CINZAS - Saga Inevitável: Seg...

By MillenaAgliardi

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» Esse é o quinto livro da Saga Inevitável, retratando a segunda geração, os filhos dos casais principais. Vo... More

PREFÁCIO:
PRÓLOGO.
1. Todo Mundo Menos Você.
2. Por Supuesto.
3. Sound Of Silence.
4. O Conto Dos Dois Mundos.
5. João De Barro.
6. Melhor Sozinha.
7. Losing Your Memory.
8. Say Something.
9. Ciumeira.
10. River.
11. Arcade.
12. Lendas e Mistérios.
13. Question.
14. Summertime Sadness.
15. You Broke Me First.
16. Broken Wings.
17. Leave All The Rest.
18. Love And Honor.
19. Beggin'
20. DYNASTY.
21. abcdefu.
22. A Meta É Ficar Bem.
23. Insônia.
24. Penhasco.
25. Blood // Water.
26. Monster.
27. Radioactive.
28. Skyfall.
29. Believer.
30. Chasing Cars.
31. I See Red.
32. Cedo Ou Tarde.
33. Traitor.
34. Enquanto Houver Razões.
35. Dusk Till Dawn.
37. Evidências.
38. No Pares.
39. Santo.
40. Ingenua.
41. Angels Like You.
42. Who You Are.
43. Queda.
44. Mad World.
45. Mercy.
46. Bird Set Fire.
47. Couting Stars.
48. In The End.
49. Decode.
50. The Power Of Love.
51. Way Down We Go.
52. River.
53. Blood/Water.
54. Losing Your Memory.
55. Monster.
56. Unconditionally.
57. As Long You Love Me.
LIVRO NOVO!

36. Play With Fire.

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By MillenaAgliardi

LORENZO.

(Todas as falas
em itálico
estão sendo ditas
em ITALIANO.

Insane, inside the danger gets me high
Can't help myself got secrets I can't tell
I love the smell of gasoline
I light the match to taste the heat
I've always liked to play with fire
Play with fire, play with fire
Fire, fire
I've always liked to play with fire.”

Todos os pensamentos, conflitos internos e surtos se calaram quando passei pelas portas de madeira. A grandiosidade daquele momento me impactou. Uma centena de homens estavam espalhados pela enorme sala antiga cheia de cadeiras e mesas de madeira escura. Todos os homens se levantaram quando meu pai e eu atravessamos o caminho entre as mesas, pisando no chão de pedras cinzentas. O lema da Camorra estava pintado na parede central, uma rosa ensanguentada, ambos vermelhos, brilhando na luz tênue das lamparinas. Não havia sequer energia naquele local, o único objeto tecnológico eram os bloqueadores de frequência que desligavam qualquer aparelho em um raio de um quilômetro. Tudo que acontecia ali era secreto, único, e só seria lembrado pelos presentes. Homens comuns não entravam naquela enorme sala feita totalmente de pedras antigas, com um teto tão alto quanto um prédio de três andares. Homens comuns não se sentavam nas cadeiras e mesas de carvalho, não bebiam do caro vinho italiano fabricado no final do século dezenove. Não. Apenas o mais alto escalão da Camorra estava ali, nenhuma mulher, nenhum aliado ou inimigo. Apenas aqueles que juravam pela Camorra e era considerados importantes poderiam presenciar a cerimônia. Meu pai teve sua cerimônia dois meses antes da morte do meu avô, foi coroado e honrado como o próximo Capo. Ninguém imaginava que ele assumiria seu lugar de direito tão rápido. Papai indicou com a cabeça a única mesa quadrada do local, de frente para o palco de madeira, onde apenas tio Nico e Luca estavam sentados. Me sentei ao lado direito do meu tio e o pai seguiu para o palanque, ajeitando seu terno preto ao subir os degraus. Quando ele se virou para nós, os homens se sentaram outra vez e ele sorriu e tirou cada uma das armas em seu corpo, colocando-as sobre o pequeno pedestal ao seu lado. Ele era o único homem que poderia entrar armado; um sinal de seu poder e importância. Todos nós havíamos nos desarmado na entrada. 

Um sinal de confiança. — Meu pai disse dando início a cerimônia. Não, não meu pai. Meu Capo. Meu corpo todo se arrepiou quando, novamente, a magnitude daquela ocasião me impressionou. O italiano de papai era impressionante, como se fosse sua língua nativa. Naquela noite, não pronunciariamos nenhuma palavra em inglês. Aquele dia era italiano, como o solo que pisavamos, como o sangue da Camorra em nossas veias. — Caros irmãos, é de uma honra imensurável ter vocês aqui.

Il nostro onore! — A multidão ecoou em italiano. Poderia parecer uma fala ensaiada, mas havia extremo respeito na expressão de cada homem presente. Eles realmente, realmente, se sentiam honrados por simplesmente estarem na presença do Capo. 

— Lembro-me até hoje do dia em que pisei nesse local pela primeira vez. Muitos estão aqui pela primeira vez. Meu filho, meu sobrinho, os filhos e sobrinhos dos meus irmãos. É, de fato, impressionante, não é? — Papai soltou uma risada baixa, olhando ao redor com reconhecimento.  — Há duzentos e cinquenta anos atrás, nessa mesma sala, nossos antepassados davam vida a um projeto, uma sociedade. Quando nos desvinculamos das outras organizações e trilhamos nosso próprio caminho, haviam muitas dúvidas, muitos questionamentos.

“Giuseppe Parisi, disse, nesta mesma sala: quem sabe um dia conquistamos o mundo? E olha onde estamos. Século vinte e um, com filhos e netos trilhando o mesmo caminho que começaram duzentos anos atrás. Sendo nós uma das maiores organizações do mundo, sendo nós fonte de dinheiro e poder indefinido, sendo nós… Uma família. Não, não ligados por sangue, alguns de nós perderam o parentesco décadas atrás, mas sim ligados pela honra, pelo que significa ser um Camorrista. Uma unidade que precisa de cada membro, de cada soldado, para que prospere cada dia mais. A rosa ensanguentada perpetuou, como cada família italiana presente nessa sala. Cada família que fundou a Camorra, duzentos e cinquenta e sete anos atrás. Cada família que merece ser lembrada. Honremos nossos antepassados.”

Tio Nino se colocou de pé e lançou um longo olhar em direção aos presentes. 

— Giuseppe Parisi. — Ele disse, inclinando a cabeça respeitosamente. Quando ele se sentou, outro homem se colocou de pé, um mais velho, com o rosto enrugado e cabelos brancos, vestindo um terno cinza escuro. 

— Vito Camino. — Ecoou. 

Cada família na sala representada por um dos membros diria o nome de seu antepassado que estava presente na fundação da Camorra. Papai havia dito que isso aconteceria, mas ver era algo muito mais impressionante. Havia tanto respeito, tanta devoção, que por um momento me senti indigno de estar ali. 

— Romero Vitiello. — Outro disse antes de se sentar e dar o lugar ao próximo. 

Dezenas de nomes foram citados, famílias que eu nem me lembrava que existiam, todos com um profundo tom de respeito. Luca parecia deslumbrado com a cerimônia, encarando cada um dos homens com olhos arregalados. Vi tio Nino conter um sorriso ao olhar para o garoto. 

— Marco Falcone. — Honrou o último homem a se colocar de pé. 

— Lorenzo Massimo Parisi. — Papai chamou depois de um longo minuto silencioso cheio de trocas de olhares. Eu não sabia de onde tinha vindo a tremedeira, mas quando me levantei da cadeira, tive que me forçar a caminhar em direção ao palco, para onde ele me aguardava. Novamente os homens se colocaram de pé quando caminhei até meu pai, ajeitando meu terno de três peças preto como o dele. Os homens voltaram a se sentar quando subi os degraus e me posicionei ao lado de meu pai. — Contemple seus irmãos.

Encarei cada um dos presentes, coração batendo acelerado no peito ao passar meus olhos sobre cada um dos rostos. Eu sabia o que vinha agora. Como na bíblia haviam dez mandamentos seguidos por todos os cristãos (ou não) a Camorra tinha oito. Diferentemente dos religiosos, nossos mandamentos não eram ignorados em hipótese alguma.  Mandamentos que eu não conhecia, afinal, eles só eram ditos naquelas reuniões raras. Oh, porra. Eu me sentia cada segundo mais indigno de estar ali. 

Nunca renunciará à Camorra. Seu compromisso com a Sacra Famiglia é até tua morte. — Tio Nino ecoou colocando-se de pé apenas por tempo suficiente para pronunciar suas palavras. Quando ele se sentou, outro se elevou. 

O Capo nunca trairá sua esposa. Uma mulher é o suficiente e ressentimento poderia fazer a Primeira Dama dizer o que não deveria. Uma mulher satisfeita é uma mulher com a língua presa.

Eu quase caí deitado com aquele mandamento. Tinha uma regra que impedia o Capo de trair sua esposa? E porra, até que fazia sentido. A mulher do Capo sempre sabia de tudo. Tive que evitar um sorriso ao pensar em Jhenifer como minha esposa e depois evitar um revirar de olhos ao lembrar que era impossível. 

Não há valor na traição. Não há valor em um traidor. Tu matarás teu próprio sangue se for necessário para proteger a Camorra. Se em algum momento achar que não resistirá e contará nossos segredos, corte tua língua.

Uh, boa pedida. Cortar a língua. Quem nunca? Se meus músculos faciais não estivessem paralisados, eu teria rido. Lentamente uni minhas mãos frente ao corpo, um gesto calmo e pensado, pois agitação mostraria que eu estava nervoso. 

— Nunca olhará para as mulheres dos teus irmãos, Capo ou não. Nem para as mães e irmãs com lascívia. A mulher do teu irmão não deverá sequer ser olhada.

Esse eu já tinha descumprido. Próximo? 

Os desprotegidos não serão ignorados. Nossas mulheres estarão seguras, os filhos nascidos cegos ou surdos não serão esquecidos, aqueles que se tornarem deficientes também não.

Bom, a gente matava e roubava, mas pelo menos éramos caridosos. 

— A morte será o seu desejo se um dia trair essa organização. A rosa pode ser queimada em sua pele, mas nunca de seu coração.

Eu não tinha uma tatuagem de rosa ainda. Assim como meu pai, eu teria a tatuagem na mão direita, quando todos os outros homens a tinham na mão esquerda. Felizmente a tatuagem seria feita em um Studio caríssimo em Las Vegas, não naquele lugar sem energia elétrica. Arrisquei um olhar para papai, que observava tudo com os olhos cinzas emotivos. Assim como eu, seus cabelos também estavam penteados para trás, dando mais visibilidade ao seu rosto. Ao notar meu olhar, papai me lançou um mínimo sorriso. 

Não se drogará de forma alguma, não exagerará na bebida, exceto se estiver em sua casa. Nunca deixará químicas tirar seu juízo. Um viciado vale menos do que a sujeira dos sapatos.

Bom, essa era fácil. Eu nunca bebia até ficar embriagado, nunca havia usados drogas, na verdade, era extremamente contra elas. Talvez o cigarro fosse um problema, mas como todo mundo que eu conhecia fumava, essa parte poderia passar desapercebida. 

— Se algum dia cair nas garras das autoridades ou dos inimigos de nossa família, cometerá suicídio ao perceber que não tem mais escolhas. — Papai encerrou a apresentação dos mandamentos e eu o encarei estupefato. Suicídio? Aquilo só podia ser brincadeira. Meu humor caiu quando vi que todos encaravam tudo com seriedade absoluta. Com uma rápida troca de olhar com Luca, percebi que ele estava tão chocado quanto eu. 

Eu assenti, mesmo sem querer. Eles não estavam realmente falando sério, estavam? Eu nunca pensei em tirar minha vida, na verdade, sempre achei que eu seria covarde e egoísta se eu o fizesse. Eu amava estar vivo, mesmo quando odiava minha vida. Meu maior medo era morrer de forma ordinária, por uma coisa tão estúpida. Se eu morresse pela Camorra, ou por aqueles que eu amava, tudo bem. Mas suicídio? Eu sequer sabia se teria coragem para tirar minha vida. Porque por mais que eu achasse impensável, cometer suicídio requeria coragem. 

— Lorenzo Massimo Parisi. — Papai ecoou meu nome em sua voz profunda, posicionando-se ao lado do segundo pedestal onde uma rosa vermelha repousava ao lado de uma faca dourada, que com certeza era de ouro. — Meu filho, sangue do meu sangue, próximo Capo Dei Capi da Camorra.

Eu nunca havia me sentido tão indigno e ao mesmo tempo tão importante. Me posicionei do outro lado do pedestal, de frente para o meu Capo, e encarei a faca que ele erguia. Haviam milhares de desenhos intrincados desenhados no cabo da faca, mas o que mais chamava atenção era a lâmina dourada brilhando na luz das lamparinas. 

Lorenzo Massimo Parisi, filho de Nico Matteo Parisi e Alessia Cataria Parisi, fruto da União entre Camorra e Cosa Nostra, o primogênito de seu Capo. — Uma voz ecoou da plateia, talvez tio Nino, não sabia. Não conseguia desviar os olhos da lâmina dourada. Lâmina que cortou meu pai, meu avô e todos que vieram antes deles. — Jure

Eu havia decorado as palavras, sabia bem o que deveria dizer, mas a responsabilidade daquilo pareceu opressiva, dolorosa. Eu seria capaz de cumprir tudo que juraria? Seria capaz de ser o que esperavam que eu fosse? Tive certeza de que não quando seus olhos azuis surgiram em minha mente. Eu não a trocaria por nada naquele mundo; se eu jurasse pela Camorra, juraria tendo em mente que estava pecando, sem nenhuma intenção de pedir perdão. Peguei a faca, firmando a mão para que não tremesse, o cortei minha palma direita, fazendo o sangue verter como uma cachoeira. Papai me lançou um olhar de profundo orgulho e admiração quando girei o pulso, fazendo o sangue cair sobre a rosa. 

Quando abri a boca, soube com a certeza de mil sois, que assim como seria Capo, Jhenifer seria minha. O poder daquela cerimônia acelerou meu coração e me deu uma única certeza: eu poderia ter absolutamente tudo que quisesse. 

Juro sobre esta rosa molhada por sangue e na frente da honrada sociedade, de ser fiel aos meus companheiros e de renegar pai, mãe, irmãs e irmãos e de cumprir todos os meus deveres e, se necessário, também com sangue. Entro por escolha e só saio perante a morte, não deixando que nenhum homem seja capaz de obter o meu conhecimento sobre nossos sagrados irmãos. Se a Camorra cair, cairei com ela, mas se eu cair, a Sacra Famiglia continuará de pé. — Fiquei orgulhoso de minha voz não ter falado em nenhum momento, do italiano ter saído perfeitamente, e do sorriso que meu pai estava tentando disfarçar. 

— BENDITO SEJA O FILHO, BENDITO SEJA O CAPO! — A multidão ecoou e um arrepio tomou minha espinha. 

Poder. Quando na vida eu havia experimentado tanto poder? Lentamente um sorriso se delineou em meus lábios quando todos os homens começaram a brindar e rirem; eu sempre soube que um dia seria Capo, mas nunca dei tanta atenção a isso. Mas agora, com tanto poder sendo experimentado, eu percebi que ansiava por aquilo. 

Capo Dei Capi.

Fiquei inebriado com a sensação de pensar em como seria ser chamado assim. 

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