Voltei para o salão e não deixei por um minuto sequer transparecer que eu estava vulnerável. Deixei com que minha raiva me consumisse e eu a usaria para os atentar até que suas cabeças deitassem no travesseiro, apensar de que eu acho que nem ao se deitar eles teriam paz, suas consciências pesariam demais.
— As pessoas estão comentando, querem que você cante. - Ethan disse se aproximando.
— Acha que é uma boa ideia? - Olho para ele.
— Totalmente! - Ele sorri.
— Então vamos começar o show! - Sorrio de forma travessa.
Para minha sorte já havia um pequeno palco aonde a banda estava, me aproximei de um dos músicos e avisei que irei cantar, logo pedindo para que eles me acompanhassem no ritmo. Sem nem pensar duas vezes ele aceitaram e pararam de tocar, assim que perceberam que eu iria cantar todos começaram a se aproximar. Enquanto eu ajeitava o microfone passei sutilmente meu olhar pelos Cooper, estavam perplexos, com medo do que eu poderia fazer.
— Obrigado a todos que comparecerão em nossa casa hoje. - Falei de maneira provocativa.
Contei até três de forma baixa e então dei o sinal para que a banda se preparasse para o meu sinal. Comecei então a cantar sozinha, com uma grande firmeza em minha voz, como se eu estivesse marcando presença. E ao meu som a banda começou a tocar, batidas perfeitamente rítmicas.
{ Música }
A cada parte da música que eu cantava, deixei meu sentimento de raiva me consumir, o que dava mais tensão para a música e aumentava a energia. Meu olhar sempre se passava para os Cooper e por diversas vezes eu os encarava profundamente. Eu via seus olhos se encherem de raiva e medo toda vez que eu cantava o refrão "Agora, estamos com problemas. E eu não acho que podemos resolve-los."
Enquanto isso Ethan me admirava com um olhar que transparecia orgulho.
Já estava anoitecendo, o que dava a entender que o evento estava em seu fim. Assim que desci do palco, fui cercada por várias pessoas que me elogiaram e isso só causou mais raiva, principalmente em Anne que não suportava dividir os holofotes. Percebendo que os convidados já estavam indo embora, me aproximei de onde estava meu pai, Margaret e meu avô.
— Nós vamos ficar pro jantar. - Avisei.
— Hanna já deu por hoje, o jantar é algo sagrado para a família. - Meu pai diz.
— E nós não somos da família também? - Falo com ironia.
— Hanna... - Ele começa, mas é interrompido.
— São, podem ficar. - Meu avô diz.
— Ótimo. - Sorrio. - Espero que o meu quarto continue no mesmo lugar, vou me trocar. - Me afasto.
A melhor parte da noite se aproximava, aonde todas as cartas iriam ser finalmente colocadas na mesa, eu não deixaria nenhum escapar. Assim que todos os convidados foram embora, todos foram para os seus quartos se preparar para o jantar. Tia Charlotte fez o favor de emprestar o seu quarto para Ethan, já que o mesmo não estava muito confortável em ficar sozinho, então eles dividiram o quarto, Ethan se trocaria no banheiro.
Já eu fui diretamente para o meu antigo quarto, que pelo incrível que pareça estava do mesmo jeito que deixei. Abri o armário e estava praticamente vazio, mas por sorte eu havia deixado sem querer algumas peças para trás e logo escolhi o que iria usar. Coloquei então um corpete rendado branco, com vários detalhes e uma saia de cetim, que possuía um tom verde água.
Em meu pescoço coloquei um colar de pérolas que dava um toque mais refinado a roupa e não pude esquecer da luvas brancas.
Eu estava distraída colocando meus brincos que eram da mesma cor da saia, quando ouvi o barulho da porta ser aberta e assim que olho vejo Margaret entrar. Permaneço calada, dividindo meu olhar entre ela e o que eu estava fazendo, até finalmente quebrar o silencio quando a vi se aproximar.
— O quarto estava exatamente do mesmo jeito que deixei. - Comentei.
— Robert não deixou que tocassem em nada e nem que nenhum hóspede dormisse aqui. - Se refere ao meu avô.
— Eu imaginei... - Solto um riso breve.
Ela permaneceu calada por alguns segundos, me encarava profundamente enquanto eu apenas me arrumava.
— Tanta glória você promete, e tão astuta ficou. - Disse me olhando pelo espelho. - Como você mudou desde que chegou a essa casa. Sinto falta da garota que era. - Sorri de canto. - Arisca, mas era peixe pequeno, fácil de lidar.
— Muitos sentirão. - A responde encarando meu próprio reflexo. - Ela era mais fácil de matar.
— Você é igualzinha a ela, ambiciosa! - Me alfineta, se referindo a minha mãe.
— Essa implicação que você tem com a minha mãe... - Me levanto e fico de frente a ela. - Pode justificar da forma que quiserem. Mas eu sei o verdadeiro motivo de não gostarem dela.
— Você não sabe de nada garota. - Sorri de forma ardilosa.
— É porque ela sabia de coisas que vocês não queriam que ela soubesse. - Me aproximo. - E adivinha só? Eu também sei. - Sussurro.
— Esse é o problema. Você é boa demais, faz perguntas demais, você sabe demais! - Cerra os dentes. - Luta como quem sabe o que está fazendo, e está me atrapalhando! Se você fizer algo que ameace tudo o que essa família construiu durante todos esses anos, você vai se arrepender e o seu irmãozinho também! - Me olha com ódio.
— Se você fizer qualquer coisa com o Ethan, eu disse, qualquer coisa! - Aponto o dedo para ela. - Eu vou virar o seu pior pesadelo!
Senti em seu olhar ela se recolher, como se eu a tivesse a amedrontado um pouco. Sem dizer nada Margaret saiu do quarto e bateu a porta com força. Voltei a me sentar na penteadeira e terminei o que faltava em meu cabelo.
[...]
Olhei para o relógio e vi que já estava na hora de descer, retoquei então meu batom e sai do quarto. Eu estava andando em direção a escada, quando minha atenção foi tomada por um quadro novo que estava em meio ao corredor. Era uma foto que havíamos tirado um tempo depois de eu chegar a essa casa, eu não estava nem um pouco afim, mas tia Charlotte me convenceu a aparecer.
Eu só nunca imaginei que aquela foto viraria um quadro em família, que me incluiriam. Olhando a tal foto eu via como as aparências podiam enganar, parecíamos uma família feliz e perfeita, mas na realidade não era nada daquilo.
— Gostou do quadro? Eu mandei o colocar ai. - Ouço a voz de meu avô.
— Enganou até a mim, até parecemos uma família de verdade. - Falo encarando o quadro. - E inclusive, está faltando alguém. - O alfineto.
— Nós podemos resolver isso, é só vocês dois escutarem o nosso lado e tentarem entender. - Ele diz. - Se o Ethan quiser pode até vir morar aqui e você também poderia voltar, as portas sempre vão estar abertas para os meus dois netos. - Sorri.
— As portas que um dia você mesmo fechou para nós, seus netos! - Olho para ele. - Acha mesmo que queremos fazer parte disso? - Aponto para o quadro.
— Essas pessoas são minha família. - Diz firmeza.
— Essas pessoas até podem ser sua família. - Suspiro. - Mas Ethan Clarke é a minha!
— Clarke... - Ele revira os olhos.
— Esse é o meu verdadeiro sobrenome, o meu legado! - Falo com firmeza e me viro, saindo dali.
— Não importa o quanto você tente Hanna, você ainda é filha do seu pai! - Fala em um alto
tom.
Sem dizer nada continuei a seguir meu caminho e desci as escadas, indo diretamente para a sala de jantar. Assim que cheguei vi que quase todos estavam lá, apenas estava faltando eu, meu pai e meu avô. Assim que me viu Ethan fez um sinal para que eu sentasse ao seu lado e assim que eu me aproximei, ele se levantou e puxou a cadeira para mim. Sentei então no meio entre Ethan e tia Charlotte, e em minha frente estava sentada Anne...
[ P.O.V JOHN ]
O sol já havia ido embora e eu estava em quiosque que ficava em frente ao mar. Sentando sozinho no balcão eu observava as ondas irem e virem, o barulho do mar parecia me deixar em uma intensa nostalgia. Tirei então de meu bolso uma foto, eu me sentia hm idiota por ainda tê-la, mas eu não conseguia me desfazer dela por nada no mundo.
Lá estava ela, com seus olhos castanhos que hipnotizavam qualquer um. Seus lábios vermelhos como sempre, que para mim eram a pior droga. Cada detalhe seu era perfeito, eu admirava aquela foto como se fosse uma obra de arte.
Fui levado aos nossos velhos tempos. No verão durante a temporada de corridas. Nós nos beijávamos em meu carro, ouvindo música alta no rádio. E no seu aniversário de 17 anos, foi a primeira vez que voltamos para casa ao amanhecer. Nós nos trancávamos no armário para nos esconder do James, conversávamos sobre o futuro como se soubéssemos de algo, eu nunca planejei um dia perder você.
— Em uma outra vida você seria a minha garota... - Sussurrei para mim mesmo, alisando a foto.
Nós manteríamos todas as nossas promessas, seríamos nós contra o mundo. Em outra vida eu faria você ficar, então eu não teria que dizer que você foi aquela que partiu...
— Como ela é? - Um senhor que estava sentando ao lado diz.
— Ela quem? - O olho confuso.
— A moça da foto que você não para de olhar. - Ele sorri e aponta para a foto.
— Não é ninguém especial. - Coloco a foto no balcão e a viro do lado avesso.
— Não tente me enganar rapaz. Seus olhos estavam brilhando, ela deve ser muito especial. - Ele ri e eu solto um breve riso.
— Ela é... - Suspiro. - A garota mais incrível que já conheci. E também é brava como um leão. - Rio. - Eu a conheço desde pequeno, sabemos tudo um sobre o outro.
— Essas são as melhores meu rapaz! - Ri e bate levemente em meu ombro. - E o que aconteceu com vocês? Por que ela não está aqui com você nesse paraíso? - Pergunta.
— Bom... - Dou um gole na bebida. - Quando eu finalmente me tornei o homem que ela queria, ela parece ter escolhido outro. - Desvio o olhar. - Acho que cheguei tarde demais.
— Ainda a ama, não é? - Ele diz com sua voz rouca.
— Não consigo imaginar o dia que não amarei. - Dou outro gole. - Eu só demorei tempo demais para admitir isso...
— A vida é assim meu rapaz. Nós só sabemos que estávamos bem, quando nos sentimos para baixo. Só odiamos a estrada quando estamos longe de casa. - Dá um gole em sua bebida. - E só percebemos que amamos quando deixamos ir.
— Você tem toda razão. - Encosto as costas na cadeira.
— Quando você percebeu que algo diferente nasceu em você em relação a ela? - Ele pergunta.
— Na festa de 15 anos, quando eu a vi saindo pela aquela porta com aquele vestido, ela estava tão linda, eu senti meu coração palpitar. - Conto de forma nostálgica. - Naquele momento eu percebi que a via com outros olhos, ela foi o meu primeiro e único amor.
— Se ama tanto assim por que desistiu dela? - Me olha seriamente.
— Ela já fez a escolha dela. - Dou de ombros e continuo a beber.
— Ela te disse isso? Você a ouviu dizer que preferia estar com outro? - Me encurrala.
— Não disse. - Suspiro. - Mas foi o que pareceu. - Continuo com minha teimosia.
— Ela foi atrás de você depois de tudo? - Continua com suas perguntas certeiras.
— Foi, eu acho.... - Suspiro. - Meu irmão disse muitas vezes que ela queria conversar. Mas eu não dei ouvidos e aqui estou. - Abro os braços.
— Me deixe vê-la. - Pega a foto e a observa. - Ela é lindíssima! E só pela sua foto vejo que ela tem personalidade forte.
— E como! - Falo de forma irônica.
— Uma mulher como ela deve ter muitos homens ao seus pés. Uma mulher como ela não iria atrás de um homem a qual seu coração não pertencesse! - Me encara. - Se ela foi atrás de você é porque o coração dela pertence a você rapaz.
— Eu não tenho mais tanta certeza disso...! - Bufo.
— Deixa eu te contar uma coisa. Quando eu tinha a sua idade eu conheci uma garota incrível, nós éramos extremamente parecidos e nossas personalidades fortes se batiam sempre. - Ele conta animado. - Por diversos acasos os nosso caminhos sempre acabavam se separando.
— E o que aconteceu? - Pergunto interessado.
— Um dia eu recebi uma carta dela, nessa carta ela dizia que estava indo embora da cidade e que apenas eu poderia a fazer ficar. - Conta de forma nostálgica. - Na carta dizia que se eu a encontrasse em certo horário na estação de trem, ela seria minha para sempre e nós enfrenaríamos o mundo mundo. - Ele sorri.
— E o que você fez? - Olho para ele.
— Eu era cabeça dura assim como você. Passei muito tempo pensando que era melhor cada um seguir o seu caminho, que nunca daríamos certo e que ela era apenas mais uma garota. - Ele continua. - Mas então eu deixei o orgulho de lado e apenas me concentrei no que meu coração dizia.
— E o que ele dizia? - Olho nos olhos dele.
— Que se eu deixasse aquela garota partir eu iria me arrepender pelo resto dos meus dias. Eu iria perder a única oportunidade que eu tinha de realmente ser feliz! - Diz com firmeza. - E eu fui e a encontrei naquela estação, quando cheguei ela estava prestes a entrar no trem.
— E o que aconteceu depois? Você acabou se arrependendo por ter insistido? - Deixo o copo sobre o balcão.
— Não desistir dela foi a melhor decisão que eu já tomei na minha vida. - Ele sorri. - Aquela mulher me fez o homem mais feliz do mundo durante 30 anos, até o dia em que ela infelizmente partiu.
— Vocês ficaram juntos até envelhecer... - Sorrio pensativo.
— Até que a morte nos separou, como prometemos em nossos votos. - Me devolve a foto. - Escute... - Tenta lembrar meu nome que eu nem ao menos mencionei.
— John. - O completo.
— John! - Ele sorri. - Conhecer uma moça bonita é uma coisa. Mas encontrar a melhor amiga na mais bonita das mulheres, é algo realmente especial. - Olha em meus olhos. - Se desistir dessa mulher, talvez faça você um dia se arrepender muito!
Suas palavras foram como fincadas em mim, ficaram marcadas e eu jamais poderia esquece-las. Ouvir sua história me devolveu o ar que a muito tempo me faltava, ele não desistiu dela e eles ficaram juntos até a morte. Senti como se aquela raiva toda, aquele ódio todo não existisse mais em mim. Não me importava nada, apenas o que Hanna sentia e falaria as claras.
Eu queria ouvir de sua boca, ouvir o que ela tinha a dizer, assim como um dia ela resolveu me ouvir e me deixou voltar para a sua vida. Eu lutaria pelo nosso amor com unhas e dentes, por que agora mais do que nunca eu tinha certeza, aquela era a mulher da minha vida, a mulher que eu quero que seja a mãe dos meus filhos e aquela com quem eu quero estar até o final de meus dias.
— Você tem razão! - Me levanto.
— Siga o seu coração rapaz! - Ele diz sorrindo. - Assim como eu fiz.
— Eu não vou desistir dela. - Deixo o dinheiro no balcão e guardo a foto.
— É assim que se fala. - Bate em meu ombro.
— Obrigada por isso... - Falei me afastando.
— James! - Ele revela seu nome.
No mesmo instante eu falei de andar encarei o senhor da maneira mais pura possível. Parecia coisa do destino, James, aquele nome, logo aquele nome que significava tanto para Hanna.
— Você é um anjo James! - Aponto para ele sorrindo, já longe.
— BOA SORTE JOVEM JOHN! SEJA MUITO FELIZ! - Ele grita.
Me viro mais uma vez e sorrio para ele, enquanto aceno repetidas vezes. Assim que saio do quiosque, pego um taxi e vou direto para a estação de trem. Eu não estava pensando em nada, se pudesse comprar uma passagem para ir naquele mesmo momento eu iria. Assim que cheguei entrei na fila e não demorou muito para que eu fosse atendido.
Todas as viagens para aquele fim de noite já estavam com suas bilheterias esgotadas. Então o que me sobrou foi comprar a passagem para o primeiro trem que saia pela manhã. Após comprar minha passagem, peguei um taxi e voltei para o hotel. Enquanto subia as escadas do estabelecimento, continuei pensativo, as palavras daquele senhor não saiam de minha mente. Pensar que talvez uma decisão minha me fizesse perder tudo aquilo que eu poderei construir com Hanna.
Entro em meu quarto e vou diretamente para o telefone, disquei o número do The Empire aonde eu tinha esperança de que Hanna pudesse estar. Mas foi uma tentativa falha, ninguém atendeu em nenhuma das vezes que tentei. Liguei então para a casa de Tommy e mais uma vez nada, ele não estava em casa e fui informado que o telefone de seu escritório havia dado problema, o que me sobrou foi pedir para que a empregada o dissesse que eu liguei.
Entrei por acidente em minha caixa de recados e foi então que tive uma grande surpresa. Vários recados de Hanna, desde aquela noite ela me deixou centenas de recados. Dei Play então no primeiro recado e comecei a o escutar.
— Oi sou a Hanna...Eu não sei aonde você está agora... - Ela dizia no recado.
— Hanna... - Falo escutando sua voz chorosa.
[...]
Fiquei um tempo escutando todos os seus recados, até finalmente chegar ao último. Ela não desistiu de nós, nem por um dia. Meu coração doia sempre que eu via que ela estava chorando enquanto falava, eu odiava ouvir sua voz tremer e começar a falhar. Eu só queria vê-la, a saudade me consumia. Queria abraça-la e a manter em meus braços até que ela se cansasse de mim.
Como de costume eu precisava colocar para fora tudo o que estava sentindo, minha cabeça estava uma bagunça. Me sentei na mesa e peguei uma das folhas da papel que estava ali, e então comecei a escrever.
{ Carta }
Vamos começar pelo início, a cena se inicia ao contrário. Tudo o que ensaiei dizer, agora pareço esquecer. No meio da confusão, um de nós sempre ia embora, eu devia ter dado meia-volta, mas o meu orgulho não deixou. Um adeus não pude dar, sai sem me desculpar , o relógio para sempre quebrado. Se no tempo eu pudesse voltar, eu faria sem hesitar, e cada espaço vago preencheria, o vazio por "eu te amo" trocaria e assim jamais te perderia. Se eu pudesse te mostrar, que eu nunca ia te deixar, para sempre me arrependeria, de tudo que não falei, o que eu não disse para Hanna. Dias de silêncio, erros e mistérios, quem será o primeiro a ceder, temos o mesmo jeito de ser. Você gritou, eu gritei, conversas que imaginei, de onde elas nunca vão sair.
E ai? Gostou? O que esta achando da história até agora? Por favor, vote e comente!🥰
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