite. Sem mau humor.

— Tem razão. — Ela entregou a taça pela metade a um dos garçons. — Melhor eu achar uma fonte de entretenimento antes que o tédio me mate. Aproveite a minha noite, Nott.

Ela piscou para Theodore e se afastou.

Ortygia chegou a puxá-la para algumas rodas de conversas antes de iniciar de vez o jantar. Depois de alguns brindes, a comida foi servida.

Sentada à mesa, notou Lucius pela primeira vez, sentado ao lado de Narcissa. Daphne desviou a atenção e evitou que o olhar dos dois se cruzasse. Os dois não se viam desde um breve esbarrão pelos corredores do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas. As palavras de Prosser retornaram, lembrando-a do encerramento que promoveria em breve, mas não naquela noite.

Duvidava de que ele fosse se opor. Os dois se divertiram, Daphne ganhara notoriedade, Lucius limpara algumas manchas na honra da família. Ganhos de ambos os lados. A bruxa preferiu observar as interações inocentes entre Astoria e o cunhado, deixando escapar um sorriso ou outro.

Quando o jantar chegou ao fim, as mulheres se reuniram no boudoir da Sra. Greengrass enquanto os homens seguiram o Sr. Greengrass para a sala de estar. Daphne ajudou a despistar o casalzinho apaixonado e, em seguida, fugiu para a varanda do segundo andar. Acendeu um novo cigarro e se apoiou com os cotovelos no parapeito. O céu estava limpo e pontilhado de estrelas. Astronomia não era o seu forte, mas gostava de observá-las, belas e distantes.

— Não gosto que entrem no meu quarto sem um convite — Daphne disse, sem olhar para trás, ao ouvir os passos e o ruído leve da bengala indo de encontro ao chão.

— Terá que me perdoar. Não tive a chance de parabenizá-la pelo logro. — Lucius não ousou encostar no parapeito e correr o risco de sujar as vestes. — O orgulho da família, fazendo o que for preciso para conseguir o que deseja.

Homens de astúcia que usam quaisquer meios para atingir os fins que antes colimaram — Daphne cantarolou a canção do Chapéu Seletor e Lucius deu-lhe um sorriso torto.

Daphne terminou o cigarro sob o olhar insistente de Malfoy sobre ela. A guimba voou para longe e, antes que tocasse o chão, Lucius a puxou e a beijou. Foi intenso o suficiente para fazê-la esquecer do que prometera a si mesma. Os lábios deslizaram pela garganta de Daphne, os dentes a mordiscaram, tracejando o caminho até a curva do pescoço. Ele afastou os cabelos da bruxa e inspirou fundo seu perfume.

Quando ele a pressionou contra o parapeito, ela deixou e suspirou ao senti-lo erguer seu joelho e encaixar-se entre as suas coxas.

— Aqui não — murmurou Daphne, ausente de vontade em parar.

Por um segundo, abriu os olhos e observou os cabelos loiros se afastarem do seu rosto em direção aos seios. No mesmo instante, uma movimentação prendeu a atenção no terreno da mansão. Daphne abriu a boca e balbuciou algo que nem ela foi capaz de entender até empurrar Lucius para trás e se recompor.

— O que está fazendo? — Ele ajeitou os cabelos, ofegante.

Daphne se debruçou no parapeito, porém não havia mais nada lá.

— O que houve? Eu a machuquei? — continuou Lucius.

— Tinha alguém ali. — Daphne afastou uma mecha de cabelo do rosto.

— O quê? — Ele se juntou à bruxa na procura. — Quem?

Daphne tentou umedecer os lábios secos, mas a saliva secara.

— Draco.

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