Aaliyah
09 Maio de 1968
Harry e eu escrevemos uma carta para Frank cada. Escrevi para o meu amigo o máximo que eu me lembrava e tudo que poderia escrever para preencher um envelope. Escrevi quase cinco folhas.
Harry também escreveu bastante para Frank, no entanto, não disse sobre estar com o moreno e não sei o que Styles escreveu sobre mim. Se ele falou de nós.
Depois das cartas nós fomos até a praia e eu fiquei deitada na areia observando a praia enquanto o moreno tocava o violão. Nada com nada, mas parecia que ele queria tirar algo disso.
— Você se apaixonou por Franklin? — Pergunto baixinho, não estávamos na parte mais lotada da praia, mas também não era um dia cheio.
— Ally...
O moreno suspira sem conseguir terminar de falar então eu digo:
— Olha, teve uma época que eu me apaixonei por ele, pensei que teria alguma chance. Imaginei que Frank fosse me chamar para dançar, passear na praia, me presentear com flores — digo e suspiro. — Aí chegou um britânico e bagunçou tudo, de várias formas.
Olho para Harry e ele fica me olhando.
— Não sei se eu me apaixonei por Frank, digo, o que tivemos foi bom — fala e aceno com a cabeça. — Eu me importo com ele, me preocupo com ele, mas não estive apaixonado por ele dessa forma que você esteve, Ally — eu me sento e fico olhando para praia.
Por um momento ficamos em silêncio, fico olhando para o mar, escutando o som da água se movendo em um dia tranquilo. O som das pessoas conversando e às vezes o barulho de motor dos automóveis.
— Aaliyah, eu também estou com saudades dele — diz e se aproxima mais de mim.
— Eu sei, é só que — suspiro. — Quando estávamos na estrada, fazendo música e nos divertindo, eu não pensava nele com frequência. Me sinto culpada por isso, porque ele está apavorado e com medo e quando eu estive mal por ter perdido a minha família, Frank me apoiou, ele me ajudou e agora ele está sozinho e com medo e eu não... — soluço. — Eu estava me divertindo e se ele morrer? Se ele morrer eu nunca me perdoaria.
— Você não está esquecendo ninguém — Harry me puxa para e eu deito minha cabeça no seu ombro. — Você está vivendo e parte de viver é se sentir bem, mesmo acontecendo tanta coisa ruim. Aaliyah você merece isso.
Levanto minha cabeça e as órbitas verdes de Harry estão me encarando como duas pedras preciosas lapidadas. De algum modo aquilo me deixa mais calma e o moreno sorri para mim. Styles está seco, porque não tinha entrado na água, mas eu estava um pouco molhada porque tinha entrado assim que chegamos. Respiro fundo e o moreno toca minha bochecha e limpa minhas lágrimas.
— Você merece o sol e os sentimentos bons — diz e seus dedos percorrem minha barriga. Eu arrepio. — O que aconteceu com Frank, não foi culpa sua. Você não tinha como saber ou evitar — diz e vejo a tristeza nos olhos do moreno.
Ele ainda está com a cicatriz no supercílio e suspiro.
— Também não foi sua — sussurro e o moreno segura minha mão. Ele morde os lábios. — Você estava se divertindo com alguém.
— Poderia ter evitado isso se tivesse admitido que queria ficar com você logo — mordo meus lábios. — Eu não sou a melhor pessoa do mundo e estou sendo egoísta por querer você comigo nesse momento.
— Eu também quero estar com você.
Silêncio.
Eu me afasto de Harry e volto a olhar para a praia. Para o mar. Volto a escutar o som do mar, observo a água se chocando a areia, indo e voltando. Levando e trazendo. Observo o céu azul e as nuvens. Escuto as pessoas e sinto a brisa na minha pele me fazendo arrepiar.
Volto a escutar as notas de violão e fecho meus olhos.
Ser egoísta por querer estar com Harry nesse momento é mesmo a pior coisa do mundo?
Como sei, estar com ele me faz sentir certa. Entretanto, depois dessas cartas de Frank começo a pensar que talvez eu tenha ultrapassado os limites.
E se eu tiver?
Sinto os lábios de Harry em meu ombro me beijando. Tremo.
— Sendo egoísta ou não — sussurra. — Independente de como vamos ficar ou estar — ele deixa a mexa do meu cabelo atrás da orelha e arrepio mais. Sinto um frio na barriga. — Tudo que eu quero é que você se sinta bem, porque eu me sinto bem perto de você. E você não precisa fazer muito para me fazer sentir assim, por isso, não vou me sentir culpado pelo o que eu sinto. Mas, se isso for exigir demais de você, podemos voltar atrás.
Olho para Harry. Ele olha triste, mas sorri.
Isso me faz sentir dor, também me sinto bem perto dele.
Eu fico olhando para ele enquanto reparo em cada detalhe dele. É difícil tirar ele da minha cabeça.
— Você esperaria por mim? — Pergunto baixinho e Harry segura meu rosto.
— Eu espero o tempo que for.
Beijo Harry.
Não me importo se as pessoas irão ver ou no que elas irão achar. Porque Harry disse algo que eu também sinto.
Sendo egoísta ou não.
Independente de como vamos ficar.
Eu me sinto bem apenas com a presença dele.
Me sinto bem conversando sobre qualquer coisa.
De estar na praia com ele. De brincar no mar com ele, de mergulhar ou de apenas ficar em silêncio observando a bela visão que nos foi concebida pelos autores da eternidade com ele ao meu lado. Eu me sinto bem quando escuto suas notas de violão e encontro as palavras que se encaixam na melodia.
Não quero que isso acabe ou se quebre.
Por isso, quando Harry agarra minha nuca e pressiona mais seus lábios contra os meus. Eu me entrego e retribuo esse beijo.
Sinto cada batida do meu coração bombeando em mim sentimentos que ainda não sei lidar. Sentimentos que pensei que nunca sentiria. Isso chega a doer, mas não é essa dor aniquilante. Eu nem sei porque dói ou se essa dor que sinto é realmente uma dor ou apenas algo florescendo e crescendo por cima das minhas feridas depois de um tempo envolvida na tempestade e melancolia.
Franklin é o meu amigo e Megan também. Eles me ajudaram a juntar meus cacos e me empurraram a andar. Só que quem está me ajudando a voar é esse britânico atrevido que me beija na praia e cria comigo as mais belas canções.
Quando eu perco o meu fôlego me afasto de Harry, com a respiração descompensada e vejo o seu rosto vermelho. Ele fica me olhando e segura o meu rosto.
— Nós podemos ir devagar com isso — ele diz e aceno com a cabeça. — Você é a pessoa mais magnífica que eu já conheci em toda minha vida.
Sorrio.
— E a mais linda também – completa e passa o dedo em minha bochecha.
— É e você é bonitinho, Styles — digo e ele apenas sorri para mim. — Um dos ingleses mais bonitos que já conheci.
— Já conheceu outros?
— Talvez — provo e jogo meus ombros.
Harry me encara aborrecido e eu acabo rindo.
{•••}
Harry e eu não ficamos muito mais tempo na praia, estava sentindo fome e fomos almoçar. Não fomos até a lanchonete, fomos até a casa de Megan e arrumamos um almoço juntos. Estávamos com saudade de comer algo feito por nós, estava cansada das comidas de hotel e acredito que o moreno também e nem é porque a comida da lanchonete é ruim, mas eu realmente queria ir para a cozinha.
Acredito que Styles quis isso bem mais do que eu, mas de todo jeito, nós preparamos um almoço e ainda sobrou para o jantar. Então Nayara e Megan não precisaram se preocupar em levar comida da lanchonete para casa hoje.
Depois do almoço, Harry recebeu uma ligação de sua irmã e eu fui até a lanchonete de Megan, com certeza minha amiga estará precisando de ajuda e por incrível que pareça sinto saudades de ajudá-la.
Trabalhar naquele lugar sempre foi uma boa distração da minha cabeça. Obviamente, isso não significa que eu quisesse ganhar, ou, que eu quero ganhar o dinheiro que eu ganho lá pelo resto da minha vida. Meu ponto é que eu gostava de estar na lanchonete e acabei sentindo saudades nessa mini tour que entrei e por estar gravando o álbum também.
Apesar de estar dentro de um estúdio de música é uma das coisas mais animadoras da minha vida e eu sinto que encontrei o meu lugar lá. Ficar esse resto de dia com Megan Davis será algo agradável para mim. Também sinto saudades da minha amiga.
De todo modo, quando eu pisei meus pés na lanchonete soube que não iria ajudar Megan. Talvez um pouco, mas não conseguiria.
Bruno Herrera estava lá tomando coca-cola enquanto comia batatas fritas e o meu coração acelerou. Ele disse que viria para cá e veio.
Quando o homem virou a cabeça e me viu, ele sorriu. Sorri também.
A pele de Bruno está mais bronzeada do que eu me lembro, mas o cheiro de loção de barbear está lá, ele tem um bigodinho no rosto e está usando uma blusa amarela de botões com uma calça bege clarinha. Ele está lindo — como sempre —, e o óculos dele está na gola da blusa.
— Olha só quem está aqui — diz o homem e sorrio tímida.
— Bem, eu quem deveria dizer isso — murmuro e vou até ele. — Você veio mesmo.
— Eu disse e quando eu digo, eu faço — pisca para mim e segura minha mão. — É um prazer revê-la, Aaliyah — ele beija minha mão.
Ele se lembra do meu nome!
Céus, Harry não pode aparecer aqui. Não sei onde eu enfiaria a minha cabeça se ele desse uma crise de ciúmes e não estou nem um pouco afim de lidar com um Harry ciumento hoje.
— Digo o mesmo — sorrio e vejo minha amiga aparecer. Ela está com um sorriso de orelha a orelha.
Como não estaria? Tal como eu, Meg adora as músicas de Bruno.
Quem não gosta?
Esqueçam essa pergunta.
— Aaliyah você apareceu, pensei que fosse passar o resto do dia com Harry — diz e mordo meus lábios. Herrera me olha curioso.
— Harry? O outro vocalista? O que faziam? — Pergunta curioso
— Estávamos fazendo música — dou de ombros. — E o que você está fazendo aqui? Como veio parar aqui?
— Tenho um amigo aqui de Astromélia e quando perguntei se ele conhecia os Silver Lupine, pediu para eu vir para cá e a sua amiga disse que você acabaria vindo. Ela não mentiu — sorri e acena para Megan que estava atendo alguns clientes.
— Entendi e ela já pediu para você tocar? É o sonho dela — digo e o moreno sorri mais para mim.
— Disse a ela que eu faria isso, se você subisse no palco comigo.
Congelo.
Só pode ser brincadeira.
Ele realmente quer isso?
— Mesmo? — Pergunto totalmente surpresa e ele acena com a cabeça.
— Sim, você é uma guitarrista incrível com uma voz espetacular e eu estou procurando um estilo novo para minha música — diz e pega uma batata frita. — Talvez você possa me ajudar.
— Sim, eu adoraria — digo sem hesitar e sorrio animada para Bruno.
Acabo continuando ali com o rapaz, conversando com aquele cantor que eu admiro imensamente e ele não para de olhar para meus olhos enquanto conversamos.
Quando Bruno terminou de comer, Megan fechou a lanchonete para que pudéssemos ensaiar. Havia outras pessoas da banda de Bruno Herrera na lanchonete, então nós subimos no palco.
No início, eu me senti tímida. Contudo, Billy, Diego e Axel que faziam parte da banda de Bruno eram homens divertidos e gentis. Eles me cumprimentaram e conversaram comigo. Quando comecei a ensaiar, eles foram pacientes e isso me ajudou a encontrar as notas mais facilmente para se encaixar com as músicas de Bruno na forma que ele queria. Consegui brincar com algumas músicas de Bruno misturando com souls e o jazz que eu amo com o rock que eu sei.
Ficamos horas ensaiando e foi uma tarde divertida.
— Aaliyah, você é fantástica — Bruno fala e coloca um cigarro na boca. — Você se daria muito bem se fizesse parte da banda.
— Com certeza — Axel diz e sorri. — Iria ser fantástico. Você pegou rápido, precisamos de alguém assim.
— Isso seria mesmo fantástico, garotos — sorrio e deixo a guitarra no apoio que fica no chão. — Mas eu já tenho minha banda.
— Eu sei, mas quando não tiver mais — Bruno traga o cigarro e joga os ombros. — Podemos conversar.
Como assim quando não tiver mais?
Escuto o barulho da porta da lanchonete abrindo, olho para a entrada e vejo Harry.
Ele parece surpreso no primeiro momento, depois franze a testa e quando seus olhos verdes me encontram. Tudo que me resta é sorrir antes que ele troveje.
— Harry! — Digo animada. — Olha só quem está aqui!
Continua...
Harry entrando na lanchonete e vendo o Bruno Herrera com a Aaliyah
Notas: Oioi meus amores como vocês estão?
Alguém aqui é de Petrópolis? Como vocês estão aí? Orando muito por todos aí espero que as coisas possam se recuperar.
Agora... Falando do capitulo, o que acharam? Me contem =)
Espero vocês no próximo capítulo. Anna. Xx