Efêmero ϟ Potterverso

By EvanoraCaligari

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Carregar o sobrenome Greengrass era uma tarefa tão desagradável quanto vantajosa, especialmente quando uma de... More

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By EvanoraCaligari

Os espelhos formavam um semicírculo em frente a uma Astoria radiante, trajando o quinto vestido de noiva que provou no intervalo de quatro horas. Ela girava e ensaiava uns passos para ter certeza de que não tropeçaria no grande momento. A estilista francesa exaltava a beleza da jovem sem deixar de se vangloriar pelo próprio trabalho. Distribuía elogios e incentivava a cliente a olhar outros até se decidir quanto ao estilo que adotaria para o casamento.

Daphne já estava na terceira taça de champagne e a mãe passou a lhe olhar torto desde a primeira. Bem, tudo estava meio torto para a filha mais velha, então a expressão de desaprovação da Sra. Greengrass não importava mais. A bruxa amava a irmã, porém achava difícil suportar toda aquela pomposidade, o cheiro adocicado de baunilha no ambiente e o sotaque carregado da estilista.

Madame Baudin ocupou uma das muitas lojas vazias do Beco Diagonal após a guerra, para o terror de Madame Malkins e do Talhejusto & Janota. Não demorou a se tornar a queridinha dos bruxos abastados.

— O que achou desse? — perguntou Astoria, virando-se na direção da irmã.

— Você consegue deixar todos perfeitos, mas — acrescentou rapidamente, vendo a irmã cruzar os braços — o decote nas costas do terceiro, quase mostrando demais — a Sra. Greengrass crispou os lábios —, chamou minha atenção. Logo, você deveria descartá-lo.

Astoria riu, voltando a rodopiar com o quinto vestido.

— Gosto desse — disse ela, alisando o corpete bordado com fios prateados que, segundo Madame Baudin, eram de pelo de unicórnio. — Mas o primeiro...

— Não é só uma questão de gostar, minha querida. — Daphne virou a taça de champagne de uma vez para não revirar os olhos quando a mãe começou a falar. — O seu casamento será um momento glorioso, onde duas famílias do Sagrado Vinte e Oito se unirão. É primordial que os Greengrass estejam à altura dessa cerimônia.

Astoria mordiscou o lábio e a irmã viu o brilho apagar um pouco no olhar dela.

— É um casamento, mamãe, não um pacto firmado com sangue. Esse momento é da Astoria e do furão descolorido que chamo de cunhado. — A irmã mais nova riu, enquanto a Sra. Greengrass respirava fundo para não perder a elegância na frente da estilista. — Não ria do seu noivo ou o pai dele ficará sabendo disso — brincou Daphne, imitando a voz de Draco.

A irmã só faltou se curvar de tanto gargalhar, mas a mãe das duas não parecia disposta à diversão naquele instante. Notando uma possível discussão, Madame Baudin abandonou o ar fleumático e puxou a Sra. Greengrass de lado, para lhe mostrar modelos "dignos da matriarca de uma família notória".

— Mamãe não ficou nada feliz. — Astoria se sentou em uma poltrona e apoiou a cabeça nas mãos. — Não quero brigas antes do casamento.

— Nem depois, espero. — Daphne deixou a taça vazia de lado e ocupou o lugar antes ocupado pela irmã, analisando-se no espelho. — Mamãe nunca está feliz com nada que não seja do jeito dela, então não se preocupe. Ela vai sobreviver à decepção de não ter os desejos atendidos. Pense só em você, entendeu?

Astoria suspirou e deu de ombros. As olheiras, apesar da maquiagem, estavam mais profundas e Daphne poderia jurar que ela emagrecera.

— Não deixe nossos pais, ou os pais de Draco, ou mesmo eu estragar o seu dia, ok? Você e Draco serão muito felizes.

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque ele te ama... e eu não me oponho a usar a maldição da morte em casos extremos, como alguém machucar os sentimentos da minha irmã, por exemplo. — Astoria voltou a sorrir e levantou-se para abraçar Daphne. — Vocês farão bem um ao outro. É isso o que importa no final, eu acho.

As duas não poderiam ser mais diferentes. Astoria sonhou com aquela ocasião desde pequena e, de início, Daphne achava cruel que os pais incentivassem um sonho distante quando não sabiam se a filha mais nova sobreviveria até o próximo mês de vida. Com o tempo, contudo, passou a incentivá-la tanto quanto eles. Quer se tornar medibruxa? Claro que vai! Intercâmbio no Instituto Durmstrang durante o quarto ano? Com certeza, "mas sua irmã irá com você."

— Um filho também não seria nada mau.

O semblante de Daphne tornou-se nebuloso em um piscar de olhos e ela enxergou o arrependimento da irmã ao dar-se conta do que dissera. Aquilo, sem sombra de dúvida, nunca fora incentivado.

— Filho? — Daphne pigarreou ao escutar o próprio tom duro na voz. — Draco falou alguma coisa sobre isso?

— Claro que não. — Astoria se afastou, fingindo examinar outros vestidos. — Ele já disse que não se importa em ter filhos.

"Então Draco é mais sensato do que eu imaginava." Daphne manteve as palavras para si ao ver os olhos da irmã marejarem. Seus sonhos divergiam em diversos pontos, mas nem por isso desdenhava dos quereres dela. Desejava que Astoria vivesse tudo o que bem entendesse em vez de se curvar a uma maldição tão velha quanto Hogwarts.

— Não é justo — pensou em voz alta. — Você não devia sofrer por algo que não fez. Você... — antes que se desse conta, o peito apertava e a voz falhava.

Daphne desviou o olhar para o chão, incapaz de encarar a irmã sem sentir o misto terrível de raiva e pena. Astoria não merecia nem um nem outro.

— Talvez haja algo que os medibruxos possam fazer para diminuir os efeitos colaterais.

— Pare de cogitar isso. Não pode simplesmente abrir mão da própria saúde para tentar... sim, tentar — insistiu quando Astoria tentou interrompê-la —, porque não é certeza que a criança sobreviverá à gravidez, muito menos você. E de que adiantaria que esse bebê hipotético nascesse se você não estiver aqui para criá-lo?

— Você não pode ter certeza disso. Eu quero uma família.

— Eu sou sua família! — Astoria recuou, pressionando os lábios quando estes começaram a tremer. — Ok. — Daphne correu a mão pelos cabelos e respirou fundo. — Me desculpe. Acabei de dizer que não deveria deixar ninguém estragar esse momento e é verdade. Não serei eu a fazer isso.

Astoria abraçou o próprio corpo, mas manteve a cabeça erguida, observando a irmã andar em direção à saída.

— Não deixe que ela escolha o vestido por você — falou Daphne antes de sair da sala de provas.

A bruxa inspirou fundo o ar do Beco Diagonal e ficou parada por longos minutos em frente à loja da estilista, acalmando-se enquanto a pergunta que a afligia desde a infância insistia em ter uma resposta: por que a maldição não recaíra sobre ela? Poderia abrir mão de ter filhos e, ao contrário de Astoria, não amava uma pessoa com quem desejasse casar e constituir família.

Para não ser engolfada pelos pensamentos negativos, resolveu entupir-se de açúcar. A antiga sorveteria de Florean Fortescue reabrira sob os cuidados da filha do falecido dono. O grupinho da escola costumava visitá-la no início dos anos letivos e sempre arranjavam discussão com outros clientes. Daphne lembrava-se, um tanto quanto envergonhada, das vezes que Pansy humilhou outras meninas a fim de aparecer para Draco. Penoso de se ver.

Daphne atravessou as ruas calmas mantendo a mente distante até avistar algo que apanhou sua atenção. Rapidamente virou-se de costas e acompanhou a movimentação através do reflexo de uma vitrine. Ela engoliu em seco sem saber o que fazer com a recente visão de Lucius Malfoy entrando na Travessa do Tranco.

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