Rewrite History

By shegayaqui

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Quantos podem vangloriar-se da dádiva de encontrar sua alma gêmea? E quantos destes podem dizer que chegaram... More

Rewrite History
Sem rumo
Um quase
Ósculo
Paixão?

Para sempre?

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By shegayaqui

Shegaaay com uma minific novinha em folha e espero que vocês curtam a vibe dessa que tá diferente de CoT. Em breve o último cap de Change of time. Ana e Ale me ajudaram horrores a corrigir esse capítulo.

Esse é o SEGUNDO capítulo, quem não leu o primeiro, volta um pelo amor pra poder entender kkk

Qualquer coisa chama lá no tt: @shagayaqui 

Já temos uma playlist da fic e já ta no meu perfil  pra quem quiser spoti.fi/3Iz57kx (Pra quem for copiar, aquilo do lado do 3 é um i maiusculo, não um L minusculo):

-> Why Does It Always Rain On Me? - Travis

-> Don't Dream it's Over - Sixpence None The Richer

-> As Long As It Matters - Gin Blossoms

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O que era o para sempre?

Quando se tratava de deixar de ter Camila por perto, de ter seus beijos nunca provados, de ter sua companhia todos os dias. Certamente o "para sempre" era tempo demais.

Talvez fosse até demasiado tempo para que alguém se mantivesse realmente calado.

Play Why Does It Always Rain On Me? - Travis

O despertador tocou no mesmo minuto de todos os dias, pontualmente às cinco e meia da manhã. Sempre gostava de ver o dia começar com o pé direito na varanda enquanto tomava o desjejum. Retirou a coberta macia de si bocejando, levantou da cama em um salto automático rotineiro e espreguiçou-se. Descortinou as janelas deixando as luzes a atingirem como uma bala perdida, recebendo o carinho do fim da noite, sabendo que o Sol logo viria. Colocou as pantufas, se olhou no espelho e viu seus cabelos negros e sua pele clara como papel lhe dando a certeza de que estava um caco. Foi direto tomar um banho gelado para despertar totalmente. Tinha sua rotina, nada de redes sociais pela manhã, nada de alienações, precisava aproveitar as coisas boas da vida, por mais que aqueles não tenham sido dias fáceis. Ela esperava que o tempo tornasse tudo melhor.

Deixou que a água do chuveiro desligado acordasse cada parte restante de seu corpo e escovou os dentes no próprio banho. Bobeira, pensava, iria tomar o café da manhã. Mas era um hábito difícil de largar.

Preparou tudo com cuidado e dedicação, como sempre. Ajeitou cada coisa na mesa da varanda da sala, onde tinha a visão privilegiada do nascer da estrela toda poderosa. Sentou-se e aqueles pensamentos passaram por sua cabeça outra vez: Camila se casando. Seu sorriso durante a festa, magnífico, pedindo para que dançasse consigo, o que ela não pôde negar. Mas aquelas eram lembranças de dois meses atrás. Por que ainda insistiam em voltar?

Sacudiu a cabeça e começou a comer, vendo o Sol começar a despontar no horizonte e foi impossível, ao olhar para a cadeira vazia da frente, não imaginar outra vez Camila tomando café com ela, todos os dias.

Como era tola. Ou será que talvez uma pecadora por cobiçar a mulher do próximo? Ela não ligava mesmo para aquela baboseira.

Apenas terminou de tomar seu café, fechou o zíper de sua bolsa após colocar todos os apetrechos e a deixou preparada, depois de correr no parque encontraria seu primeiro aluno do dia. E assim partiu, com sua pulseira inteligente medindo seus batimentos e mais quantos quilômetros correria daquela vez.

Camila preparou o café da manhã de Matthew, torradas com geléia, do jeito que ele gostava, como uma excelente esposa faria, pensou. Gostava de ver o Sol nascer apesar do marido nunca compartilhar aquele momento com ela. Se dirigia até o gramado do quintal com sua caneca de capuccino nas mãos e deitava-se na rede, aguardando a grande estrela de raios luminosos surgir.

Quando sentiu os primeiros raios despontando sobre seu rosto sorriu, mas não era como se estivesse totalmente bem, principalmente após o casamento. Há muito tempo vinha sentindo-se estranha. Havia um buraco em sua vida, profundo, que deixava seu interior vazio. Mas ela não fazia ideia do que faltava.

Sorveu um pouco do líquido e agradeceu pelo tanto que tinha, hoje seria um dia diferente, um dia cheio de decisões que fariam uma mudança em seu dia-a-dia, uma tentativa de preencher aquela falta de alguma coisa a mais. Talvez precisasse de uma tarefa a mais.

Assim que o Sol nasceu por completo, tornando amarelo tudo o que tocava, ela praguejou-se por ter que levantar-se e acordar Matthew para o trabalho. Não queria que ele se atrasasse. Começaria seu dia logo após despedirem-se, então até que acontecesse, entregou-lhe o café da manhã, preparou a roupa para o banho, apertou-lhe a gravata e o cinto. Pensava ser o mínimo, sua obrigação como esposa. Até que ela procurou aproximar-se para beijá-lo, mas ele, de onde estava, lançou-lhe um aceno no ar, seco e frio e bateu a porta atrás de si. Camila apenas comprimiu os lábios e aceitou.

Pegou o celular em cima do balcão e com a certeza de que Lauren estaria acordada e possivelmente trabalhando, comprimiu os lábios em ansiedade para a proposta que faria. Chega de adiar, pensou, tocando no contato e assim aguardando Lauren atender aquela ligação. Aquele dia começaria um novo ciclo em sua vida.

<Fim da música>

As horas se passaram e o relógio indicava o horário de almoço quando a campainha tocou. Bem em tempo. Camila agradeceu dona Teresa, a ajudante de sua casa e pediu para que terminasse de pôr a mesa quando foi atender a porta.

Aqueles foram segundos incrivelmente lentos para Lauren, que via os castanhos dos olhos de Camila tão lindos no Sol de meio dia.

— Chegou bem na hora. — disse Camila com um sorriso que iluminava mais que aqueles raios solares.

— Eu estava verificando algumas coisas na academia, não tinha porque atrasar. — Lauren explicou, falando de sua academia que ficava na rua de Camila. O que a fazia ter que pensar estar sempre tão perto e ao mesmo tempo tão longe dela.

Já fazia um bom tempo que não se falavam, por mais que morassem perto, Lauren pensava que as atividades de casada estavam tomando muito o tempo da amiga.

— Entra por favor, o almoço já está pronto. Carne com batatas gratinadas do jeito que você gosta. — Camila deu espaço para que ela entrasse e Lauren o fez já imaginando as deliciosas batatas passando por sua garganta. Por mais que estivesse ansiosa para saber que proposta Camila teria para ela, agora a comida também fazia parte dessa ansiedade.

Começaram a comer e Lauren se rasgou em elogios, Camila admitiu que tinham muitos dedos de dona Teresa no almoço, mas ela também havia contribuído. Não disseram mais nada até que Camila rompeu o silêncio.

— Por favor, como já sabe, não conte ao Matthew que estou bebendo vinho no almoço. — Lauren abaixou o olhar e esperou aquela explicação absurda que Camila sempre dava. — Apesar de ser só uma taça, ele acha deselegante uma mulher bebendo quando não é uma situação específica.

— Não vou. O que queria me propor? — Foi direta, antes que o sangue em sua veia a derretesse de tanto borbulhar em fervura. Tentou controlar-se e saiu-se muito bem. Não queria mais pensar naquilo, resolveu mudar de assunto.

Rapidamente a expressão de Camila se alterou para uma animada, o brilho nos olhos podia ser notado há quilômetros de distância e naquele momento Lauren diria sim para qualquer coisa, se apaixonava cada vez mais pela latina, sua luz a alcançava de forma envolvente e calmante. Camila, por existir, era uma mulher incrível.

— Tenho andado meio parada e percebi que engordei uns quilinhos... Então, quero que seja minha personal. O que acha?

O alerta vermelho piscou dentro da outra naquele instante, sacudindo e pintando tudo de vermelho em seu interior. De repente flashes de como aquela experiência poderia ser começaram a passar por seus olhos, a proximidade, o contato que teriam, quantas vezes se veriam na semana. Seria uma tortura.

— Lauren? E aí? Gostou da ideia?

— Sa-Sabe o que é? É que me falta uma coisa. — Engoliu o vinho para que pudesse pensar direito naquela desculpa enquanto Camila, com um sorriso murcho, aguardava. — Me falta tempo. É isso. Estou cheia de alunos e a academia me consome o tempo inteiro. — Coçou a garganta para disfarçar, mas Camila já conhecia aquela mania de quando ela estava mentindo.

— Não me dê uma resposta agora, ao menos pense. Veja o que pode fazer. Eu tenho uma academia aqui em casa, está parada, não te custaria vir da sua até aqui. Só pensa. Seria também uma chance pra nos vermos mais, quase não temos mais contato depois que casei. Eu não quero ficar distante da minha melhor amiga. — Sorriu esperançosa, não sabia quais eram os motivos de Lauren para mentir mas queria convencê-la do contrário e usaria todos os argumentos possíveis para isso.

Lauren apenas assentiu tomando um pouco mais do vinho e dando aquele assunto por encerrado.

~

O barulho do chuveiro ligado acendeu em Camila a sensação da necessidade de saciedade daquele desejo, da entrega e do fim do tesão acumulado que há duas semanas apenas lembrava de um sexo meia boca na cama com o marido no qual nem havia gozado. Queria diversificar, ou ao menos achava que isso resolveria seus problemas, talvez parte deles, a sensação de algo apontando no peito de que alguma coisa não estava certa, bem lá no fundo, algo que ela calava e costumava ignorar.

Seus instintos a fizeram despir-se e abrir sorrateiramente o vidro que dava acesso a onde a água caía por cima do corpo nu de Matthew, que tomava seu banho tranquilamente. Quando suas mãos ágeis o agarraram por trás em um abraço caloroso o susto foi tão grande que o fez bater a mão com força no registro, machucando-se levemente.

— Me desculpe. — declarou, massageando a mão dele.

— O que está fazendo, Camila?

— Eu vim tomar banho com você. — demonstrou toda a malícia que pretendia naquelas palavras e no tom de voz.

— Sinceramente, não estou com humor pra isso, amor. E também — Cortou-a e fechou o registro. —, já terminei o banho. — Puxou uma toalha e se enrolou, enquanto Camila já havia desistido e já estava do lado de fora debruçada na bancada.

Era sempre assim, vinha recebendo vários banhos de água gelada dele, estava quase acostumando.

Sentiu algo vibrar ao seu lado. — Seu celular tá tocando. — Olhou o aparelho nas mãos antes que ele pudesse sequer reagir. — Aqui diz "Sarah". Por que sua secretária tá te ligando? — Apertou os olhos desconfiada.

— Deve ser coisa do trabalho, né. Deixa, deixa que eu atendo. — Ele tomou o celular de suas mãos com um sorriso doce e deu-lhe um beijo no rosto antes de sair.

Camila soltou uma lufada de ar totalmente frustrada, pensando em qual era aquela tentativa de ter sexo com seu marido na qual havia falhado. Havia perdido o jeito da coisa? Ou o problema estava em sua aparência? Será que ele não a achava mais sexy? Esperava que Lauren aceitasse ser sua personal e mudasse o quadro de seu corpo urgentemente. Não para agradá-lo apenas, mas porque sabia que havia exagerado nos últimos meses e o sedentarismo estava acabando consigo.

Mas seu problema de excitação ainda não havia passado. Então, rendeu-se ao bom e novo vibrador que ganhou de Dinah como presente de casamento. No dia, achou super vergonhoso mas no entanto aquilo fez milagres em sua vida. Principalmente quando Matthew não era suficiente para fazê-la chegar ao orgasmo, era só usar o aparelho por alguns segundos e pronto, tudo estava perfeito. Ao menos foi assim das três vezes que usaram o brinquedo.

Ela teve seu momento de prazer e chegou ao ápice sozinha, no banheiro, escondida, como se o que estivesse fazendo fosse errado. Sentia-se culpada por não compartilhar aquele momento e ao mesmo tempo, muitas vezes fazer sexo com Mathew era passível de arrependimento. Mas era seu marido e o queria, precisava dele, mas mais uma vez encontrava-se satisfeita com uma sensação alucinante e outra de culpa em seguida, sozinha, esperando que da próxima vez ela conseguisse algo melhor.

~

Na casa de Clara, a mulher terminava de fazer seu crochê enquanto via TV. Seu celular permanecia jogado em algum lugar do quarto, nunca entenderia qual era a grande utilidade do aparelho ou o motivo de pessoas se alienarem tanto por causa dele. Se o tivesse pegado nas últimas horas, veria as sete chamadas perdidas de Lauren e as mensagens que perguntavam sem resposta se poderia passar um tempo com ela.

Então a campainha tocou, tirando-a de sua série sobre oito pessoas que compartilhavam os mesmos sentidos. Lauren apareceu com aquela cara de quem precisava de tudo que ela era capaz de proporcionar: um bom jantar e um colo de mãe.

E não foi diferente, jantaram falando sobre irrelevâncias, quando Clara a mostrava orgulhosa o halter de crochê que havia feito em homenagem a filha. Apesar de fazer educação física por causa de seu pai, jamais tocavam na história sobre o acidente de carro que havia levado de uma vez Mike Jauregui juntamente com o pai de Camila, Alejandro Cabello, que estava no carona. Os dois amigos se foram naquele dia, isso quando Lauren ainda era uma adolescente. Não era um assunto que gostavam de recordar.

Eram melhores amigas, desde a infância, Lauren sempre pôde contar com a mãe e via na mulher sua força, seu lugar seguro, por mais que tivesse seus amigos, a mais velha era o porto para onde podia voltar e ancorar na tempestade, onde sempre encontrava a sabedoria para seguir em frente.

Play Don't Dream it's Over - Sixpence None The Richer

Clara ajeitou-se no sofá com a cabeça da filha deitada confortavelmente em suas pernas, enquanto fazia um carinho nos cabelos sedosos e negros como o ébano. Lauren desabafou sobre seu dia e a proposta que recebera da mulher que ainda amava, contando como arranjou qualquer desculpa para fugir da situação.

No rádio tocava "don't dream it's over" de Crowded House, uma das favoritas de Clara, canção que Lauren cantarolou por um tempo, sentindo as mãos macias passeando entre os fios de seu cabelo, enquanto a respiração forte da mãe era a única outra coisa a ser ouvida. Já sabia o que significava.

— Vai, mamãe. Diga o que quer tanto dizer com essas lufadas de ar que estão empurrando os móveis da sala. — brincou Lauren.

— Você sabe o que vou dizer. — Fez muxoxo.

— Eu juro que agora eu realmente não sei. — Olhava o teto de cor branca, amarelada com o tempo, pensando que a casa da mãe precisava de uma mão de tinta. Desde que tinha ficado sozinha, fazia muita coisa pelo local em si, mas havia esquecido aquele pedaço.

— Então lá vai — Mexeu-se, colocando uma mão em seu joelho e levando a outra ao peito. —: acho que está confundindo as coisas e por isso está fugindo como uma covarde de toda a situação.

— Pode desenvolver mais, dona Clara? Mas não pare o carinho. — Buscou a mão da mãe e direcionou-a de volta à sua cabeça.

— Ela te pediu ajuda profissional e, você é a melhor no que faz, sabe disso. Está dizendo para si mesma e para mim e não consegue ser uma profissional e fazer seu trabalho como faz com qualquer aluno? E ela é sua melhor amiga. Vocês vão ficar assim pra sempre? Eu vejo como você fica quando a evita e o resultado disso nunca é bom.

— É, sobre ser profissional, eu não tinha pensado desse jeito... Então acha que eu devia aceitar?

— Acho que se isso for te fazer mal, como mãe, não. Mas o certo seria isso não te fazer mal e você saber separar as coisas. Entende?

— Eu sei separar as coisas, mamãe. Eu acho...

— Olha, seja lá o que você decida fazer, eu estou ao seu lado. Tenha em mente que você é o orgulho do seu pai e o meu também. Tenha cuidado mas não tenha medo de encarar os problemas, filha. Algumas batalhas precisam ser enfrentadas pra serem vencidas. Quem sabe assim, com a rotina, as coisas acabem ficando para trás. — Deu um pequeno beijo em sua testa.

Com todas as palavras, os carinhos e os cuidados de mãe, Lauren despediu-se com um abraço que continha todo seu amor, um pouco antes de colocar aquela música que escutaram para tocar em seus fones e pegar sua bicicleta na varanda da casa.

E escutando aquele som, com aquelas novas informações rondando sua mente, ela sentia o vento em seu rosto, conforme ia pedalando pelas ruas movimentadas do bairro ao lado do centro de Los Angeles.

A música ia passando uma sensação de calma enquanto pensava sobre todo o almoço, sobre o que conversaram, sobre como isso poderia acontecer, sobre o que sua mãe havia dito. Ela era profissional, ela era a melhor, não podia negar. Não queria fugir. Não queria ser aquela pessoa e, era Camila, afinal, sua melhor amiga. Até quando se esconderia? Não havia nada a temer. Contanto que fosse Camila lá tudo ficaria bem. Ela podia confiar em Camila. Mas será que podia confiar em si mesma? Mas se a latina a escolheu para fazer esse pedido, é porque confiava nela para tal missão. Honraria isso.

Daria tudo certo.

Precisava que desse tudo certo.

Ficaria tudo bem contanto que fosse Camila lá.

Mal prestou atenção quando se viu dobrar aquela esquina conhecida, podia dizer que era automático, que fez aquilo pensando em ir para sua academia, mas sabia exatamente para onde estava indo.

Então a academia ficou para trás em um flash, como uma bala passando por seus olhos. Até que finalmente aquele portão de madeira estava bem diante de seus olhos e talvez não fosse a decisão mais correta, era o que suas pernas tremendo a faziam pensar agora.

Play As Long As It Matters - Gin Blossoms

Engoliu em seco.

O suor escorria pela testa devagar, a pequena gota descia do início de seus cabelos presos e fazia o caminho de seu rosto lentamente até chegar ao queixo. Seu rosto branquelo corado pelos exercícios agora exibiam bochechas rosadas e charmosas.

How can i find something

That two can take

Without stumbling as we

Walk into our future's wake

(Como eu posso achar algo

Que duas pessoas possam ter?

Sem tropeçar, como nós tropeçamos...

enquanto caminhávamos acordados para nosso futuro...)

Temendo ser uma má ideia não ter ao menos ligado antes, mandou uma mensagem e foi logo respondida, fazendo todo o bolor de dentro do estômago revirar-se de uma vez. Igual a toda a vez, sempre era a mesma coisa, como um disco arranhado. O nervoso tomava conta com a simples menção da presença de Camila, ainda mais depois de tanto tempo sem vê-la, parecia que o almoço nem havia existido.

I'm like a broken record

That you can play

Repeating as if it matters

(Eu sou como um disco quebrado

Que você pode tocar

Repetidamente, como se fosse algo que importasse.)

Ajeitou a roupa rapidamente e tentou limpar o suor, que cada vez chegava em maior quantidade agora que seu corpo estava em recente repouso. Não sabia onde havia mais tensão em seu corpo, então resolveu inspirar profundamente e expirar para relaxar a musculatura. Foi eficiente, até que um corpo apareceu abrindo o portão de madeira.

Ela estava ainda mais perfeita. Parecia ter voltado de uma reunião com os anjos do céu, pensou Lauren. Um vestido branco lhe caía no corpo como luva aos dedos, os brincos reluziam a noite e só não brilhavam mais que seu sorriso ao vê-la. E aquele último detalhe foi o suficiente para arrancar o fôlego da morena: em seu pescoço estava o bendito colar que havia ganhado dela com tanto carinho. Uma forma de ter Lauren consigo.

As ondas de emoção se misturavam e chegavam cada vez mais próximas aos olhos de Lauren, umedecendo os mesmos, as quais disfarçou com a desculpa do suor, mas uma coisa ela não pôde conter: seu sorriso. A morena sorria também, quase rasgando suas orelhas.

I'll be all right

As long as it matters

As long as you're here with me now

(Eu estarei bem

Enquanto isso tiver importância

Enquanto você estiver comigo)

Pareciam de mundos diferentes, Camila preparada para uma festa, com maquiagem, pronta, e Lauren com visual totalmente destruído devido a sequência de fatores que antecediam onde estava e o que estava fazendo. E mesmo assim, um mundo de possibilidades.

Foi no momento em que Camila olhou-a de cima para baixo e abriu um sorriso doce, sem julgamentos, um sorriso que ela sabia ser de admiração, que não teve mais dúvidas do que faria, de qual seria a sua resposta. Camila era sua melhor amiga e sempre seria. Lidaria com isso.

There's nothing that i could want

More than to tell you

There's no more than we've already got

(Mas não há nada que eu poderia querer

Mais do que te dizer

"Não existe nada além do que nós já temos")

— Desculpa vir tão tarde. Te atrapalhei? Vai sair? — Apontou o vestido chique, que claramente indicava uma noite de glamour, provavelmente com Matthew, tudo o que mais sempre quis com ela, tudo o que nunca teria.

Camila negou com a cabeça. — Eu achei que ia. Mas Matthew desmarcou... De novo. — Sorriu sem graça.

— Corno. — disse Lauren, fazendo as duas rirem.

Observou Camila comprimir os olhos devagar e sorrir largo antes de abrir a boca.

— Você fica linda quando faz exercícios.

Lauren comprimiu a boca e quis se afundar na terra. Engoliu em seco outra vez e Camila continuou. Era sempre assim quando recebia um elogio dela, que não eram incomuns e nem poucos, era a única que conseguia a deixar naquele estado. Constantemente Camila a elogiava, era fato que achava a amiga lindíssima, mas não passava disso para Lauren, uma admiração por outro ser humano.

— Você sabe, adoro suas bochechas vermelhinhas. Mas, pra que veio? — Perguntou Camila e Lauren agradeceu a mudança de assunto.

— Eu vim te dizer que... — Coçou a nuca, ponderando se aquela era a melhor coisa a se fazer, mas bastava olhar para ela e saber o que seu coração mandava fazer.

I'll be all right

As long as it matters

As long as you're here with me now

Forget that our time is almost up i'll be all right

(Eu ficarei bem

Enquanto isso tiver importância

Enquanto você estiver comigo

Esqueça que nosso tempo está quase esgotado... eu ficarei bem)

Entre o certo e o errado, entre o que poderia ou não terminar bem, entre a cura e a dor, ela precisava ver qual dos caminhos levavam à salvação. E só havia um jeito de encontrá-la: arriscando. A vida é feita de escolhas e, cada escolha, é um risco que você corre de acertar ou errar.

Ela só queria que tudo ficasse bem no final e percebia que, talvez, o "para sempre" fosse realmente tempo demais para ficar calada.

— Vim dizer que eu vou ser sua personal. 

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Gostou? JA VOTA E COMENTA o que achou e o que vc pensa que vai ser. Curtiu a vibe mais rockzinho melody? Pra quem veio de CoT pra cá deve ter sentido a diferença, e pra quem caiu de paraquedas aqui também seja muito bem vindx às minhas histórias! Que comece uma nova era. Ah pra quem não sabe, EU SOU CARENTE FALEM COMIGO.

Se você quiser e puder me ajudar com qualquer coisa, meu pix é sheniasf@gmail.com

Vejo vocês no próximo ou no último cap de Change of Time. Adiós o/

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